Conceição Legot
Maria da Conceição Guimarães Legot (Luanda), conhecida por Conceição Legot, Maria Conceição Legot ou Maria Legot, é uma cantora, historiadora e nacionalista angolana.
Conceição Legot | |
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Nascimento | Luanda |
Cidadania | Angola |
Alma mater | |
Ocupação | historiadora, cantora |
Formou, com Belita Palma e Lourdes Van-Dúnem, o Trio Feminino, o primeiro grupo exclusivamente formado por mulheres da história da música de Angola.
No início dos anos 60, foi uma das duas primeiras mulheres angolanas a serem presas pela PIDE em Angola. Em 1994, foi uma das pessoas co-fundadoras do Centro Cultural: Casa de Angola/Centre Culturel Angolais de Paris.
Percurso
editarConceição Legot cresceu na baixa de Luanda.[1]
Em 1955, começou a tocar com o irmão, Rui Legot, num concurso no Rádio Clube de Angola. Formou com ele o conjunto musical Irmãos Legot. Tocavam em recepções a altas individualidades.[2][3]
Em 1957, Conceição Legot integrou e fundou o conjunto Trio Feminino, onde tocava guitarra, em conjunto com Belita Palma, nos tambores e voz, e Lourdes Van-Dúnem, na dikanza e voz. Entre outras, compuseram as canções A máscara da face e Diá Ngo. Foi o primeiro grupo exclusivamente formado por mulheres da história da música de Angola.[1][3][4][5][6][7]
Aos 21 anos, Conceição Legot foi admitida nos serviços de Economia, como funcionário pública.[8]
No início dos anos 60, Conceição esteve presa três meses, acusada de fazer parte de uma rede clandestina. Foi-lhe concedida liberdade provisória, mas não chegou a ser julgada pela PIDE, pois beneficiou de uma licença graciosa em Portugal. Uma das acusações foi o seu papel na elaboração de um estatuto da mulher angolana numa Angola independente. Foi traída por um quadro dos serviços de Economia, onde trabalhava.[1][3][8][9]
Antes de terminar a licença graciosa, conseguiu sair de Portugal. Foi para Espanha e depois para França, onde chegou em 1964. Em 1968, foi-lhe concedido o asilo político por este país, a quem pediu para lho retirarem em 1975, quando Angola foi independente. Até lá, tinha um passaporte português e era perseguida pela PIDE, por ligações ao movimento de libertação.[3][8]
Em Paris, antes de ir para a faculdade inscreveu-se no Instituto de Assistência Social.[3]
Em 1976, obteve o grau de mestre na Escola de Altos Estudos de Ciências Sociais em Paris, com a tese de dissertação intitulada Êxodo rural em Angola: Educação para o Desenvolvimento, sobre o problema da desarticulação entre o meio rural e o meio urbano e a desertificação do meio rural devido aos polos de desenvolvimento criados nas cidades.[3]
Após trabalhar alguns meses, recebeu um convite do Printemps para ser contratada como assistente social, onde pode escolher uma formação académica em Sociologia do Desenvolvimento, por ser asilada política.[3][8]
Fez o doutoramento em História pela Universidade de Paris 1 Sorbonne.[8][10]
Em 1994, foi uma das pessoas fundadoras da Centro Cultural: Casa de Angola/Centre Culturel Angolais de Paris, que promove anualmente colóquios sobre temáticas relacionadas com problemas actuais do país.[3]
Em junho de 2001, co-organizou um colóquio sob o tema Angola Novo Século, Novos desafios (Desenvolvimento Económico e Crescimento Acelerado) no Centro Cultural Casa de Angola/Centre Culturel Angolais de Paris, onde comunicaram o deputado Augusto Tomás, o Prof. Vicente Pinto de Andrade, o Prof. Virgílio Coelho, o sociólogo Makusayi Massaki, o magistrado Rui de Sousa Clington, Maris Alves Trovoada e o Prof. Kianvu Tamo.[11]
Em 2012 era secretária-geral do Centro Cultural Casa de Angola/Centre Culturel Angolais de Paris.[12]
Em 2017 regressou a Luanda pela primeira vez desde que saiu em 1961.[8] Nesse ano, Conceição dava aulas na Sorbonne.[13]
Referências
editar- ↑ a b c «Mulheres que marcaram as harmonias Angolana - Jornal Angolano de Arte e Letras». jornalcultura.sapo.ao. Consultado em 25 de abril de 2021
- ↑ grxnet.com. «Jornal de Angola - Notícias - Morreu Rui Legot em Paris». Jornal de Angola. Consultado em 25 de abril de 2021
- ↑ a b c d e f g h «Conceição Legot». Rede Angola - Notícias independentes sobre Angola. Consultado em 25 de abril de 2021
- ↑ Alves, Amanda Palomo (2015). Angolano segue em frente: um panorama do cenário musical urbano de Angola entre as décadas de 1940 e 1970 (PDF). Niterói: Universidade Federal Fluminense - Instituto de Ciências Humanas e Filosofia - Departamento de História
- ↑ «Muzongué da Tradição recorda vozes da música popular urbana angolana - Lazer e Cultura - Angola Press - ANGOP». http://www.angop.ao. Consultado em 25 de abril de 2021
- ↑ «Adeus a Lourdes Van-Dúnem marcado com interpretação de músicas de sua autoria - Lazer e Cultura - Angola Press - ANGOP». http://www.angop.ao. Consultado em 25 de abril de 2021
- ↑ «Liceu Vieira Dias será estudado nas universidades do país». Jornal O País: 19. 10 de maio de 2019. Consultado em 25 de abril de 2021
- ↑ a b c d e f Gaudêncio, Ana Dias Cordeiro, Rui. «"O olhar diferente" da diáspora "incomoda"». PÚBLICO. Consultado em 25 de abril de 2021
- ↑ «Tu esa mu xalesa, Rui Legot - Jornal Angolano de Arte e Letras». jornalcultura.sapo.ao. Consultado em 25 de abril de 2021
- ↑ «Embaixada da República de Angola em Portugal - Começa uma nova etapa nas relações com França». Embaixada da República de Angola em Portugal. 28 de abril de 2014. Consultado em 25 de abril de 2021
- ↑ Lacerda. «Colóquio sobre Angola» (PDF). Lusotopie. Latitudes. Consultado em 25 de abril de 2021
- ↑ «Conferência analisa momento eleitoral e democracia em Angola - Política - Angola Press - ANGOP». http://www.angop.ao. Consultado em 25 de abril de 2021
- ↑ «Vu du Portugal. Élections en Angola : l'impossible rupture ?». Courrier international (em francês). 23 de agosto de 2017. Consultado em 25 de abril de 2021