Construção (álbum)
Construção é um disco do cantor e compositor brasileiro Chico Buarque, lançado em 1971 e composto em períodos entre o exílio de Chico na Itália e sua volta ao Brasil. Liricamente, o álbum é carregado de críticas ao regime militar vigente, principalmente no que concerne à censura imposta pelo governo ("Cordão") e pelo estado indigno no qual as condições individuais se encontravam no país ("Construção"), além de algumas canções mais clássicas e pessoais ("Valsinha" e "Minha História").
Construção | |||||||
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Álbum de estúdio de Chico Buarque | |||||||
Lançamento | 1971 | ||||||
Gênero(s) | MPB Samba | ||||||
Duração | 31:10 | ||||||
Idioma(s) | português | ||||||
Formato(s) | LP (1971) CD (1988) | ||||||
Gravadora(s) | Phonogram/Philips (até 1998) Universal Music (a partir de 1999) | ||||||
Produção | Roberto Menescal | ||||||
Cronologia de Chico Buarque | |||||||
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O disco marca o aguçamento da vertente crítica da poética do autor.[1] Se antes ele harmonizava Bossa Nova com composições veladamente críticas à ditadura brasileira, em "Construção" o cantor mostrou-se mais ousado - como indica os versos iniciais de "Deus lhe Pague", faixa que abre o LP ("Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir"). Em "Samba de Orly", parceria com Toquinho e Vinicius de Moraes, Chico canta abertamente sobre o exílio - o que fez com que a canção fosse parcialmente censurada. A faixa-título é uma crítica sobre um homem que trabalhou arduamente até sua morte. Não faltaram também o lirismo característico do artista, como demostrado em "Olha Maria" e "Valsinha". O álbum conta com arranjos de Magro, então integrante do grupo MPB-4, e do maestro Rogério Duprat.[2]
Recepção e crítica
editarCríticas profissionais | |
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Avaliações da crítica | |
Fonte | Avaliação |
All Music Guide | [3] |
Construção teve grande sucesso comercial. Nas primeiras semanas após seu lançamento, o LP chegou a ter uma demanda de 10.000 discos por dia, o que levou a Philips a contratar duas gravadoras concorrentes para prensá-los, além de obrigar o trabalho em turnos de 24 horas por dia durante quase dois meses.[4] Até então, a gravadora nunca havia vendido tantos discos em tão pouco tempo - 140 mil cópias nas primeiras quatro semanas.[4]
Construção foi considerado um marco na música brasileira e na carreira do cantor. Em 1972, uma reportagem da revista Realidade elogiava o álbum, considerado "o melhor disco feito nos últimos vinte anos no Brasil", que "devolvia a Chico o sucesso de 'A Banda'" e o colocava como "nosso artista mais importante, na luta que se travava contra o 'som importado'".[4]
Na década de 2000, o LP foi eleito em uma lista da versão brasilieira da revista Rolling Stone como o terceiro melhor disco brasileiro de todos os tempos.[5] O álbum também se encontra no livro "1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer", feito por jornalistas e críticos de música internacionalmente reconhecidos.[6] Em setembro de 2012, foi eleito pelo público da Rádio Eldorado FM, do portal Estadao.com e do Caderno C2+Música (estes dois últimos pertencentes ao jornal O Estado de S. Paulo) como o sexto melhor disco brasileiro da história.[7]
Faixas
editarN.º | Título | Compositor(es) | Duração | |
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1. | "Deus Lhe Pague" | Chico Buarque | 3:19 | |
2. | "Cotidiano" | Chico Buarque | 2:49 | |
3. | "Desalento" | C. Buarque, Vinicius de Moraes | 2:48 | |
4. | "Construção" | Chico Buarque | 6:24 | |
5. | "Cordão" | Chico Buarque | 2:31 | |
6. | "Olha Maria (Amparo)" | C. Buarque, V. de Moraes, Tom Jobim | 3:56 | |
7. | "Samba de Orly" | C. Buarque, Toquinho, V. de Moraes | 2:40 | |
8. | "Valsinha" | C. Buarque, V. de Moraes | 2:00 | |
9. | "Minha História" | Lucio Dalla, Paola Pallotino; versão de C. Buarque | 3:01 | |
10. | "Acalanto" | Chico Buarque | 1:38 |
Ficha Técnica
editar- Gravado no Estúdio Phonogram, Rio de Janeiro[8]
- Direção de Produção: Roberto Menescal
- Direção de Estúdio: Roberto Menescal
- Técnicos de gravação: Toninho e Mazola
- Direção Musical: Magro
- Foto: Carlos Leonam
- Capa: Aldo Luz
- Participações especiais:
- MPB-4 - vozes nas faixas 1, 3, 4, 7 e 9.
- Tom Jobim - piano em "Olha Maria (Amparo)"
- Trio Mocotó- percussão em "Samba de Orly"[9]
- Toquinho - violão em "Samba de Orly"
Referências
- ↑ MENESES, Adélia Bezerra de. Desenho mágico: poesia e política em Chico Buarque. São Paulo: Ateliê Editorial, 2002. pp 144 a 154
- ↑ Entrevista: Rogério Duprat - Cliquemusic, 30 de abril de 2000
- ↑ Alvaro Neder. «Chico Buarque: Songs, Reviews, Credits, Awards». Consultado em 1 de dezembro de 2014
- ↑ a b c Revista Realidade, número 71 (fevereiro de 1972). «Chico põe nossa música na linha». Consultado em 15 de outubro de 2022. Arquivado do original em 9 de maio de 2003
- ↑ Os 100 maiores discos da Música Brasileira - Revista Rolling Stone, Outubro de 2007, edição nº 13, página 111
- ↑ «1001 Discos». ISTOÉ. Editora Três. 2006. Consultado em 28 de janeiro de 2016
- ↑ Bomfim, Emanuel (7 de setembro de 2012). «'Ventura' é eleito o melhor disco brasileiro de todos os tempos». Combate Rock. Grupo Estado. Consultado em 28 de janeiro de 2016
- ↑ «Chico - Cancioneiro». chicobuarque.com.br. Consultado em 11 de agosto de 2021 [ligação inativa]
- ↑ «Música: Trio Mocotó prepara álbum após 27 anos». Ilustrada - Folha de S.Paulo. 6 de junho de 2000. Consultado em 19 de dezembro de 2018
Ligações Externas
editar- Construção no sítio do Immub.