A doença de Wilson ou degeneração hepatolenticular é uma doença hereditária autossômica recessiva cuja principal característica é o acúmulo tóxico de cobre nos tecidos, principalmente cérebro e fígado, o que leva o portador a manifestar sintomas neuropsiquiátricos e de doença hepática. É tratada com medicamentos que reduzem a absorção de cobre (suplementos de zinco) ou removem seu excesso do corpo (quelantes), mas um transplante de fígado pode ser necessário nos estágios tardios.

Doença de Wilson
Doença de Wilson
Anel de Kayser-Fleischer, sinal característico da Doença de Wilson.
Especialidade endocrinologia
Classificação e recursos externos
CID-10 E83.0
CID-9 275.1
CID-11 468161208
OMIM 277900
DiseasesDB 14152
MedlinePlus 000785
eMedicine med/2413 neuro/570 ped/2441
MeSH D006527
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Video explicativo legendado

A taxa de incidência é de 1 em 30.000 pessoas e os sintomas geralmente aparecem entre os 6 e 20 anos de idade, embora casos em pacientes mais idosos têm sido descritos. A enfermidade foi nomeada em homenagem a Samuel Alexander Kinnier Wilson, neurologista britânico que descreveu a doença em 1912.[1]

 
É uma doença de herança autossômica recessiva

A doença de Wilson é causada por mutações em um gene do cromossomo 13 que codifica a proteína ATP7B, uma enzima do tipo ATPase que tem a função de secretar o cobre na bile.[2]

Sinais e sintomas

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Os principais locais de acúmulo de cobre são o fígado e o cérebro, consequentemente, doença hepática e sintomas neuropsiquiátricos são os principais achados clínicos que levam ao diagnóstico. Os portadores com distúrbio hepático mais proeminente geralmente são crianças e adolescentes, o que permite um diagnóstico e cuidados médicos mais precoces, enquanto que os doentes com predominância de sintomas neurológicos e psiquiátricos, tendem a estar em seus vinte anos de idade ou mais no momento que procuram atendimento médico.

Hepáticos

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Hepatite culminando em cirrose é a apresentação hepática mais comum, mas alguns pacientes apresentam falência hepática fulminante.

Cerca de 5% de todos os pacientes são diagnosticados somente quando desenvolvem insuficiência hepática aguda fulminante, muitas vezes no contexto de uma anemia hemolítica (anemia devido à destruição das células vermelhas do sangue). Esta insuficiência hepática se traduz por anormalidades na produção de proteínas (identificada pela redução de fatores de coagulação) e prejuízo ao metabolismo das proteínas no fígado. A dificuldade de metabolização leva ao acúmulo de substâncias tóxicas, como a amônia, na corrente sanguínea. Esses resíduos irritam o cérebro, e o paciente desenvolve encefalopatia hepática (confusão mental, coma, convulsões e hipertensão intracaniana por edema).

Neuropsiquiátricos

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Os fenômenos neuropsiquiátricos são demência, psicose e sinais de asteríxis (movimentos anormais, especialmente das mãos) e parkinsonismo (tremores mais evidentes em movimentos finos e lentos).

O quadro clínico inicial mais comum é o do paciente que fala de modo "arrastado" como se estivesse embriagado,e tem marcha de bases alargadas e titubeante, muito embora possa ter domínio perfeito de suas faculdades mentais. Posteriormente, a doença evolui para acometimento da percepção e da cognição (falta de lucidez).

Oculares

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Catarata girassol e anéis de Kayser-Fleischer em homem de 40 anos.

O acúmulo de cobre provoca uma mudança na pigmentação dos olhos, na membrana de Descemet, onde é possível verificar o aparecimento de anéis normalmente escuro-avermelhados (podendo apresentar colorações amarelo-esverdeada, marrom-esverdeada, amarelo-dourada ou marrom-dourada) ao redor da íris chamados de anéis de Kayser-Fleischer. A presença dos anéis de Kayser-Fleischer configura uma manifestação oftalmológica característica de pacientes com Doença de Wilson, mas apenas 2 em cada 3 pacientes com Wilson apresentam esse sintoma. A doença de Wilson também está associada a "catarata girassol", uma pigmentação marrom ou verde da cápsula anterior e posterior da lente do olho que causa uma lenta e progressiva redução da visão.[3]

Outros órgãos

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Também estão presentes problemas renais (nefrolitíase), oftálmicos (anel de Kayser-Fleischer, catarata), cardíacos (arritmia) e dermatológicos. A anemia por hemólise pode ocorrer em casos severos.

Diagnóstico

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Os níveis de ceruloplasmina são anormalmente baixos (<0,2 g/L) em 80-95% dos casos. Níveis elevados de cobre na urina 24h, 100 μg/24h (ou 1.6 μmol/24h), confirmam intoxicação por cobre. A biópsia de fígado indicando esteatose ou cirrose é o exame mais sensível.

Tratamento

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Em geral, recomenda-se uma dieta com baixo teor de alimentos ricos em cobre como cogumelos, nozes, chocolate, frutas secas, fígado e mariscos. Suplementos de zinco reduzem a absorção do cobre.[4]

Geralmente, a D-penicilamina é o primeiro tratamento utilizado. Ela faz quelação do cobre para permitir sua excreção na urina. O monitoramento da quantidade de cobre na urina pode ser feito para garantir que a dose foi suficiente. Porém, em cerca de 20% experimentam parecem efeitos colaterais ou complicação do tratamento com penicilamina, tais como Lúpus eritematoso induzido por drogas (causando dores nas articulações e erupção cutânea) ou miastenia (fraqueza muscular). Naqueles que apresentaram sintomas neurológicos progressivamente piores, deve-se descontinuar o tratamento e usar outro quelante como cloridrato de trientina ou dimercaprol IM.[5]

Em caso de insuficiência hepática severa, um transplante de fígado é a única cura efetiva.

Ver também

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Referências

  1. «Samuel Alexander Kinnier Wilson». Who Named It?. Consultado em 21 de junho de 2010 
  2. Das SK, Ray K (2006). «Wilson's disease: an update». Nat Clin Pract Neurol. 2 (9): 482–93. PMID 16932613. doi:10.1038/ncpneuro0291 
  3. Yanoff, Myron; Jay S. Duker (2008). Ophthalmology (3rd ed.). Edinburgh: Mosby. p. 411. ISBN 978-0323057516.
  4. Ala A, Walker AP, Ashkan K, Dooley JS, Schilsky ML (2007). "Wilson's disease". Lancet. 369 (9559): 397–408. PMID 17276780. doi:10.1016/S0140-6736(07)60196-2.
  5. Roberts, Eve A.; Schilsky, Michael L. (2003). "A practice guideline on Wilson disease" (PDF). Hepatology. 37 (6): 1475–92. PMID 12774027. doi:10.1053/jhep.2003.50252.

Ligações externas

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