Elza Lima
Elza Maria Sinimbú Lima (Belém, 1952), conhecida como Elza Lima, é uma fotógrafa brasileira que durante décadas registou os habitantes da região amazônica.[1][2][3][4][5][6][7]
Elza Lima | |
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Nascimento | 1952 (72 anos) Belém |
Cidadania | Brasil |
Alma mater | |
Ocupação | fotógrafa |
Distinções | |
O trabalho de Elza Lima foca-se nas tradições culturais e no cotidiano das populações ribeirinhas do Pará, registando as festas populares, o artesanato, a pesca, as moradias, as brincadeiras infantis e a presença de ícones da modernidade, como a televisão e objetos industrializados, no dia-a-dia das comunidades. Algumas das suas imagens chamam também a atenção para a relação afetiva das pessoas com o meio ambiente.[1][5]
Já expôs nos Estados Unidos, Espanha e França, Suíça, Alemanha, Portugal. As suas obras podem ser encontradas em coleções de Museus como o MASP - Museu de Arte de São Paulo (São Paulo, Brasil), Centro Português de Fotografia (Porto, Portugal), Kunstmuseum Des Kantons Thurgau (Warth-Weiningen, Suíça) e no MAM Rio (Rio de Janeiro, Brasil).[7][8][9]
Atualmente desenvolve trabalho de pesquisa sobre as pescadoras do Porto do Milagre em Santarém, região do Baixo Amazonas, além de ministrar cursos e palestras no Brasil e estrangeiro.[5][9]
Percurso
editarCriada pelos avós, num ambiente doméstico rico em referências artísticas e intelectuais – o seu bisavô, Ignácio Batista de Moura, escreveu o livro de viagem "De Belém a São João do Araguaia", a sua avó era pianista e o seu avô, escritor, crítico de arte e professor, exerceu forte influência na criatividade da neta.[3][5]
Licenciada em História pela Universidade Federal do Pará - UFPA em 1979.[1]
Em 1984, frequentou o curso de fotografia coordenado por Miguel Chikaoka na Oficina Fotoativa, em Belém.[1]
Entre 1985 e 1987, integrou a equipa do projeto Ação Cultural e Pedagógica com Imagens, do Centro de Recursos Audiovisuais da Amazônia.[1]
Em 1989, trabalhou na Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves - Centur, onde cria um acervo fotográfico das manifestações culturais da região amazônica, e, num acordo com a Fundação Nacional do Índio - Funai, inicia o trabalho de documentação de tribos indígenas da Amazônia Legal.[1]
Em 1990, recebe o prémio de fotógrafa do ano concedido pela Associação dos Artistas do Pará, e, em 1991, recebe o Prémio José Medeiros do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - MAM/RJ.[5]
Em 1995, vive durante seis meses na Suíça com uma bolsa concedida pelo Kunstmuseum des Kantons Thurgau (Museu de Arte do Cantão Thurgau) e desenvolve o projeto "Vendo de Perto com Olhares de Fora" com o fotógrafo suíço Barnabás Bosshart.[8]
De 1996 a 1999, visitou oito tribos indígenas dos Estados do Pará e Maranhão documentando o modo de vida das comunidades tradicionais. O projeto foi desenvolvido em convênio com a Fundação Nacional do Índio (Funai).[3][8]
Em 1996, é contemplada com o Prêmio Marc Ferrez da Fundação Nacional de Arte - Funarte.[7] Em 1999, é contemplada com a Bolsa Vitae de Artes, com “Viagem ao Cuminá”, refazendo 100 anos depois, a viagem da cartógrafa Otille Coudreau, primeira mulher a fotografar a Amazônia.[7][8]
Em 1997 participou na publicação "Brasil Bom de Bola", que documentou as “peladas” em várias regiões brasileiras com 11 fotógrafos e escritores, como Manuel de Barros, Patativa do Assaré, Rita Lee, entre outros.[7][8][10] No fim dos anos 1990, desenvolve com Antonio Augusto Fontes, Ed Viggiani, Celso Oliveira e Tiago Santana, o projeto "Brasil sem Fronteiras", no qual documenta as cidades fronteiriças do oeste do país. Os ensaios dão origem ao livro homónimo, lançado em 2001.[1][3][7]
Em 2003, ganhou a Bolsa de Criação Artística do Instituto de Artes do Pará com o projeto “Viagem Poética às Amazonas” para realizar uma pesquisa no Rio Nhamunda, captando como se comporta a referida lenda nos dias atuais.[8]
Em 2010, ganhou o XI Prêmio Funarte Marc Ferrez de fotografia com o tema “O Lago da Lua ou Yaci Uaruá - As Amazonas do Rio Mar”. Este projeto propôs uma expedição que percorreu o Rio Nhamundá, partindo de Oriximiná, visitando os municípios de Nhamundá, Juruti, Faro e Terra Santa, com a finalidade de captar imagens de mulheres arrimo de família, e registar como se preserva a lenda das mulheres guerreiras na memória destas comunidades.[8]
Em 2013, foi contemplada pela 12º edição da Bolsa de Criação, Experimentação, Pesquisa e Divulgação Artística do Instituto de Artes do Pará. O projeto “À Deriva” que começou a ser pensado em 2010, durante uma viagem de barco iniciada em Santarém, que percorreu os rios Amazonas, Trombetas e Nhamundá, até alcançar a divisa entre o Pará e o estado do Amazonas, no momento de uma das maiores secas.[8]
Em 2016, foi uma dos 36 artistas que fizeram parte da exposição de fotografia "A Arte da Lembrança – A Saudade na Fotografia Brasileira".[11][12] Nesse mesmo ano, a Editora Ipsis publicou um livro inteiro dedicado às suas imagens sobre a região amazônica: "Elza Lima - Ipsis de Fotografia Brasileira - Vol. 5".[4][13][14]
Em 2018, participou no evento gratuito Pequeno Encontro de Fotografia, que decorreu em Olinda (Pernambuco, Brasil) e que pretendia celebrar presença feminina na arte. O tema do encontro desse ano era "O lugar da mulher na fotografia" e Elza Lima esteve presente para falar um pouco do seu trabalho.[15]
Em 2019, Elza Lima foi responsável pelas imagens publicitárias da campanha da primeira coleção do estilista Marco Normando, também natural de Belém, e que se tornaram numa série de postais especiais e colecionáveis.[16][17]
Em 2020, a exposição colectiva “O olhar não vê. O olhar enxerga”, no Museu da Fotografia Fortaleza, sob curadoria do escritor, roteirista e editor Diógenes Moura, integrou algumas obras de Elza Lima.[18]
Em 21 de janeiro de 2021, foi inaugurada a exposição "O Norte sem norte" sobre Elza Lima, sob curadoria de Eder Chiodetto, no Centro Cultural Fiesp (São Paulo, Brasil), com imagens realizadas nos últimos 30 anos, parte delas inéditas. A curadoria optou por mostrar várias facetas da produção da fotógrafa paraense, que completará 70 anos em 2022, e segue em plena atividade. Imagens em preto-e-branco, dípticos e trípticos em cor, um vídeo e um oratório, formam o conjunto de obras expostas, realizadas entre 1987 e 2020.[5][19]
Prémios e Reconhecimentos
editar- 1988 - Prémio Arte Pará, 7ª Edição[8]
- 1990 - Prémio Fotógrafa do Ano, Associação dos Artistas do Pará[5]
- 1991 - Prémio Arte Pará, 10ª Edição[8]
- 1991 - Prémio José Medeiros, MAM (Museu de Arte Moderna), Rio de Janeiro[5][8]
- 1992 - Prêmio Arte Pará, 11ª Edição[8]
- 1995 - Bolsista do Kunstmuseum Thurgau des Kanton Thurgau, na Suíça.[7][8]
- 1996 - Contemplada com Bolsa Marc Ferrez (Funarte) com o tema “Rota d’água”, tendo recebido uma bolsa para viajar pelo Rio Trombetas, registrando os quilombos da região[3][7]
- 1999 - Contemplada com Bolsa Vitae, com “Viagem ao Cuminá”, refazendo 100 anos depois, a viagem da cartógrafa Otille Coudreau, primeira mulher a fotografar a Amazônia[3][7][8]
- 2003 - Ganhou a Bolsa de Criação Artística do Instituto de Artes do Pará[7][8]
- 2010 - Vencedora do XI Prêmio Funarte Marc Ferrez de fotografia[8]
- 2013 - Contemplada pela 12º edição da Bolsa de Criação, Experimentação, Pesquisa e Divulgação Artística do Instituto de Artes do Pará.[8]
Obra
editar- São Miguel do Guamá, Pará, 1988 (Fotografia)[20]
- Rio das Lavadeiras, Altamira, Pará, 1991 (Fotografia)[21]
- Xingu, Pará, 1991 (Fotografia)[22]
- O Encanto, Capanema PA, 1992 (Fotografia)[23]
- Entroncamento, Belém PA, 1993 (Fotografia)[24]
- Ferrovia Carajás, Maranhão, 1993 (Fotografia)[25]
- Abaetetuba, Pará, 1993 (Fotografia)[26]
- Carapuru, Pará, 1995 (Fotografia)[27]
- Juazeiro, Ceará, 1996 (Fotografia)[28]
- Rio Trombetas, Pará, 1996 (Fotografia)[29]
- Elza Lima - Ipsis de Fotografia Brasileira - Vol. 5, 2016, ISBN 9788598741970 (Livro)[4][13][14][30]
Lista de Referências
editar- ↑ a b c d e f g Cultural, Instituto Itaú. «Elza Lima». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ Marinho, Rayele (2019). «Elza Lima: O Retrato Fotográfico entre a Imagem Performada e o Sensual» (PDF). UNIFAP - Universidade Federal do Amapá. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ a b c d e f Continente, Revista. «"Parece que o mundo se prepara para desaparecer"». Revista Continente. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ a b c Entretenimento, Portal Uai; Entretenimento, Portal Uai (14 de julho de 2017). «Livro reúne fotografias de Elza Lima sobre a região amazônica». Portal Uai Entretenimento. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ a b c d e f g h Scandovieiri, Raisa (22 de janeiro de 2021). «Fantasia e realidade amazônicas ganham foco na exposição 'O Norte sem norte': fotografias de Elza Lima». SESI-SP. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ PA, Do G1 (9 de novembro de 2016). «Jorane Castro fala sobre o diálogo entre cinema e fotografia». Pará. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ a b c d e f g h i j «Cultura Pará - Fotografia - Elza Lima». www.culturapara.art.br. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p q «Elza Lima». MAM. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ a b «Por trás da foto: o imaginário amazônico no olhar da fotógrafa Elza Lima». ZUM. 16 de agosto de 2017. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ «Folha de S.Paulo - Fotografia: "Brasil Bom de Bola" exibe futebol e arte (com foto) - 31/03/98». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ PA, Do G1 (10 de agosto de 2016). «Mostra reúne fotografias de mais de trinta artistas brasileiros, em Belém». Pará. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ «No Ceará, exposição fotográfica tem saudade como tema». FHOX. 17 de janeiro de 2017. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ a b ELZA LIMA - 1ªED.(2016) - Elza Lima - Livro. [S.l.: s.n.]
- ↑ a b «Coleção Ipsis de Fotografia Brasileira». Fotô Editorial. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ «'Pequeno Encontro da Fotografia' celebra presença feminina na arte, em Olinda». G1. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ 18.10.20 7h00. «Conheça a Normando, marca de estilista paraense que já estampou Vogue Brasil e Portugal». O Liberal. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ «Estilista Marco Normando divide experiência sobre a criação da sua marca». FAAP Moda. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ «Obras do acervo do Museu da Fotografia Fortaleza integram duas novas exposições de longa duração - Verso». Diário do Nordeste. 2 de março de 2020. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ ABCdoABC, Portal do. «Amazônia é foco da nova exposição fotográfica do Centro Cultural Fiesp». www.abcdoabc.com.br. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ Cultural, Instituto Itaú. «São Miguel do Guamá, Pará». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ Cultural, Instituto Itaú. «Rio das Lavadeiras - Altamira, Pará». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ Cultural, Instituto Itaú. «Xingu, Pará». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ Cultural, Instituto Itaú. «O Encanto, Capanema PA». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ Cultural, Instituto Itaú. «Entroncamento, Belém PA». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ Cultural, Instituto Itaú. «Ferrovia Carajás, Maranhão». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ Cultural, Instituto Itaú. «Abaetetuba, Pará». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ Cultural, Instituto Itaú. «Carapuru, Pará». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ Cultural, Instituto Itaú. «Juazeiro, Ceará». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ Cultural, Instituto Itaú. «Rio Trombetas, Pará». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 27 de março de 2021
- ↑ «Elza Lima - Col. Ipsis de Fotografia Brasileira - Vol. 5 - Saraiva». www.saraiva.com.br. Consultado em 27 de março de 2021