Edifício Copan

patrimônio localizado no Brasil

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Edifício Copan
História
Arquiteto
Engenheiro
Período de construção
1951-1966
Abertura
Uso
Residencial, lojas e restaurantes.
Arquitetura
Estilo
Estatuto patrimonial
bem tombado pelo Conpresp (d) ()Visualizar e editar dados no Wikidata
Altura
Telhado : 115 m
Pisos
35
Caves
2
Elevador
22
Localização
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Coordenadas
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Localização no mapa de São Paulo (estado)
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O Edifício Copan, ou apenas Copan, é um dos mais importantes e emblemáticos edifícios da cidade de São Paulo, localizado no número 200 da Avenida Ipiranga, no centro da cidade, e foi inaugurado em 1966. É um dos símbolos da arquitetura moderna brasileira, concebido pelo arquiteto Oscar Niemeyer com projeto estrutural do engenheiro Joaquim Cardozo, visando às comemorações do Quarto Centenário da cidade de São Paulo. A obra, contudo, foi iniciada apenas em 1957, com algumas alterações e executada com a ajuda de Carlos Lemos.[1][2][3][4]

O prédio tem a maior estrutura de concreto armado do país, com 115 metros de altura, 32 andares e 120 mil metros quadrados de área construída,[4] dividida em seis blocos, com um total de 1 160 apartamentos de dimensões variadas, numa estimativa de cinco mil residentes das diferentes classes sociais[5] e mais de setenta estabelecimentos comerciais.[4] Descrito como tendo "linhas sinuosas e elegantes",[6] é considerado a maior estrutura de concreto armado do Brasil.[7] O principal intuito era ser considerado um grande centro urbanístico, assim como o Rockfeller Center,[4] porém, principalmente pelo fato de a cidade de São Paulo, naquele contexto, demonstrar um enorme potencial para o mercado imobiliário e turístico, o edifício teve seu plano original alterado.[4]

Contexto histórico

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O projeto do Edifício Copan foi realizado na década de 1950, época em que São Paulo experimentava expansão e crescimento. A modernidade das indústrias havia se intensificado havia pouco tempo no Brasil, e as cidades ainda se encontravam em transformação física e social. Ao passo que o avanço da industrialização ultrapassava as fronteiras da cidade, a população condensava-se cada vez mais na área central da cidade, com consequente verticalização das construções e aumento da especulação imobiliária.

São Paulo também preparava-se para ser considerada uma grande metrópole e, desse modo, precisaria de elementos para representar sua grandiosidade de alguma forma. O Edifício Copan, com emblemático e diferenciado projeto, exerceria bem esse papel, sendo símbolo da arquitetura moderna brasileira e do desenvolvimento econômico da capital paulista.[4][8]

A arquitetura do edifício teve como objetivo dissipar os ângulos retos da maioria dos prédios, contando com um formato que se elevasse na paisagem. Segundo Oscar Niemeyer, ângulos retos não atraíam o público, mas, sim, curvas.[9]

História

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Vista lateral alta do Copan

O Copan foi um dos grandes projetos para São Paulo apresentados por Oscar Niemeyer em 1951, encomendado para o IV Centenário da cidade (que viria a ser comemorado em 1954). A ideia era inspirada no Rockefeller Center, de Nova York, condomínio que unia um grande centro comercial e de lazer a residências.[6] A campanha publicitária que lançou o empreendimento previa uma "chuva de dólares para o país" advinda de receitas do turismo, mas em questão de meses o governo federal liquidou extrajudicialmente o Banco Nacional Imobiliário (BNI), que era o responsável pelo repasse dos investimentos, provocando desinteresse da PanAm, a principal financiadora.[6] A obra ficaria parada até 1957, quando o Bradesco assumiu o projeto.[6]

Niemeyer relaciona a obra na autobiografia, apesar da insatisfação quanto ao Copan, cuja execução entregou a Carlos Lemos[10] ao ver o edifício residencial apenas no terceiro piso durante as festas dos quatrocentos anos, e também porque estava a caminho de Brasília. O edifício Copan seria durante os anos 1950, 1960 e 1970 a imagem da "São Paulo moderna". Porém o arquiteto desinteressou-se pelo trabalho quando suas ideias iniciais não foram totalmente atendidas e acabou delegando a terceiros o desenvolvimento do projeto de execução.

O projeto escolhido foi o encomendado pela Companhia Pan-Americana de Hotéis e Turismo, criada por ocasião dos festejos do IV Centenário – daí o acrônimo do nome do edifício: Copan.[11] O projeto previa um hotel vizinho e ainda mais grandioso, uma laje ligando os dois prédios e sustentando um restaurante, além de piscina, galeria de lojas, jardins suspensos e garagens subterrâneas. A obra foi truncada pela quebra do BNI, e a conclusão do edifício residencial levou quinze anos.[10] No prédio bem menor que abrigaria o hotel funciona hoje uma agência do Bradesco, que absorveu o BNI. Quase tudo foi executado, com exceção do hotel e do teatro. Apesar de o edifício estar totalmente fora da sua concepção original, podendo ser atribuída a Niemeyer somente a forma exterior, continua sendo um marco referencial da maior importância para a leitura da cidade, persistindo como um dos símbolos da modernidade urbana do Centro Novo.

 
Interior do Copan, 2009

Com o declínio do Centro nos anos 1970, o edifício entrou em decadência e durante muitos anos sua imagem esteve associada a um ambiente conturbado e chegou a ser considerado cortiço vertical.[12] Após a década de 1990, com o início da revitalização do Centro, o COPAN atraiu a classe média, em busca de moradia de qualidade, bem localizada e com preços mais baixos.[13] Nos anos 1980 ainda era visível o contraste entre os blocos, já que o Bloco D tem apartamentos de três quartos, com moradores de alto poder aquisitivo, enquanto no Bloco B, considerado o mais pobre do prédio, há 448 quitinetes e 192 apartamentos de quarto e sala conjugados.[6] Nas duas décadas anteriores, teria sido esse bloco que dera má fama ao prédio, por causa de assaltos, brigas, gritaria e batidas policiais.[6] Nessa época, era no edifício que o jornalista Nélson Townes buscava inspiração para a sua coluna "Histórias da Boca", publicada pelo jornal Notícias Populares.[6] Tal fama começou a mudar em 1986, quando o prédio passou a ser administrado pelos próprios moradores, em vez de por uma imobiliária, o que permitiu alguma pressão a proprietários para que não alugassem seus imóveis para pessoas "de comportamento duvidoso".[6] Atualmente vivem no Copan pessoas de várias classes sociais e ocupações das mais diversas: manicures, engenheiros, publicitários, jornalistas, estilistas, arquitetos etc.

O edifício Copan tem inspirado escritores, cineastas, fotógrafos e outros artistas do mundo todo. Em 1994 a escritora brasileira Regina Rheda lançou o livro de contos Arca sem Noé - Histórias do Edifício Copan, que ganhou o prêmio Jabuti no ano seguinte. O conto "O mau vizinho", presente no livro, recebeu o prêmio Maison de l'Amérique Latine em 1994. Arca sem Noé — Histórias do Edifício Copan está publicado também em inglês com o título de Stories From the Copan Building, dentro do volume First World Third Class and Other Tales of the Global Mix, publicado pela University of Texas Press.[14]

Em 2010, o Copan pretendia tornar-se o primeiro edifício de São Paulo com anúncio na fachada após a aprovação da Lei Cidade Limpa, que previa o uso de publicidade em "melhorias urbanas, ambientais e paisagísticas".[15] Como a fachada nunca tinha passado por reparos desde a inauguração do prédio,[15] em 2014 havia uma queda constante de pastilhas e blocos de concreto, que levou o condomínio a colocar uma rede de proteção.[16] O síndico alegou que as obras para reforma, orçadas em 23 milhões de reais, não tinham sido aprovadas em três assembleias de condomínio.[16] Por causa disso, ele questionava moradores que teriam falado que a fachada estava "em ruínas": "[Os moradores] não podem reclamar. Ninguém topou a reforma."[16]

Para seu aniversário de cinquenta anos, em 2016, foram realizadas diversas reportagens, entre elas um documentário pela GloboNews, com direção da diretora e roteirista Cristina Aragão, chamado "Copan 60 Horas", que abordou como o edifício interfere na vida de seus moradores diariamente e a relação destes com ele.[5]

Características

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São Paulo vista do 31.º andar do Copan em 2007

Localizado no número 200 da avenida Ipiranga, o edifício possui uma fachada de 45 mil metros quadrados.[15] Os blocos têm entradas separadas, e a partir da segunda metade dos anos 1980 todo o prédio passou a ser cercado com portões de ferro após as 23 horas.[6] Como o prédio não conta com infraestrutura de lazer, as crianças costumam improvisar em um pátio de cimento sombrio junto a uma das paredes externas do edifício.[6] Os moradores também reclamam das chapas de concreto que cruzam a fachada norte do edifício no sentido horizontal, que, apesar de terem um efeito "magnífico" para quem vê de fora, cobrem boa parte da vista que se tem de dentro dos apartamentos e são difíceis de ser limpas.[6] A grande vantagem estrutural das chapas seria impedir que, em um incêndio, as chamas se propagassem para os andares superiores.[6]

Um problema estrutural do edifício era não haver um meio de comunicação interna entre os apartamentos e a portaria, uma vez que não havia interfones nos blocos do edifício. Para permitir a entrada de visitantes e prestadores de serviços, por exemplo, os moradores recorriam a um caderno de anotações, método extremamente obsoleto e pouco prático, para o registro de entradas no edifício. Após modernização, o edifício passou a contar com telefonia interna entre as portarias e os apartamentos.

O prédio conta com um gerador com capacidade para operar por seis horas, que permitiu, por exemplo, que o prédio tivesse luz durante apagão que deixou às escuras boa parte da região Sudeste em novembro de 2009.[17] Abaixo do primeiro andar de apartamentos existe um andar livre, onde corre a infraestrutura de água e eletricidade, permitindo uma manutenção mais rápida e simples.[6]

Por conta da grande extensão do edifício, atualmente há 22 elevadores comuns instalados, para facilitar a locomoção. O prédio mantém-se em constante movimento, já que abriga cerca de cinco mil moradores, 104 funcionários (como os que se mantêm 24 horas por dia revezando-se nas atividades de limpeza nos seis blocos do prédio) e visitantes, que querem entrar no edifício e ver de perto o projeto do arquiteto Oscar Niemeyer. É possível fazer visitas monitoradas e até mesmo pernoitar lá.[18]

Além de sua emblemática arquitetura, o edifício significa também a volta aos anos 1960, com elementos que permanecem desde aquela época em uso, como a casa de máquinas dos elevadores do bloco B, o sistema de alarme de incêndio do bloco F e os azulejos da época da construção, que também permanecem em partes do edifício. O Copan exala história, tanto em relação à construção quanto em relação às milhares de vidas e vivências que abrigou e abriga até hoje. Um dos cartões postais da cidade de São Paulo, ele ainda abriga restaurantes prestigiados, como o Bar da Dona Onça.[18]

Arquitetura

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O edifício Copan, como um símbolo da cidade de São Paulo é um marco da arquitetura modernista no Brasil. É a maior estrutura de concreto armado do país, com 115 metros de altura e 120 mil metros de área construída. Com a utilização da liberdade formal, leveza, materiais curvilíneos, o modernismo deixa de seguir padrões europeus e norte americanos e passa a expressar sua própria cultura. Sem ornamentos típicos da arquitetura antes vista no Brasil e no mundo, o edifício inova na época em que se constrói (1951-1967), com a leveza de sua fachada e organicidade das formas, quebrando ângulos retos do centro da capital paulista[19] A projeção de lotes de geometria irregular funciona como uma extensão da rua. Com a arquitetura livre, Oscar Niemeyer pretendeu transformar a realidade, fazendo a sugestão de dissolução do lote, no centro da cidade. Buscando o racionalismo e o funcionalismo, o arquiteto buscava integrar o projeto com o entorno e a paisagem.[20]

Visitação

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As visitas ao Copan são gratuitas e podem ser realizadas apenas em dias úteis, com obrigatoriedade de agendamento prévio. Os horários permitidos são das 10h às 10h30 e das 15h às 15h30.[21]

No heliponto do prédio ocorre um evento de monges budistas às sete horas, aberto ao público, com um limite de dez pessoas no local.[9]

Lendas urbanas

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Alguns moradores do Copan afirmam que o prédio é mal-assombrado. As assombrações variam de vultos até efeitos poltergeist. Várias das assombrações se tornaram famosas no prédio, como o fantasma da casa de máquinas.[22]

Parte dos moradores discutem e catalogam as diferentes assombrações do prédio em grupos de Whatsapp. Outra parte acredita que o estímulo a criação de histórias de fantasmas devia ser incentivada, para que o aluguel caia. Entre os que afirmam ter visto as assombrações, está o humorista Paulo Vieira.[23][24]

Ver também

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Referências

  1. «Niemeyer e Joaquim Cardozo: uma parceria mágica entre arquiteto e engenheiro». EBC. Consultado em 29 de dezembro de 2018 
  2. Maria do Carmo Pontes Lyra, Maria Valéria Baltar de Abreu Vasconcelos (2008). «Cardozo: bibliografia de Joaquim Cardozo - Vida e Obra». Editora Universitária UFPE. Consultado em 1 de janeiro de 2019 
  3. «Brasília 50 anos» (PDF). VEJA. Consultado em 19 de janeiro de 2014 
  4. a b c d e f Ribeiro, Tatiane (30 de abril de 2014). «Edifício Copan». www.cidadedesaopaulo.com. Consultado em 26 de abril de 2017. Arquivado do original em 26 de abril de 2017 
  5. a b «'Copan 60 horas' explora símbolo da arquitetura moderna em SP». GloboNews. 6 de abril de 2017 
  6. a b c d e f g h i j k l m «O surpreendente mundo do Edifício Copan». Editora Abril. Veja São Paulo: 20, 22, 23 e 26. 30 de julho de 1986 
  7. «OGlobo: Copan terá vistoria a cada três horas com chegada do megatatuzão». 5 de fevereiro de 2007. Consultado em 30 de setembro de 2008 
  8. «Nos 50 anos do Copan, conheça cada detalhe desse prédio histórico de SP - Fotos - UOL Notícias». UOL Notícias 
  9. a b «Edifício Copan | Da Redação | VEJA SÃO PAULO». 12 de fevereiro de 2015 
  10. a b «São Paulo 450 anos - Edifício Copan (1951-1966)». Consultado em 30 de setembro de 2008. Arquivado do original em 31 de dezembro de 2012 
  11. «Pontos Turísticos-Edifício Copan». Portal São Paulo, viva tudo isso; da Secretaria Municipal de Turismo de São Paulo. Consultado em 13 de agosto de 2020 
  12. «O Copan na FAUUSP». Viva o Centro. 3 de maio de 2005. Consultado em 15 de fevereiro de 2010. Arquivado do original em 30 de outubro de 2008 
  13. «Aumenta procura por imóveis na região central de SP». Folha Online. 6 de dezembro de 2002. Consultado em 15 de fevereiro de 2010 
  14. Christopher Dunn (2005). «Introdução ao volume First World Third Class and Other Tales of the Global Mix». University of Texas Press 
  15. a b c «Restauração do Copan será paga por publicidade». São Paulo. Metro (844). 6 páginas. 2 de julho de 2010 
  16. a b c Diego Zanchetta (8 de outubro de 2014). «Sem prazo para reforma, Copan perde pastilhas da fachada». O Estado de S. Paulo (44 185). São Paulo: S.A. O Estado de S. Paulo. pp. A21. ISSN 1516-2931 
  17. Mirella Nascimento (11 de novembro de 2009). «Gerador garante energia ao maior prédio de São Paulo durante o apagão». G1. Consultado em 11 de novembro de 2009 
  18. a b «Detalhes do prédio histórico». noticias.uol.com.br , Acessado em 16/09/2016.
  19. «Uma cidade chamada Copan». Arquitetura e Urbanismo para Todos. 17 de abril de 2014 
  20. ContentStuff.com. «Revista aU | Edifício Copan, de Oscar Niemeyer | Arquitetura e Urbanismo». Revista aU - Arquitetura e Urbanismo 
  21. «Pontos Turísticos Edifício Copan - São Paulo - Guia da Semana». Guia da Semana (em inglês). Consultado em 26 de abril de 2017 
  22. Raíssa Pedrosa (14 de abril de 2023). «'Causos' de assombração no edifício Copan, em São Paulo, viralizam nas redes». O Tempo. Consultado em 7 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 7 de janeiro de 2024 
  23. Luiza Vilela (12 de abril de 2023). «Copan mal-assombrado? Moradores relatam vizinhos fantasmas, sussurros e vultos sobrenaturais». Exame. Consultado em 7 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 7 de janeiro de 2024 
  24. Deslange Paiva e Luiz Franco (12 de abril de 2023). «Fantasmas no Copan: moradores de prédio icônico do Centro de SP catalogam 'vizinhos sobrenaturais'». G1 SP. Consultado em 7 de janeiro de 2024. Cópia arquivada em 7 de janeiro de 2024 

Bibliografia

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  • Regina Rheda, Arca sem Noé — Histórias do Edifício Copan, Rio de Janeiro, Editora Record, 2010.

Ligações externas

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