Convento e Igreja de Santo Antônio (Recife)
O Convento e Igreja de Santo Antônio é um conjunto arquitetônico católico pertencente à Ordem Franciscana, localizado na cidade do Recife, capital de Pernambuco, Brasil.
Convento e Igreja de Santo Antônio | |
---|---|
Detalhe do claustro do Convento, com sua rica azulejaria. | |
Informações gerais | |
Religião | católica |
Diocese | Olinda e Recife |
Website | ofmsantoantonio |
Património de Portugal | |
SIPA | 30672 |
Geografia | |
País | Brasil |
Localização | Recife |
Região | Pernambuco |
Coordenadas | 8° 03′ 43,6″ S, 34° 52′ 38″ L |
Localização em mapa dinâmico |
Do complexo de edifícios, além do convento e da igreja, fazem parte a Capela Dourada (primeiro templo brasileiro a ser integralmente coberto de decoração barroca) e a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco.[1]
O Convento de São Francisco de Olinda e o Convento de Santo Antônio do Recife foram os dois principais conventos franciscanos do Brasil no século XVII, e representam, em conjunto com a Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres dos Montes Guararapes, o mais importante acervo de azulejos seiscentistas (pertencentes à primeira fase azulejar) em terras brasileiras.[2]
O Convento
editarO Convento Franciscano de Santo Antônio é uma das construções mais antigas ainda existentes na cidade do Recife. Sua origem remonta a 28 de outubro de 1606, data em que os frades resolveram erguer um convento na Ilha dos Navios para atender à população próxima ao porto. A ilha mais tarde veio a receber o nome de Ilha de Antônio Vaz, e desenvolveu-se no atual Bairro de Santo Antônio.
O terreno de 56 braças para a construção foi doado por um senhor de engenho chamado Marcos André, e em 1613 já se registra como terminado um oratório com hospital anexo, dedicados ao Padroeiro do Recife. Durante o período da dominação holandesa o edifício foi transformado em fortaleza, sendo acrescido de muralhas, baluartes e demais apetrechos militares, recebendo o nome de Forte Ernesto. Depois, durante algum tempo foi votado à Igreja Anglicana, para atendimento dos oficiais da Companhia das Índias Ocidentais.[desambiguação necessária] Com a retirada dos holandeses o local passou novamente à propriedade dos Franciscanos, sendo restaurado e aumentado de uma enfermaria.
Além de sua importância histórica o convento possui grande interesse artístico, apresentando inúmeras obras de arte, mobiliário esculpido em jacarandá[desambiguação necessária] e objetos sacros diversos. Destacam-se os painéis de azulejos da portaria e sobretudo do claustro. Perfazem painéis de grandes dimensões com cenas variadas, ilustrando episódios bíblicos como o Dilúvio, a morte de Adão, o sacrifício de Isaac, a expulsão do Éden e outras mais. Também existe uma rara série de azulejos, cujo conjunto inclui material originário de Delft e crê-se que seja remanescente do antigo Forte Ernestus e do Palácio de Friburgo, erguido por Maurício de Nassau a pouca distância dali, com cerca de 900 peças instaladas como friso no exterior da sacada do piso superior do claustro, cada uma com uma figura individualizada, datando de entre 1630 e 1650.
Na capela do convento também existe azulejaria digna de nota, ilustrativa do Rosário de Nossa Senhora, e um púlpito obra de Francisco Manuel Béranger, do início do século XIX, além de mobiliário de bela feição.
A Igreja de Santo Antônio
editarA presente Igreja de Santo Antônio é a sucessora do primitivo oratório erguido junto com o convento no século XVII. No início século XVIII o oratório foi substituído por uma igreja maior, novamente remodelada entre 1753 e 1770, o que lhe emprestou o seu atual estilo rococó.
A fachada se eleva sobre uma portada de pedra com cinco grandes arcos redondos, continuando acima apenas sobre os três centrais, com janelões emoldurados em pedra esculpida com ornamentos e volutas, encimadas por óculos redondos, dos quais o central é maior. A cornija de separação do nível superior tem um arco no centro e decai em suave curva até as extremidades, onde se encontra com contrafortes em volutas que sobem dos arcos extremos do térreo.
O frontão que coroa o conjunto tem elegante desenho com grandes volutas floreadas, o brasão da Ordem ao centro e um cruz de arremate, além de pináculos em forma de labareda na base. Recuado em relação ao corpo da igreja está o campanário, à esquerda, com um coruchéu em bulbos octogonais superpostos revestido de azulejos.
O interior, de nave única, preserva uma série de painéis de azulejos representando cenas da vida de Santo Antônio ao longo das paredes laterais e junto ao piso, e mostra algumas tribunas, um púlpito à direita e um teto em abóbada de berço (com pinturas de Sebastião Canuto da Silva Tavares) de onde pendem grandes candelabros.
Bancadas e um corredor central conduzem até o fundo da igreja, cuja parede é completamente recoberta de talha rococó de refinado desenho. Nesta parede duas capelas secundárias se apegam ao arco do cruzeiro, dedicadas à Virgem Maria e São Francisco, respectivamente à esquerda e à direita, ladeando a capela-mor, em um nicho recuado. Seu retábulo ostenta um grande crucifixo rodeado de resplendor, tendo aos lados dois pares de colunas de capitel coríntio e fuste salomônico em uma e canelado em outra, além de estatuária menor, e um grande frontão ricamente lavrado. Acima, o teto da capela-mor é também em abóbada de berço revestida de azulejaria policroma em motivos florais.
Anexa à igreja está a Capela Dourada, separada da nave por um grande arco gradeado, à esquerda. Na sacristia se guarda grande quantidade de objetos preciosos de culto e outras obras de arte, como mobiliário setecentista com ornamentação de prata, obra do mestre entalhador José Gomes de Figueiredo, além de lavatórios e pinturas a óleo. Atrás da sacristia existe um pequeno cemitério, onde se eleva um cruzeiro de pedra instalado em 1840.
No século XIX, a Igreja de Santo Antônio abrigou o "cemitério dos infamantes" ou "da vergonha", onde eram sepultados indigentes, escravos e mártires de revoluções, como os revolucionários pernambucanos de 1817. Nela também foi sepultado um dos heróis da Insurreição Pernambucana, Henrique Dias.[3]
Ver também
editar- Palácio da Justiça (Recife)
- Gabinete Português de Leitura de Pernambuco
- Convento e Igreja de Santo Antônio (Igarassu)
- Convento de Santo Antônio (Sirinhaém)
- Concatedral de São Pedro dos Clérigos
- Igreja do Divino Espírito Santo (Recife)
- Centro Histórico do Recife
- Cidade Maurícia
- Nova Holanda
- Forte Ernesto
- Ilha de Antônio Vaz
- Bairro de Santo Antônio
- Reduto da Boa Vista
- Convento de Nossa Senhora do Carmo
- Igreja da Ordem Terceira do Carmo (Recife)
- História de Pernambuco
- Barroco no Brasil
- Arquitetura colonial do Brasil
Referências
- ↑ Ordem Franciscana de Santo Antônio do Brasil. «Província Franciscana de Santo Antônio do Brasil». Consultado em 7 de abril de 2019
- ↑ «Igreja e Convento de Santo Antônio (Recife)». Unesp. Consultado em 4 de junho de 2020
- ↑ Henrique Dias, por Lúcia Gaspar, Fundação Joaquim Nabuco
Bibliografia
editar- Vainsencher, Semira Adler. Convento Franciscano de Santo Antônio, Recife. [1]
- Lins, Frei Marconi, OFM. Uma Província cheia de história! [2][ligação inativa]
- Mello Neto, Ulysses Pernambucano de. Convento Franciscano de Santo Antônio [3]