Direitos LGBT na Cidade do Vaticano

 

O código legal que fala dos direitos LGBT na Cidade do Vaticano é baseada no código italiano Zanardelli de 1889, desde que foi fundada o estado independente da Cidade do Vaticano em 1929.

Embora o Papa Francisco, atual soberano do estado da Cidade do Vaticano, tenha expressado o seu apoio a uniões civis entre pessoas do mesmo sexo, a Cidade do Vaticano atualmente não as reconhece. O Papa já admitiu várias vezes em entrevistas que a homossexualidade não deveria ser considerada um crime e sim um pecado, mas que as suas uniões deveriam ser abençoadas mas jamais reconhecidas pela Igreja.[1] [2]

Desde 1890, o território que é hoje em dia a Cida do Vaticano não possui nenhum tipo de leis contra atividades sexuais entre pessoas do mesmo sexo não comerciais, privadas, adultas e consensuais. A idade de consentimento atualmente é de 18 anos para todas as pessoas, independentemente de sua orientação sexual. No caso de relações sexuais fora do casamento- no caso onde os casamentos são válidos pela Igreja Católica e pelas leis da Cidade do Vaticano- a idade de consentimento igual é 14 anos [3]

Os diplomatas estrangeiros, para serem credenciados, não devem fazer parte de uma família do mesmo sexo, [4] e não devem ser divorciados . [5] Em 2008, Jean-Loup Kuhn-Delforge, que é um diplomata abertamente gay e que está numa união civil com o seu parceiro, foi rejeitado pelos oficiais da Igreja Católica para ser o embaixador francês da Santa Sé. Em 2015, Laurent Stefanini, abertamente gay, foi também rejeitado para ser o embaixador da França, apesar de estar solteiro. [6] [7]

Direitos civis

editar

O Estado da Cidade do Vaticano não possui nenhumas provisões de direitos civis que incluam a orientação sexual e a identidade de género.

Reconhecimento de relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo

editar

A Cidade do Vaticano sempre expressou o seu desacordo e descontentamento a qualquer tipo de reconhecimento civil de uniões do mesmo sexo, casamento homossexual ou direitos de homoparentalidade, que dois homens ou duas mulheres possam adotar uma criança, algo que ainda é ilegal na Itália.

Proteções contra discriminação

editar

O Vaticano tem o direito de remover, suspender e despedir imediatamente qualquer oficial ou empregado que admita publicamente ser gay ou que questione o ponto de vista e as crenças do Vaticano em relação à homossexualidade, já que é considerado como um pecado sexual, que vai contra a natureza e portanto contra as leis de Deus, no Cristianismo. [8] [9]

Protestos

editar
 
Ativistas protestaram em dezembro de 2008 em Milão contra o anúncio feito pelo Observador Permanente do Vaticano nas Nações Unidas de que o Vaticano votaria contra uma resolução da ONU que apelava à descriminalização da homossexualidade. [10] [11]

Em 13 de Janeiro de 1998, o ativista LGBT de Arcigay Alfredo Ormando pôs fogo a si mesmo na praça de São Pedro em protesto contra a renegação dos homossexuais que sempre foi demonstrada pela religião cristã. Como resultado das várias queimaduras que sofreu, ele morreu alguns dias depois num hospital italiano, já que o Vaticano não possui hospitais graças ao seu tamanho, portanto todo o mundo é impedido de doar sangue, graças à falta de serviços hospitalares. [12] [13]

Influência

editar

Em 2021, o ministro das relações exteriores, o Arcebispo Paul Richard Gallagher, entregou uma carta ao embaixador italiano na Cidade do Vaticano, demonstrando "preocupação" em relação a uma lei do parlamento italiano que visava proteger legalmente todos os LGBT italianos contra todo o tipo de violência e discriminação. A carta dizia que essa lei. que proibia o incentivo a crimes de ódio, era uma violação da liberdade de expressão e liberdade religiosa e pediu para que a lei fosse reformulada para que nenhum tipo de "liberdade" fosse retirada. [14] [15] [16]

Tabela de resumo

editar
Atividade sexual entre pessoas do mesmo sexo é legal  </img> (Desde 1890)
Igualdade de idade de consentimento (18)  </img> (Desde 1890)
Leis antidiscriminação apenas no emprego  </img> (A Santa Sé reserva-se o direito de afastar, suspender e despedir imediatamente qualquer funcionário que se declare homossexual ou contra a posição da Igreja Católica sobre a homossexualidade ou a transexualidade)
Leis antidiscriminação no fornecimento de bens e serviços  </img>
Leis antidiscriminação em todas as outras áreas (incluindo discriminação indireta, discurso de ódio)  </img>
Casamento entre pessoas do mesmo sexo  </img>
Gays, lésbicas e bissexuais autorizados a servir abertamente no Corpo da Gendarmaria e na Pontifícia Guarda Suíça  </img>
Acesso à fertilização in vitro para lésbicas  </img>
Barriga de aluguel comercial para casais gays  </img>
Autorizado a doar sangue  </img> Não há hospitais no Vaticano para doar sangue, [17] nem qualquer política oficial para proibir a doação de sangue para homossexuais e/ou transexuais.

Veja também

editar
  1. «Same-sex civil unions 'good and helpful to many', says Pope Francis». euronews (em inglês). 16 de setembro de 2021. Consultado em 2 de janeiro de 2023 
  2. «Francis becomes 1st pope to endorse same-sex civil unions». AP NEWS (em inglês). Consultado em 2 de janeiro de 2023 
  3. «Legge N. VIII: Norme complementari in materia penale, 11 July 2013 (see Article 8(4) and Article 4(a) - for sex within marriage see Article 8(5))» (PDF). Consultado em 3 de fevereiro de 2024 
  4. «Vatican blocks appointment of gay diplomat». PinkNews. 2 de outubro de 2008. Consultado em 1 de agosto de 2022 
  5. «Vatican accepts Juan Pablo Cafiero as Argentine Ambassador». Wikinews. 28 de setembro de 2008 
  6. Heneghan, Tom (16 de abril de 2015). «Hollande stands by his Vatican ambassador». The Tablet 
  7. Heneghan, Tom (16 de maio de 2016). «France ends 15-month stand-off by naming new ambassador to Vatican». The Tablet 
  8. Texte de la lettre sur le site d'Eternal World Television, Global Catholic Network (en anglais).
  9. «Stupeur au Vatican: un théologien fait son coming out... il est viré - Têtu». 17 de setembro de 2011. Consultado em 1 de agosto de 2022. Cópia arquivada em 17 de setembro de 2011 
  10. «Vatican attacked for opposing gay decriminalisation». Reuters (em inglês). 2 de dezembro de 2008. Consultado em 3 de fevereiro de 2024 
  11. «Opposition, gay groups slam Vatican on French United Nations. proposal». Italy Magazine (em inglês). 2 de dezembro de 2008. Consultado em 3 de fevereiro de 2024 
  12. «Man sets himself on fire in Vatican's St Peter's square». BBC News (em inglês). 19 de dezembro de 2013. Consultado em 1 de agosto de 2022 
  13. Andriote, John-Manuel (15 de março de 2013). «'Alfredo's Fire' Sure to Spark Discussion About Religion, Homosexuality and the Deadliness of Intolerance». HuffPost (em inglês). Consultado em 1 de agosto de 2022 
  14. Horowitz, Jason (22 de junho de 2021). «Vatican Expresses Deep Reservations Over Gay Rights Bill in Italy». The New York Times (em inglês). ISSN 0362-4331. Consultado em 1 de agosto de 2022 
  15. Chico Harlan and Stefano Pitrelli, "Italy is debating an LGBT anti-hate law. The Vatican just took a rare step to protest it," The Washington Post, 22 June 2021.
  16. Allen, John L. (22 June 2021). «Vatican invokes sovereign status to protest anti-homophobia bill». cruxnow.com. Consultado em 1 de agosto de 2022  Verifique data em: |data= (ajuda)
  17. «10 Vatican City Facts You Didn't Know». www.thevaticantickets.com. Consultado em 26 de dezembro de 2023