Emigração branca

parte da população russa que não aceitou a revolução russa

A expressão emigração branca, utilizada principalmente na França, Reino Unido e Estados Unidos, se refere aos emigrantes russos que abandonaram o país entre 1917 e 1922 por causa da Revolução de 1917 e da subsequente guerra civil.[1] Em sua maioria estes emigrantes era opositores do novo regime soviético. Os emigrantes e a população que os recebia utilizavam uma expressão menos política: “a primeira onda de emigrantes” (эмигрант первой волны). Na União soviética, até o final da década de 1980 o termo emigração branca (белоэмигрант) era utilizado as vezes de forma depreciativa, desde então é mais habitual falar da “primeira onda de emigrantes”.

Emblema usado pelos emigrantes brancos voluntários durante a Guerra Civil Espanhola

Muitos emigrantes brancos formavam parte do Movimento Branco ou lhe davam apoio, ainda que frequentemente se falava da emigração branca para se referir a qualquer pessoa que deixou o país por causa da mudança de regime. Por exemplo, os mencheviques e os social-revolucionários faziam oposição aos bolcheviques porém não formavam parte do Movimento Branco, enquanto outros emigrantes era apolíticos. De qualquer maneira, o termo se aplicou a eles e seus descendentes, sempre que, ainda que vivendo no estrangeiro, conservavam a identidade russa cristã ortodoxa. Era mais comum o uso do termo “emigrantes brancos” (белоэмигранты, белая эмиграция) na União Soviética onde tinha uma conotação muito negativa, e entres os próprios emigrantes preferiam se referir a si mesmos simplesmente como “emigrantes russos” (русская эмиграция) ou ainda “militares russos emigrados” (русская военная эмиграция) se haviam formado parte do movimento branco.[2]

A maioria saiu da Rússia entre 1917 e 1920 (as estimativas oscilam entre 900.000 e 2 milhões de pessoas), ainda que alguns tiveram que fugir nas décadas de 1920 e 1930 graças a perseguição política, como nos casos dos filósofos e intelectuais Nikolai Berdiaev, Sergei Bulgakov, Pitirim Sorokin, entre outros.[3] Entre os emigrantes brancos havia gente de todas as origens étnicas e sociais, desde cossacos, soldados e oficiais do Exército Branco, empresários e latifundiários que haviam perdido suas possessões, escritores (Ivan Bunin, Vladimir Nabokov, Dmitri Merezhkovski), funcionários do Império russo, revolucionários não bolcheviques (Julius Martov, Fyodor Dan) e membros de diferentes governos anti-bolcheviques durante a guerra civil russa. O movimento serviu de inspiração para o fascismo no mundo todo.[4]

Referências

  1. «White émigré in Russia» (em inglês) 
  2. «'Iron Cross of the Wrangel's Army': Russian Emigrants as Interpreters in the Wehrmacht» (em inglês) 
  3. «The Soviets in Xinjiang» (em inglês) 
  4. Voir Jean-Jacques Marie, La guerre civile russe . 1917-1922, Éd. Autrement, 2005.