Sphenodontida

(Redirecionado de Esfenodonte)

Sphenodontida (também chamada de Rhynchocephalia ou Sphenodontia) é uma ordem de répteis que foram numerosos durante a Era Mesozóica, mas que hoje incluem apenas um gênero vivo: Sphenodon, com duas espécies vivas, Sphenodon guntheri e Sphenodon punctatus.[1]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaRhynchocephalia
Ocorrência: Triássico superior - Recent
Tuatara
Tuatara
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Sauropsida
Subclasse: Diapsida
Ordem: Rhynchocephalia
Günther, 1867
Famílias

Esses animais são popularmente conhecidos como tuatara. O nome foi dado pelo povo nativo Maori, da Nova Zelândia, significando "picos nas costas" ou "costas espinhosas", por sua óbvia crista dorsal de escamas pontiagudas descendo pela cabeça, costas e cauda. Sphenodon é derivado do grego para "cunha" (σφήν / sphen) e "dente" (ὀδούς / odous).

Características e Hábitos

editar

As tuataras possuem no alto da cabeça o olho pineal, chamado por alguns de terceiro olho. Esse olho é revestido por uma escama opaca que se desenvolve na medida em que o animal cresce. Ele é ligado à glândula pineal, tem uma conexão nervosa junto ao cérebro e é constituído por retina e lentes, sendo capaz de sentir variações na luminosidade do ambiente. Outra característica marcante dos Sphenodontia é em relação aos dentes, que são fundidos nos ossos da mandíbula.

Ativas durante a noite, as tuataras passam o dia escondidas em buracos ou tocas, sendo que convive nestas tocas compartilhadas com as aves marinhas, e podem até mesmo cuidar dos ninhos dessas aves. Mas isso acontece pelo fato de que esses ninhos atraem outros tipos de animais que fazem parte da sua cadeia alimentar, como insetos e outros artrópodes. Porém quando é escassa essa alimentação eles se voltam contra os “colegas de quarto” e acabam se alimentando dos filhotes dessas aves. As tuataras podem ser vistas aquecendo seu corpo ao sol, na entrada dessas tocas. Os machos são maiores e mais pesados do que as fêmeas e, assim como lagartos, são capazes de realizar a autotomia caudal (soltar a cauda para escapar de predadores).

Alimentação

editar

As tuataras alimentam-se de insetos, lagartos, ovos de aves marinhas e por vezes dos seus próprios juvenis. Alguns casos de canibalismo ocasionalmente são registrados nessa espécie pelo fato de serem animais que vivem em um habitat isolado de outras espécies de animais. Graças a evolução da própria natureza a espécie conseguiu desenvolver mecanismos que amenizam os índices do canibalismo fazendo com que os animais mais adultos tenham hábitos de forrageio noturnos e os mais jovens tenham hábitos diurnos.

Reprodução e cuidado parental

editar

O seu ciclo de vida é muito longo durando cerca de 100 anos e o período de uma reprodução para outra é longo. Sendo assim, a sua maturidade sexual é atingida apenas entre a sua primeira e a segunda década. Porém as fêmeas se reproduzem entre 2 e 5 anos. A reprodução desses animais ocorre por justaposição de cloacas. O acasalamento ocorre no verão, mas a fêmea guarda o esperma no corpo durante dez meses até fecundar seus ovos, que serão postos na primavera seguinte. De início, os embriões desenvolvem-se depressa, mas esse desenvolvimento torna-se lento e quase para durante o inverno. A ninhada rompe os ovos no verão, cerca de quinze meses depois de eles terem sido postos, possuem a incubação mais longa que a de qualquer outro réptil. Explicando assim o fato de possuírem pouca libido e contribuir assim para que sejam animais raros de serem encontrados.

Os ovos das tuataras são enterrados e dependem da temperatura para eclodir, a fêmea põe cerca de 6 a 10 ovos. O cuidado parental é bastante evidente, pois a mãe cuida muito bem dos seus ovos, já que outras fêmeas podem cavar o ninho, e assim ocasionaria a perda de sua ninhada inteira. A determinação do sexo se dá por temperatura (ESD) assim como em Testudines e em Crocodilos. No caso das tuataras, quanto menor a temperatura, a tendência é de nascer mais fêmeas, e quanto maior for a temperatura a tendência é nascer mais machos e se a temperatura for muito alta, nascerá apenas machos.

A alguns pesquisadores vêm elaborando técnicas de cria-los em cativeiro de uma maneira que não tenha um impacto negativo para o ambiente em que vivem, na intenção de repovoar cada vez mais a população de tuataras, fazendo assim uma espécie longe da possibilidade e extinção. Porém como já citado, as tuataras são répteis de vida longa e maturidade tardia com reprodução lenta, o estabelecimento de uma população viável pode levar décadas.

Classificação

editar

Sphenodontia, que corresponde às tuataras, é um grupo irmão dos Squamata, que inclui lagartos e serpentes, e juntos formam a superordem Lepidosauria. Os registros fósseis mostram que eles existem desde o Triássico Médio, aproximadamente 240 milhões de anos atrás. São frequentemente considerados fósseis vivos e modelos de adaptação evolucionária que estão bem adaptados ao mundo atual e não são um grupo imutável.

Muitas espécies relacionadas foram adicionadas subsequentemente à Rhynchocephalia, resultando no que os taxonomistas chamam de "taxon de cesta de lixo". Williston propôs a Sphenodontia para incluir apenas as tuataras e seus parentes fósseis mais próximos, em 1925. Por muito tempo foi considerada apenas uma espécie vivente, o Sphenodon guntheri, que pode ser visto em apenas um local , nas ilhas da Nova Zelândia, e por ser parecido e estar no mesmo ambiente que o Sphenodon punctatus não era considerado como uma espécie diferente.

Filogenia

editar

Selon Wu, 1994[2] Evans, Prasad & Manhas 2001[3] e Apesteguia & Novas, 2003[4] em Mikko's Phylogeny Archive.[5]

Rhynchocephalia

Gephyrosaurus

Sphenodontia

Diphydontosaurus

Planocephalosaurus

Pleurosauridae

Palaeopleurosaurus

Pleurosaurus

Sphenodontidae

Rebbanasaurus

Polysphenodon

Brachyrhinodon

Clevosaurus

Sphenodontinae

Homoeosaurus

Kallimodon

Sapheosaurus

Ankylosphenodon

Pamazinsaurus

Zapatadon

Theretairus

Sphenovipera

Cynosphenodon

Sphenodon

Opisthias

Toxolophosaurus

Priosphenodon

Eilenodon

Diferença dos lagartos

editar

As Tuataras foram originalmente classificadas como lagartos, em 1831, quando a espécie foi descoberta por John Edward Gray e o British Museum recebeu um esqueleto para análise. O gênero permaneceu classificado assim até 1867, quando Albert Günther, também do British Museum, notou características semelhantes a pássaros, tartarugas e crocodilos e assim evidenciou que os animais dessa ordem não são lagartos, mas sim parentes próximos destes. A ordem Rhynchocephalia forma, juntamente à ordem Squamata (lagartos), a superordem Lepidosauria.

Morfologicamente, as Tuataras diferem dos lagartos porque não possuem ouvidos externos e órgãos copuladores. Além disso, o crânio desses animais apresenta várias particularidades como o tipo de dentição (acrodonte), o número de fileiras de dentes (duas na maxila superior) e a forma da fenestra temporal inferior (completamente delimitada). Além disso, possuem uma extensão de suas costelas em forma de ganchos. Ecologicamente, as Tuataras são tipicamente noturnas, apresentando temperaturas corpóreas relativamente baixas (entre 12 e 16 ºC) quando comparadas a outros répteis.

Referências

  1. «Introduction to the Sphenodontidae». Consultado em 21 de fevereiro de 2014 
  2. Wu, 1994 : Late Triassic-Early Jurassic sphenodontians from China and the phylogeny of the Sphenodontia. In the Shadow of the Dinosaurs. Cambridge University Press, New York. 1994
  3. Evans, Prasad & Manhas, 2001 : Rhynchocephalians (Diapsida: Lepidosauria) from the Jurassic Kota Formation of India. Zoological Journal of the Linnean Society, Predefinição:Vol., n. 3, p. 309-334
  4. Apesteguía & Novas, 2003 : Large Cretaceous sphenodontian from Patagonia provides insight into lepidosaur evolution in Gondwana. Nature, Predefinição:Vol., p. 609–612
  5. Sphenodontida Mikko's Phylogeny Archive

Bibliografia

editar
  • POUGH, F. Harvey & JANIS, Cristine M. VERTEBRATE LIFE. 10° ed. New York: Oxford University Press. 2019. p. 301-552.
  • Mega Curioso. 7 CURIOSIDADES INCRÍVEIS SOBRE O TUATARA. Disponível em: [1] Acessado: 21 Dez. 2022.
  • POUGH, H. F.; JANIS, C. M. & HEISER, J. B. 2008. A vida dos vertebrados. 4ª ed. São Paulo: Atheneu.
  • HUTCHINS, M.; MURPHY, J. B. & SCHLAGER, N. 2003. Reptiles. In: Grzimek’s Animal Life Encyclopedia. Thomsom Gale, Farmington Hills.