Ephedra

género de plantas
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Ephedra é um género de gimnospérmicas que agrupa cerca de 60 espécies de arbustos e pequenas árvores, sendo o único género extante na família Ephedraceae e na ordem Ephedrales e um dos três membros vivos da divisão Gnetophyta, juntamente com Gnetum e Welwitschia. As várias espécies de Ephedra estão disseminadas em muitas regiões áridas do mundo, abrangendo o sudoeste da América do Norte, o sul da Europa, o norte de África, o sudoeste e o centro da Ásia, o norte da China e o oeste da América do Sul.[2] Em climas temperados, a maioria das espécies de Ephedra cresce em terrenos do litoral ou em solos arenosos com exposição direta ao sol. O nome chinês para as espécies de Ephedra é mahuang (chinês tradicional: 麻黃, chinês simplificado: 麻黄, pinyin: máhuángWade–Giles: ma-huanglit. ‘cânhamo-amarelo’), nome pelo qual tisanas destas plantas são comercializadas em ervanária na Europa. Várias espécies de Ephedra são a origem do estimulante conhecido por efedrina, que as plantas contêm em concentração significativa.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaEphedra
Ocorrência: Aptiano–recente
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Gnetophyta
Classe: Gnetopsida
Ordem: Gnetales
Família: Ephedraceae
Género: Ephedra
L.[1]
Espécie-tipo
Ephedra distachya
L.
Distribuição geográfica
GDistribuição natural global do género Ephedra.
GDistribuição natural global do género Ephedra.
Espécies
C. 60 espécies
Ver texto
Sinónimos[2]

Descrição

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O uso medicinal destas plantas está documentado desde há cinco mil anos na China, onde esta erva é conhecida pelo nome ma huang. Os colonizadores adeptos a religião mórmon nos Estados Unidos conheceram seu uso ao estabelecerem contato com povos indígenas dos ute (ver Utah). São conhecidas variadas aplicações medicinais, principalmente devido ao facto de concentrar grandes quantidades de efedrina. As suas propriedades são usadas na preparação de produtos dietéticos de redução de apetite, e podem causar efeitos secundários graves. Presentemente, o uso de extractos de Ephedra está proibido nos Estados Unidos.

Morfologia

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A família Ephedraceae, da qual a Ephedra é o único género extante, é m grupo de gimnospérmicas constituído por espécies que são geralmente arbustos, por vezes trepadeiras e, raramente, pequenas árvores. Os membros do género propagam-se frequentemente através de rizomas.[3]

Os caules são verdes e fotossintéticos.[4] As folhas são opostas ou espiraladas. As folhas, semelhantes a escamas, fundem-se numa bainha na base e esta muitas vezes cai logo após o desenvolvimento. As espécies deste género não apresentam canais de resina.[3]

As plantas são maioritariamente dioicas, com os cones masculinos, os estróbilos produtores de pólen, em espirais de 1-10, cada um consistindo numa série de brácteas decussadas.[5] O pólen é sulcado. Os estróbilos femininos também ocorrem em espirais, com brácteas que se fundem à volta de um único óvulo. As brácteas carnudas são brancas (como em Ephedra frustillata) ou vermelhas. Há geralmente 1-2 sementes amarelas a castanho-escuras por estróbilo.[3]

Distribuição e ecologia

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O membros do género Ephedra ocorrem em climas áridos, numa vasta área que inclui a Europa, Norte de África, Ásia central e sudoeste, América do Norte e do Sul, sendo que o género tem quase distribuição cosmopolita em regiões desérticas, mas não ocorre na Austrália.[3]

As Ephedraceae estão adaptadas a regiões extremamente áridas, crescendo frequentemente em habitats com muito sol, e ocorrem até 4000 m acima do nível do mar, tanto nos Andes como nos Himalaias.[3] Constituem uma parte significativa do ecossistema de arbustos de sálvia do Great Basin da América do Norte.

Evolução e taxonomia

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Filogenia de Ephedra[6][7]

E. ochreata

section

E. pedunculata

E. rupestris

E. nevadensis

E. californica

E. antisyphilitica (Clapweed)

E. frustillata

E. torreyana

E. aspera

E. trifurca

Asarca
section

E. breana

E. boelckei

E. milleri

E. chilensis

E. triandra

E. tweedieana

E. andina

E. sinica

E. regeliana

E. rituensis

E. monosperma

E. lomatolepis

E. sarcocarpa

E. major

E. strobilacea

E. somalensis

subsection

E. pachyclada

Pachycladae
subsection

E. foeminea

E. campylopoda

E. fragilis

E. foliata

E. ciliata

E. alata

E. aphylla

E. altissima

Scandentes
subsection

E. minuta

E. gerardiana

E. viridis

Minutae
subsection

E. likiangensis

E. americana

E. equisetina

E. rhytidosperma

Americanae
subsection

E. intermedia

E. przewalskii

E. distachya

E. procera

Ephedra
Ephedra


História evolutiva

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Os membros mais antigos conhecidos do género são do Cretáceo Inferior, datadod de há cerca de 125 milhões de anos, com registos conhecidos do Aptiano-Albiano da Argentina,[8] China,[9] Portugal e Estados Unidos da América.[10]

O registo fóssil de Ephedra, com exceção de pólen, desaparece após o Cretáceo Inferior.[11] As estimativas feitas pelo método do relógio molecular sugerem que o último ancestral comum das espécies vivas de Ephedra viveu muito mais recentemente, durante o Rupeliano (Oligoceno inicial) há cerca de 30 milhões de anos.[12]

No entanto, o pólen modificado a partir da condição ancestral do género com pseudosulcos ramificados (sulcos), que evoluiu em paralelo nas linhagens vivas da América do Norte e da Ásia, é conhecido desde o Cretáceo Superior, sugerindo que o último antepassado comum é pelo menos tão antigo.[11]

Taxonomia

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O género Ephedra foi descrito pela primeira vez em 1753 por Carl Linnaeus,[13][14][15] e a espécie-tipo é Ephedra distachya.[14] A família, Ephedraceae, foi descrita pela primeira vez em 1829 por Barthélemy Dumortier.[13][16]

Em 2021 a base de dados Plants of the World Online listava como validamente publicadas as seguintes espécies:[17]

Etnobotânica

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Planta como usada em herbologia chinesa (ervanária).
 Ver artigo principal: Ephedra (medicina)

Usos medicinais

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Os alcalóides da Ephedra, a efedrina e a pseudoefedrina – constituintes da E. sinica e de outros membros do género – têm qualidades sipatomiméticas e decongestionantes,[19] e têm sido utilizados como suplemento dietético, principalmente para perda de peso.[20] O medicamento efedrina é utilizado para prevenir a hipotensão arterial durante a raquianestesia.[19]

Nos Estados Unidos, os suplementos de efedra foram banidos do mercado no início do século XXI devido a sérios riscos de segurança.[20] As plantas do género Ephedra, incluindo a E. sinica e outras, eram usadas na medicina tradicional para tratar dores de cabeça e infecções respiratórias, mas não há provas científicas de que sejam eficazes ou seguras para estes fins.[20]

A efedra também desempenhou um papel como precursor no fabrico clandestino de metanfetaminas.[21]

Teor de alcaloides

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As primeiras utilizações das espécies de Ephedra (mahuang) para doenças específicas remontam a 5000 a.C. A efedrina e os seus isómeros foram isolados em 1881 a partir de Ephedra distachya e caracterizados pelo químico orgânico japonês Nagai Nagayoshi. O seu trabalho para aceder aos ingredientes activos da Ephedra para isolar uma substância farmacêutica pura levou à produção sistemática de derivados semi-sintéticos que continua a ser relevantes na atualidade.

Três espécies, Ephedra sinica, Ephedra vulgaris e, em menor escala, Ephedra equisetina, são cultivadas comercialmente na China como fonte de efedrinas e isómeros naturais para utilização em produtos farmacêuticos.

A E. sinica e a E. distachya contêm geralmente seis feniletilaminas com características opticamente activas, na sua maioria efedrina e pseudoefedrina, com pequenas quantidades de norefedrina, norpseudoefedrina, bem como os três análogos metilados. É difícil obter informações fiáveis sobre o teor total de alcaloides da droga em bruto. Com base em análises HPLC em ambientes industriais, as concentrações de alcalóides totais na Herba Ephedra seca variaram entre 1 e 4% e, nalguns casos, até 6%.[22]

Para uma revisão da distribuição dos alcaloides em diferentes espécies do género Ephedra, ver Jian-fang Cui (1991).[23] Outras espécies americanas e europeias de Ephedra, por exemplo, Ephedra nevadensis (chá-mormon do Nevada) não foram sistematicamente avaliadas; com base em investigações de campo não publicadas, contêm níveis muito baixos de efedrina (menos de 0,1%) ou nenhum.[24]

Contraindicações

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Os alcalóides obtidos das espécies de Ephedra utilizadas em medicamentos à base de plantas, que são usados para preparar sinteticamente a pseudoefedrina e a efedrina, podem causar eventos cardiovasculares.[19] Estes eventos têm sido associados a arritmias, palpitações, taquicardia e enfarte do miocárdio.[19] Foi relatado que o consumo de cafeína em combinação com efedrina aumenta o risco destes eventos cardiovasculares.[19][20]

As espécies deste género são produtoras de efedrina e pseudoefedrina, sendo contraindicada para pessoas com debilidades, pressão alta, doenças cardíacas, tireoide hiperativa, diabetes, hepatite, problemas digestivos, glaucoma e insônia. Isto porque os extratos concentrados podem causar arritmias, insônia, ansiedade e vertigem. Suas propriedades também estão associados a nervosismo, insônia, hipertensão ou erupções cutâneas em alguns casos raros. Seu uso é vetado para crianças e mulheres grávidas.

Galeria

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Referências

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  1. Kramer KU, Green PS, Götz E (1990). Kramer KU, Green PS, eds. The Families and Genera of Vascular Plants, Vol. 1: Pteridophytes and Gymnosperms. Berlin: Springer-Verlag. pp. 379–381. ISBN 3540517944 
  2. a b Kew World Checklist of Selected Plant Families
  3. a b c d e Judd WS, Campbell CS, Kellog EA, Stevens PF, Donoghue MJ (2007). Plant Systematics, a phylogenetic approach 3rd. ed. [S.l.]: Sinauer associates, Inc. 
  4. «Family "Ephedraceae"». Angiosperm Phylogeny Website. Consultado em 5 de julho de 2019 
  5. Messina A (2014). «VicFlora: Ephedraceae.». Victoria, Australia: Royal Botanic Gardens Foundation. Consultado em 5 de julho de 2019 
  6. Stull, Gregory W.; Qu, Xiao-Jian; Parins-Fukuchi, Caroline; Yang, Ying-Ying; Yang, Jun-Bo; Yang, Zhi-Yun; Hu, Yi; Ma, Hong; Soltis, Pamela S.; Soltis, Douglas E.; Li, De-Zhu; Smith, Stephen A.; Yi, Ting-Shuang; et al. (2021). «Gene duplications and phylogenomic conflict underlie major pulses of phenotypic evolution in gymnosperms». Nature Plants. 7 (8): 1015–1025. PMID 34282286. doi:10.1038/s41477-021-00964-4 
  7. Stull, Gregory W.; et al. (2021). «main.dated.supermatrix.tree.T9.tre». Figshare. doi:10.6084/m9.figshare.14547354.v1 
  8. Puebla GG, Iglesias A, Gómez MA, Prámparo MB (novembro de 2017). «Fossil record of Ephedra in the Lower Cretaceous (Aptian), Argentina». Journal of Plant Research. 130 (6): 975–988. PMID 28528483. doi:10.1007/s10265-017-0953-1. hdl:11336/59894  
  9. Yang Y, Wang Q (14 de janeiro de 2013). «The earliest fleshy cone of Ephedra from the early cretaceous Yixian Formation of northeast China». PLOS ONE. 8 (1): e53652. Bibcode:2013PLoSO...853652Y. PMC 3544918 . PMID 23341964. doi:10.1371/journal.pone.0053652  
  10. Rydin C, Pedersen KR, Crane PR, Friis EM (julho de 2006). «Former diversity of Ephedra (Gnetales): evidence from Early Cretaceous seeds from Portugal and North America». Annals of Botany. 98 (1): 123–40. PMC 2803531 . PMID 16675607. doi:10.1093/aob/mcl078 
  11. a b Bolinder, Kristina; Norbäck Ivarsson, Lena; Humphreys, Aelys M.; Ickert-Bond, Stefanie M.; Han, Fang; Hoorn, Carina; Rydin, Catarina (2 de janeiro de 2016). «Pollen morphology of Ephedra (Gnetales) and its evolutionary implications». Grana (em inglês). 55 (1): 24–51. ISSN 0017-3134. doi:10.1080/00173134.2015.1066424 
  12. Ickert‐Bond, Stefanie M.; Rydin, Catarina; Renner, Susanne S. (2009). «A fossil-calibrated relaxed clock for Ephedra indicates an Oligocene age for the divergence of Asian and New World clades and Miocene dispersal into South America». Journal of Systematics and Evolution (em inglês). 47 (5): 444–456. ISSN 1759-6831. doi:10.1111/j.1759-6831.2009.00053.x  
  13. a b The Gymnosperm database: Ephedra. Retrieved 5 julho 2019.
  14. a b Linnaeus C (1753). Species Plantarum. 2. [S.l.: s.n.] 1040 páginas 
  15. Linnaeus C (1754). Genera plantarum. 5. [S.l.: s.n.] p. 462 
  16. Dumortier BC (1829). Analyse des familles des plantes, avec l'indication des principaux genres qui s'y rattachent. Tournay: J. Casterman aîné. p. 11 
  17. «Ephedra Tourn. ex L.». Plants of the World Online. Royal Botanic Gardens, Kew. Consultado em 23 de Junho de 2021 
  18. Sharma P, Singh R (dezembro de 2016). «Ephedra yangthangensis (Ephedraceae), a new species from Himachal Pradesh, India. Bangladesh». Journal of Plant Taxonomy. 23 (2): 195–8. doi:10.3329/bjpt.v23i2.30850  
  19. a b c d e «Ephedrine». Drugs.com. 9 de janeiro de 2021. Consultado em 23 de Junho de 2021 
  20. a b c d «Ephedra». National Center for Complementary and Integrative Health, US National Institutes of Health. 1 de julho de 2020. Consultado em 23 de Junho de 2021 
  21. «Ephedra's Role As a Precursor in the Clandestine Manufacture of Methamphetamine». Journal of Forensic Sciences 40(4), 551-560 (1995). Consultado em 30 de dezembro de 2021 
  22. Brossi A, ed. (1989). The Alkaloids: Chemistry and Pharmacology. 35. [S.l.: s.n.] ISBN 0-12-469535-3 
  23. Kim HK, Choi YH, Erkelens C, Lefeber AW, Verpoorte R (janeiro de 2005). «Metabolic fingerprinting of Ephedra species using 1H-NMR spectroscopy and principal component analysis». Chemical & Pharmaceutical Bulletin. 53 (1): 105–9. PMID 15635242. doi:10.1002/pca.2800020305 
  24. Hegnauer R. (1962) "Chemotaxonomie der Pflanzen. I". Birkhauser Verlag, Basel; Switzerland, pp. 460–462 as cited in Roman MC (2004). «Determination of ephedrine alkaloids in botanicals and dietary supplements by HPLC-UV: collaborative study». Journal of AOAC International. 87 (1): 1–14. PMC 2584348 . PMID 15084081. doi:10.1093/jaoac/87.1.1 

Classificação lineana do género

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Sistema Classificação Referência
Linné Classe Dioecia, ordem Monadelphia Species plantarum (1753)

Ligações externas

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