Coribante

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Coribantes (em grego: Κορύβαντες, korybantes) eram divindades menores, cujos centros de culto antigos encontravam-se nas ilhas de Rodes e Cós e no interior anatólico. Posteriormente, o termo passou a se referir aos participantes de ritos específicos que envolviam dança e frenesi, espalhando-se à Jônia, Creta e Atenas.[1] Apesar da semelhança a outras práticas telésticas de dança, que levou à ocasional identificação por alguns escritores da antiguidade, os ritos coribânticos não se confundem originariamente com os mistérios orgiásticos dos cabiros (kabeiroi, às vezes referidos como Grandes Deuses da Samotrácia), relacionados a ritos de passagem e deuses locais, ou aos curetes (kouretes), guerreiros protetores de Reia e Zeus, mas posteriormente os coribantes sofreram sincretismo com estes últimos[1] e, a partir do século VI a.C., foram identificados com "coribantes asiáticos" seguidores da frígia Cibele[2] ou também assimilados na mitologia dos mistérios órficos-báquicos posteriores.[3]

Etimologia

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O nome Korybantes é de etimologia incerta. Edzard Johan Furnée e R. S. P. Beekes sugeriram uma origem pré-grega.[4][5] Outros associaram o nome a *κορυβή (korybé), a versão macedônia de κορυφή (koryphé) "coroa, topo, pico da montanha", explicando sua associação com montanhas, particularmente o Olimpo.[6] O registro mais antigo denota Kyrbantes, possivelmente a escrita original.[1]

Genealogia

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No panteão grego, Ferécides de Leros cita os coribantes como sendo originalmente divindades, nove filhos de Apolo e Reia.[1] Aparecem também como descendentes de Apolo e da Musa Tália[7] ou de Rítia.[8] Outro relato de Estrabão atesta a ascendência de Zeus e da Musa Calíope.[8]

Homologia

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Curetes dançando ao redor do bebê Zeus, conforme retratado em Themis por Jane Ellen Harrison.[9] A dança dos coribantes não foi distinguida e tornou-se associada ao tema da criança divina, mas no início o significado era diferente de outros tronismos.[10]

Um fragmento do Livro VII de Estrabão[11] dá uma ideia do caráter aproximadamente análogo entre confrarias masculinas de nomes semelhantes aos dos coribantes e da confusão em sua época:

Muitos afirmam que os deuses adorados na Samotrácia, assim como os Kurbantes e os Korybantes e da mesma maneira os Kouretes e os dáctilos ideanos são iguais aos Kabeiroi, mas quanto aos Kabeiroi eles são incapazes de dizer quem eles são.

Mitos associavam coribantes com os curetes, a partir do século V a.C. como registrado em As Bacantes de Eurípides. Essa identificação ocorria em que os curetes também eram dançarinos, que dançaram a pedido de Reia para esconder o barulho de choro do bebê Zeus em uma caverna no Monte Ida, em Creta. Os coribantes, por sua vez, foram também associados a Reia no Monte Ida da Frígia. Ao mesmo tempo, outros mitos afirmaram a participação deles no desmembramento de Dioniso, seja como guardiães ou como os perpetradores, sincretizados com outros cultos báquicos.[12][10]

Mistérios coribânticos

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Os ritos coribânticos possuíam características próprias descritas por alguns contemporâneos e em inscrições dos séculos IV e II a.C. encontradas em Éritras; nelas, mulheres estão amplamente representadas, e indicam, além do ritual privado, que havia rituais públicos; no rito eritreu, abluções eram inicialmente feitas e há indicativos de que dividiam suas realizações entre grupos exclusivos para homens e para mulheres, depois ocorriam os sacrifícios. Geralmente, os iniciados participavam dos rituais para a comunhão no estado alterado de consciência, e uma minoria em busca de cura para condições mentais e emocionais.[1] Dividiam-se em três etapas: sacrifícios, um entronamento (thronosis ou thronismos) para a admissão dos iniciados, e a parte principal da cura. No entronamento, o iniciado "ficaria sentado enquanto os ministrantes do rito dançavam ao redor dele, levantando um grande estrondo".[12] A música ocorria principalmente com flautas de palheta frígias (precursoras do aulos) e tamborins.[1]

Platão é uma testemunha principal dos ritos coribânticos e fornece descrições, notavelmente em Eutidemo 277d, Críton 54d, e Leis 7.790d, além de no Fedro, O Banquete e Íon, utilizando-os em analogias à semelhança da filosofia, pois ambos afetariam o indivíduo tanto em estado de mania num primeiro momento, para ao final ser curado.[12] Aristófanes também narra em As Vespas uma purificação da loucura através de ritos coribânticos,[12][1] e provavelmente em As Nuvens, na paródia da escola de Sócrates em que é realizado um entronamento.[10] Arriano descreve os celebrantes como "sendo possuídos pelos Coribantes", tornados coribantes e levados ao êxtase e loucura em honra a Reia, considerada a fonte de onde tudo provém, da qual teriam uma visão.[13]

Ver também

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Referências

  1. a b c d e f g Bremmer, Jan N. (28 de julho de 2014). Initiation into the Mysteries of the Ancient World (em inglês). [S.l.]: Walter de Gruyter GmbH & Co KG 
  2. Lane, Eugene N. (1 de maio de 1996). Cybele, Attis and Related Cults: Essays in Memory of M.J. Vermaseren (em inglês). [S.l.]: BRILL 
  3. Edmonds III, Radcliffe G. (7 de novembro de 2013). Redefining Ancient Orphism: A Study in Greek Religion (em inglês). [S.l.]: Cambridge University Press 
  4. Edzard Johan Furnée, Die wichtigsten konsonantischen Erscheinungen des Vorgriechischen mit einem Appendix über den Vokalismus, 1972, p. 359.
  5. R. S. P. Beekes, Etymological Dictionary of Greek, Brill, 2009, p. 755.
  6. A. B. Cook (1914), Zeus: A Study in Ancient Religion, Vol. I, p. 107, Cambridge University Press
  7. Apolodoro, Bibliotheca, 1.3.4.
  8. a b Estrabão, Geographica 10.3.19.
  9. Jane Ellen Harrison. Themis: A Study of the Social Origins of Greek Religion. Cambridge: Cambridge University Press, 1912. p. 23. (The University of Chicago, EOS - Themis, p. 1) (The University of Chicago, EOS - Themis p. 26.)
  10. a b c Edmonds III, Radcliffe G. (2006). To Sit in Solemn Silence? Thronosis in Ritual, Myth, and Iconography. American Journal of Philology 127 (3)
  11. Citado por Jane Ellen Harrison, "The Kouretes and Zeus Kouros: A Study in Pre-Historic Sociology", The Annual of the British School at Athens 15 (1908/1909:308-338) p. 309
  12. a b c d Wasmuth, Ellisif (maio de 2015). «Ωσπερ Οι Κορyβαντιωντεσ: The Corybantic Rites in Plato's Dialogues». The Classical Quarterly (em inglês) (1): 69–84. ISSN 0009-8388. doi:10.1017/S0009838814000925 
  13. Levenson, Carl Avren (1999). Socrates Among the Corybantes: Being, Reality, and the Gods (em inglês). [S.l.]: Spring Publications