Distribuição uniforme
Em estatística e probabilidade, a distribuição uniforme é a distribuição de probabilidades contínua mais simples de conceituar: a probabilidade de se gerar qualquer ponto em um intervalo contido no espaço amostral é proporcional ao tamanho do intervalo, visto que na distribuição uniforme a f(x) é igual para qualquer valor de x no intervalo considerado. Por exemplo, se considerarmos um intervalo em x de zero à dez positivo (xЄ[0,10] ), e assumirmos que temos uma distribuição uniforme nesse intervalo, a probabilidade de f(x) no intervalo 2<x<5 é igual a probabilidade de f(x) no intervalo 5<x<8 pois sabemos que a distribuição é uniforme nesses intervalos e possuímos os intervalos com o mesmo tamanho.
Outra maneira de se dizer "distribuição uniforme" seria "um número finito de resultados com chances iguais de acontecer".
Ela é usada quando assumimos intervalos iguais da variável que a mesma probabilidade .
Um simples exemplo de distribuição uniforme é lançar um dado não viciado. Os possíveis valores são 1,2,3,4,5,6, e a cada turno que o dado é jogado a probabilidade de cada valor é 1/6. Se dois dados são lançados e seus valores adicionados, a distribuição resultante não é mais uniforme pois as somas não são uma variável equiprovável.
A distribuição discreta uniforme em si não possui parâmetros. No entanto, é conveniente representar seus possíveis resultados com um intervalo fechado [a,b], sendo 'a' e 'b' considerados os principais parâmetros da distribuição. Com isso a função acumulada dessa distribuição é representada como:
Seja [a,b] o espaço amostral. Então temos que a função densidade de probabilidade é:
Em linguagem matemática | Em Português |
---|---|
[1] | A probabilidade de a variável aleatória X ocorrer no intervalo infinitesimal [x*, x*+dx] é se x estiver entre a e b, e zero em caso contrário. |
Esta distribuição tem valor médio ou esperança matemática de X, dada por e variância .
Exemplo básico:
1) Um ponto é escolhido ao acaso no intervalo . Qual será a probabilidade de que o ponto escolhido esteja entre e ?
A sua função de distribuição acumulada é dada por:
Portanto,
Esperança e Variância: origem das fórmulas
editarA seguir, apresenta-se o desenvolvimento dos cálculos visando chegar as fórmulas anteriormente apresentadas, da esperança e por conseguinte da variância.
Seja X a variável com distribuição uniforme contínua no intervalo de “a” até “b”. Então:
, caso contrário.
Aplicando a fórmula da esperança:
Fatorando:
Calculando a média de X²:
Fatorando:
A fórmula da variância para a distribuição uniforme é a diferença entre a esperança de o quadrado da esperança de . Então:
Tirando o mínimo múltiplo comum:
que nos dá a fórmula:
Exemplos básicos
1) Considere uma experiência aleatória associada a 5 acontecimentos elementares ωi (i = 1, 2, 3, 4, 5) com as seguintes probabilidades:
i 1 2 3 4 5
ωi 0 1 2 3 4
P(ωi) 0.1 0.2 0.3 0.3 0.1
Considere a variável aleatória, definida à custa dos acontecimentos elementares,
2ωi , ωi ≥ 2
X(ωi) =
6ωi −8 , ωi < 2
Determine o valor esperado de X e a probabilidade de X assumir um valor negativo.
Solução:
E (X )= 2.6; P (X < 0)= 0.3
Propriedades da Distribuição Uniforme
editarAs principais medidas para a distribuição uniforme podem ser determinadas de uma forma geral em termos dos extremos "a" e o "b" do intervalo.[3]
Média, expectância ou valor esperado
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Desvio Padrão
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A FDA da distribuição Uniforme
editarA FDA da distribuição uniforme, pode ser facilmente avaliada e, vale:
Exemplo:
Seja X uma VAC com distribuição uniforme no intervalo [5, 10]. Determinar as probabilidades:
a) P(X < 7)
b) P(X > 8,5)
c) P(8 < x < 9)
Soluções:
Utilizando a FDA da variável vem:
a)
b)
c)
Estimativa do máximo
editarEsse exemplo é descrito com uma amostra de k observações obtidas de uma distribuição uniforme no inteiros , com o problema de se estimar o N máximo. Esse problema é comumente como o Problema dos tanques alemães.
O estimador de variancia mínima não-enviesada para o máximo é dado por
onde m é o maior valor da amostragem e k é o tamanho da amostra, sendo a amostragem sem reposição.
A fórmula pode ser entendida como:
- "O valor máximo da amostra mais a média intervalar entre as observações na amostra".
Isto possui variância de
Aplicações
editarGeral
No geral o uso de distribuição uniforme é utilizado para se ter o número das chances possíveis de um determinado evento ocorrer, dentro de um limite de duas variáveis logicas. Como por exemplo a probabilidade de peças com defeitos em um lote com determinada quantidade de peças.
Informática
editarA maioria das linguagens de programação, pacotes estatísticos ou planilhas de cálculo possuem um gerador de números aleatórios, que gera a partir de uma distribuição uniforme, com valores entre 0 e 1. Esse número é chamado de pseudo-aleatório, porque é possível repetir a mesma sequência a partir de uma mesma semente (valor inteiro).
Simulação de outras distribuições
editarQualquer outra distribuição contínua, na qual a função distribuição acumulada seja invertível, pode ser simulada a partir da distribuição uniforme.
Seja U a distribuição uniforme com valores no intervalo [0,1], e X uma variável aleatória contínua com distribuição acumulada F(x). Então:
Para demonstrar, devemos provar que a chance de simular um valor de X entre a e b por esse método é igual à probabilidade da variável aleatória X gerar um valor entre a e b.
Por um lado, a chance de é igual à chance de (pela monotonicidade de F), e, como , essa chance é igual a F(b)-F(a).
Por outro lado, a chance de X gerar um valor entre a e b, é a chance de X gerar um valor menor ou igual a b menos a chance de X gerar um valor menor ou igual a a (onde usamos o fato de X ser contínua, ou seja, a probabilidade um ponto é zero). Usando a definição de distribuição acumulada, essa chance é F(b)-F(a).
Erro de quantização
editarNuma conversão de valores analógicos para valores digitais, pode´se existir um erro baseado no arredondamento ou truncamento. Quando o erro é muito maior que um BIt menos significativo, o erro de quantização tem uma distribuição praticamente uniforme.
Veja também
editarReferências
- ↑ WALPOLE, Ronald E.; MYERS, Raymond H.; MYERS, Sharon L. e YE, Keying. Probability & Statistics for Engineers & Scientists. Pearson Education International. ISBN 0132047675. Página 172.
- ↑ Referência: LIBERAL, Prof. Tarciana. Probabilidade II. Paraíba: Universidade Federal da Paraíba, [20--]. Color.
- ↑ VIARI, Lori. Probabilidade. Rio Grande do Sul: PUCRS