Eduardo Villas Bôas

general e Ex-comandante do Exército Brasileiro

Eduardo Dias da Costa Villas Bôas GCMM (Cruz Alta, 7 de novembro de 1951) é um general de exército do Exército Brasileiro. Foi o Comandante do Exército Brasileiro de 5 de fevereiro de 2015 até 11 de janeiro de 2019.[2][3] Foi assessor do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República durante o governo Bolsonaro de 2019 a 2022.

Eduardo Villas Bôas
Eduardo Villas Bôas
General Eduardo Villas Bôas em 2017.
Dados pessoais
Nome completo Eduardo Dias da Costa Villas Bôas
Nascimento 7 de novembro de 1951 (73 anos)
Cruz Alta, RS
Vida militar
País  Brasil
Força Brasão do Exército Brasileiro Exército Brasileiro
Anos de serviço 1 de março de 1967 até 11 de janeiro de 2019
Hierarquia General de exército
Comandos
Honrarias Ordem do Mérito Militar[1]

Carreira militar

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Ingressou no Exército em 1 de março de 1967, na Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx), em Campinas - SP. Em 1970, ingressou na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) onde, em 15 de dezembro de 1973, foi declarado Aspirante-a-Oficial da Arma de Infantaria, onde obteve a 7ª colocação de uma turma de 125 cadetes.[4] Foi promovido ao posto de 2º Tenente em 31 de agosto de 1974 e a 1º Tenente em 31 de agosto de 1976.

Foi promovido ao posto de capitão em 31 de agosto de 1979, realizou o curso da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, e foi designado instrutor da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN).

À frente de 222 mil homens, o General Villas Bôas foi acometido com uma disfunção degenerativa no neurônio motor, chamada de Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) não conseguindo mais caminhar. No entanto, com as rotinas de fisioterapia e exercícios, a doença não atrapalhou suas funções como Comandante do Exército Brasileiro.[5][6]

Oficial superior

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Foi promovido a major em 31 de agosto de 1986 e a tenente-coronel em 30 de abril de 1991. Realizou o curso da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) e foi instrutor chefe do Curso de Infantaria da AMAN.

Ainda como Oficial Superior, foi chefe da Assessoria de Atividades Especiais do Comando de Operações Terrestres (COTER). No exterior, exerceu a função de Adjunto do Adido junto à Embaixada do Brasil na República Popular da China.

Ascendeu ao posto de coronel em 30 de abril de 1996.

Foi comandante do 1.º Batalhão de Infantaria de Selva e, posteriormente, realizou o Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia da Escola Superior de Guerra. Em seguida, foi chefe da Assessoria Parlamentar do Gabinete do Comandante do Exército.[7]

Oficial general

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Promovido a general de brigada em 31 de março de 2003,[8] foi nomeado Chefe do Estado-Maior do Comando Militar da Amazônia, em Manaus.[9] Posteriormente, entre 12 de maio de 2006 e 7 de maio de 2008, comandou a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, no Rio de Janeiro.[10]

Em 31 de março de 2008, ascendeu ao posto de general de divisão[11] e foi designado para trabalhar no Estado-Maior do Exército (EME),[12] onde assumiu as funções de 3º Subchefe (doutrina), 7º Subchefe (planejamento estratégico), chefe da Assessoria Especial de Gestão e Projetos e, finalmente, Vice-Chefe, no período de março a julho de 2011.[13]

Admitido à Ordem do Mérito Militar no grau de Cavaleiro em 1998,[14] foi promovido a Oficial em 2002,[15] Comendador em 2003,[16] Grande-Oficial em 2008[17] e a Grã-Cruz em 2011.[1] Atingiu assim o posto máximo da carreira, em 31 de julho de 2011, quando foi promovido a General de Exército.[18]

No período de 1 de setembro de 2011 a 29 de setembro de 2014 exerceu a função de Comandante Militar da Amazônia.[19] Nesse período, recebeu o título de Cidadão de Manaus, concedido pela Câmara Municipal daquela cidade.[20] Em seguida, foi Comandante de Operações Terrestres, entre 8 de abril de 2014 e 15 de janeiro de 2015.[21][22] Em 7 de janeiro de 2015, foi escolhido como Comandante do Exército Brasileiro e em 5 de fevereiro de 2015 assumiu o cargo.

Polêmicas de 2018

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No dia 3 de abril de 2018, um dia antes do julgamento do habeas corpus do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o general, sem citar o julgamento ou o ex-presidente,[23] afirmou:

"Asseguro à Nação que o Exército Brasileiro julga compartilhar o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição, à paz social e à Democracia, bem como se mantém atento às suas missões institucionais. Nessa situação que vive o Brasil, resta perguntar às instituições e ao povo quem realmente está pensando no bem do País e das gerações futuras e quem está preocupado apenas com interesses pessoais

A manifestação do comandante da ativa sobre um assunto que diz respeito à Justiça comum, algo incomum em democracias, acrescentou um novo e inédito — ao menos nos últimos 30 anos pós-redemocratização — ingrediente ao furacão político vivido pelo país desde 2013.[24] Essas palavras causaram rebuliço nos setores da sociedade, muitos em apoio e muitos contra. Apesar de todo o alvoroço, generais da ativa e da reserva apoiaram publicamente as falas do general.[25] Além disso, o general também teve apoio do candidato à presidência e capitão da reserva Jair Bolsonaro.[26]

O comandante da FAB, Nivaldo Rossato, afirmou que "Não é momento de impor nossa vontade", além de dizer aos membros da instituição para não se empolgarem, falando assim de forma conciliadora e esclarecedora de que não haverá uma intervenção militar.[27] Além do comandante da FAB, o general da reserva Roberto Sebastião Peternelli Junior afirmou que os militares devem ter o direito de se manifestar em questões políticas e disse para a população não se empolgar com as declarações. O General Augusto Heleno, também da reserva e futuro Ministro-Chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República do governo Bolsonaro, concordou com a declaração de seu colega e afirmou que os militares podem opinar sobre a situação política do país e que não são "antas pacíficas, omissas e sem cérebro".[28]

Em entrevista à Folha de S.Paulo, em 11 de novembro, afirmou que "Bolsonaro não é volta dos militares ao governo, mas há o risco de politização de quartéis". Nessa ocasião, comentou que esteve realmente no limite naquele tuíte na véspera da votação no Supremo da questão do Lula. Sentiu que "a coisa poderia fugir ao controle caso não se expressasse. Porque outras pessoas, militares da reserva e civis identificados com o Exército estavam se pronunciando de maneira mais enfática. Aí vieram as críticas do pessoal de sempre, mas a relação custo-benefício foi positiva".[29]

2019 - presente

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Em 2 de janeiro de 2019, durante a cerimônia de transmissão do cargo de Ministro da Defesa, do General Joaquim Silva e Luna para o General Fernando Azevedo e Silva, foi elogiado pelo Presidente Jair Bolsonaro. Considerado um grande fiador de moderação nos turbulentos dois anos do governo de Michel Temer, o Presidente disse que o General seria um dos responsáveis por ele estar ali, citando uma conversa que ambos tiveram entre os dois turnos da eleição.[30]

Em 11 de janeiro de 2019, passou o Comando do Exército para o General Edson Leal Pujol. A cerimônia teve muita emoção, com o general falando arrastadamente pela doença avançada e sendo aplaudido de pé. Foi abraçado pelo Presidente Jair Bolsonaro.

No mesmo dia do seu desligamento como líder do Exército, confirmou sua continuidade no governo Bolsonaro no cargo de assessor do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI/PR).[3][31] Embora esteja enfrentando a severidade da esclerose lateral amiotrófica, sua capacidade intelectual está inteiramente preservada. É considerado uma voz moderada dentro do meio militar e sua ida para o GSI/PR era vista como uma ajuda a conter eventual identificação das Forças Armadas com o Governo Jair Bolsonaro.[32] Em 21 de junho de 2022, a seu pedido, foi exonerado do cargo de assessor Especial do ministro do GSI/PR.[33]

Referências

  1. a b BRASIL, Decreto de 24 de agosto de 2011.
  2. «Folha de S.Paulo». Consultado em 8 de janeiro de 2015 
  3. a b «Folha de S.Paulo». Consultado em 11 de janeiro de 2019 
  4. «Zero Hora Notícias». Consultado em 9 de janeiro de 2015 
  5. «Com doença degenerativa, general diz ter 'forças' para comandar o Exército». Folha de S.Paulo. 7 de janeiro de 2018 
  6. «Folha de S.Paulo». Consultado em 26 de abril de 2018 
  7. «Seminário Internacional de Defesa». Consultado em 9 de janeiro de 2015 
  8. BRASIL, Decreto de 27 de março de 2003.
  9. BRASIL, Decreto de 28 de março de 2003.
  10. «Antigos comandantes da EsAO». Consultado em 31 de janeiro de 2021 
  11. BRASIL, Decreto de 24 de março de 2008.
  12. BRASIL, Decreto de 24 de março de 2008.
  13. «Antigos Vice Chefes do EME». Consultado em 19 de julho de 2021 
  14. BRASIL, Decreto de 30 de março de 1998.
  15. BRASIL, Decreto de 3 de abril de 2002.
  16. BRASIL, Decreto de 2 de abril de 2003.
  17. BRASIL, Decreto de 31 de março de 2008.
  18. BRASIL, Decreto de 26 de julho de 2011.
  19. «Eternos Comandantes do CMA». Consultado em 11 de abril de 2021 
  20. «Câmara Municipal de Manaus». Consultado em 9 de janeiro de 2015 
  21. «Galeria dos antigos Comandantes do COTer». Consultado em 14 de maio de 2022 
  22. BRASIL, Decreto de 27 de março de 2014.
  23. «Declaração de Villas Bôas expressa posição do alto comando do Exército». O Estado de São Paulo. 3 de Abril de 2018. Consultado em 5 de Abril de 2018 
  24. Betim, Felipe (4 de abril de 2018). «Do general Villas Bôas à reserva, a ofensiva dos militares que querem voz na política». EL PAÍS 
  25. «Como os militares reagiram às declarações de comandante do Exército». UOL. 4 de Abril de 2018. Consultado em 5 de Abril de 2018 
  26. «Bolsonaro apoia Villas Bôas: 'Partido do Exército é o Brasil'». O Estado de São Paulo. 4 de Abril de 2018. Consultado em 5 de Abril de 2018 
  27. «Não é momento de impor nossa vontade, diz comandante da FAB». EXAME. 4 de Abril de 2018. Consultado em 5 de Abril de 2018 
  28. «'Militar não é uma anta pacífica, omissa e sem cérebro', diz general Heleno». O Estado de São Paulo. 4 de abril de 2018. Consultado em 5 de abril de 2018 
  29. «'Bolsonaro não é volta dos militares, mas há o risco de politização de quartéis', diz Villas Bôas». Folha de S.Paulo. 11 de novembro de 2018. Consultado em 11 de novembro de 2018 
  30. «Folha de S.Paulo, 3 de janeiro de 2019» 
  31. «Veja». Consultado em 12 de janeiro de 2019 
  32. «Folha de S.Paulo». Consultado em 17 de janeiro de 2019 
  33. «A pedido, general Villas Bôas deixa cargo de assessor no governo». G1. Consultado em 21 de junho de 2022 

Ligações externas

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