A cuíca-d'água,[2] quíca-d'água[3] chichica-d'água[4] ou quironecto[5][6] (nome científico: Chironectes minimus) é um mamífero marsupial da família dos didelfídeos (Didelphidae).[7] É o único membro vivo do gênero Chironectes.[8]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaCuíca-d'água
Crânio de um espécime exposto no Museu de Viesbade, Alemanha
Crânio de um espécime exposto no Museu de Viesbade, Alemanha
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Infraclasse: Marsupialia
Ordem: Didelphimorphia
Família: Didelfiídeos
Subfamília: Didelfíneos
Género: Chironectes
Illiger, 1811
Espécie: C. minimus
Nome binomial
Chironectes minimus
(Zimmermann, 1780)
Distribuição geográfica
Em verde, a distribuição da cuíca-d'água na América
Em verde, a distribuição da cuíca-d'água na América

Etimologia

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«Quironecto» vem do grego antigo[6] e resulta da aglutinação dos étimos quiros- (χείρ) «mão»[9] e -nektés (νήκτης) «nadador».,[10] significando por isso «aquele que nada à mão». "Cuíca" provém do tupi ku'ika.[4]

Descrição

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A cuíca-d'água é um animal pequeno, de 27 a 35 centímetros de comprimento, com uma cauda de 30 a 40 centímetros. Pesa entre 604-790 gramas. A pele é cinza marmoreada e preta, enquanto o focinho, olhos e coroa são pretos. Uma faixa mais leve desce pelas costas até as orelhas, que são arredondadas e sem pelos. Tem vibrissas nos bigodes e sob cada olho. A cauda, que é amarelada ou branca nas extremidades, tem pelo muito espesso e preto na base, mas é nua no restante. As patas traseiras são palmadas, mas as dianteiras não, e as usa para agarrar presas enquanto nada, impulsionadas por sua cauda e pés palmados. Tem pelo denso, macio e curto, de cor cinza claro e geralmente com quatro bandas largas no dorso castanho chocolate a preto. Possui uma linha dorsal preta que vai do pescoço até a cauda. Seu ventre é branco, suas orelhas são pretas arredondadas e os olhos são negros com brilho noturno amarelo. Membros posteriores longos com membrana interdigital bem desenvolvida (como adaptação à vida semiaquática); dedos longos e garras curtas, um osso da mão (o pisiforme) é alongado formando um sexto dedo acessório. Ambos os sexos têm bolsa.[11][12] Ao contrário dos demais didelfídeos, não possui cloaca.[13]

Sendo um marsupial e ao mesmo tempo um animal aquático, a cuíca-d'água desenvolveu uma forma de proteger seus filhotes enquanto nada. Um forte anel de músculo torna a bolsa (que se abre para trás) estanque, de modo que os filhotes permanecem secos, mesmo quando a mãe está totalmente imersa na água.[12] O macho também tem uma bolsa (embora não tão impermeável quanto a da fêmea), onde ele coloca sua genitália antes de nadar.[13]

Distribuição

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A cuíca-d'água distribui-se desde o México (no estado de Chiapas) e Caribe até o nordeste da Argentina e Uruguai. É o único marsupial aquático. Mostra uma preferência marcada por altas florestas sempre verdes ao longo de rios, córregos de tamanho médio e lagos; prefere clima quente, quente-úmido e sub-quente, de 0 a 300 metros. No México, o NOM-059-SEMARNAT-2010 considera a espécie em perigo de extinção; IUCN2019-1 como vulnerável.[11]

Subespécies

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Quatro subespécies são descritas:[7]

  • Chironectes minimus minimus (Zimmermann, 1780)
  • Chironectes minimus argyrodytes (Dickey, 1928)
  • Chironectes minimus langsdorffi (Boitard, 1845)
  • Chironectes minimus panamensis (Goldman, 1914)

Conservação

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No Brasil, em 2005, foi listada como criticamente em perigo na Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo;[14] em 2010, sob a rubrica de "dados insuficientes" no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada no Estado do Paraná[15] e como vulnerável na Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais;[16] en 2011, como vulnerável na Lista das Espécies da Fauna Ameaçada de Extinção em Santa Catarina;[17] em 2014, sob a rubrica de "dados insuficientes" na Lista das Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção no Rio Grande do Sul[18][19] e como quase ameaçada no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo;[20] e em 2018, sob a rubrica de "dados insuficientes" na Lista Vermelha do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).[21][22] A União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN / IUCN), em sua Lista Vermelha, classificou a cuíca-d'água como menos preocupante por conta de sua ampla distribuição geográfica, apesar de apontar que a espécie deve estar sofrento de declínio populacional devído à perda de habitat.[1]

Referências

  1. a b Pérez-Hernandez, R.; Brito, D.; Tarifa, T.; Cáceres, N.; Lew, D.; Solari, S. (2016). «Chironectes minimus». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2016: e.T4671A22173467. doi:10.2305/IUCN.UK.2016-1.RLTS.T4671A22173467.en . Consultado em 17 de abril de 2022 
  2. Infopédia. «cuíca-d'água | Definição ou significado de cuíca-d'água no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 23 de junho de 2021 
  3. Infopédia. «quíca-d'água | Definição ou significado de quíca-d'água no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 23 de junho de 2021 
  4. a b Ferreira, A. B. H. (1986). Novo Dicionário da Língua Portuguesa 2.ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 507 
  5. Infopédia. «quironecto | Definição ou significado de quironecto no Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 23 de junho de 2021 
  6. a b S.A, Priberam Informática. «quironecto». Dicionário Priberam. Consultado em 23 de junho de 2021 
  7. a b Gardner, A. L. (2005). «Chironectes minimus». In: Wilson, D. E.; Reeder, D. M. Mammal Species of the World: A Taxonomic and Geographic Reference 3.ª ed. Baltimore: Imprensa da Universidade Jons Hopkins. p. 4–5. ISBN 978-0-8018-8221-0. OCLC 62265494 
  8. Chisholm, Hugh (1911). «Water-opossum». Enciclopédia Britânica. 28 11.ª ed. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia. p. 384 
  9. «χείρ | Definition of χείρ at Definify». definify.com. Consultado em 23 de junho de 2021 
  10. «ΛΟΓΕΙΟΝ - νήκτης "nḗktēs"». logeion.uchicago.edu. Consultado em 23 de junho de 2021 
  11. a b «Tlacuache acuático». Comissão Nacional para o Conhecimento e Uso da Biodiversidade (CONABIO) 
  12. a b Fernandez, Fernando Antonio dos Santos; et al. (2015). «Natural history of the water opossum Chironectes minimus: a review». Oecologia Australis. 19 (1) 
  13. a b Nogueira, José Carlos; et al. (2004). «Morphology of the male genital system of Chironectes minimus and comparison to other didelphid marsupials». Journal of mammalogy. 85 (5): 834-841 
  14. «Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo». Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), Governo do Estado do Espírito Santo. Consultado em 7 de julho de 2022. Cópia arquivada em 24 de junho de 2022 
  15. Livro Vermelho da Fauna Ameaçada. Curitiba: Governo do Estado do Paraná, Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná. 2010. Consultado em 2 de abril de 2022 
  16. «Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais» (PDF). Conselho Estadual de Política Ambiental - COPAM. 30 de abril de 2010. Consultado em 2 de abril de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 21 de janeiro de 2022 
  17. Lista das Espécies da Fauna Ameaçada de Extinção em Santa Catarina - Relatório Técnico Final. Florianópolis: Governo do Estado de Santa Catarina, Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável, Fundação do Meio Ambiente (FATMA). 2010 
  18. de Marques, Ana Alice Biedzicki; Fontana, Carla Suertegaray; Vélez, Eduardo; Bencke, Glayson Ariel; Schneider, Maurício; Reis, Roberto Esser dos (2002). Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção no Rio Grande do Sul - Decreto Nº 41.672, de 11 de junho de 2002 (PDF). Porto Alegre: Museu de Ciências e Tecnologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; PANGEA - Associação Ambientalista Internacional; Fundação Zoo-Botânica do Rio Grande do Sul; Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA); Governo do Rio Grande do Sul. Consultado em 2 de abril de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 31 de janeiro de 2022 
  19. «Decreto N.º 51.797, de 8 de setembro de 2014» (PDF). Porto Alegre: Estado do Rio Grande do Sul Assembleia Legislativa Gabinete de Consultoria Legislativa. 2014. Consultado em 2 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 16 de março de 2022 
  20. Bressan, Paulo Magalhães; Kierulff, Maria Cecília Martins; Sugleda, Angélica Midori (2009). Fauna Ameaçada de Extinção no Estado de São Paulo - Vertebrados (PDF). São Paulo: Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SIMA - SP), Fundação Parque Zoológico de São Paulo. Consultado em 2 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 25 de janeiro de 2022 
  21. «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018 
  22. «Chironectes minimus (Zimmermann, 1780)». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Consultado em 16 de abril de 2022. Cópia arquivada em 9 de julho de 2022 
 
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