Demografia da Região Sul do Brasil
A Demografia da Região Sul do Brasil é um domínio de estudos e conhecimentos sobre as características demográficas do território sul-brasileiro.
Colonizadores
editarComo objetivo de catequizar os indígenas, jesuítas espanhóis fundaram várias missões no território do atual Rio Grande do Sul. Essas missões, cuja economia tinha como atividade a dependência da pecuária e da agricultura, sofreram posteriormente seguidas invasões de bandeirantes paulistas, que aprisionavam os índios para vendê-los como escravos. A destruição das missões espalhou pelo pampa os animais criados pelos missionários. A partir do século XVIII, esse gado passou a ser disputado por portugueses e espanhóis que habitavam a bacia do rio Paraná. Essa luta desencadeou a disputa pela posse da terra, o que motivou a formação de grandes latifúndios.[1]
Imigração no Sul do Brasil
editarOs alemães estabeleceram-se principalmente no norte de Santa Catarina, na região metropolitana de Curitiba, norte e oeste do Paraná, no Vale do rio Itajaí e no vale do rio dos Sinos. Os italianos ocuparam principalmente a serra gaúcha e Sul catarinense, onde introduziram o cultivo da uva e a produção de vinho. Colonizadores de outros países tais como russos, poloneses, ucranianos, e outros grupos imigrantes fixavam-se no oeste de Santa Catarina, no Paraná e em outros lugares da região[2].
A ocupação da Região Sul seria completada como a colonização açoriana (portugueses) ao longo do litoral, incluindo destaque para a ilha de Santa Catarina, onde se localiza Florianópolis, e para Porto Alegre. A segunda iniciou-se na primeira metade do século XIX, com a chegada de imigrantes alemães, italianos e em menor número, russos, poloneses, ucranianos, estadunidenses e outros. Os imigrantes colonizaram os planaltos, deixando a marca de seus costumes no estilo das residências, no idioma e na culinária. Foram responsáveis também pela introdução da policultura e do sistema de pequenas propriedades. É por esse motivo que o Sul é a região brasileira que possui maior percentual de minifúndios em sua estrutura fundiária[3].
Grupos étnicos (2006)[1] | |
---|---|
Branca | 79,6% |
Parda | 16% |
Preta | 3,6% |
Indígena e amarela | 0,7% |
A maioria dos habitantes da Região Sul se declara "branca", 79,6% da população. Alguns fatores contribuíram para a concentração da imigração européia no Sul, começando pelo meio natural, como o clima subtropical, razoavelmente temperado. Ademais, motivos históricos também estimularam essa concentração: no período imperial, houve necessidade de garantir a posse de terras do Sul, uma vez que era uma região com menos habitantes; também com o processo da abolição da escravatura, incentivou-se a entrada de mão-de-obra imigrante; no século XX, a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), levaram para o Brasil milhares de europeus que fugiam, principalmente, dos conflitos e da perseguição nazista[4]. No fim da Guerra, muitos oficiais nazistas também fugiram para o Sul do Brasil.
Como no resto do Brasil, contudo, e de fato, a população no geral apresenta ancestralidades europeia, indígena e africana, "brancos", "pardos" e "negros", conforme revela a genética. [2] Esse estudo genético de 2011 também constatou que do ponto de vista da ancestralidade as diferenças entre as regiões do Brasil são menores do que muitos pensavam. [2]
Distribuição populacional
editarEmbora a oposição entre as aglomerações urbanas e vazios populacionais, no Sul, não seja tão definido como em outras regiões, os centros urbanos, incluindo Curitiba, Porto Alegre e cidades do Vale do rio Itajaí, apresentam altas densidades populacionais. Os trechos menos populosos do Sul localizam-se na Campanha Gaúcha, pois a atividade econômica dominante é a pecuária extensiva, que emprega pouca mão-de-obra[5].
Modo de vida
editarNa Região Sul existe pobreza, problemas habitacionais, alimentares, educacionais e médico-hospitalares. Ainda assim, quando comparado com outras regiões do Brasil, o Sul se destaca por apresentar as mais elevadas taxas de alfabetização, e a mais elevada expectativa de vida do Brasil. É evidente que, em números absolutos, a Região Sudeste possui a maior quantidade de escolas, hospitais e outros, mas uma avaliação média mostra que o modo de vida sulista é o que mais se aproxima do padrão de um país desenvolvido[6].
Evolução populacional
editarCrescimento populacional | |||
---|---|---|---|
Censo | Pop. | %± | |
1872 | 721 337 | ||
1890 | 1 430 715 | 98,3% | |
1900 | 1 796 495 | 25,6% | |
1920 | 3 537 167 | 96,9% | |
1940 | 5 735 305 | 62,1% | |
1950 | 7 840 870 | 36,7% | |
1960 | 11 892 107 | 51,7% | |
1970 | 16 683 551 | 40,3% | |
1980 | 19 380 126 | 16,2% | |
1991 | 22 117 026 | 14,1% | |
2000 | 25 089 783 | 13,4% | |
2010 | 27 386 891 | 9,2% | |
2022 | 29 937 706 | 9,3% | |
Referências
editar- ↑ «PNAD» (PDF). 2006. Consultado em 18 de maio de 2008. Arquivado do original (PDF) em 22 de fevereiro de 2012
- ↑ a b http://www.plosone.org/article/info%3Adoi%2F10.1371%2Fjournal.pone.0017063
- ↑ «Tabela 1286 - População e Distribuição da população pelas Grandes Regiões e Unidades da Federação nos Censos Demográficos». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 9 de dezembro de 2022
- ↑ «Tabela 4714 - População Residente, Área territorial e Densidade demográfica». Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Consultado em 9 de dezembro de 2022
- ↑ ANTUNES, Celso. Capítulo 7: Aspectos humanos e econômicos. In: ANTUNES, Celso. Geografia e participação, volume 2: as regiões do Brasil. São Paulo: Scipione, 1991. p. 74.
- ↑ ANTUNES, Celso. Capítulo 7: Aspectos humanos e econômicos. In: ANTUNES, Celso. Geografia e participação, volume 2: as regiões do Brasil. São Paulo: Scipione, 1991. p. 75.
- ↑ ANTUNES, Celso. Capítulo 7: Aspectos humanos e econômicos. In: ANTUNES, Celso. Geografia e participação, volume 2: as regiões do Brasil. São Paulo: Scipione, 1991. p. 75.
- ↑ ANTUNES, Celso. Capítulo 7: Aspectos humanos e econômicos. In: ANTUNES, Celso. Geografia e participação, volume 2: as regiões do Brasil. São Paulo: Scipione, 1991. p. 75.
- ↑ ANTUNES, Celso. Capítulo 7: Aspectos humanos e econômicos. In: ANTUNES, Celso. Geografia e participação, volume 2: as regiões do Brasil. São Paulo: Scipione, 1991. p. 76.
- ↑ ANTUNES, Celso. Capítulo 7: Aspectos humanos e econômicos. In: ANTUNES, Celso. Geografia e participação, volume 2: as regiões do Brasil. São Paulo: Scipione, 1991. p. 76.