Abertura (xadrez)

fase inicial de uma partida de xadrez
(Redirecionado de Defesa (xadrez))

No enxadrismo, as Aberturas, também chamadas de Defesas em alguns casos, são sequências de movimentos iniciais das peças de xadrez, já estudadas em várias partidas com as quais o jogador pode ter certa vantagem sobre um adversário,[1] desenvolvendo as peças de forma a garantir uma disposição sólida de defesa e um ataque eficientemente bom. É quando ocorre a batalha pelo centro, como o desenvolvimento das peças menores em certas linhas retas de ação, iniciando a pressão sobre o centro.[2]

Existem dezenas de aberturas diferentes, com centenas de variantes catalogadas, onde a Oxford Companion to Chess reconheceu 1 327 aberturas e variantes. Estas possuem nomes como por exemplo Defesa Siciliana ou Gambito da dama recusado, que geram variações desde posições tranquilas (por exemplo Abertura Réti e algumas linhas do Gambito da Dama Recusado) a táticas de jogo arrojadas (por exemplo Gambito Letão e Defesa dos dois cavalos). Em algumas linhas de aberturas, os movimentos considerados melhores têm sido estudados até o vigésimo lance, onde enxadristas profissionais dedicam anos de estudos em aberturas, e a teoria das aberturas continua a evoluir.

Os trabalhos que catalogam as sequências padrão de movimentos de aberturas, são denominados "Livro de Movimentos" (como trabalho de referência The Encyclopaedia of Chess Openings). Estes trabalhos em sua maioria apresentam as aberturas usando notação algébrica (representação das casas do tabuleiro) e árvores de aberturas. Quando um jogo começa a se desviar da teoria de aberturas conhecidas, os jogadores dizem estar "fora do livro".[3]

Objetivos

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Embora exista uma larga variedade de abertura, os objetivos na essência são semelhantes. O primeiro e mais importante objetivo é evitar perda de peças valiosas. Num conceito clássico, o objetivo das brancas é atacar e das pretas é defender.[4] Entretanto modernamente já existem aberturas que proporcionam o ataque das pretas.

Em uma análise detalhada, levando em consideração que os jogadores não irão cometer um erro grave na abertura, os objetivos principais incluem:

  1. Desenvolvimento: Mobilizar as peças para casas úteis, onde irão ter impacto no jogo. Para este fim, cavalos são normalmente desenvolvidos os brancos para g3 e b3 e os pretos para g6 e b6 (algumas vezes e2, d2, e7, d7) e ambos os peões de e- e d- são movidos para os bispos poderem se desenvolver (alternativamente, o bispo pode ser flanqueado com uma manobra em g3 e Bg2), mobilização rápida é a chave. A dama entretanto não é normalmente utilizada numa posição central no início do jogo, pois é provável de ser atacada obrigando o jogador a perder tempo no salvamento.
  2. Controle do centro: Controlar as casas centrais permitem as peças serem movidas para qualquer parte do tabuleiro com relativa facilidade, e pode ter um efeito devastador. Em uma visão clássica, o melhor controle do centro é estabelecendo peões em d4 e e4 (ou d5 e e5 para as pretas). Entretanto a Escola Hipermoderna demonstrou que não é necessário ocupar o centro desta maneira, pois um peão muito avançado pode ser atacado, deixando a arquitetura de defesa vulnerável.[5] A Escola Hipermoderna prega o controle do centro a distância, destruindo a ocupação do oponente no centro, e apenas o tomando posteriormente no jogo. Isto leva a aberturas tais como a Defesa Alekhine numa linha de 1. e4 Nf6 2. e5 Nd5 3. d4 d6 4. c4 Nb6 5. f4 (o Ataque dos quatro peões), a branca tem um formidável centro com peões, mas as pretas esperam miná-lo posteriormente no jogo, deixando a posição das brancas exposta.
  3. Proteger o Rei: O Rei fica um pouco desprotegido no meio do tabuleiro, assim ações são tomadas para reduzir esta vulnerabilidade. É comum então os jogadores rocarem na abertura, levando o rei para o canto por meio de um roque artificial.
  4. Fraqueza dos peões: A maioria das aberturas tentam evitar a criação de peões fracos (isolados, dobrados ou atrasados), sacrificando as considerações de fim de jogo para um rápido ataque. Algumas aberturas desbalanceadas das pretas fazem uso dessa ideia para conseguir uma forma dinâmica de jogar; tais como a Holandesa e a Siciliana. Enquanto outras, tais como a Alekhine e a Benoni convidam o oponente a estender e formar uma fraqueza de peões.
  5. Coordenação das peças: Como cada enxadrista movimenta suas peças, cada movimento tenta assegurar que elas estão trabalhando harmoniosamente em direção às casas chaves.

Além dessas ideias, outras estratégias usadas no meio do jogo podem também ser desenvolvidas na abertura. Estas estratégias incluem preparar os peões para um contra-ataque, visando criar uma fraqueza na estrutura de peões do oponente, manter o controle de casas-chave, fazer trocas favoráveis de peças menores (por exemplo, ganhando o par de bispos, ou ganhando a vantagem do espaço seja no centro ou nos flancos).

Muitos escritores (por exemplo, Reuben Fine em As ideias por trás das aberturas de xadrez) comentam que a tarefa das brancas na abertura é preservar e incrementar a vantagem conferida pelo primeiro movimento, enquanto que das pretas é igualar o jogo. Entretanto já existem aberturas que fornecem a chance das pretas jogarem agressivamente para adquirir vantagem desde o início.

De acordo com o MI Jeremy Silman, o propósito da abertura é criar um balanço dinâmico entre os dois lados, que irá determinar a característica do meio-jogo e os planos estratégicos.[6] Por exemplo, na variação Winawer da abertura francesa, as brancas irão tentar usar seu par de bispos e a vantagem do espaço para atacar a ala do Rei, enquanto as pretas irão simplificar trocas (em particular, trocando um dos bispos brancos para destruir a estratégia) e irão contra-atacar a fraca linha de peões na Ala da Dama.

Nomenclatura das aberturas

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Além do termo Abertura, termos comuns incluem: Defesa, Gambito, e Variante; termos menos comuns são Sistema, Ataque, Contra-ataque, Contra-gambito, e Invertido.

A maioria das mudanças nas regras do xadrez no final do século XV aumentaram a velocidade do jogo, consequentemente desenvolvendo a importância do estudo das aberturas. Assim, os primeiros livros de xadrez (por exemplo de Luis Ramirez de Lucena em 1497) apresentam análises de aberturas (assim como Pedro Damiano de Odemira em 1512 e Ruy López de Segura em 1561). A discórdia de Ruy López com Damiano relativo aos méritos de 2…Cc6 levando a 3.Bb5 (depois de 1.e4 e5 2.Cf3 Cc6) ser nomeado por ele como Ruy Lopez ou Abertura Espanhola.[7]

A teoria das aberturas foi estudada mais cientificamente a partir da década de 1840, e muitas variações de aberturas foram descobertas e nomeadas neste período. Infelizmente a nomenclatura das aberturas se desenvolveu ao acaso, e a maioria dos nomes são mais acidentes históricos do que baseados em qualquer sistema. As mais antigas tenderam a ser nomeadas por localidades geográficas e nome de pessoas. As aberturas são comumente conhecidas por nomes de enxadristas, não sendo sempre o nome do criador, algumas vezes é o nome do enxadrista que a popularizou ou publicou uma análise sobre ela.

Aberturas eponímicas incluem a Ruy Lopez, Defesa Alekhine, Defesa Morphy, e o Sistema Réti. Alguns poucos nomes de aberturas homenageiam duas pessoas, tais como a Defesa Caro-Kann. Existem as aberturas conhecidas por nacionalidades, por exemplo a Inglesa, Espanhola, Escandinava, Siciliana, etc. Cidades também são utilizadas, tais como Vienna, Berlim, e Wilkes-Barre. O sistema catalão é referência a região da Espanha chamada de Catalunia.

Poucas aberturas têm nomes descritivos, como a Giuoco Piano (Italiana: "jogo calmo"). Descrições mais prosaicas incluem a de Dois Cavalos e Quatro Cavalos. Já no século XX popularizou-se nomear as aberturas com nomes imaginários ou de animais. Como a maioria das sequências de movimentos mais tradicionais já foram nomeados, torna-se incomum e recentes o desenvolvimento de aberturas como Orangotango, Hipopótamo, Elefante, e Ouriço.

Considerando algumas das aberturas nomeadas por nacionalidades: Jogo Escocês, Abertura Inglesa, Defesa Francesa, e Jogo Russo — o jogo Escocês e a Abertura Inglesa são ambas aberturas brancas. Entretanto estas definições não são precisas, aqui estão algumas observações gerais sobre como elas são usadas.

Jogo
Usado apenas para algumas das mais antigas aberturas, por exemplo a Escocesa, a Vienna, e o Jogo dos quatro cavalos.
Abertura
Junto com a Variante, este é o termo mais comum.
Variante
Usualmente utilizado para descrever uma linha de uma abertura mais geral, por exemplo a Variante de Trocas do Gambito da Dama Recusado.
Defesa
Sempre se refere a uma abertura escolhida pela pretas,tais como Dois Cavalos ou Defesa Índia do Rei, a menos, é claro, que tenha sido 'revertida', o que a torna uma abertura para as brancas.
Gambito
Uma abertura que envolve o sacrifício de material, usualmente um ou mais peões. Gambitos podem ser jogados pelas brancas (Gambito do Rei) ou pelas pretas (Gambito Letão). Os nomes completos algumas vezes incluem Aceito ou Recusado dependendo se o oponente aceitou ou não o material oferecido, como no Gambito da Dama Aceito e Gambito da Dama Recusado. Em alguns casos, o sacrifício material é apenas temporário. Por exemplo, depois de 1.d4 d5 2.c4 dxc4 (o Gambito da Dama Aceito), as brancas podem recapturar o peão imediatamente jogando 3.Da4+ se assim o desejar.
Contra-gambito
Um gambito oferecido em resposta ao gambito do oponente, ou, qualquer gambito utilizados pelas pretas.
Alguns exemplos incluem o Contragambito Albin para o Gambito da Dama, o Contragambito Falkbeer para o Gambito do Rei, e o Contragambito Greco (o nome original do Gambito Letão).
Sistema
Um método de desenvolvimento que pode ser usado contra muitas configurações diferentes do oponente. Exemplos incluem o Sistema Réti, Sistema Barcza, Sistema Colle e o Sistema porco-espinho.
Ataque
Algumas vezes utilizada para descrever uma variação provocativa ou agressiva tal como o Ataque Albin-Chatard (ou Ataque Chatard-alekhine), o Ataque Fígado Frito na Defesa dos dois cavalos, e o Ataque Grob. Em outros casos se refere a um sistema defensivo das pretas quando adotado pelas brancas, como no Ataque Índio do Rei. E ainda em outros casos o nome parece ser usado ironicamente, como no quase inofensivo Ataque Durkin (também chamado de Abertura Durkin).
Reversa, Invertida
Uma abertura das pretas jogada pelas brancas, ou mais raramente uma abertura das brancas jogada pelas pretas. Exemplos incluem a Siciliana Reversa (para a Abertura Inglesa), e a Húngara Invertida.

Uma minoria de aberturas são prefixadas com “Anti-“. Estas aberturas pretendem evitar uma linha particular disponível para o oponente, por exemplo a AntiMarshall (contra o Contra-Ataque Marshall na Ruy Lopez) e o Gambito AntiMerano (contra a Variação Merana da Defesa Semi-Eslava).

Classificação

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Ver artigo de apoio Notação algébrica de xadrez

A posição inicial no xadrez oferece as brancas vinte possibilidades para o primeiro movimento. Onde as mais populares são: 1.e4; 1.d4; 1.Cf3; 1.c4, pois promovem um rápido desenvolvimento e controle do centro, as outras aberturas são consideradas razoáveis e menos consistentes

A abertura Dunst (1.Cc3) desenvolve o cavalo para uma boa casa, entretanto não é flexível porque bloqueia o peão da coluna c, e também, depois de 1.…d5 o cavalo pode ser chutado para uma casa inferior depois de …d4. (note que depois de 1.Cf3 o análogo 1.…e5? apenas perde um peão). A abertura Bird (1.f4) remete ao controle do centro mas não o desenvolvimento, e enfraquece a posição do Rei consideravelmente.

A abertura Sokolsky (1.b4) e o fianquetto do Rei e da Dama (1.b3 e 1.g3) ajuda pouco o desenvolvimento das peças, apenas visam o controle do centro perifericamente e são mais lentas que as aberturas mais populares, as outras onze possibilidades são raramente utilizadas em níveis elevados. Destas, as melhores são meramente lentas tais como 1.c3, 1.d3, e 1.e3. Possibilidades piores ignoram o centro e o desenvolvimento como 1.a3, enfraquecendo a posição do Rei (por exemplo 1.f3 e 1.g4), ou movendo os cavalos para casas ruins (1.Ca3 e 1.Ch3)

As pretas tem vinte possibilidades de respostas às brancas e muitas dessas são jogadas simétricas das aberturas mais comuns, mas com um tempo a menos. Defesas começando com 1.…c6 e 1.…e6, algumas vezes seguidas do domínio no centro 2.…d5, também são populares. Defesas iniciando com …d6 acopladas com um fianchetto na ala do Rei também são comumente utilizadas.

Uma maneira razoável de agrupar as aberturas é:

  • Abertura Dupla do Peão do Rei ou Jogo Aberto (1.e4 e5)
  • Abertura Simples do Peão do Rei ou Jogo Semi-Aberto (1.e4 outra)
  • Abertura Simples do Peão da Dama ou Jogo Semi-Fechado (1.d4 outra)
  • Abertura Dupla do Peão da Dama ou Jogo Fechado (1.d4 d5)
  • Aberturas Flanqueadas (incluindo 1.c4, 1.Cf3, 1.f4, e outras)
  • Movimentos não usuais das brancas.

Jogo aberto ou aberturas abertas (1.e4 e5)

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 Ver artigo principal: Aberturas Abertas
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Abertura Dupla do Peão do Rei/Abertura Aberta

São aberturas de xadrez caracterizadas pelos primeiros lances (em notação algébrica):

1.e4 e5 (Abertura Dupla do Peão do Rei ou Abertura Aberta)

Variantes

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Sendo 2.Cf3 é a principal resposta das brancas, podendo levar a:

Outras variantes:

Jogo Semiaberto

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 Ver artigo principal: Aberturas semiabertas

São aberturas de xadrez em que as brancas jogam 1.e4 (ver notação algébrica) e as pretas respondem com um lance diferente de e5 (que leva a Aberturas Abertas) na primeira jogada.

Nos jogos semi-abertos as Brancas jogam 1.e4 e as Pretas quebram a simetria imediatamente com um movimento diferente de 1…e5. As defesas mais populares para 1.e4 são a Siciliana, a Francesa e a Caro-Kann. A Pirc e a Moderna também são vistas, enquanto a Alekhine e a Escandinava tem ocasionalmente aparecido em jogos do Campeonato Mundial de Xadrez. A Nimzowitsch é jogável mas rara, assim como a Owen. A Defesa Grob e a Defesa St. George são estranhas, entretanto Tony Miles certa vez utilizou a Defesa St. George's para derrotar o então campeão mundial Anatoly Karpov.

Variantes

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Jogo fechado ou aberturas fechadas (1.d4 d5)

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 Ver artigo principal: Aberturas Fechadas

São aberturas de xadrez caracterizadas pelos primeiros lances (em notação algébrica):

1.d4 d5 (Abertura Dupla do Peão da Dama/Abertura Fechada)

As mais importantes aberturas fechadas são da família do Gambito da Dama, onde as Brancas jogam 2.c4, que é de certa forma confundido, uma vez que as Brancas podem recuperar o peão ofertado se assim quiserem.

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Aberturas Fechadas

Variantes

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Sistemas índios ou defesas índias (1.d4 Cf6)

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 Ver artigo principal: Defesas Índias

Os sistemas índios são defesas assimétricas para 1.d4 que empregam a estratégia hipermoderna do xadrez, sendo o movimento fianqueto comum em muitas dessas aberturas. Assim como as Aberturas Fechadas, transposições são muito importantes em muitas Defesas Índias e podem ser alcançadas por várias ordens diferentes de movimentos.

Embora as Defesas Índias tenham sido campeãs na década de 1920 por enxadristas da escola hipermoderna, elas não foram totalmente aceitas até que os enxadristas soviéticos mostrarem no final da década de 1940 que estas eram boas para as Pretas. Desde então, têm sido a mais popular resposta para 1.d4 porque oferece uma partida desbalanceada com chances para ambos os lados.

Advogada por Nimzowitsch no início de 1913, a Defesa Nimzoíndia foi o primeiro sistema índio a ganhar total aceitação. Esta remanesce como uma das mais populares e bem respeitadas defesas para 1.d4. As pretas atacam o centro com peças e se preparam para trocar um Bispo por um Cavalo para enfraquecer a ala da Dama com peões dobrados.

A Defesa Benoni é uma arriscada tentativa das Pretas de desbalancear a posição e ganhar uma peça ativa, ao custo de permitir as Brancas um peão calço em d5 e uma maioria no centro. As Brancas usualmente jogam por uma quebra no centro com e5, enquanto as Pretas tentam afetar…b5. Tal popularizou a defesa na década de 1960, em muitos jogos brilhantes com ela, e Bobby Fischer ocasionalmente a adotou, com bons resultados, incluindo uma vitória no Campeonato Mundial de 1972 numa partida contra Boris Spassky.

As Pretas às vezes adotam uma ordem de movimento um pouco diferente, jogando 2…e6 antes de 3…c5. Muitos enxadristas fazem isto para evitar uma afiada linha das Brancas. Depois de 1.d4 Cf6 2.c4 c5 3.d5 e6 4.Cc3 exd5 5.cxd5 d6 6.e4 Bg7, as Brancas podem jogar a afiada 7.Bb5+ Cfd7 (considerada a melhor) 8.f4; mas jogando 1.d4 Cf6 2.c4 e6 3.Cf3 c5, as Pretas evitam esta linha.

O Gambito Benko-Volga é algumas vezes utilizado por enxadristas fortes, e é muito popular em níveis iniciantes, onde as Pretas jogam para abrir linhas na ala da Dama onde as Brancas estarão sujeitas a uma considerável pressão. Se as Brancas aceitam o Gambito, a compensação das Pretas é posicional em vez de tática, e sua iniciativa pode durar mesmo após a troca de várias peças e bem dentro do final de partida. As Brancas às vezes escolher tanto decliner o Gambito como devolver o peão ganho. O Gambito Blumenfeld (ou Contragambito) leva a uma superficial mas equivocada semelhança com o Gambito Benko, pois os objetivos das Pretas são muito diferentes. As Pretas gambitam um Peão da ala na tentativa de construir um centro forte e as brancas podem tanto aceitar como declinar para manter uma pequena vantagem posicional. Embora seja jogável pelas Pretas, o Blumenfeld não é muito popular.

A Defesa Índia da Dama é considerada sólida, segura, e talvez de alguma maneira empatável. As Pretas algumas vezes a preferem quando as Brancas evitam a Nimzoíndia jogando 3.Cf3 em vez de 3.Cc3. As Pretas constroem uma boa posição que não fazem concessões de posição, embora dificulte para as Pretas as chances de obter uma chance de vitória. Karpov é considerado um expert nesta abertura. A Defesa Döry é incomum, mas foi algumas vezes adotada por Keres, e irá às vezes se transpor numa variação da Defesa Índia da Dama mas com linhas independentes.

A Defesa Bogo-Índia é uma sólida alternativa para a Índia da Dama, em que algumas vezes é transposta. Esta é menos popular que a abertura, entretanto, talvez porque muitos enxadristas são aversos a desistir do par de bispos (particularmente sem dobrar is Peões das Brancas), como as Pretas terminam por fazer 4.Cbd2. A clássica 4.Bd2 De7 é algumas vezes vista, embora mais recentemente 4…a5!? e até mesmo 4…c5!? têm surgido como alternativas. 4.Cc3, transpondo para a Nimzoíndia é perfeitamente jogável mas raramente vista, uma vez que a maioria dos enxadristas que jogam 3.Cf3 fazem isto para evitar esta abertura.

A Defesa Índia do Rei é agressiva e de certa forma arriscada, e geralmente indica que as pretas não se satisfarão com um empate. Embora tenha sido ocasionalmente usada no início do século XIX, a Índia do Rei foi considerada inferior até a década de 1940 quando foi apresentada nas partidas de Bronstein, Boleslavsky, e Reshevsky. A defesa favorita de Fischer para 1.d4, perdeu popularidade no meio da década de 1970. O sucesso de Kasparov com a defesa restaurou a proeminência da defesa na década de 1980.

Ernst Grünfeld debutou a Defesa Grünfeld em 1922. Distinguida pelo movimento 3…d5, Grünfeld pretendia uma melhoria na Índia do Rei que não foi considerada inteiramente satisfatória na época. A Defesa Grünfeld tem sido adotada pelos Campeões Mundiais Smyslov, Fischer, e Kasparov.

A Defesa Índia Antiga foi introduzida por Tarrasch em 1902, mas é comumente associada com Chigorin que a adotou cinco anos depois. É similar a Índia do Rei em que ambas apresentam um peão no centro com…d6 e…e5, mas na Índia Antiga Preta o Bispo do Rei é desenvolvido para e7 em vez de ficar flanqueado em g7. A Índia Antiga é sólida, mas as posições são usualmente pregadas e falta as possibilidades dinâmicas encontradas na Índia do Rei.

A abertura catalã é caracterizada pelas Brancas formando um centro de Peões em d4 e c4 e flanquando o Bispo do Rei, sendo semelhante com uma combinação do Gambito da Dama com a abertura Réti.

O ataque Neoíndio, ataque Torre e o ataque Trompowsky são variações antiÍndia das Brancas. Relacionadas ao Ataque Richter-Veresov, elas apresentam um Bg5 inicial das Brancas e evitam muito da detalhada teoria de outras Aberturas do Peão da Dama.

O tango do Cavalo Preto ou Defesa Mexicana introduzida por Carlos Torre em 1925 em Baden divide similaridades com a Defesa Alekhine com as Pretas tentando induzir um prematuro avanço do Peão das Brancas. Ela pode ser transposta em muitas outras defesas.

A defesa Budapeste raramente é jogada em partidas de Grandes Mestres, mas algumas vezes é utilizada por amadores. Embora seja um gambito, as Brancas usualmente permitem as Pretas recuperar o peão sacrificado.

Variantes

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Outras respostas das Pretas para 1.d4

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Existem muitas outras defesas que podem ser usadas para 1.d4. A mais comum é a agressiva Defesa Holandesa, adotada por um tempo pelos campeões mundiais Alekhine e Botvinnik. Foi jogada por Botvinnik e seu desafiante David Bronstein no Campeonato Mundial de Xadrez de 1951, ainda é ocasionalmente usada por enxadristas de alto nível como Short.

Outra abertura bastante comum é a Defesa Benoni, que pode se tornar bem variada se transposta para a Benoni Moderna, de qualquer forma outras variações são mais sólidas. O Gambito Englund é um raro e dúbio sacrifício. A Defesa Polaca nunca foi muito popular mas Spassky, Ljubojevic, e Csom, entre outros, tentaram utilizá-la. A Defesa Keres (também conhecida como Defesa Canguru), é totalmente jogável, mas tem pouca significância, quando é transposta na Holandesa, Nimzoíndia, ou Bogo-Índia.

A Defesa do Cavalo da Dama é uma abertura incomum que muitas vezes se transpõe na Defesa Nimzowitsch depois de 1.d4 Nc6 2.e4 ou na Defesa Chigorin depois de 2.c4 d5, embora possa levar a linha únicas, como por exemplo depois de 1.d4 Cc6 2.d5 ou 2.c4 e5.

Variantes

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Aberturas de Flanco

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Abertura Réti

As Aberturas flanco (incluindo a Inglesa, Réti, Bird, e flancos das Brancas) são um grupo de aberturas das Brancas tipificadas por um ou ambos os flancos. As Brancas jogam no estilo hipermoderno, atacando o centro pelos flancos com peças ao invés de ocupá-lo com Peões. Estas aberturas são jogadas às vezes, e 1.Cf3 e 1.c4 perseguem apenas 1.e4 e 1.d4 em popularidade de movimentos de abertura.

A Abertura Réti é caracterizada pelas Brancas jogando 1.Cf3, flanqueando um ou os dois Bispos, e não jogando de início d4 (o que geralmente transporia em uma abertura de 1.d4).

O Ataque Índio do Rei (AIR) é um sistema desenvolvido pelas Brancas que pode ser usado como resposta para quase todas as Aberturas das Pretas. Possui a característica de configurar 1.Cf3, 2.g3, 3.Bg2, 4.0-0, 5.d3, 6.Cbd2, 7.e4, embora estes movimentos possam ser jogados em diferentes ordens.

De fato, o AIR é provavelmente mais usado após 1.e4, quando as Brancas o usam para responder a uma tentativa das Pretas de jogar uma Abertura Semi-Aberta tal como a Caro-Kann, Francesa, ou Siciliana, ou mesmo em jogos abertos. Seu grande apelo talvez seja, adotando um padrão de desenvolvimento as Brancas podem evitar uma larga quantidade de resposta das Pretas para 1.e4.

A Abertura Inglesa também é frequentemente transposta em aberturas 1.d4, mas pode ter uma característica independente como bem incluindo variações simétricas (1.c4 c5) e a Defesa Siciliana revertida (1.c4 e5).

A Abertura Larsen e a Sokolsky são ocasionalmente vistas em partidas de GMs. Benko usou 1.g3 para derrotar Fischer e Tal em 1962 no Torneio de Candidatos em Curaçao.

Com a Abertura Bird as Brancas tentam ter um forte apoio sobre a casa e-5. A abertura pode lembrar a Defesa Holandesa invertida depois de 1.f4 d5, ou as Pretas podem tentar interromper as Brancas jogando 1…e5!? (Gambito From).

Variantes

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Movimentos não usuais para as brancas

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Estas aberturas raramente são adotadas por uma ou mais das seguintes razões:[8]

  • Considerada muito passiva para as Brancas (1.e3, 1.d3, 1.c3);
  • Gratuitamente enfraquece as posições das Brancas (1.f3, 1.g4);
  • Não faz nada para ajudar o desenvolvimento das Brancas ou controlar o centro (1.f3, 1.a4, 1.h4), ou;
  • Desenvolve o cavalo para uma casa inferior (1.Ch3 or 1.Ca3).

Variantes

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Para iniciantes

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Algumas as aberturas recomendadas para serem usadas por iniciantes:[9]

  • Abertura Italiana: objetivo é controlar rapidamente o centro com o peão e cavalo, e assim colocar o bispo em uma das casas mais perigosas;
  • Defesa Siciliana: abertura mais popular para jogadores agressivos com as pretas, permite se beneficiar trocando o peão central pelo peão do bispo;
  • Defesa Francesa: uma das primeiras estratégias de abertura que o jogador de xadrez deve aprender;
  • Ruy-Lopez: uma das aberturas mais antigas e clássicas de todas, as brancas usam esse ataque na esperança de causar pressão ao centro das pretas;
  • Defesa Eslava: uma abertura bastante sólida que defende o peão d5 de forma segura, as pretas podem se desenvolver para as casas naturais.

Principais aberturas

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Algumas das aberturas mais usadas no jogo:[10]

  • Abertura Italiana
  • Gambito da Rainha
  • Abertura Ruy Lopéz
  • Defesa Siciliana
  • Defesa Eslava
  • Defesa Francesa

Melhor abertura

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É difícil definir a melhor abertura do xadrez, pois é vasto em movimentos e possibilidades. Sem contar que uma jogada boa para as peças brancas não é necessariamente boa para as pretas. Mas, os estudos de xadrez indicam que, o melhor seria o peão em 1.e4, para as Brancas, e o peão em 1.e5, para as Pretas.[10]

Pior lance inicial

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Segundo o GM Edmar Mednis o pior lance para se iniciar uma partida é 1.f3 (chamado Abertura de Barnes), porém 1.h4 ou 1.Ch3 também são consideradas igualmente ruins.[11]

Importância na modernidade

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A aberturas do xadrez são cada vez mais importantes na era computadorizada do esporte, com o jogo cada vez mais mapeado e toda ação (e erro) é essencial para o desenvolvimento de uma partida, tornando um xadrez ainda mais estratégico, com cada vez menos espaço para a intuição.[10] Nesse contexto, a abertura no alto nível do xadrez, é quem acaba definindo os rumos de uma partida. Nela, os jogadores definem suas táticas e praticamente mapeiam todo o jogo antes mesmo dele ser desenvolvido. Por isso que os erros custam caro, mas não tanto quanto uma abertura mal escolhida.[10]

Ver também

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Referências

  1. «Aberturas de xadrez: aprenda as diferentes táticas para começar o jogo». www.buscape.com.br (em inglês). 16 de março de 2021. Consultado em 14 de dezembro de 2022 
  2. Idel Becker (2006). Manual de xadrez. [S.l.]: NBL Editora. ISBN 8521307586 
  3. Danilo S. Marques (2013). Xadrez Guia de Aberturas: ECO A00-A99. [S.l.]: Clube de Autores 
  4. Tabuleiro de Xadrez. «Reuben Fine». tabuleirodexadrez.com.br. Consultado em 19 de junho de 2015. Arquivado do original em 17 de junho de 2015 
  5. MF Carlos Pinto (2010). «COMO ALEXANDER ALEKHINE JOGAVA A SUA DEFESA». Xadrez Brasileiro. Consultado em 18 de junho de 2015. Arquivado do original em 19 de junho de 2015 
  6. Jeremy Silman, O Livro Completo de Estratégias de Xadrez (Los Angeles: Siles Press, 1998), p. 3.
  7. H.J.R. Murray, A História do xadrez (Oxford: Clarendon Press, 1913), pp. 782-83, 814-15.
  8. André, Carlos. «Movimentos não usuais para as Brancas». Consultado em 25 de setembro de 2018 
  9. Team (CHESScom), Chess com. «As Melhores Aberturas de Xadrez Para Iniciantes». Chess.com. Consultado em 14 de dezembro de 2022 
  10. a b c d «Aberturas do Xadrez: os princípios e os principais movimentos». Esportelandia. 11 de fevereiro de 2021. Consultado em 4 de janeiro de 2023 
  11. Serper (Gserper), Gregory. «Qual é o Pior Lance de Xadrez?». Chess.com. Consultado em 14 de dezembro de 2022 


Bibliografia

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  • BATISTA, Gérson P. e BORGES, Joel C. O Espírito da Abertura. São Paulo: Ciência Moderna, 2004.
  • D’AGOSTINI, Orfeu. Xadrez Básico. São Paulo: Ediouro, 1954.
  • FILGUTH, Rubens. Xadrez de A a Z: dicionário ilustrado. Porto Alegre: Artmed, 2005.

Ligações externas

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