Envenenamento da família Silva no Piauí

O envenenamento da família Silva no Piauí (também baião de dois envenenado ou caso do baião de dois envenenado ou caso do envenenamento no Piauí) aconteceu no dia 1º de janeiro de 2025 na cidade de Parnaíba, no norte do Piauí. Quatro pessoas morreram e outras cinco chegaram a ser hospitalizadas, das quais uma criança continua internada em estado grave [em 10/01/2025]. Um laudo do IML posteriormente apontou que o baião de dois consumido pelas vítimas estava envenenado com terbufós. [1] [2] [3]

envenenamento da família Silva no Piauí
Local do crime Parnaíba, Piauí
Data 1º de janeiro de 2025
Arma(s) Veneno
Vítimas 9
Mortos 4
Situação Acusado preso

Francisco de Assis Pereira da Costa, padrasto de duas das vítimas fatais, foi preso no dia 8 de janeiro por possível envolvimento no crime, o que ele nega. [2] [4]

O caso aconteceu oito (08) dias após o envenenamento da família dos Anjos na cidade litorânea de Torres, no Rio Grande do Sul, e igualmente ganhou repercusão nos veículos da imprensa nacional, tendo sido divulgado no Fantástico [4] e nos portais G1 [5], Terra [6] e da Band [7].

As investigações continuam.

Contexto

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Francisco de Assis Pereira da Costa morava com a companheira Maria dos Aflitos da Silva, e com os enteados, entre eles Manoel Leandro da Silva e Francisca Maria da Silva, que tinha três filhos pequenos. Meses antes, em meados de 2024, Francisca Maria já havia perdido dois filhos, Ulisses Gabriel (08 anos) e João Miguel (07), também envenenados, crime inicialmente atribuído a uma vizinha que estaria descontente porque as crianças pegavam cajus de sua propriedade sem autorização. À época, ao encontrar terbufós na casa de Lucélia Maria da Conceição Silva, a polícia deduziu que ela havia matado os meninos com cajus envenenados, mas um laudo liberado no dia 9 apontou que as frutas estavam livres do veneno. "Agora, a investigação foi reaberta e as suspeitas do crime anterior também recaem sobre Francisco", reportou o programa Fantástico no dia 12.[4][8][9][10]

Ao todo, na época do crime, onze pessoas moravam na casa de dois cômodos, disse o delegado.

 
Baião de dois (imagem meramente ilustrativa)

Para ceia da virada de ano de 31 de dezembro de 2024 Maria dos Aflitos preparou um baião de dois. Todos comeram e alguns membros da família depois foram para sus casas. [9] [10]

No dia 1º de janeiro todos voltaram a se encontrar na casa de Francisco e fritaram peixes que haviam recebido como doação no dia anterior. Francisco da Costa teria, então, insistido para que a sobra do baião de dois fosse requentada para o almoço. Depois que todos comeram, nove pessoas da família passaram mal, incluindo três crianças e o acusado. "Terminaram de comer e meu menino já começou a passar mal e aí foi um atrás do outro. Não sabia o que fazia, se acudia um ou se acudia o outro”, disse Maria dos Aflitos ao Fantástico. [9] [10]

O estado de saúde de Manoel Leandro da Silva, enteado de Francisco, se agravou a ponto dele morrer na ambulância e as outras pessoas foram internadas no Heda (Hospital Regional Dirceu Arcoverde). [1]

Vítimas

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Igno, de 1 ano e 8 meses, filho de Francisca Maria, morreu no dia 02 e suas duas irmãs, de 03 e 04 anos foram transferidos no dia 03 para o Hospital de Urgência de Teresina (HUT). "Uma das crianças foi transferida por uma aeronave do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A outra, por equipe terrestre do Hospital Regional Dirceu Arcoverde", reportou o portal G1. [11]

Fatais: Manoel Leandro da Silva (18 anos, enteado de Francisco, morreu em 01/01), Igno Davi da Silva (1 ano e 8 meses, filho de Francisca Maria, morto em 02/01); Lauane da Silva (03 anos, filha de Francisca Maria) e Francisca Maria (mãe que perdeu 4 filhos por envenenamento, faleceu em 07/01) [1] [2]

Liberadas: menino (11 anos, filho do acusado), uma adolescente (17 anos, irmã de Manoel), um adulto e o acusado [1] [11]

Maria dos Aflitos, esposa de Francisco, não almoçou no dia 1º de janeiro. [10]

Investigações

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Os sintomas, de intoxicação alimentar, levaram as equipes de saúde a pedirem exames e um laudo do IML posteriormente apontou envenenamento por terbufós. A análise dos alimentos encontrados na casa indicou que o veneno havia sido posto no baião de dois. "Estava em todo o arroz, em grânulos visíveis", disse o médico Antônio Nunes, diretor do IML, no dia 06 de janeiro, quando o laudo foi liberado. [9]

Diversas pessoas foram ouvidas, incluindo o casal que doou os peixes, do tipo manjuba. Eles, como já haviam feito em outros anos, haviam entregado peixes e cestas básicas para diversas outras famílias do bairro e ninguém mais havia passado mal além da família Silva. [8]

O delegado Abimael Silva acredita que Francisco tenha envenenado o baião na madrugada de 1º de janeiro. "No dia 31, a família fez o baião de dois e consumiu, mas ninguém passou mal. Só depois do meio dia do dia 1º começaram a sentir os efeitos", disse. "Conforme os depoimentos, Francisco foi o último a ir dormir depois da festa, por volta das 4h da madrugada. Ele ficou responsável por fechar a residência. Para a polícia, o suspeito pode ter aproveitado esse momento para colocar o veneno no arroz", explicou o G1. [2] [12]

Apesar de ter sido levado ao hospital, o delegado também acredita que Francisco da Costa pode ter fingido que estava passando mal. Exames irão detectar a presença do veneno em seu sangue ou não. [12]

Nenhum veneno foi encontrado nas amostras de peixe.

Motivação

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Segundo o delegado, o acusado não gostava e não falava com nenhum dos enteados. "Ele revelou, bem como as enteadas, que o relacionamento entre eles era conturbado, para dizer o mínimo. Ele não falava com nenhum dos filhos da esposa e tinha um sentimento de ódio específico em relação à Francisca Maria, mãe das crianças. Esse sentimento de ódio era tão grande que mesmo com ela no leito da morte, ele não conseguia esconder isso no depoimento dele. Ele disse que quando olhava para ela sentia nojo e raiva. Isso são palavras dele no depoimento dele", disse o delegado. [12] [4]

As investigações continuam para descobrir a exata motivação do crime.

Prisão, julgamento e pena

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Francisco da Costa foi preso no dia 08 de janeiro como o principal suspeito de ter cometido o crime. Segundo o delegado Abimael Silva, Francisco deu três versões sobre o envenenamento do baião. "Ele primeiro disse que não tinha chegado perto da panela, depois disse que tinha chegado, depois disse que não tinha orientado ninguém a usar o arroz. Essas informações entram em contradição com os demais depoimentos, que estão em consonância", disse o delegado. [12]

O acusado também teria sido a última pessoa a se deitar na madrugada de 1º de janeiro, horário que pode ter aproveitado para envenenar a comida, acredita o delegado. [12]

Quando chegou à prisão, aos jornalistas ele disse: "Eu não sei, a polícia foi lá. Não tenho nada a dizer, não. A polícia vai saber”. [12]

Leia também

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  • Terbufós: veneno gearlmente usado como inseticida e para acabar com pragas em lavouras de bananas, café , feijão, etc: está proibido em países da União Europeia e a OMS o considera altamente prejudicial; ataca o sistema nervoso central e a comunicação entre os músculos e pode deixar graves sequelas
  • Envenenamento da família dos Anjos: seis pessoas chegaram a ser internadas e três morreram após consumir um bolo envenenado com arsênio em dezembro de 2024

Referências

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  1. a b c d «O que se sabe e o que falta saber sobre o suposto envenenamento que deixou jovem e bebê da mesma família mortos no PI». G1. 3 de janeiro de 2025. Consultado em 10 de janeiro de 2025 
  2. a b c d «Família envenenada com baião de dois: padrasto de mulher e homem mortos é preso suspeito do crime». G1. 8 de janeiro de 2025. Consultado em 10 de janeiro de 2025 
  3. «Baião de dois envenenado: entenda os motivos que levaram à prisão de padrasto por envenenamento de família no PI». G1. 10 de janeiro de 2025. Consultado em 10 de janeiro de 2025 
  4. a b c d «Novo laudo mostra que mulher presa, acusada de envenenar dois irmãos, pode ser inocente». G1. 12 de janeiro de 2025. Consultado em 13 de janeiro de 2025 
  5. «Resultado da busca por |». g1.globo.com. Consultado em 10 de janeiro de 2025 
  6. redacaoterra. «Morre quarta vítima que consumiu baião de dois envenenado no Piauí». Terra. Consultado em 10 de janeiro de 2025 
  7. «Morre quarta vítima que consumiu baião de dois envenenado no Piauí». www.band.uol.com.br. 7 de janeiro de 2025. Consultado em 10 de janeiro de 2025 
  8. a b «Menino de 8 anos envenenado com caju no PI morre após dois meses internado; suspeita do crime está presa». G1. 11 de novembro de 2024. Consultado em 10 de janeiro de 2025 
  9. a b c d «Veneno que matou família de Parnaíba estava em arroz preparado no dia anterior, aponta perícia». G1. 6 de janeiro de 2025. Consultado em 10 de janeiro de 2025 
  10. a b c d «EXCLUSIVO: laudo confirma envenenamento em almoço de família no PI». G1. 5 de janeiro de 2025. Consultado em 10 de janeiro de 2025 
  11. a b «Família com suspeita de envenenamento: homem e criança recebem alta e crianças são transferidas para Teresina». G1. 3 de janeiro de 2025. Consultado em 10 de janeiro de 2025 
  12. a b c d e f «Baião de dois envenenado: entenda os motivos que levaram à prisão de padrasto por envenenamento de família no PI». G1. 10 de janeiro de 2025. Consultado em 10 de janeiro de 2025 

Ligações externas

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