Difusionismo

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Na antropologia cultural e na geografia cultural, a difusão cultural ou difusionismo, conforme conceituada por Leo Frobenius em sua publicação Der westafrikanische Kulturkreis, de 1897/98, é a disseminação de itens culturais – como ideias, estilos, religiões, tecnologias, idiomas – entre indivíduos, seja dentro de um cultura única ou de uma cultura para outra. É diferente da difusão de inovações dentro de uma cultura específica. Exemplos de difusão incluem a propagação da carro de guerra e fundição de ferro nos tempos antigos e o uso de automóveis e ternos ocidentais no século XX.

Hiperdifusionismo

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Os hiperdifusionistas negam que a evolução paralela ou invenção independente tenha ocorrido em grande extensão ao longo da história; eles afirmam que todas as grandes invenções e todas as culturas podem ser rastreadas até uma única cultura.[1]

As primeiras teorias do hiperdifusionismo podem ser atribuídas a ideias sobre a América do Sul ser a origem da humanidade. Antonio de León Pinelo, um espanhol que se estabeleceu na Bolívia, afirmou em seu livro Paraíso en el Nuevo Mundo que o Jardim do Éden e a criação do homem ocorreram na atual Bolívia e que o resto do mundo foi povoado por migrações de lá. Ideias semelhantes também foram sustentadas por Emeterio Villamil de Rada; em seu livro La Lengua de Adán ele tentou provar que o aimará era a língua original da humanidade e que a humanidade se originou em Sorata nos Andes bolivianos. A primeira defesa científica da humanidade originária da América do Sul veio do paleontólogo argentino Florentino Ameghino em 1880, que publicou suas pesquisas em La antigüedad del hombre en el Plata.[2]

O trabalho de Grafton Elliot Smith fomentou um renascimento do hiperdifusionismo em 1911; ele afirmou que o conhecimento da produção de cobre se espalhou do Egito para o resto do mundo junto com a cultura megalítica.[3] Smith afirmou que todas as principais invenções foram feitas pelos antigos egípcios e foram levadas para o resto do mundo por migrantes e viajantes. Suas opiniões ficaram conhecidas como "hiperdifusão egiptocêntrica".[4] William James Perry elaborou a hipótese de Smith usando dados etnográficos. Outro hiperdifusionista foi o Lorde Raglan; em seu livro Como Surgiu a Civilização (1939), ele escreveu que, em vez do Egito, toda a cultura e civilização vieram da Mesopotâmia.[5]

Europa medieval

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A teoria da difusão foi avançada como uma explicação para o "milagre europeu", a adoção da inovação tecnológica na Europa medieval que no século XIX culminou na conquista tecnológica europeia superando o mundo islâmico e a China.[6] As importações tecnológicas para a Europa medieval incluem pólvora, mecanismos de relógio, construção naval, papel e o moinho de vento; no entanto, em cada um desses casos, os europeus não apenas adotaram as tecnologias, mas melhoraram a escala de fabricação, a tecnologia inerente e as aplicações a um ponto claramente superior à evolução da invenção original em seu país de origem.

Há também alguns historiadores que questionam se a Europa realmente deve o desenvolvimento de invenções como a pólvora, a bússola, o moinho de vento ou a impressão aos chineses ou a outras culturas.[7][8][9]

No entanto, o historiador Peter Frankopan argumenta que as influências, particularmente o comércio, através do Oriente Médio e Ásia Central para a China através das estradas da seda foram negligenciadas nas histórias tradicionais da "ascensão do Ocidente". Ele argumenta que o Renascimento foi financiado com o comércio com o Oriente (devido ao desaparecimento de Bizâncio nas mãos de Veneza e da 4.ª Cruzada), e que o comércio permitiu que ideias e tecnologia fossem compartilhadas com a Europa. Mas as constantes guerras e rivalidades na Europa significavam que havia uma pressão evolutiva extrema para desenvolver essas ideias para vantagem militar e econômica, e uma necessidade desesperada de usá-las em expansão.[10]

Disputas

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Embora o conceito de difusão seja bem aceito em geral, as conjecturas sobre a existência ou a extensão da difusão em alguns contextos específicos têm sido muito discutidas. Um exemplo dessas disputas é a proposta de Thor Heyerdahl de que as semelhanças entre a cultura da Polinésia e as civilizações pré-colombianas dos Andes se devem à difusão destas para as primeiras – uma teoria que atualmente tem poucos adeptos entre os antropólogos profissionais.[11][12][13][14][a]

Notas

  1. Evidências físicas e culturais há muito sugerem que a Polinésia foi colonizada de oeste para leste, a migração tendo começado no continente asiático, não na América do Sul. No final da década de 1990, testes genéticos descobriram que o DNA mitocondrial dos polinésios é mais semelhante a pessoas do sudeste da Ásia do que a pessoas da América do Sul, mostrando que seus ancestrais provavelmente vieram da Ásia.

Referências

  1. Legend and lore of the Americas before 1492: an encyclopedia of visitors, explorers, and immigrants, Ronald H. Fritze, 1993, p. 70
  2. Indians of the Andes: Aymaras and Quechuas, Harold Osborne, 2004, pp. 2–3
  3. The Routledge Dictionary of Anthropologists, Gérald Gaillard, 2004, p. 48
  4. Megaliths, Myths and Men: An Introduction to Astro-Archaeology, Peter Lancaster Brown, 2000, p. 267
  5. Sociocultural Evolution: Calculation and Contingency, Bruce G. Trigger, 1998, p. 101
  6. Carlo M. Cipolla, Before the Industrial revolution: European Society and Economy 1000–1700, W.W. Norton and Co., New York (1980) ISBN 0-393-95115-4
  7. Peter Jackson: The Mongols and the West, Pearson Longman 2005, p. 315
  8. Donald F. Lach: Asia in the Making of Europe. 3 volumes, Chicago, Illinois, 1965–93; I:1, pp. 82–83
  9. Robert Bartlett: The Making of Europe. Conquest, Colonization and Cultural Change 950–1350, Allen Lane, 1993
  10. 'The Silk Roads: A New History of the World' ISBN 9781101912379
  11. Robert C. Suggs The Island Civilizations of Polynesia, New York: New American Library, pp. 212-224
  12. Kirch, P. (2000). On the Roads to the Wind: An archaeological history of the Pacific Islands before European contact. Berkeley: University of California Press, 2000
  13. Barnes, S.S.; et al. (2006). «Ancient DNA of the Pacific rat (Rattus exulans) from Rapa Nui (Easter Island)» (PDF). Journal of Archaeological Science. 33 (11): 1536. doi:10.1016/j.jas.2006.02.006. Arquivado do original (PDF) em 19 de julho de 2011 
  14. Friedlaender, J.S.; et al. (2008). «The genetic structure of Pacific Islanders». PLOS Genetics. 4 (1): e19. PMC 2211537 . PMID 18208337. doi:10.1371/journal.pgen.0040019 

Bibliografia

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  • Frobenius, Leo. Der westafrikanische Kulturkreis. Petermanns Mitteilungen 43/44, 1897/98
  • Kroeber, Alfred L. (1940). "Stimulus diffusion." American Anthropologist 42(1), Jan.–Mar., pp. 1–20
  • Rogers, Everett (1962) Diffusion of innovations. New York: Free Press of Glencoe, Macmillan Company
  • Sorenson, John L. & Carl L. Johannessen (2006) "Biological Evidence for Pre-Columbian Transoceanic Voyages." In: Contact and Exchange in the Ancient World. Ed. Victor H. Mair. University of Hawaii Press, pp. 238–297. ISBN 978-0-8248-2884-4; ISBN 0-8248-2884-4