Cratylia argentea
Cratylia argentea, popularmente conhecida como alfava, camaratuba ou feijão-bravo, é uma espécie vegetal pertencente à família Fabaceae. É uma planta perene, ou seja, mantém parte de sua estrutura aérea todos os anos e dá fruto em estações propícias. Considera-se a Cratylia argentea como uma espécie neotropical de origem recente, cuja distribuição natural se situa ao sul da bacia do rio Amazonas e ao leste da cordilheira dos Andes, englobando partes do Brasil, Peru, Bolívia e a bacia do rio Paraná ao nordeste da Argentina.
Cratylia argentea | |||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||
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A taxonomia do gênero Cratylia, do qual se encontra a Cratylia argentea, se encontra em um processo de definição. São conhecidas cinco espécies diferentes: C. bahiensis, C. hypargyrea, C. intermedia, C. mollis e C.argentea. A diferença entre as espécies foi definida tomando como base as características morfológicas vegetativas e sua localização geográfica, devido ao fato de que não existem estudos recentes da reprodução e hibridização que permitam uma classificação de espécies. Em geral é uma planta arbustiva que alcança entre 1,5 a 3,0 m de altura. Suas folhas são trifoliadas e estipuladas; os folíolos são membranosos ou coriáceos com os das laterais ligeiramente assimétricos; a inflorescência é um pseudorácimo noduloso com seis a nove flores por nódulo; as flores variam entre 1.5 e 3 cm com pétalas de cor violeta e o fruto em um legume que contém de 4 a 8 sementes em forma lenticular, circular ou elíptica.[1]
Potencial forrageiro
editarA Cratylia argentea vem sendo utilizada para alimentação de ruminantes de produção consorciada com gramíneas (podada para ficar com porte baixo no caso de animais de pequeno porte como ovelhas) ou como banco de proteína, principalmente em regiões tropicais, onde estão sendo utilizadas como uma opção para amenizar o problema da falta de pastagens de qualidade na época de seca, por conta da sua alta tolerância a seca se mantendo verde durante todo o período e a sua extrema adaptação em solos ácidos comuns no cerrado.[2] Sua capacidade de rebrota na seca também é muito apreciada.[3][4]
A planta não produz substâncias tóxicas em suas folhagens, o que acontece entre certas leguminosas, como é o caso da leucena por exemplo.[5] Além disto, se os ruminantes se alimentarem com até 100% da sua alimentação composta de Cratylia argentea não desenvolvem problemas intestinais[6] como é o caso de leguminosas como o estilosantes campo grande que só podem ser consumidas com segurança até um certo percentual.[7]
A camaratuba favorece a existência de agentes de controle biológico que ajudam na predação de insetos que são consideradas pragas nas lavouras. Além do que, por ser uma planta natural do Brasil, ajuda na dispersão de espécies naturais em vez de espécie estrangeiras nos sistemas produtivos de gado no país.[8][9]
Aliada a estas vantagens, a leguminosa possui uma grande capacidade de fixação de nitrogênio ao solo com raízes bastante profundas chegando a 300 quilos de nitrogênio por hectare,[10][11] sendo excelente para adubação verde ajudando na recuperação de pastagens degradadas. A composição química de forragem é muito maior que muitas gramíneas na época de seca - com valores variando entre 18 a 30% de proteína em matéria seca - valores estes entre os maiores para leguminosas adaptadas a solos ácidos.[12][13][14]
Melhoramentos genéticos
editarA Cratylia argentea vem sendo estudada pela EMBRAPA e pela AGRAER[15] passando por melhoramentos genéticos para a tornar uma planta comercialmente viável e competitiva com outros tipos de leguminosas.[6][16]
Referências
- ↑ «Cratylia argentea: Una nueva leguminosa arbustiva para solos ácidos em zonas subhúmedas tropicales» (PDF)
- ↑ «Caprinos - Alimentação». sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br. Consultado em 21 de outubro de 2018
- ↑ XAVIER, Deise Ferreira; CARVALHO, Margarida Mesquita; BOTREAL, Milton de Andrade (1995). Cratylia argentea: informações preliminares para sua utilização como forrageira. Minas Gerais: CNPGL-ADT. 07 páginas
- ↑ «Camaratuba: planta nativa do Cerrado pode salvar bioma - Band.com.br». Terra Viva. Consultado em 21 de outubro de 2018
- ↑ Ribeiro, Porto, Mirna (21 de março de 2017). «Intoxicação natural e experimental de equinos por Leucaena leucocephala»
- ↑ a b dos, SANTOS, Núbia de Fátima Alves (2007). «Valor nutritivo de Cratylia argentea para suplementação de ruminantes na Amazônia»
- ↑ «- Estilosantes Campo Grande: Otimize a produção com baixo custo! | Galpão Centro-Oeste». galpaocentrooeste.com.br. Consultado em 22 de outubro de 2018
- ↑ «Camaratuba: leguminosa ajuda na restauração do solo do Cerado - LP Cousen: Estruturas Metálicas e Coberturas, Pelotas Rio Grande do Sul». LP Cousen: Estruturas Metálicas e Coberturas, Pelotas Rio Grande do Sul. 9 de dezembro de 2017
- ↑ Dia de Campo na TV (23 de setembro de 2013), Uso da forrageira camaratuba em práticas agroecológicas - Dia de Campo na TV, consultado em 22 de outubro de 2018
- ↑ cerrado. «CAMARATUBA – Planta nativa do Cerrado pode ajudar na recomposição do bioma | Cerrado Editora». cerradoeditora.com.br. Consultado em 21 de outubro de 2018
- ↑ «Dia de Campo na TV - Uso da forrageira camaratuba em práticas agroecológicas». www.embrapa.br. Consultado em 21 de outubro de 2018
- ↑ RAMOS, Allan Kardec Braga (2003). «Algumas informações sobre a produção e o armazenamento de sementes de Cratylia argentea» (PDF). Embraba Gado de Leite. Consultado em 11 de janeiro de 2018
- ↑ Recaatingamento. «Recaatingamento». www.recaatingamento.org.br. Consultado em 21 de outubro de 2018
- ↑ Vargas, Sarah Maria (1 de janeiro de 2015). «CITOGENÉTICA DE ACESSOS DE Cratylia sp.(FABACEAE – PAPILIONOIDEAE)» (PDF). Repositório da Universidade Federal de Lavras (UFLA). Consultado em 22 de outubro de 2018
- ↑ «Leguminosas consorciadas com capim geram cardápio rico em proteínas para o gado - Canal Rural». Canal Rural. 27 de março de 2014
- ↑ «Cratylia argentea: informacoes preliminares para sua utilizacao como forrageira. - Portal Embrapa». www.embrapa.br. Consultado em 22 de outubro de 2018