Ahmed al-Hiba
Ahmed al-Hiba ou Ahmed el-Hiba bin Ma'a el Aïnine (1876 — 23 de junho de 1919) foi um pretendente ao sultanato de Marrocos e líder da resistência armada contra o regime colonial francês no Sara Ocidental e sul de Marrocos. Nos textos históricos ele é usualmente referido simplesmente el Hiba e é também conhecido como o Sultão Azul, um cognome por vezes também atribuído ao seu pai, Maa el-Ainin.
Ahmed al-Hiba | |
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Nome completo | Ahmed el-Hiba bin Ma'a el Aïnine |
Outros nomes | Sultão Azul |
Nascimento | 1876 |
Morte | 23 de junho de 1919 (43 anos) Kerdous, Anti-Atlas |
Nacionalidade | marroquino |
Progenitores | Pai: Maa el-Ainin |
Ocupação | Líder tribal, rebelde e pretendente ao trono de Marrocos |
Religião | Islão |
Era filho de Maa el-Ainin, um chefe religioso da região de Smara do Sara Ocidental junto à fronteira com Marrocos. Maa el-Ainin encabeçou uma sublevação armada contra os franceses na primeira década do século XX. Pouco tempo depois da sua morte, em 1912, os franceses impuseram o Tratado de Fez aos marroquinos, que na prática formalizou o protetorado francês e abriu caminho ao protetorado espanhol. Al-Hiba declarou então que esse tratado constitui a perda de facto do trono do sultão de Marrocos, e faz-se proclamar Amir al Moujahidin e depois sultão em Tiznit, como o seu pai tinha feito antes dele.
Durante uma revolta no sul de Marrocos, al-Hiba é reconhecido como sultão pelas tribos das regiões de Tiznit, Tarudante, Anti-Atlas ocidental, vales do Drá e Dadès, os Chtouka, os Ida-Outanane, os Mesguina e os Haouara.[1] Ganhou um aliado poderoso na pessoa de Si Madani, chefe do clã Glaoui, que depois viria a apoiar o sultão legítimo. Com o seu exército rebelde, composto por nómadas (das tribos Tekna, Ouled Dlim e Rgueybat) e de berberes do Suz e do Anti-Atlas,[2][3] entrou em Marraquexe em 14 de agosto de 1912, onde se fez proclamar sultão.[4]
Em 6 de setembro do mesmo ano teve lugar uma batalha decisiva em Sidi Bou Othmane, perto de Marraquexe, na qual as tropas de al-Hiba foram derrotadas pelos franceses comandados por Charles Mangin e onde foram mortos cerca de 2 000 guerreiros tribais. Em janeiro de 2013, a família Glaoui, que entretanto se tinha aliado aos franceses, conduziu al-Hiba ao Suz.
Não obstante, al-Hiba não abandonou a luta e continuou a fustigar os franceses nos seus próprios domínios. Em 1917, quando estava refugiado com os Ida Ou Baakil, escapou a um bombardeamento aéreo em Kerdous, no Anti-Atlas. Morreu de causas naturais em junho de 1919 nesse mesmo local. Foi sucedido na liderança da resistência pelo seu irmão Merebbi Rebbu.
Notas e referências
editar- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em francês cujo título é «Ahmed al-Hiba», especificamente desta versão.
- ↑ Hoisington 1995, p. 99.
- ↑ Hodges 1983, p. 60.
- ↑ Yara 2001, p. 178.
- ↑ Abitbol 2009, p. 411.
Bibliografia
editar- Abitbol, Michel (2009), Histoire du Maroc (em francês), Perrin, consultado em 19 de julho de 2015
- Diego Aguirre, José Ramón (2004), El oscuro pasado del desierto: aproximación a la historia del Sáhara, ISBN 9788495498649 (em espanhol), SIAL
- Hodges, Tony (1983), Western Sahara: the roots of a desert war, ISBN 9780882081519 (em inglês), L. Hill, consultado em 19 de julho de 2015
- Hoisington, William A. (1995), Lyautey and the French Conquest of Morocco, ISBN 9780312125295 (em inglês), Palgrave Macmillan
- Yara, Ali Omar (2001), Genèse politique de la société sahraouie : Hors série n°1, ISBN 9782296234352 (em francês), L'Harmattan, consultado em 19 de julho de 2015
- Le Correspondant (em francês), 268, 1917, consultado em 19 de julho de 2015