Esquerda festiva
Esquerda festiva é uma expressão do vocabulário político surgida no Brasil para conceituar, de modo jocoso e usualmente pejorativo, militantes políticos de esquerda, geralmente jovens e universitários, que mais se preocupam com festas derivadas da luta política do que com a luta política em si.
Embora não sejam sinônimos, por vezes a ideia de esquerda festiva é confundida com a de esquerda caviar.[1]
História
editarA expressão inicialmente foi uma expressão usada, de forma irônica, para designar pessoas que se identificavam com a ideologia socialista ou comunista a partir do regime militar de 1964 no Brasil, geralmente estudantes, artistas e intelectuais, que não tomaram parte da ação contra o regime militar, mas que defendiam sua derrubada em bares e festas.
Zuenir Ventura conta em seu livro 1968: o ano que não terminou que a expressão foi inventada pelo colunista Carlos Leonam em 1963. O ministro San Tiago Dantas declarou a ele que havia duas esquerdas no Brasil: “a esquerda positiva e a esquerda negativa”. Leonam replicou: “tem outra esquerda, é a esquerda festiva”. A expressão foi publicada no Jornal do Brasil, na entrevista com o ministro.[2]
Uma frase de Roberto Campos comenta a esquerda festiva: "É divertidíssima a esquizofrenia de nossos artistas e intelectuais de esquerda: admiram o socialismo de Fidel Castro, mas adoram também três coisas que só o capitalismo sabe dar — bons cachês em moeda forte, ausência de censura e consumismo burguês; trata-se de filhos de Marx numa transa adúltera com a Coca-Cola..."[3]
Em 2014, Luiz Felipe Pondé, intelectual liberal, defendeu em um artigo a necessidade de existência de um contraponto, a "direita festiva".[4]
Obras de arte relacionadas
editarUma das obras em que a esquerda festiva foi retratada foram as tiras em quadrinhos Chopnics, do cartunista Jaguar e do jornalista Ivan Lessa, publicadas no jornal de humor O Pasquim, na década de 1970.
Durante a década de 2010, surgiu em Porto Alegre um bloco carnavalesco com o nome de Bloco da Diversidade, apontado pela mídia como um bloco da esquerda festiva, ainda que com um uso não pejorativo do termo.[5]
Ver também
editarReferências
- ↑ Ricardo Antunes (1 de junho de 2017). «Após boicote da "esquerda festiva", Cine PE 2017 é confirmado com nova data». Consultado em 29 de setembro de 2017
- ↑ CRUZ, Claudia Helena da. BAR DON JUAN (1971) DE ANTÔNIO CALLADO: IMPASSES POLÍTICOS E ESTÉTICOS DO ROMANCE ENGAJADO. Fênix-Revista de História e Estudos Culturais, vol. 2, ano II, n.o 1, janeiro-fevereiro-março de 2005.
- ↑ Estadão. «As ideias de Roberto Campos em 18 'pérolas'». Consultado em 29 de setembro de 2017
- ↑ Luiz Felipe Pondé (21 de abril de 2014). «Por uma direita festiva». Consultado em 29 de setembro de 2017
- ↑ Sul 21 (17 de fevereiro de 2015). «Bloco da 'esquerda festiva' leva mais amor ao Carnaval de Rua de Porto Alegre»