Estação Ferroviária de Fronteira
A Estação Ferroviária de Fronteira é uma interface encerrada do Ramal de Portalegre, que servia a localidade de Fronteira, no distrito de Portalegre, em Portugal. Foi inaugurada em 20 de Janeiro de 1937.[1]
Fronteira | |
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Linha(s): | Ramal de Portalegre (PK 210,466) |
Coordenadas: | 39° 02′ 49,96″ N, 7° 38′ 39,35″ O |
Município: | Fronteira |
Inauguração: | 20 de Janeiro de 1937 |
Encerramento: | 1 de Janeiro de 1990 |
História
editarPlaneamento
editarEm 4 de Agosto de 1877, uma comissão da Associação dos Engenheiros Civis Portugueses apresentou um relatório sobre os vários estudos que tinha realizado sobre a rede nacional de caminhos de ferro, tendo proposto a construção de uma linha de Estremoz a Chança, passando por Sousel e Fronteira.[2] Alguns anos depois, quando estavam a ser feitos os trabalhos de investigação para a elaboração do Plano da Rede ao Sul do Tejo, foi sugerida a construção de uma linha entre Estremoz e Portalegre,[1][3] com passagem por Sousel, Cano, Fronteira e Cabeço de Vide.[4] No entanto, esta linha não foi originalmente incluída no Plano da Rede, decretado em 27 de Novembro de 1902,[5] tendo sido incluída apenas por uma adição póstuma ao plano em 7 de Maio de 1903, utilizando bitola estreita, e com um traçado modificado, mas mantendo a passagem por Fronteira.[1][6][7][5][8]
Em 23 de Setembro de 1903, foi realizado o concurso para a Linha de Portalegre,[8][9] mas este empreendimento foi cancelado após o concessionário ter encontrado diversas complicações de ordem financeira e política.[1] Desta forma, a construção e exploração da linha transitou para a responsabilidade do Estado.[1]
Construção
editarEm Janeiro de 1932, a linha já estava quase construída até Fronteira,[10] e em Fevereiro de 1933, já estava concluída a estação.[11] Foi construída no sistema de empreitada, usando tanto quanto possível a mão-de-obra e materiais locais, de forma a reduzir as despesas, tendo o seu custo sido de cerca de 500 mil Escudos, fornecidos pelo Fundo Especial de Caminhos de Ferro.[11] Foi edificada pela Divisão de Construção da Direcção Geral de Caminhos de Ferro, sob a orientação do engenheiro Rodrigo Severiano Monteiro.[11]
Abertura do troço até Cabeço de Vide
editarO lanço seguinte da linha, entre Sousel e Cabeço de Vide, abriu à exploração em 20 de Janeiro de 1937.[1][12]
Encerramento
editarO lanço entre Estremoz e Portalegre foi encerrado pela operadora Caminhos de Ferro Portugueses em 2 de Janeiro de 1990.[13]
Descrição
editarO complexo da estação foi construído junto à localidade, com um acesso rodoviário à estrada municipal para a aldeia de Santo Amaro.[11] Era composto originalmente por um edifício de passageiros, habitações para os funcionários, e várias instalações de serviço, como um reservatório de água, e um cinzeiro para a limpeza das locomotivas.[11] Contava com cinco vias, incluindo uma de manobras e outra de mercadorias.[11]
Edifício da estação
editarO edifício era constituído por dois corpos interligados, um em imitação do estilo de casa portuguesa dos Séculos XVII e XVIII, que servia de estação, e outro com dois pisos que servia de habitação ao pessoal graduado.[11] Ambos foram decorados com painéis de azulejos nas paredes exteriores da rua e da gare, representando cenas agrícolas do Alentejo.[11] No interior da estação, encontrava-se um vestíbulo e uma sala de espera, ambas com paredes caiadas e adornadas com lambris de azulejos em emulação dos Séculos XVII e XVIII, em conformidade com a arquitectura do edifício.[11] Vindo do lado da rua, a bilheteira estava do lado esquerdo do vestíbulo, junto ao balcão para despachar as bagagens, com um acesso rápido à gare por uma porta própria.[11] À direita do vestíbulo, encontrava-se a sala de espera, com um tecto em madeira em imitação de castanho, completando a simulação das salas portuguesas daquelas épocas.[11] Ainda dentro do edifício da estação, encontrava-se um espaço para guardar bagagens, um gabinete para o chefe da estação e outro para as comunicações telefónicas, e a bilheteira com um guichet para o vestíbulo.[11] O gabinete do chefe de estação tinha uma porta directa para o corpo onde se encontravam as habitações, para mais depressa se apresentar em caso de necessidade.[11] Este edifício era composto por quatro compartimentos, uma cozinha e uma retrete, com um quarto no rés-do-chão para o chefe de estação e outro para albergar funcionários graduados dos caminhos de ferro que prestassem serviço eventual na estação.[11] O piso superior era destinado aos dois factores da estação e às suas famílias.[11] Anexas a este edifício, estavam as instalações sanitárias para os passageiros, sendo fornecidas por água a pressão pelo reservatório para as locomotivas, construído em cimento armado.[11] A gare em frente do edifício da estação estava coberta por um alpendre, suportado por colunas em granito.[11]
Instalações de mercadorias e acessórias
editarLigado à gare de passageiros, foi construído um cais descoberto para mercadorias com um armazém, tendo sido planeado de forma a permitir o acesso de vagões por um lado, e de veículos automóveis pelo outro.[11] O pátio de mercadorias foi construído de forma a facilitar as manobras dos camiões para se alinharem ao cais.[11] Devido à previsão de um grande movimento de gados pela estação, foram instalados um curral e uma curraleta, para facilitarem as operações de embarque e desembarque dos animais.[11]
A estação contava igualmente com um conjunto de seis moradias para outros trabalhadores, paralelas à estrada de acesso.[11] Estes edifícios foram construídos no estilo típico alentejano, com paredes brancas, janelas pintadas de azul e beirados tradicionais.[11] Junto às casas, foram reservados talhões de terreno, para os funcionários fazerem as suas plantações.[11]
Ver também
editarReferências
- ↑ a b c d e f SOUSA, José Fernando de (1 de Fevereiro de 1937). «Abertura do novo troço da Linha de Portalegre» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 49 (1179). p. 75-77. Consultado em 16 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ TEIXEIRA, Augusto César Justino (1 de Setembro de 1903). «Evora a Ponte de Sôr» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (377). p. 295-297. Consultado em 16 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ SOUSA, José Fernando de (1 de Dezembro de 1902). «A rêde ferro-viaria ao Sul do Tejo» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 15 (356). p. 354-356. Consultado em 16 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Linhas Portuguesas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (369). 1 de Maio de 1903. p. 153. Consultado em 16 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ a b «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (371). 1 de Junho de 1903. p. 178-190. Consultado em 16 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Linhas do Valle do Sorraia» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (370). 16 de Maio de 1903. p. 164. Consultado em 16 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ SOUSA, José Fernando de (16 de Dezembro de 1926). «A revisão do plano ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 15 (936). p. 361-362. Consultado em 16 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ a b «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (375). 1 de Agosto de 1903. p. 263-274. Consultado em 16 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (382). 16 de Novembro de 1903. p. 377-378. Consultado em 16 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ SOUSA, José Fernando de (1 de Janeiro de 1932). «Um Decreto Importante» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 45 (1057). p. 10-11. Consultado em 16 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w «Linha de Portalegre: Estação de Fronteira» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 46 (1083). 1 de Fevereiro de 1933. p. 78-80. Consultado em 12 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ TORRES, Carlos Manitto (16 de Março de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 71 (1686). p. 133-140. Consultado em 16 de Junho de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa
- ↑ «CP encerra nove troços ferroviários». Diário de Lisboa. Ano 69 (23150). Lisboa: Renascença Gráfica. 3 de Janeiro de 1990. p. 17. Consultado em 11 de Março de 2021 – via Casa Comum / Fundação Mário Soares
Ligações externas
editar- «Galeria de fotografias da Estação de Fronteira, no sítio electrónico Railfaneurope» (em inglês)
- «Página sobre a Estação de Fronteira, no sítio electrónico Wikimapia»
- Estação Ferroviária de Fronteira na base de dados SIPA da Direção-Geral do Património Cultural