Denis Diderot

escritor, filósofo e enciclopedista francês
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Denis Diderot (francês: [dəni didʁo]) (Langres, 5 de outubro[1] de 1713Paris, 31 de julho de 1784) foi um filósofo e escritor francês. Notável durante o iluminismo, é conhecido por ter sido o cofundador, editor chefe e contribuidor da Encyclopédie, junto com Jean le Rond d'Alembert.

Denis Diderot
Denis Diderot
Retrato de Denis Diderot pintado
por Louis-Michel van Loo em 1767.
Óleo sobre tela; 81 cm x 75 cm.
Nascimento 5 de outubro de 1713
Langres
Morte 31 de julho de 1784 (70 anos)
Paris
Sepultamento igreja de Saint-Roch
Nacionalidade Francês
Cidadania Reino da França
Progenitores
  • Didier Diderot
Cônjuge Anne-Antoinette Diderot
Filho(a)(s) Angélique Diderot
Alma mater
Ocupação Filósofo e escritor
Obras destacadas Encyclopédie
Movimento estético Enciclopedistas, Materialismo
Religião nenhuma (ateísmo)
Página oficial
http://www.denis-diderot.com
Assinatura

Biografia

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Denis Diderot nasceu na Champanha e começou sua educação formal no Colégio Jesuíta de Langres. Seus pais eram Didier Diderot (1685–1759), um cuteleiro, e sua esposa Angélique Vigneron (1677–1748). Três dos cinco irmãos de Diderot chegaram à idade adulta, Denise Diderot (1715–1797), Pierre-Didier Diderot (1722–1787) e Angélique Diderot (1720–1749).

Diderot ingressou no colégio jesuíta de Langres em 1723 (data mais provável). O ensino fornecido pelos jesuítas, que detinham o monopólio da educação secundária na França de então, enfatizava o ensino das línguas clássicas (grego e latim) e uma atenção rigorosa às orações católicas, o que visava a atenuar a influência humanista e secular. Diderot foi um aluno muito perspicaz e recebeu até mesmo algumas menções honrosas e premiações em virtude de seu excelente desempenho escolar.

Em 1726, o bispo de Langres concede, a Diderot, a tonsura. Tudo indicava que o jovem Denis seguiria uma carreira eclesiástica. A família de Diderot esperava que ele herdasse a prebenda de seu tio, o cônego Didier Vigneron. Contudo, por uma série de infortúnios (o testamento em que o tio legava a prebenda ao sobrinho se tornou inválido porque só chegou a Roma após a morte de seu autor), Diderot não recebeu o benefício esperado, embora recebesse a alcunha de abade ("abbé") por parte de seus concidadãos.

Por motivos ainda não inteiramente esclarecidos, em 1728, aos dezesseis anos, Diderot parte para Paris e passa a frequentar o colégio de Harcourt (Liceu Saint-Louis). Em 1732, recebe o grau de mestre em artes na Universidade de Paris. Pouco se sabe sobre os primeiros anos de Diderot em Paris. Sabe-se que considerou a possibilidade de estudar direito, que sua conduta foi motivo de preocupação para seu pai e que passou por dificuldades financeiras.

Diderot iniciou sua carreira como tradutor. Em 1743, ele traduz a Grecian History, de Temple Stanyan. É, contudo, a tradução de An inquiry concerning virtue or merit, de Ashley-Cooper, 3º Conde de Shaftesbury, sob o título Essai sur le mérit et la vertu, publicado em 1745, que Diderot se torna um pouco mais conhecido. A primeira peça relevante da sua carreira literária é Lettres sur les aveugles a l'usage de ceux qui voient (Cartas sobre os cegos para uso por aqueles que veem), em que sintetiza a evolução do seu pensamento desde o deísmo até ao cepticismo e o materialismo ateu, e tal obra culminou em sua prisão. Sua obra-prima é a edição da Encyclopédie (1750-1772) ou Dictionnaire raisonné des sciences, des arts et des métiers (Dicionário razoado das ciências, artes e ofícios), onde buscou reportar todo o conhecimento que a humanidade havia produzido até sua época. Demorou 21 anos para ser editada, e é composta por 28 volumes. Mesmo que, na época, o número de pessoas que sabia ler fosse pouco, ela foi vendida com sucesso. Denis conseguiu uma fortuna. Deu continuidade com empenho e entusiasmo apesar de alguma oposição da Igreja Católica e dos poderes estabelecidos. Escreveu também algumas outras peças teatrais de pouco êxito. Destacou-se particularmente nos romances, nos quais segue as normas dos humoristas ingleses, em especial de Sterne: A Religiosa, O Sobrinho de Rameau, Jacques, o fatalista e seu mestre. Escreveu vários artigos de crítica de arte.

Foi um dos primeiros autores que fizeram da literatura um ofício, mas sem esquecer jamais que era um filósofo. Preocupava-se sempre com a natureza do homem, a sua condição, os seus problemas morais e o sentido do destino. Admirador entusiasta da vida em todas as suas manifestações, Diderot não reduziu a moral e a estética à fisiologia, mas situou-as num contexto humano total, tanto emocional como racional. Diderot é considerado por muitos um precursor da filosofia anarquista. Alguns estudiosos acreditam que, sob inspiração de sua obra "A Religiosa", barbáries foram praticadas contra religiosos e freiras na Revolução Francesa de 1789 com o deturpado intuito de "protegê-los" contra os crimes praticados pela Santa Sé. Há, ainda, um suposto dossiê encontrado por Georges May em 1954, que mostra a obra "A religiosa" como pura ficção e não um retrato da realidade.

Morreu em 31 de julho de 1784 e encontra-se sepultado no Panteão de Paris, na França.[2]

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Existe uma anedota de um fato que nunca aconteceu sobre Euler e Diderot, quando este estava em São Petersburgo influenciando a corte russa com seu ateísmo, e Euler foi chamado a intervir. Euler teria uma prova matemática da existência de Deus, e teria dito "senhor,  , então Deus existe. Responda!" Diderot não teria conseguido responder, e teria se retirado humilhado sob os risos da corte. Esta anedota é completamente falsa.[3][4]

Colóquio entre a Marechala e Diderot, ou Diálogo do Crente (Marechala) com o não Crente (Thomas Crudeli/filósofo)

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O Colóquio (diálogo), foi escrito provavelmente no ano de 1774. Ele acontece entre Crudele, nome fictício adotado por Diderot, e a Marechala, segundo a edição da Bibliothèque de la Pléiade (embora a edição de P. Verniere (Garnier) e a de Laurent Vernine (Éditions Robert Laffont) o substitua por Diderot).[5]

Formulações filosóficas sobre a moral (bem/mal) no ser humano são construídas por Diderot nesse diálogo, com a plasticidade de sua linguagem e a representatividade das suas personagens e armações ficcionais. A narrativa visa a que o leitor, faça uma análise filosófica profunda sobre a questão acima citada. O bem e o mal no ser humano (uma questão moral), não estão ligados diretamente a ser ou não ser religioso, diz o filósofo para a Marechala, fato este contestado por ela. Mas, ao longo do diálogo, Crudele (Diderot-filósofo), adotará um método de análise da questão, onde a Marechala irá compreender o ponto de vista e a análise do filósofo, e ela com isso também estará fazendo uma abordagem filosófica.

A Marechala, seria a esposa de Victor François, Duque de Broglie e Marechal da França (1718-1804). O colóquio sobre a questão do bem e do mal no ser humano no crente e não crente teria então ocorrido em Paris no ano de 1771.

A Marechala é uma cristã católica e devota, que crê que o bem está relacionado aos fundamentos religiosos e o mal aos que não seguem uma religião. Já o filósofo Crudele (Diderot), não relaciona essas questões morais ao fato de ser ou não ser religioso. Para Crudele, ser bom ou ser mal é uma questão moral e individual.

O indivíduo não necessita ser um religioso para praticar o bem, mas sim ter uma conduta correta. Diz Crudele, "Não pensais que se possa ter nascido tão afortunadamente, que se encontre grande prazer em praticar o bem?".[6] A Marechala, por sua vez, tenta persuadi-lo ao contrário, pois, segundo sua concepção, é por temor do castigo de Deus, que devemos ter uma boa conduta moral, praticar o bem para esperar alcançar as delícias divinas, ficar longe dos vícios. Já os incrédulos não terão salvação e sim a danação eterna, quando morrerem.

Mas, aos poucos, Crudele, vai alargando suas convicções, e se convencendo que não é necessário que o ser humano tenha alguma crença divina para ser bom.

Marechala – "O mal há de ser o que apresenta mais inconveniente do que vantagens; e o bem, ao contrário, o que apresenta mais vantagens do que inconvenientes".[7]

Crudele (Diderot), chama a atenção da Marechala, pois o que ela está fazendo é filosofia ao debater sobre esta questão, o que a surpreende positivamente. Também aponta como os religiosos são intolerantes por não compartilhar o seu entendimento com os pagãos, e até mesmo entre os seus, e que isso tem repercussões "funestas". Com a intolerância religiosa, muitas pessoas padeceram ao longo dos séculos. A Marechala concorda com Crudele em relação a essa análise.

Crudele critica as instituições monásticas e os cristãos pela maneira como se comportam, sendo individualistas e intolerantes e não obedecendo o Evangelho que dizem seguir. São proselitistas, não obedecendo as regras de conduta moral estabelecidas pela religião cristã, o que não deveria acontecer com quem se diz religioso e cristão.

Embora admire a conduta cristã da Marechala e de seu esposo, "Do fato de ser impossível sujeitar um povo a uma regra que convém apenas a alguns homens melancólicos, que a calcam sobre seus próprios caracteres".[8] (...) "Mas, Senhora Marechala, acaso existem cristãos? Eu nunca os vi".[9] "A religião é como o casamento. O casamento que constitui a desgraça de tantos outros, constitui a felicidade e a do Marechal (...) a religião que fez e fará tantos malvados",[10] não deixa de criticar aos que fazem má conduta, aos que agem com hipocrisia.

O filósofo (Diderot) permite que cada um pense de uma determinada maneira, não crê em superstições nem que vêm de fora nem de dentro das religiões, tem o compromisso com a verdade, repugna o mal provocado tanto pelos religiosos quanto pelos não religiosos, alimenta a esperança do bem comum e não se oculta na vaidade. Teve o intuito de provocar reflexão na Marechala, em busca de aumentar seu conhecimento, o que a levou a reflexões profundas sobre a questão do bem e do mal no ser humano.

Bibliografia

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  • Essai sur le mérite et la vertu, escrito por Anthony Ashley-Cooper tradução francesa e anotação por Diderot (1745)
  • Philosophical Thoughts, ensaio (1746)
  • La Promenade du sceptique (1747)
  • The Indiscreet Jewels, novel (1748)
  • Lettre sur les aveugles à l'usage de ceux qui voient (1749)
  • Encyclopédie, (1750–1765)
  • Lettre sur les sourds et muets (1751)
  • Pensées sur l'interprétation de la nature, ensaio (1751)
  • "Systeme de la Nature," (1754)
  • Le Fils naturel (1757)
  • Entretiens sur le Fils naturel (1757)
  • Le père de famille (1758)
  • Discours sur la poesie dramatique (1758)
  • Salons, critique d'art (1759–1781)
  • La Religieuse, Roman (1760; revisado em 1770 e no início da década de 1780; o romance foi publicado pela primeira vez como um volume postumamente em 1796).
  • Le neveu de Rameau, dialogue (1763).[11]
  • Lettre sur le commerce de la librairie (1763)
  • Mystification ou l’histoire des portraits (1768)
  • Entretien entre D'Alembert et Diderot (1769)
  • Le rêve de D'Alembert, dialogue (1769)
  • Suite de l'entretien entre D'Alembert et Diderot (1769)
  • Paradoxe sur le comédien (escrito entre 1770 e 1778; publicado pela primeira vez postumamente em 1830)
  • Apologie de l'abbé Galiani (1770)
  • Principes philosophiques sur la matière et le mouvement, essai (1770)
  • Entretien d'un père avec ses enfants (1771)
  • Jacques le fataliste et son maître, romance (1771-1778)
  • Ceci n'est pas un conte, conto (1772)
  • Madame de La Carlière, conto e fábula moral, (1772)
  • Supplément au voyage de Bougainville (1772)
  • Histoire philosophique et politique des deux Indes, em colaboração com Raynal (1772–1781)[12]
  • Voyage en Hollande (1773)
  • Éléments de physiologie (1773–1774)
  • Réfutation d'Helvétius (1774)
  • Observations sur le Nakaz (1774)
  • Essai sur les règnes de Claude et de Néron (1778)
  • Est-il Bon? Est-il méchant? (1781)
  • Lettre apologétique de l'abbé Raynal à Monsieur Grimm (1781)
  • Aux insurgents d'Amérique (1782)

Ver também

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Referências

  1. Sobre a data exata do seu nascimento, ver George R. Havens, « The Dates of Diderot's Birth and Death » in Modern Language Notes, Vol. 55, No. 1 (jan 1940), p. 31-33
  2. Denis Diderot (em inglês) no Find a Grave[fonte confiável?]
  3. Brown, B.H. (1942). «The Euler-Diderot Anecdote». The American Mathematical Monthly. 49 (5): 302–303. doi:10.2307/2303096 ; Gillings, R.J. (1954). «The So-Called Euler-Diderot Incident». The American Mathematical Monthly. 61 (2): 77–80. doi:10.2307/2307789 
  4. Dirk J. Struik, "A História Concisa das Matemáticas
  5. Guinsburg, Jacob, 2000. “Diderot Obras I Filosofia e Política”, São Paulo, editora Perspectiva S.A., p. 233
  6. Ibid.,p. 235.
  7. Ibid., p.236.
  8. Ibid., p.238
  9. Ibid., p.239.
  10. Ibid., p.240.
  11. Diderot "Le Neveu de Rameau", Les Trésors de la littérature Française, p. 109. Collection dirigée par Edmond Jaloux; http://www.denis-diderot.com/publications.html
  12. «A Philosophical and Political History of the Settlements and Trade of the Europeans in the East and West Indies». World Digital Library. 1798. Consultado em 30 de agosto de 2013 
 
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