Dario (filho de Artaxerxes II)
Dario foi o filho mais velho de Artaxerxes II, e seria seu sucessor se não tivesse conspirado contra o pai.
Dario | |
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Nascimento | século V a.C. |
Morte | século IV a.C. |
Nome
editarDario (Dārīus) e Dareu (Dārēus) são as formas latinas do grego Dareu (Δαρεῖος, Dareîos), e por sua vez do persa antigo Daraiauxe (𐎭𐎠𐎼𐎹𐎢𐏁, Dārayauš), que é uma forma abreviada de Daraiavauxe (𐎭𐎠𐎼𐎹𐎺𐎢𐏁, Dārayavaʰuš). A forma longa reflete-se no elamita Dareamauixe (𒆪𒊑𒀀𒈠𒌋𒆜, Dareamauiš), no babilônio (𒁕𒀀𒊑𒅀𒀀𒈲, Dāreyāmuš), nas formas aramaicas Derivevexe (𐡃𐡓𐡉𐡅𐡄𐡅𐡔, drywhwš) e talvez na forma grega mais longa Dereio (Δαρειαῖος, Dareiaîos). O nome na forma nominativa significa "aquele que mantém firme o(s) bem(nes)", o que se pode verificar pela primeira parte dāraya, que significa "titular", e o advérbio vau, que significa "bondade".[1]
Família
editarArtaxerxes II era filho de Dario II e Parisátide, filha de Artaxerxes I.[2] Artaxerxes II casou-se com Estatira, filha do sátrapa Hidarnes.[3]
O reino de Artaxerxes II iniciou-se com a revolta de seu irmão Ciro, o Jovem, que era o favorito de sua mãe Parisátide.
Artaxerxes II teve vários filhos, dentre os quais Dario, Oco, Atossa[4] e Ariaspes.[5] Dario, o mais velho, foi nomeado sucessor quando tinha 50 anos de idade.[6] De acordo com o genealogista inglês William Berry, Dario, Ariaspes e Oco eram filhos de Estatira.[7]
Herdeiro do rei
editarOco, mais novo que Dario, pretendeu obter a sucessão, usando sua irmã Atossa.[4] Após a morte de Estatira,[8] Artaxerxes ficou apaixonado por sua filha Atossa,[9] e, por sugestão de sua mãe Parisátide, casou-se com ela, tornando-a sua esposa legítima.[10] Oco, porém, conseguiu o favor de Atossa, prometendo torná-la sua esposa e dividir o poder com ela após a morte do pai; segundo algumas versões, Oco tinha um caso com Atossa mesmo antes da morte de Artaxerxes II.[6]
De acordo com o costume dos persas, quando um sucessor era nomeado, ele tinha o direito a um pedido, e Dario pediu Aspásia, que havia sido a favorita de Ciro, o Jovem, e agora era uma concubina do rei.[11] Este pedido era ofensivo, pois o bárbaros eram muito ciumentos de suas mulheres,[12] mesmo Artaxerxes II tendo sua filha Atossa por esposa e 360 concubinas.[13] Artaxerxes respondeu que Aspásia era uma mulher livre, e poderia escolher quem ela quisesse, e ela escolheu Dario; Artaxerxes entregou Aspásia para Dario, mas logo depois pegou-a de volta,[13] colocando-a como sacerdotisa de Ártemis em Ecbátana, para que ela ficasse casta o resto da vida, como punição para Dario.[14]
Conspiração
editarDario ficou ressentido, ou por desejo por Aspásia, ou por ter sido ofendido pelo rei,[14] e ainda foi inflamado por Teribazo, que dizia que ter uma tiara na cabeça não significava nada sem ter tomar conta dos negócios do estado e enquanto seu irmão menor tomava conta do estado através do harém.[15] Teribazo estava ressentido com Artaxerxes II por causa de Amástris, filha de Artaxerxes, que havia sido prometida em casamento a Teribazo mas que depois virou esposa de Artaxerxes II; em seguida Artaxerxes havia prometido Atossa a Teribazo,[16] mas Artaxerxes também rompeu o acordo e se casou com Atossa.[17]
Dario e Teribazo conspiraram contra Artaxerxes, mas um eunuco soube da trama e contou a Artaxerxes.[18] Artaxerxes foi sábio, e preparou uma cilada para os conspiradores,[19] que foram reconhecidos e descobertos.[20]
Teribazo foi morto pelos guardas, mas Dario e seus filhos foram levados a julgamento.[21] Plutarco menciona duas versões, em uma delas, o executor cortou a cabeça de todos mas não quis cortar a cabeça do filho do rei,[22] apenas executando Dario após ser ameaçado; em outra versão, Dario foi julgado pelo próprio pai, pediu perdão,[23] mas foi morto a golpes de cimitarra pelo pai.[24]
Consequências
editarOco ainda tinha receios de Ariaspes, o último filho legítimo de Artaxerxes, e de Arsames, filho ilegítimo.[5] Ariaspes era mais novo que Oco, mas por ser moderado e humano, era considerado digno de ser rei pelos persas, e Arsames era considerado sábio, e era amado por seu pai.[5] Oco induziu Ariaspes a se suicidar, fazendo-o acreditar que Artaxerxes o executaria de forma cruel,[25] e Arsames foi assassinado por Arpates, filho de Teribazo.[26]
Após a morte dos filhos, Artaxerxes II, que tinha 94 anos e havia reinado por 62, morreu de tristeza, sendo sucedido por Oco [27] (Artaxerxes III).
Referências
- ↑ Schmitt 1994, p. 40.
- ↑ Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes (II) 1.1 [em linha]
- ↑ Ctésias de Cnido, Pérsica, texto em epítome por Fócio, Biblioteca de Fócio, 55 [em linha]
- ↑ a b Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes (II) 26.1
- ↑ a b c Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes (II) 30.1
- ↑ a b Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes (II) 26.2
- ↑ William Berry, Genealogia antiqua: or, Mythological and classical tables, compiled from the best authors on fabulous and ancient history (1816)
- ↑ Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes (II) 19.3
- ↑ Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes (II) 23.2
- ↑ Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes (II) 23.3
- ↑ Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes (II) 26.3
- ↑ Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes (II) 27.1
- ↑ a b Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes (II) 27.2
- ↑ a b Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes (II) 27.3
- ↑ Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes (II) 28.1
- ↑ Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes (II) 27.4
- ↑ Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes (II) 27.5
- ↑ Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes (II) 29.1
- ↑ Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes (II) 29.2
- ↑ Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes (II) 29.3
- ↑ Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes (II) 29.4
- ↑ Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes (II) 29.5
- ↑ Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes (II) 29.6
- ↑ Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes (II) 29.7
- ↑ Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes (II) 30.3
- ↑ Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes (II) 30.4
- ↑ Plutarco, Vidas Paralelas, Vida de Artaxerxes (II) 30.5
Bibliografia
editar- Schmitt, Rüdiger (1994). «DARIUS i. The Name». Enciclopédia Irânica Vol. VII, Fasc. 1. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia