Estação Leopoldina
A Estação Barão de Mauá (também chamada Estação Leopoldina) é um terminal ferroviário, inaugurado em 6 de novembro de 1926 pela Estrada de Ferro Leopoldina, no Rio de Janeiro, que leva o nome de Barão de Mauá. A instalação foi fechada para passageiros em fevereiro de 2001, durante um acidente ocorrido em sua garagem e após o remanejamento destes para o terminal D. Pedro II (Estação Central do Brasil), quando tinha seu direito de uso cedido à SuperVia.
Estação Barão de Mauá Estação Leopoldina | |||||||||||||||||||
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O prédio da estação (detalhe da fachada) em 2012. | |||||||||||||||||||
Uso atual | Abandonada | ||||||||||||||||||
Administração | Supervia Governo do estado do Rio de Janeiro | ||||||||||||||||||
Linha | Linha do Norte (Estrada de Ferro Leopoldina) (1926-2001) | ||||||||||||||||||
Código | RJ-1291 | ||||||||||||||||||
Sigla | BMA | ||||||||||||||||||
Posição | Superfície | ||||||||||||||||||
Níveis | 1 | ||||||||||||||||||
Plataforma | Central (4) | ||||||||||||||||||
Altitude | 3m | ||||||||||||||||||
Informações históricas | |||||||||||||||||||
Inauguração | 6 de dezembro de 1926 (98 anos) | ||||||||||||||||||
Fechamento | fevereiro de 2001 (23 anos) (Como Estação de Trens Urbanos) | ||||||||||||||||||
Projeto arquitetônico | Robert Prentice | ||||||||||||||||||
Localização | |||||||||||||||||||
Localização da Estação Barão de Mauá | |||||||||||||||||||
Localização | Estação Leopoldina | ||||||||||||||||||
Endereço | Rua Francisco Eugênio, s/n, Praça da Bandeira | ||||||||||||||||||
Município | Rio de Janeiro, RJ | ||||||||||||||||||
País | Brasil | ||||||||||||||||||
Próxima estação | |||||||||||||||||||
Sentido Centro
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História
editarA linha que unia a Zona Central do Rio de Janeiro a Petrópolis e a Três Rios, foi construída por empresas diferentes em tempos diferentes. Uma pequena parte dela é a mais antiga do Brasil, construída pelo Barão de Mauá em 1854 e que unia o Porto de Mauá (Guia de Pacobaíba) à Estação de Raiz da Serra (Vila Inhomirim). O trecho entre esta última e a Estação de Piabetá foi incorporada pela E. F. Príncipe do Grão-Pará, que construiu o prolongamento até Petrópolis e Areal entre os anos de 1883 e 1886. Finalmente a Estação de Areal foi unida à de Três Rios em 1900, já pela Leopoldina.
O trecho entre a Estação de São Francisco Xavier, na Central do Brasil, e de Piabetá foi entregue entre 1886 e 1888 pela chamada E. F. Norte, que neste último ano foi comprada pela R. J. Northern Railway. Finalmente, em 1890, a linha toda passou para o controle da Leopoldina. Em 1926, a linha foi estendida finalmente até a Estação Barão de Mauá, aberta naquele ano, eliminando-se a baldeação em São Francisco Xavier. O trecho entre Vila Inhomirim e Três Rios foi suprimido em 5 de novembro de 1964. Segue operando para trens metropolitanos todo o trecho entre o Centro do Rio de Janeiro e Vila Inhomirim.
Construção
editarA Estação Barão de Mauá[1], cujo nome homenageou o pioneiro da ferrovia no Brasil, foi inaugurada em 1926, dezessete anos depois do início das discussões e pedidos de autorização para a sua construção. Desenhada pelo arquiteto escocês Robert Prentice, que projetou também o Palácio da Cidade, sede da prefeitura, em Botafogo. O engenheiro Hélio Suevo, autor do livro “A formação das estradas de ferro no Rio de Janeiro”, diz que a estação é um exemplar da arquitetura eduardiana no Brasil, inspirada em construções palacianas inglesas. De estilo eclético, o prédio, no entanto, é assimétrico, já que não foram seguidos à risca os traços do escocês. Sua parte central só tem continuidade para o lado direito. Ficou faltando o lado esquerdo, previsto no projeto original.
A linha da Leopoldina começava na Estação São Francisco Xavier, da Central do Brasil, o que forçava os passageiros à baldeação, devido à diferença de bitolas. A história das idas e vindas para a construção da estação é bastante complicada, mas acabou por gerar uma discussão acerca de se a estação deveria ter sido construída comportando espaço para a Linha Auxiliar da Central do Brasil e da Rio D'Ouro, as duas também de bitola métrica. Em 1934, a discussão acabou com a vitória da Leopoldina: a estação só serviria mesmo a ela, visto que o Governo, dono da Central e da Rio d'Ouro, não havia cumprido a promessa de também pagar sua parte na sua construção.
Entre 1909 e 1926, a Leopoldina utilizou uma estação provisória para o embarque em suas linhas, que haviam sido prolongadas por volta de 1910 até a Praia Formosa.
Desde sua inauguração até a primeira metade da década de 1980, a estação foi um dos principais terminais fluminenses de trens de longo percurso, sobretudo os que ligavam a capital ao norte fluminense e aos estados de Minas Gerais e do Espírito Santo.[2][3][4]
Em 1994, a estação passou a receber e ser oficialmente a terminal dos antigos trens de aço Santa Cruz, agora reformados e batizados com o nome de Trem de Prata, que ligavam o Rio de Janeiro à São Paulo, cujo trajeto finalizava-se na Estação da Barra Funda da antiga Estrada de Ferro Santos-Jundiaí. O Trem de Prata esteve em atividade até novembro de 1998.
A estação deixou de ser utilizada definitivamente para embarque de passageiros desde o início do século XXI, com todos os passageiros sendo transferidos para a Estação Dom Pedro II (atual Central do Brasil), da antiga Estrada de Ferro Central do Brasil. Desde então, está fechada e abandonada, existindo hoje projetos para a sua transformação em museu ou centro comercial.
Fechamento
editarA Estação Barão de Mauá foi fechada para passageiros em fevereiro de 2001, após um acidente onde um TUE, vindo da Estação São Cristóvão, perdeu o controle dos freios e colidiu com uma das pilastras da plataforma de embarque e desembarque de passageiros.[5] Pouco tempo antes, no entanto, houve o remanejamento das composições do Ramal de Gramacho para o terminal D. Pedro II (Estação Central do Brasil), quando tinha seu direito de uso cedido à SuperVia. Atualmente, o terminal está com seu pavimento térreo, plataformas e todo o terreno ao redor, pertencendo ao governo do estado do Rio de Janeiro, é utilizado em parte como depósito de trens antigos sucateados. Ela em si, fica a maior parte do tempo vazia e fechada.
Na sala 106 no andar térreo da estação está localizada a AFERJ - Associação de Ferromodelismo do Rio de Janeiro por cessão da AEEFL, Associação dos Engenheiros da Estrada de Ferro Leopoldina (ver: Ferromodelismo). A AFERJ funciona todas as 3as. e 5as. feiras das 14 as 18 horas e aos sábados das 9 as 18 horas. No sábado os associados levam seus trens em miniatura e os operam na maquete da Associação que possui 5 linhas independentes com cerca de 300 metros de trilhos e totalmente decorada. O acesso é gratuito e existe estacionamento grátis para os visitantes. No prédio também há salas destinadas à Polícia Ferroviária Federal, SESEF (Serviço Social das Estradas de Ferro), e, Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística. Existe também uma rica biblioteca com inúmeras plantas baixas ferroviárias, e ainda no terreno da estação um stand de tiro pertencente a PFF. Muitos ainda sonham com a reabertura da estação de Leopoldina para que volte a ser uma estação de trem com os ramais da SuperVia.
Em dezembro de 2015, o secretário municipal de transportes do Rio de Janeiro confirmou que venderia o antigo prédio da secretaria de transportes da cidade, na época localizado em um endereço nobre no bairro de Copacabana para se instalar com seu gabinete no prédio antigo. E teve suas instalações transferidas e permaneceu até a troca do Secretário.[6][7]
No cinema
editarA Estação Leopoldina foi um dos cenários externos do filme de 1988, Romance da Empregada, dirigido por Bruno Barreto e protagonizado por Betty Faria.[8]
A estação do trem bala brasileiro
editarQuando cogitou-se a construção da linha TAV trem-bala Rio de Janeiro-São Paulo, estava definida a construção das plataformas de embarque e desembarque do TAV na Estação Leopoldina. O projeto TAV-Brasil foi cancelado.
Linha | Terminais | Estações | Principais destinos | Duração das viagens (min) | Intervalo entre trens (min) | Previsão |
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TAV TAV Brasil |
Rio de Janeiro ↔ São Paulo ↔ Campinas | 3 | São Paulo, Rio de Janeiro | 2025 |
Revitalização
editarEm fevereiro de 2024, o Presidente Lula assinou acordo de cooperação com o então prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, por meio do qual a União cedeu a gestão da estação ao município para a restauração do espaço.[9]
Paes disse que o prédio deve ser usado por institutos federais ao passo que na parte de trás do edificío devem ser construídos um centro de convenções e a Cidade do Samba 2, destinada a abrigar os galpões das escolas de samba da Série Ouro, além de um projeto habitacional do programa Minha Casa, Minha Vida e de um Ginásio Educacional Tecnológico. Paes disse ainda não haver um prazo para a entrega dos projetos.[9]
Referências
editar- ↑ «Barão de Mauá». Estações Ferroviária do Estado do Rio de Janeiro. Consultado em 30 de janeiro de 2012
- ↑ Gerodetti, João Emilio; Cornejo, Carlos (2005). As ferrovias do Brasil nos cartões-postais e álbuns de lembranças. [S.l.]: Solaris Editorial
- ↑ FABRIS, Júlio. «ACABA a viagem de trem para Cachoeiro.». www.ijsn.es.gov.br. Consultado em 13 de fevereiro de 2023
- ↑ «A Enciclopédia Campista - No domingo, 6 de maio de 1984, o Jornal O Fluminense, noticiava a última viagem do famoso trem noturno que saia da Estação Barão de Mauá no Rio de Janeiro e chegava na Estação da Leopoldina em Campos. | Facebook». www.facebook.com. Consultado em 13 de fevereiro de 2023
- ↑ «Acidente de trem deixa 13 feridos no Rio - Diário do Grande ABC - Notícias e informações do Grande ABC: nacional». Jornal Diário do Grande ABC. Consultado em 13 de fevereiro de 2023
- ↑ Secretaria de Transportes se mudará para antiga Estação Leopoldina
- ↑ Secretaria estadual de Transportes do Rio é transferida para a estação da Leopoldina[ligação inativa]
- ↑ Bahia, Por Marcia. «'Grandes Cenas': Betty Faria conta como foi ficar molhada em 'Romance da Empregada'». Lu Lacerda | iG. Consultado em 13 de fevereiro de 2023
- ↑ a b «União e Prefeitura do Rio fecham acordo para restauração da Estação Leopoldina». G1. 26 de fevereiro de 2024. Consultado em 26 de fevereiro de 2024
Referências externas
editar- Percurso virtual da Estação Barão De Mauá - Estação Leopoldina Produzido pelo Acervo Caroline Lorraine