Escassez (economia)
Em economia, escassez é um termo que descreve uma disparidade entre a quantidade demandada de um produto ou serviço e o montante fornecido no mercado.[1] Especificamente, a escassez ocorre quando há excesso de demanda e, portanto, é o oposto de um excedente.[2]
Escassez econômica está fortemente relacionada ao preço de um produto ou item, pois, quando este está abaixo do preço corrente determinado pela oferta e demanda, haverá uma escassez do item sub-valorizado. Na maioria dos casos, a escassez obriga as empresas a aumentar o preço de um produto até que ele atinja o equilíbrio de mercado. Às vezes, porém, as forças externas causam um prolongamento da escassez em outras palavras, há algo impedindo o aumento dos preços ou o equilíbrio da oferta e da demanda.[3]
No uso comum, a "escassez" pode se referir a uma situação em que a maioria das pessoas são incapazes de encontrar um bem desejado a um preço acessível. Para o aproveitamento econômico de "escassez", no entanto, a disponibilidade de um bem para a maioria das pessoas não é uma questão: Se as pessoas desejam ter um certo bem, mas não podem pagar o preço de mercado, seu desejo não é contado como parte da demanda.[4]
Em resumo, escassez na economia é quando não há produção e distribuição de bens e serviços que atendessem igualmente todo o conjunto da sociedade.
Efeitos
editarNo caso de intervenção governamental no mercado, há sempre um trade-off, com efeitos positivos e negativos. Por exemplo, estabelecer um preço máximo a um determinado produto pode provocar uma escassez, mas irá permitir que uma determinada parcela da população adquira um produto que possivelmente não iriam conseguir arcar em decorrência do custo. Escassez econômica é geralmente vista como um fenômeno indesejável, uma vez que leva à ineficiência econômica. Na ausência de um mecanismo de preços, os recursos são menos propensos a serem distribuídos de acordo com a utilidade das pessoas. Os custos de transação e os custos de oportunidade, também significam desperdícios no processo de distribuição. Ambos esses fatores contribuem para uma diminuição na riqueza agregada.[5]
Mas, em geral, independentemente de sua causa, a escassez pode resultar em:
- Surgimento de mercados negros - os mercados ilegais nos quais os produtos que não estão disponíveis nos mercados convencionais são vendidos, ou em que os produtos com excesso de demanda são vendidos a preços mais elevados do que no mercado convencional.[6]
- Controles artificiais sobre a demanda, como o racionamento.
- Métodos não monetários de negociação, como tempo (por exemplo, filas), o nepotismo, ou até mesmo violência.
- A discriminação de preços.[7]
- A incapacidade de adquirir um produto.
Exemplos de escassez
editar- União Soviética
Na antiga União Soviética durante a década de 1980, os preços estavam artificialmente baixos por decreto. Cidadãos soviéticos esperavam na fila para adquirir vários produtos e serviços que tinham seus preços controlados, tais como carros, apartamentos, ou alguns tipos de roupas.[8] Do ponto de vista de quem espera na fila, essas mercadorias eram "escassas", e alguns deles estavam dispostos a pagar mais do que o teto oficial dos preços, mas foram legalmente proibidos de fazê-lo. Este método para determinar a alocação de bens escassos é conhecido como um "racionamento".[9]
- Brasil
Durante o Plano Cruzado no Brasil houve a tática de Congelamento de preços.[10] O plano começou a fracassar exatamente devido ao desequilíbrio dos preços relativos da economia. Por não equalizarem o valor presente dos preços, muitos produtores que corrigiam seus preços entre dia 1 a 15 dos meses, ficaram com o preço tabelado abaixo da rentabilidade desejada ou até mesmo abaixo do custo de produção: algo que ou inviabilizava a venda dos produtos para o consumo, ou levava a uma queda na sua qualidade. Saíram beneficiadas, as empresas que reajustaram seus preços nos dias anteriores ao plano.
Como o congelamento não permitiu o ajuste dos preços sujeitos à sazonalidade, houve um desequilíbrio de preços. E como resultado disso, vieram o desabastecimento de bens e o surgimento de ágio para compra de produtos escassos, principalmente os que se encontravam na entressafra (carne e leite) e de mercados oligopolizados (automóveis).[11]
Escassez e Excesso
editarGarrett Hardin enfatizou que uma escassez de oferta pode muito bem ser vista como uma longage ou excesso da demanda. Por exemplo, a escassez de alimentos pode bem ser apenas o resultado do que podemos chamar de longage de pessoas (superpopulação). Este autor argumenta que a questão da escassez poderia ser melhor tratada a partir deste ponto de vista.[12][13]
Ver também
editarReferências
- ↑ «Definição de Escassez». Nota Positiva. Consultado em 11 de Março de 2011
- ↑ «A lei da escassez e a Economia». UNIFACS. 2006. Consultado em 16 de Fevereiro de 2018
- ↑ «Introdução ao estudo da Economia». Universidade fereral do Rio Grande do Sul. Consultado em 1 de Março de 2011. Arquivado do original em 1 de dezembro de 2006
- ↑ «A economia, escassez e o problema econômico a competição». Shvoong. Consultado em 1 de Março de 2011
- ↑ Alchian, Armen A.; Allen, William R. Exchange and Production. Competition, Coordination, and Control (em inglês) 1ª ed. New York: [s.n.] ISBN 0-534-01320-1
- ↑ «Como funcionam os Mercados negros». Cultura Mix. Consultado em 11 de Março de 2011
- ↑ SEAE«Discriminação de preços». Ministério da Fazenda. Consultado em 21 de dezembro de 2010
- ↑ «Nova Política Econômica». Info Escola. Consultado em 11 de Março de 2011
- ↑ «Crise econômica no bloco socialista». Sites Google Aula GEO. Consultado em 11 de Março de 2011
- ↑ «Opinião Economia». Portal Brasil.net. Consultado em 11 de Março de 2011
- ↑ «Situação da (in)segurança alimentar no Brasil». Universidade Federal de Goiás. Consultado em 11 de Março de 2011[ligação inativa]
- ↑ «O ploblema da Escassez». Shvoong. Consultado em 11 de Março de 2011
- ↑ HARDIN, Garret; From Shortage to Longage: Forty Years in the Population Vineyards; Population & Environment journal vol.12 issue 3, Springer Netherlands 1991