Elias Canetti (Ruse, 25 de julho de 1905Zurique, 14 de agosto de 1994) foi um romancista e ensaísta de nacionalidade búlgara e britânica que escrevia em língua alemã. Foi laureado com o Prêmio Nobel de Literatura em 1981.[1]

Elias Canetti Medalha Nobel
Nascimento 25 de julho de 1905
Ruse
Morte 14 de agosto de 1994 (89 anos)
Zurique
Sepultamento Cemitério Fluntern
Nacionalidade búlgaro, britânico, suíço
Cidadania Reino Unido, Bulgária
Cônjuge Veza Canetti
Irmão(ã)(s) Georges Canetti, Jacques Canetti
Alma mater
Ocupação escritor, aforista, dramaturga, químico, ensaísta
Distinções Nobel de Literatura (1981)

Prémio Georg Büchner 1972

Obras destacadas Auto de fé
Assinatura
Assinatura de Elias Canetti
„Cegueira“, 1931

Canetti era o filho mais velho de uma família de judeus sefarditas que extraíam sustento do comércio. Passou seu primeiro ano de vida na Bulgária e na Inglaterra. Alguns de seus irmãos foram o produtor musical Jacques Canetti e o médico Georges Canetti.[2] Após a morte prematura do pai, em 1912, a família migrou para Viena. Em 1916, devido ao patriotismo que se instalou na Áustria com a Primeira Guerra Mundial, a mãe, a irmã e ele se mudaram para a Suíça, país neutro naquele conflito. Lá, entre 1917 e 1921, frequentou o colégio Realgymnasium Rämibühl em Zurique. Nesse último ano, partiu com os parentes para a Alemanha, onde concluiu o ensino médio em 1923, em Frankfurt.

A partir de 1924, tornou a viver em Viena. No ano seguinte, preocupou-se pela primeira vez com o fenômeno psicossocial das "massas", tema que pesquisou durante toda a vida. Em 1928 conseguiu, em Berlim, durante o semestre de férias, um trabalho como tradutor para a editora Malik-Verlag. Após o doutorado em química, continuou atuando como tradutor. Na época, concebeu um ciclo romanesco de oito tomos, cujo primeiro livro — Auto de fé (1931) — lançou em seguida. Foi o único romance da carreira.

A anexação da Áustria à Alemanha nazista, em 1938, obrigou-o a migrar com a mulher, Veza Canetti, para Londres, onde permaneceu após a Segunda Guerra Mundial e recebeu a nacionalidade britânica. Mas foi, aos poucos, trocando a Inglaterra pela Suíça — inicialmente nos anos 1970 e de vez nos anos 1980. Morreu em 1994 em Zurique.

Biografia

editar

Elias Canetti nasceu em 25 de julho de 1905 em Ruse, localidades situada na margem sul do rio Danúbio, na atual Bulgária, na fronteira com a Romênia. Seus pais, Jacques Elias (Elieser) Canetti e Mathilde Arditti, originam-se de famílias prósperas de comerciantes judeus sefarditas. Originalmente, o sobrenome era grafado Cañete, de origem toponímica em referência à aldeia de Cañete, província de Cuenca, atual Espanha. Considerando suas origens, a língua materna de Canetti o judeu-espanhol, também denominado ladino.[3]

Depois que a Bulgária obteve sua independência total do Império Otomano em 1908, Canetti conservou a nacionalidade turca. Dois irmãos nasceriam em 1909 e 1911, respectivamente Nissim e Georg.

Estabeleceu-se em Viena, na Áustria, em 1913, mas em sua juventude viveu também em Manchester, Zurique e Frankfurt am Main.

Em 1929 graduou-se em química. Teve como modelo, no âmbito da literatura e da crítica da linguagem, o escritor e ensaísta austríaco Karl Kraus. Em 1934, casou-se com Venetiana Taubner-Calderon, que adotou o nome Veza Canetti. Emigrou em 1938, e passou a viver em Londres a partir de 1939, recebendo a nacionalidade britânica em 1952.

Sua primeira obra literária foi o romance Die Blendung (Auto-de-Fé) (1935). Os dramas Hochzeit (O Casamento) (1932), Komödie der Eitelkeit (Comédia da vaidade) (1950) e Die Befristeten (Os que têm a hora marcada) (1964) desmascaram o rosto de uma sociedade profundamente corrompida. Colocou o fundamento teórico de sua obra no ensaio Massa e Poder (Masse und Macht) (1960), que põe em relevo o significado fundamental dessa fenomenologia para a realidade política. Suas obras posteriores - Die gerettete Zunge (A Lingua Absolvida), 1977; Die Fackel im Ohr (Uma luz em meu ouvido), 1980; Das Augenspiel (O Jogo Dos Olhos), 1985 - tecem comentários e interpretam uma história de vida e trabalho muito singulares.

Prêmios

editar

Recebeu o Grande Prêmio Estatal Austríaco de 1967, bem como o Prêmio Georg Büchner de 1972 e a Condecoração Austríaca de Ciência e Arte de 1972. Também recebeu o Nobel de Literatura de 1981.

Publicações

editar

Edições originais

editar
  • Die Blendung. Roman. Reichner, Wien 1936.
  • Fritz Wotruba. Vorwort von Klaus Demus. Rosenbaum, Wien 1955.
  • Masse und Macht. Claassen, Hamburg 1960.
  • Die Befristeten. Drama. Hanser, Munique 1964; 2. Auflage ebenda 1982, ISBN 3-446-13567-7.
  • Hochzeit. Drama. Hanser, Munique 1964; 2. A. ebd. 1981, ISBN 3-446-13467-0.
  • Komödie der Eitelkeit. Drama in drei Teilen. Hanser, Munique 1964, ISBN 3-446-10941-2, Reclam, Stuttgart 1986, ISBN 3-15-007678-1.
  • Aufzeichnungen 1942–1948. 1965.
  • Die Stimmen von Marrakesch. Aufzeichnungen nach einer Reise. 1968.
  • Der andere Prozeß. Kafkas Briefe an Felice. 1969.
  • Alle vergeudete Verehrung. 1970. Reihe Hanser 50
  • Die gespaltene Zukunft. Aufsätze und Gespräche, 1972. Reihe Hanser 111
  • Die Provinz des Menschen. Aufzeichnungen 1942–1972. 1973.
  • Der Ohrenzeuge. Fünfzig Charaktere. 1974.
  • Das Gewissen der Worte. Essays. 1975.
  • Die gerettete Zunge. Geschichte einer Jugend. 1977 (= autobiografia, parte 1), Fischer Verlag, Frankfurt am Main 1979, ISBN 3-596-22083-1.
  • Die Fackel im Ohr. Lebensgeschichte 1921–1931, Hanser, 1980 (= autobiografia, parte 2), Fischer Verlag, Frankfurt am Main 1982, ISBN 3-596-25404-3.
  • Das Augenspiel. Lebensgeschichte 1931–1937, 1985 (= autobiografia, parte 3), Fischer Verlag, Frankfurt am Main 1988, ISBN 3-596-29140-2.
  • Das Geheimherz der Uhr. Aufzeichnungen 1973–1985. 1987.
  • Die Fliegenpein. Aufzeichnungen. 1992.
  • Nachträge aus Hampstead. Aus den Aufzeichnungen 1954–1971. 1994.
  • Aufzeichnungen 1992–1993. 1996.
  • Aufzeichnungen 1973–1984. 1999.
  • Über Tiere. Mit einem Nachwort von Brigitte Kronauer. Hanser, Munique 2002
  • Party im Blitz. Die englischen Jahre. 2003 (= autobiografia, parte 4).
  • Über den Tod. Hanser, Munique 2003.
  • Über die Dichter. Mit einem Nachwort von Peter von Matt. Hanser, Munique 2004, ISBN 3-446-20470-9.
  • Aufzeichnungen für Marie-Louise. Hanser, Munique 2005.
  • Aufsätze – Reden – Gespräche. Hanser, Munique 2005, ISBN 3-446-18520-8 (= Collected Works, Volume 10).
  • Briefe an Georges (mit Veza Canetti). Hanser, Munique 2006, ISBN 3-446-20760-0; Fischer Taschenbuch, Frankfurt am Main 2009, ISBN 978-3-596-18184-1.
  • Liebhaber ohne Adresse. Briefwechsel 1942–1992 (mit Marie-Louise von Motesiczky). Hanser, Munique 2011, ISBN 978-3-446-23735-3.
  • Rudolf Hartung. Briefe, Autobiographisches und Fotos. Hrsg. v. Bernhard Albers. Rimbaud, Aachen 2011, ISBN 978-3-89086-470-9.
  • Das Buch gegen den Tod. Mit einem Essay von Peter von Matt. Hanser, Munique 2014, ISBN 978-3-446-24467-2 (publicado postumamente a pedido de Canetti).
  • Prozesse. Über Franz Kafka. Hrsg. v. Susanne Lüdemann und Kristian Wachinger. Hanser, Munique 2019, ISBN 978-3-446-26370-3.

Outras obras

editar
  • Dramen: Hochzeit – Komödie der Eitelkeit – Die Befristeten. Hanser, Munique 1964; Fischer Taschenbuch, Frankfurt am Main 1978, ISBN 3-596-27027-8.
  • Gesammelte Werke. 10 Volume in Einzelausgaben. Hanser, Munique 1992–2005.
  • Werke. 13 Volumes und ein Begleitband Wortmasken in Kassette. Fischer Taschenbuch, Frankfurt am Main 1995, ISBN 3-596-13050-6.

Referências

  1. «Elias Canetti - Autor» 
  2. «Les frères Canetti». web.archive.org. 1 de dezembro de 2008. Consultado em 20 de julho de 2021 
  3. «Escritor búlgaro, naturalizado britânico» 

Ligações externas

editar


Precedido por
Czesław Miłosz
Nobel de Literatura
1981
Sucedido por
Gabriel García Márquez


  Este artigo sobre uma pessoa é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.