O efeito Coolidge é um fenômeno biológico observado em diversos animais, no qual os machos exibem interesse sexual renovado sempre que uma nova fêmea é introduzida, mesmo após o sexo com parceiros sexuais anteriores e ainda disponíveis.[1][2][3][4] Em menor grau, o efeito também é visto entre as fêmeas em relação aos seus parceiros.[3]

O efeito Coolidge pode ser atribuído a um aumento na capacidade de resposta sexual e a um encurtamento do período refratário sexual.[5] O benefício evolutivo desse fenômeno é que um macho pode fertilizar várias fêmeas em um curto período de tempo.[6] O macho pode ser revigorado repetidamente para a inseminação bem sucedida de múltiplas fêmeas.[7] Este tipo de sistema de acasalamento pode ser referido como poliginia, onde um macho se acasala com várias fêmeas, mas cada fêmea se acasala com apenas um ou alguns machos.[5] Foi demonstrado que o efeito Coolidge ocorre em humanos em todas as culturas e em ambos os sexos.[8]

Origem do termo

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O endocrinologista comportamental Frank A. Beach afirmou em uma carta de 1974[9] ter introduzido o termo em 1958 ou 1959.[10] Ele atribuiu o neologismo a[11]

uma velha piada sobre Calvin Coolidge quando ele era Presidente ... O Presidente e a Sra. Coolidge estavam sendo apresentados [separadamente] uma fazenda experimental do governo. Quando a Sra. Coolidge chegou ao galinheiro ela notou que um galo estava acasalando muito frequentemente. Ela perguntou ao atendente com que frequência isso ocorria e ele disse, "Dúzias de vezes por dia." A Sra. Coolidge disse, "Conte isso ao Presidente quando ele passar por aqui." Ao ser contado o caso, o Presidente perguntou, "A mesma galinha toda vez?" A resposta foi, "Ah, não, Sr. Presidente, uma galinha diferente toda vez." Presidente: "Diga isso para a Sra. Coolidge."

A piada aparece em um livro de 1972 (Agression in Man and Animals, de Roger N. Johnson, p. 94).[12]

Evidências empíricas

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Os experimentos originais com ratos aplicaram o seguinte protocolo: Um macho foi colocado em uma grande caixa fechada com quatro ou cinco ratazanas no cio.[13] Ele imediatamente começou a acasalar com todas as ratas repetidamente até que finalmente ficou exausto.[13] As fêmeas continuaram a cutucá-lo e lambê-lo, mas ele não respondeu.[13] Quando uma nova fêmea foi introduzida na caixa, ele ficou alerta e começou a acasalar mais uma vez com a nova fêmea.[13] Este fenômeno não se limita a ratos comuns.[14]

Veja também

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Referências

  1. Reber, A. S.; Reber, E. (2001), The Penguin dictionary of psychology, ISBN 978-0-14-051451-3 3rd ed. , London: Penguin 
  2. Brown, R. E. (1974), «Sexual arousal, the Coolidge effect and dominance in the rat (Rattus norvegicus)», Animal Behaviour, 22 (3): 634–637, doi:10.1016/S0003-3472(74)80009-6 
  3. a b Lester, GL; Gorzalka, BB (1988), «Effect of novel and familiar mating partners on the duration of sexual receptivity in the female hamster», Behavioral and Neural Biology, 49 (3): 398–405, PMID 3408449, doi:10.1016/s0163-1047(88)90418-9 
  4. Pinel, John (2007), Biopsychology, ISBN 978-0-205-42651-5 6th ed. , Boston: Pearson Allyn and Bacon 
  5. a b Colman, Andrew M. (2009). A dictionary of psychology 3rd ed. Oxford: Oxford University Press. ISBN 9780199534067. OCLC 260204714 
  6. Tlachi-López, José L.; Eguibar, Jose R.; Fernández-Guasti, Alonso; Lucio, Rosa Angélica (2012). «Copulation and ejaculation in male rats under sexual satiety and the Coolidge effect». Physiology & Behavior. 106 (5): 626–630. PMID 22564534. doi:10.1016/j.physbeh.2012.04.020 
  7. Carlson, N. (2013). Reproductive Behavior. In Physiology of Behavior (11th ed., p. 332). Boston, MA: Pearson Education.
  8. Buss, David M. (2016). The Evolution of Desire: Strategies of Human Mating 3rd ed. New York: Basic Books. pp. 125–127. ISBN 978-0465097760 
  9. Gregory A. Kimble; Norman Garmezy; Edward Zigler (1974). Principles of General Psychology 4th ed. [S.l.]: Ronald Press Company. ISBN 9780721651606 
  10. Coolidge Effect, Quote Investigator (Mar. 30, 2018).
  11. Dewsbury, Donald A. (2000). «Frank A. Beach, Master Teacher». Portraits of Pioneers in Psychology. 4: 269–281 
  12. Johnson, Roger N. (1972). Aggression in Man and Animals 3rd ed. [S.l.]: Saunders. ISBN 9780721651606 
  13. a b c d Beach, F. A.; Jordan, L. (1956), «Sexual Exhaustion and Recovery in the Male Rat», Quarterly Journal of Experimental Psychology, 8 (3): 121–133, doi:10.1080/17470215608416811 
  14. Wilson, J; Kuehn, R.; Beach, F. A. (1963), «Modifications in the Sexual Behavior of Male Rats Produced by Changing the Stimulus Female», Journal of Comparative and Physiological Psychology, 56 (3): 636–644, PMID 14001051, doi:10.1037/h0042469