Diocese de Coimbra
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A Diocese de Coimbra é uma diocese portuguesa, que corresponde grosso modo ao território do distrito de Coimbra. Está integrada na Província Eclesiástica de Braga.
Diocese de Coimbra Conimbricensis | |
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Sé Nova de Coimbra (Concatedral de Coimbra) | |
Localização | |
País | Portugal |
Território | Distrito de Coimbra (grosso modo) |
Arquidiocese metropolitana | Arquidiocese de Braga |
Estatísticas | |
Área | 5 300 km² |
Arciprestados | 10 |
Paróquias | 268 |
Informação | |
Rito | Romano |
Criação | 1080 |
Catedral | Sé Velha de Coimbra concatedral Sé Nova de Coimbra |
Padroeiro(a) | Santo Agostinho |
Governo da diocese | |
Bispo | Virgílio do Nascimento Antunes, bispo-conde |
Vigário-geral | Pe. Manuel Ferrão |
Jurisdição | Diocese |
Página oficial | www.diocesedecoimbra.pt/ |
dados em catholic-hierarchy.org |
História
editarCoimbra chamava-se outrora Emínio e, em 569, era uma florescente paróquia da Diocese de Conímbriga. No último quartel do século VI, o bispo de Conímbriga (hoje Condeixa-a-Velha) veio fixar-se em Emínio e com ele vieram a população e a Cúria Episcopal e o nome de Coimbra substituiu para sempre o nome de Emínio.
Os Árabes tomaram Coimbra em 712 e assenhorearam-se dela, com uma pequena interrupção, até 1064. Em Julho deste ano foi conquistada aos mouros por Fernando Magno de Leão. Foi seu primeiro bispo, depois desta reconquista, D. Paterno que, em Abril de 1086, criou a primeira escola catedralícia. Por esta altura, D. Sesnando, alvasil de Coimbra, dava aos Bispos para a habitação o Fórum Romano que, ampliado e embelezado pelos Prelados subsequentes, foi Paço Episcopal até 1911.
Pela acção de D. Miguel Salomão e com dinheiro régio foi construída, entre os anos de 1140-1180, a Catedral (Sé Velha), que se tornou centro da vida citadina. Situada no centro do País, a jurisdição do seu Bispo estendeu-se, depois da reconquista cristã, até Viseu e Lamego, no século XII.
Leiria e Aveiro pertenceram à diocese de Coimbra até 1545 e 1774, respectivamente. Criadas dioceses naquelas datas, foram extintas e incorporadas em Coimbra em 1882. Leiria foi, porém, restaurada como Leiria-Fátima em 1918 e Aveiro em 1938.
Durante o tempo do rei D. José e do governo do Marquês de Pombal o bispo desta diocese, D. Miguel da Anunciação, da famigerada família Távora, foi encerrado na prisão sem acusação nem julgamento durante nove anos e a Catedral de Coimbra foi reduzida a capela e dada à Santa Casa da Misericórdia, depois de ter sido esvaziada do seu rico património e deitado por terra o claustro e dependências anexas. Assim como, na sequência da expulsão dos jesuítas o Cabido mudou da sua Sé Velha para a Sé Nova, igreja do colégio da Companhia de Jesus. A perseguição só acabou com a morte do monarca e a demissão do segundo.[1]
Actualmente, a Diocese de Coimbra estende-se por uma superfície de 5300 km² compreendendo todo o distrito de Coimbra, à excepção da freguesia de São Gião, de Oliveira do Hospital; o concelho da Mealhada, do distrito de Aveiro; Mortágua, do distrito de Viseu; Alvaiázere, Ansião, Castanheira de Pêra, Figueiró dos Vinhos, Pedrógão Grande e parte de Pombal, do distrito de Leiria, e Ferreira do Zêzere, do distrito de Santarém.
A sua população é de 545.000 habitantes, distribuídos por 268 freguesias e reitorias, 24 Arciprestados e 4 Regiões Pastorais.
Bispos de Coimbra
editarSegue-se uma lista dos bispos de Coimbra (Conímbriga/Emínio/Colímbria)[2]:
A partir de D. João Galvão (1460-1481), por Decreto de 25 de Setembro de 1472 de D. Afonso V de Portugal, passaram os Bispos de Coimbra a ostentar o título de Condes de Arganil de juro e herdade (donde resulta serem chamados bispos-condes).
Bispos de Emínio
editar- Lucêncio (561, 572)
- Possidónio (589)
- Hermulfo ou Ermulfo (633)
- Renovato ou Renato (638)
- Sisiberto (653)
- Cantaber ou Cantâbro (666)
- Gomiro ou Miro (683, 688)
- Emila ou Esnila (693)
- Nausto (867-†912)
- Froarengo (905-†915)
- Diogo (912-922/24)
- Pelágio (928-931)
- Gondesindo (937-950/55)
- Guilherme (961?)
- Viliulfo (974-982)
- Pelágio (986)
Bispos de Coimbra
editar- D. Paterno (1080-†1087)
- D. Crescónio (1092-†1098)
- D. Maurício Burdino (1099-1108), depois arcebispo de Braga (1109-1117), antipapa de 1118-1121, † depois de Agosto de 1137
- D. Gonçalo Pais (1109-†1128)
- D. Bernardo (1128-†1147), 1.° Senhor de Coja de juro e herdade
- D. João (I) Anaia (1148-1154/1155), 2.° Senhor de Coja, deposto, †1161
- D. Miguel (I) Salomão (1158-1176), 3.° Senhor de Coja, resignou, † 1180
- D. Bermudo (1178-†1182), 4.° Senhor de Coja
- D. Martinho (I) Gonçalves (1183-†1190), 5.° Senhor de Coja
- D. Pedro (I) Soares (1192-1232), 6.° Senhor de Coja, destituído, †1233
- D. Tibúrcio (1234-†1248), 7.° Senhor de Coja
- D. Domingos (†1247), 8.° Senhor de Coja
- D. Egas Fafes (1247/1248-1267), 9.° Senhor de Coja, depois arcebispo de Santiago de Compostela (1267 - †1268)
- D. Mateus Martins (1268-1279), 10.° Senhor de Coja, antes bispo de Viseu, depois regressa a bispo de Viseu
- D. Aimerico d'Ébrard (1279-†1295), 11.° Senhor de Coja
- D. Pedro (II) Martins (1296-†1301), 12.° Senhor de Coja
- D. Fernando (I) (1302-†1303), 13.° Senhor de Coja
- D. Estêvão Eanes Brochardo (1304-†1318), 14.° Senhor de Coja
- D. Raimundo (I) Ébrard (1319-†1324), 15.° Senhor de Coja[3]
- D. Raimundo (II) Ébrard (1325-†1333), 16.° Senhor de Coja[4]
- D. João (II) des Prez (1333-1338), 17.° Senhor de Coja
- D. Jorge (I) Eanes (1338-†1356), 18.° Senhor de Coja
- D. Lourenço Rodrigues (1356-1358), 19.° Senhor de Coja, antes bispo da Guarda, depois bispo de Lisboa
- D. Pedro (III) Gomes Barroso, o Jovem (1358-1364), 20.° Senhor de Coja, depois bispo de Lisboa
- D. Vasco Rodrigues (1364-1371), 21.° Senhor de Coja, depois bispo de Lisboa (1371), eleito arcebispo de Braga Primaz das Espanhas
- D. Pedro (IV) Tenorio (1371-1378), 22.° Senhor de Coja, depois arcebispo de Toledo primaz das Espanhas
- D. João (III) Cabeça de Vaca (1378-1384), 23.° Senhor de Coja
- D. Martinho (II) Afonso Pires de Miranda ou D. Martinho (II) Afonso de Miranda ou D. Martinho (II) Afonso da Charneca ou D. Martinho (II) Afonso de Lisboa (1386-1398), 24.° Senhor de Coja, depois arcebispo de Braga
- D. João (IV) Afonso Esteves de Azambuja (1398-1402), 25.° Senhor de Coja, antes bispo do Algarve e bispo do Porto, depois arcebispo de Lisboa e cardeal-presbítero de São Pedro Acorrentado
- D. João (V) Garcia Manrique (1403-1407), 26.° Senhor de Coja
- D. Gil Alma (1408-1415), 27.° Senhor de Coja
- D. Fernando (II) Coutinho[desambiguação necessária] (1419-1429), 28.° Senhor de Coja
- D. Álvaro (I) Ferreira (1431/1432-1444), 29.° Senhor de Coja
- D. Luís Coutinho (1444-1452), 30.° Senhor de Coja, antes bispo de Viseu e depois arcebispo de Lisboa
- D. Afonso (I) Nogueira (1453-1459), 31.° Senhor de Coja, depois arcebispo de Lisboa
- D. João (VI) Galvão (1460-1481), antes 20.º Dom Prior-Mor do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, 1.º Conde de Arganil de juro e herdade, 32.° Senhor de Coja
- D. Jorge (II) de Almeida[desambiguação necessária] (1481-1543), 2.º Conde de Arganil, 33.° Senhor de Coja
- D. Frei João (VII) Soares[desambiguação necessária] (1545-1572), 3.º Conde de Arganil, 34.° Senhor de Coja
- D. Frei Manuel (I) de Meneses (1573-1578), 4.° Conde de Arganil, 35.° Senhor de Coja, antes bispo de Lamego
- D. Frei Gaspar do Casal (1579-1584), 5.° Conde de Arganil, 36.° Senhor de Coja, antes bispo do Funchal e bispo de Leiria
- D. Afonso (II) de Castelo Branco (1585-1615), 6.° Conde de Arganil, 37.° Senhor de Coja, antes bispo do Algarve, duas vezes vice-rei de Portugal
- D. Afonso (III) Furtado de Mendonça (1616-1618), 7.° Conde de Arganil, 38.° Senhor de Coja, antes bispo da Guarda, depois arcebispo de Braga e arcebispo de Lisboa, vice-rei de Portugal
- D. Martim Afonso Mexia (1619-1623), 8.º Conde de Arganil, 39.° Senhor de Coja
- D. João (VIII) Manuel de Ataíde (1625-1632), 9.° Conde de Arganil, 40.° Senhor de Coja, antes bispo de Viseu, depois arcebispo de Lisboa, vice-rei de Portugal
- D. Jorge (III) de Melo (1636), 10.º Conde de Arganil, 41.° Senhor de Coja
- D. João (IX) Mendes de Távora (1638-1646), 11.º Conde de Arganil, 42.° Senhor de Coja
- D. Manuel (II) de Noronha (1670-1671), 12.º Conde de Arganil, 43.° Senhor de Coja
- D. Frei Álvaro (II) de São Boaventura (1672-1683), 13.º Conde de Arganil, 44.° Senhor de Coja
- D. João (X) de Melo[desambiguação necessária] (1684-1704), 14.º Conde de Arganil, 45.° Senhor de Coja
- D. António (I) de Vasconcelos e Sousa (1706 - 1716), 15.º Conde de Arganil, 46.° Senhor de Coja
- Sede vacante
- D. Frei Miguel (II) da Anunciação (1740-1779), 16.º Conde de Arganil, 47.° Senhor de Coja
- D. Francisco (I) de Lemos de Faria Pereira Coutinho (1779-1822), 17.º Conde de Arganil, 48.° e último Senhor de Coja
- D. Frei Francisco (II) de São Luís Saraiva (1822-1824), 18.° Conde de Arganil, antes bispo de Portalegre e Castelo Branco, depois 8.º cardeal-patriarca de Lisboa
- D. Frei Joaquim de Nossa Senhora da Nazaré (1824-1851), 19.° e último feudal Conde de Arganil, antes bispo de Moçambique e bispo do Maranhão
- D. Manuel (III) Bento Rodrigues da Silva (1851-1858), 20.º Conde de Arganil, depois 10.º cardeal-patriarca de Lisboa
- D. José Manuel de Lemos (1858-1870), 21.º Conde de Arganil
- D. Manuel (IV) Correia de Bastos Pina (1872-1913), 22.º e último efectivo Conde de Arganil
- D. Manuel (V) Luís Coelho da Silva (1915-1936), 23.º Conde titular de Arganil
- D. António (II) Antunes (1936-1948), 24.º Conde titular de Arganil
- D. Ernesto Sena de Oliveira (1948-1967) (falecido a 15 de Outubro de 1972), 25.° Conde titular de Arganil, antes arcebispo titular de Mitilene e bispo de Lamego
- D. Frei Francisco (III) Fernandes Rendeiro (1967-1971), 26.º Conde titular de Arganil
- D. João (XI) António da Silva Saraiva (1971-1976), 27.° Conde titular de Arganil, antes bispo do Funchal
- D. João (XII) Alves (1976-2001) (falecido a 28 de Junho de 2013), 28.º Conde titular de Arganil
- D. Albino Mamede Cleto (2001-2011) (falecido a 15 de Junho de 2012), 29.° Conde titular de Arganil, antes bispo titular de Elvira
- D. Virgílio do Nascimento Antunes (2011-presente), 30.º Conde titular de Arganil
Heráldica
editarOs Bispos de Coimbra desde 1472 têm a dignidade de Bispos-Condes, no seguimento da outorga pelo Rei D. Afonso V do título de Conde de Arganil de juro e herdade ao Bispo D. João Galvão, 36.º Bispo de Coimbra, a si e aos seus sucessores na Sé Conimbricense. De 1128 até 1790 usaram também os Bispos de Coimbra da distinção de Senhor de Coja de juro e herdade, por outorga de D. Afonso Henriques, enquanto ainda Conde Portucalense, datada de 3 de Setembro de 1128, em favor de D. Bernardo, 6.º Bispo de Coimbra, a si e aos seus sucessores na Sé Conimbricense.
O brasão dos Bispos-Condes de Coimbra constitui uma excepção na tradicional heráldica eclesiástica portuguesa.
Descrição do brasão: enquanto Bispos-Condes os Bispos de Coimbra têm direito ao uso do galero verde de 20 borlas, próprio dos Arcebispos; da cruz episcopal, própria dos prelados de Dioceses (por diferença da cruz dupla usada pelos prelados de Arquidioceses); e do coronel de Conde em representação do título de Conde de Arganil.
Escutismo
editar- Escutismo nesta diocese: Região de Coimbra
Ver também
editarReferências
- ↑ A Catedral de Coimbra Dividida, Sé Velha de Coimbra
- ↑ «Diocese de Coimbra: História - Bispos». diocesedecoimbra.pt. 2011. Consultado em 2 de junho de 2011. Arquivado do original em 7 de outubro de 2010
- ↑ MORUJÃO, Maria do Rosário Barbosa - “La famille d’Ébrard et le clergé de Coïmbra aux XIIIe et XIVe siècles”. In A Igreja e o clero português no contexto europeu. Lisboa: CEHR/UCP, 2005, p. 77-91.
- ↑ MORUJÃO, Maria do Rosário Barbosa - “famille d’Ébrard et le clergé de Coïmbra aux XIIIe et XIVe siècles”..., p. 77-91.
Ligações externas
editar- «Site oficial»
- «Diocese de Coimbra - gcatholic.org» (em inglês)
- «Diocese de Coimbra - Catholic Hierarchy» (em inglês)
- «Diocese de Coimbra - Catholic Encyclopedia» (em inglês)
- MORUJÃO, Maria do Rosário Barbosa - A Sé de Coimbra: a instituição e a chancelaria (1080-1325). Lisboa, FCT/FCG, 2010.
- MORUJÃO, Maria do Rosário Barbosa - “La famille d’Ébrard et le clergé de Coïmbra aux XIIIe et XIVe siècles”. In A Igreja e o clero português no contexto europeu. Lisboa: CEHR/UCP, 2005, p. 77-91.
- MORUJÃO, Maria do Rosário Barbosa - “Bispos em tempos de guerra: os prelados de Coimbra na segunda metade do século XIV”. In A guerra e a sociedade na Idade Média. Vol. 1. [Torres Novas]: SPEM, 2009, p. 539-550.
- PAIVA, José Pedro - Os bispos de Portugal e do Império. Coimbra: Imprensa da Universidade, 2006.