Estação Ferroviária de Portimão
A Estação Ferroviária de Portimão é uma interface da Linha do Algarve, que serve a localidade de Portimão, no Distrito de Faro, em Portugal.
Portimão | ||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
dístico de Portimão, em 2014 | ||||||||||||||
Identificação: | 90290 PAO (Portimão)[1] | |||||||||||||
Denominação: | Estação Satélite de Portimão | |||||||||||||
Administração: | Infraestruturas de Portugal (sul)[2] | |||||||||||||
Classificação: | ES (estação satélite)[1] | |||||||||||||
Tipologia: | C [2] | |||||||||||||
Linha(s): | Linha do Algarve (PK 330+281) | |||||||||||||
Altitude: | 10 m (a.n.m) | |||||||||||||
Coordenadas: | 37°8′40.71″N × 8°32′15.01″W (=+37.14464;−8.5375) | |||||||||||||
| ||||||||||||||
Município: | Portimão | |||||||||||||
Serviços: | ||||||||||||||
| ||||||||||||||
Conexões: | ||||||||||||||
Equipamentos: | ||||||||||||||
Inauguração: | 30 de julho de 1922 (há 102 anos) | |||||||||||||
Website: |
Descrição
editarLocalização e acessos
editarEsta gare situa-se junto ao Largo Engenheiro Serra Prado,[3][4] na zona norte da cidade de Portimão, distante mais de um quilómetro do seu centro (Tribunal).[5]
A estação tem uma praça de táxis no seu exterior[6] e várias carreiras de autocarros, intra- e inter-municipais, têm paragem a uma distância de cerca de 200 m.[7]
O terminal de camionagem de médio e longo curso de Portimão situa-se a nordeste da estação — a menos de meio quilómetro em linha reta[8] mas ao triplo desta distância de caminho efetivo, dada a falta de acesso direto.[9] Esta infraestutura substituiu[quando?] a anterior gare intermodal, que congregava o transbordo de passageiros rodo-ferroviários no terreno imediatamente a norte da estação, contíguo à via férrea e entretanto abandonado.[9]
Infraestrutura
editarEsta interface apresenta duas vias de circulação, identificadas como I e II, ambas com 352 m de extensão e acessíveis por plataforma de 110 m de comprimento e 685 mm de altura; existe ainda uma via secundária, identificada como III, com comprimento de 85 m.[2]
Edifício da estação
editarO edifício de passageiros situa-se do lado sul da via (lado direito do sentido ascendente, para Vila Real de Santo António).[10][11] Apresenta um traço simples, revestido de lambril de azulejos com decoração vegetalista.[12] O interior do edifício encontra-se revestido por um lambril de azulejos de pó-de-pedra, com meio relevo, do estilo típico da Arte Nova.[12] Estes azulejos, de padrão, são rematados por um friso próprio e placas onduladas.[12] O conjunto interior, de estilo policromático, encontra-se coberto por um vidrado, de modo a lhe conferir um brilho vistoso.[12]
Serviços
editarEm dados de 2023, esta interface é servida por comboios de passageiros da C.P. de tipo regional tipicamente com dez circulações diárias em cada sentido entre Lagos e Faro.[13]
História
editarConstrução do Ramal de Portimão
editarEm 1 de Julho de 1889, é inaugurada a ligação ferroviária do Barreiro a Estação Ferroviária de Faro via Beja, pela então denominada Linha do Sul.[14] Para servir a localidade de Portimão, começou-se a construir um ramal a partir de Tunes, que foi aberto em troços sucessivos, tendo a via férrea chegado a Algoz em 10 de Julho de 1889, e a Silves em 1 de Fevereiro de 1902.[15]
A construção do Ramal de Portimão foi terminada com a abertura do troço entre Silves e a estação provisória de Portimão, em 15 de Fevereiro de 1903.[16] Devido ao difícil relevo naquela zona, a linha manteve-se sempre a Sul do Rio Arade, pelo que a estação original de Portimão situava-se na margem esquerda, em Ferragudo.[15]
Construção da ligação ferroviária até Lagos
editarEm 20 de Março de 1900, o engenheiro António da Conceição Parreira planeou a continuação do Ramal de Portimão, a partir de Ferragudo, até Lagos, que incluía a instalação de uma nova estação de Portimão, na margem direita do Rio Arade.[15] No entanto, a construção foi sendo progressivamente adiada, devido à sua reduzida importância em relação a outros projectos de caminhos de ferro em Portugal, e aos elevados custos de construção da ponte sobre o Arade, entre outros factores.[16] Devido a pressão popular,[17] em 30 de Julho de 1922 foi inaugurado o troço até Lagos[16], incluindo uma nova gare ferroviária junto à localidade de Portimão.[18] A antiga interface passou a denominar-se Ferragudo-Parchal.[18]
Em 5 de Junho de 1921, a Revista de Turismo noticiou que o engenheiro Leote Tavares tinha pedido licença para instalar um caminho de ferro eléctrico entre a estação de Portimão e a Praia da Rocha, facilitando o acesso àquele destino balnear.[19]
A estação nos primeiros anos
editarEm 1926, foi montada uma marquise metálica sobre a gare em frente ao edifício principal, melhoramento que tinha sido pedido pelos passageiros desde a sua inauguração.[12] Os passageiros desta estação queixaram-se da lentidão e atrasos constantes dos serviços, desde a sua abertura, pelo que em Fevereiro de 1929 passou a circular diariamente um serviço rápido.[20] Em 1934, a Comissão Administrativa do Fundo Especial de Caminhos de Ferro aprovou obras de rebaixamento das vias II e III desta estação.[21]
Esta estação é a última das quatro referidas por Fernando Pessoa no seu poema “Anti-Gazetilha” (Sol 1926.11.13; mais tarde incluída como “O Comboio Descendente” em numerosas antologias e musicada nos anos 1980 por Zé Mário Branco), que descreve um sinuoso e improvável «comboio descendente» que segue de «Queluz à Cruz Quebrada», «da Cruz Quebrada a Palmela», e «de Palmela a Portimão».[22][23]
Durante o século XX, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses organizou várias excursões até à Praia da Rocha, sendo o transporte feito de comboio até Portimão; quando os excursionistas chegavam à estação, eram recebidos com vários festejos.[24] A frequência destas excursões aumentou consideravelmente após 1934.[24] Em 1945, o edifício principal da estação foi decorado, para comemorar o fim da Segunda Guerra Mundial.[25]
Até à construção do Jardim de Sárrea Prado, em 1947, os terrenos em redor da estação constituíam um espaço alagadiço e insalubre.[25] Durante o século XX, esta estação foi utilizada para embarcar cortiça, em grandes quantidades.[26] Junto à estação existiam dois depósitos de petróleo, abastecidos pelos comboios, onde os vendedores ambulantes iam buscar este combustível para o distribuírem.[25]
Século XXI
editarDurante a Festa do Basquetebol Juvenil em Portimão, em Março de 2008, várias equipas desembarcaram na estação de Portimão.[27] Nesse ano, a autarquia de Portimão estava a planear a substituição da estação por uma nova gare rodo-ferroviária, que resolvesse os problemas de funcionalidade e conforto, especialmente em termos da altura das plataformas, que dificultavam o acesso a pessoas de mobilidade reduzida.[28]
Em Outubro de 2009, a empresa Comboios de Portugal disponibilizou transporte gratuito de todas as estações e apeadeiros no Algarve até Portimão, para participarem na Mamaratona, um evento desportivo de beneficência.[29]
Em 2004, esta estação tinha a tipologia D da Rede Ferroviária Nacional e duas vias de circulação[30], tendo cada uma, em 2009, 347 m de extensão; eram servidas por duas plataformas, tendo uma 132 m de extensão e 55 cm de altura, e a segunda, 103 m de extensão e 45 cm de altura.[31] Em Janeiro de 2011, as duas vias de circulação já tinham sido ambas aumentadas para 354 m de comprimento; a primeira plataforma passou a ter 154 m de extensão e 45 cm de altura, enquanto que a segunda foi alterada para 160 m de comprimento e 40 cm de altura[32] — valores mais tarde[quando?] ampliados para os atuais.[2]
Ver também
editarReferências
- ↑ a b (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
- ↑ a b c Diretório da Rede 2024. I.P.: 2022.12.09
- ↑ «Portimão». Comboios de Portugal. Consultado em 27 de Julho de 2016
- ↑ «Portimão - Linha do Algarve». Infraestruturas de Portugal. Consultado em 27 de Julho de 2016
- ↑ OpenStreetMaps / GraphHopper. «Cálculo de distância pedonal (37,14440; −8,53756 → 37,13356;−8,53849)». Consultado em 15 de maio de 2023: 1360 m: desnível acumulado de +22−12 m
- ↑ Página oficial (C.P.)
- ↑ OpenStreetMaps / GraphHopper. «Cálculo de distância pedonal (37,14440; −8,53757 → 37,14303;−8,53742)». Consultado em 15 de maio de 2023: 198 m: desnível acumulado de +6−0 m
- ↑ Distância loxodrómica entre +37,14462; −8,53745 e +37,14684; −8,53554 = 314 m
- ↑ a b OpenStreetMaps / GraphHopper. «Cálculo de distância pedonal (37,14447; −8,53755 → 37,14715;−8,53489)». Consultado em 15 de maio de 2023: 1010 m: desnível acumulado de +12−12 m
- ↑ (anónimo): Mapa 20 : Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1985), CP: Departamento de Transportes: Serviço de Estudos: Sala de Desenho / Fergráfica — Artes Gráficas L.da: Lisboa, 1985
- ↑ Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1988), C.P.: Direcção de Transportes: Serviço de Regulamentação e Segurança, 1988
- ↑ a b c d e VENTURA, 1993:92
- ↑ Horário dos Comboios : Vila Real de S. António ⇄ Lagos («horário em vigor desde 2022.12.11»). Esta informação refere-se aos dias úteis.
- ↑ SANTOS, 1997:181
- ↑ a b c «Silves a Portimão» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (361). 1 de Janeiro de 1903. p. 3-4. Consultado em 18 de Julho de 2012
- ↑ a b c TORRES, Carlos Manitto (1 de Fevereiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 70 (1683). p. 76-78. Consultado em 7 de Fevereiro de 2014
- ↑ VASQUES, José. «A Meia Praia». Centro de Estudos Marítimos e Arqueológicos de Lagos. Consultado em 26 de Fevereiro de 2010. Arquivado do original em 5 de setembro de 2014
- ↑ a b CABRITA, Aurélio (13 de Setembro de 2007). «Recordar a Inauguração do Ramal de Caminho de ferro de Silves a Portimão». Barlavento Online. Consultado em 21 de Fevereiro de 2010. Arquivado do original em 21 de dezembro de 2009
- ↑ «Melhoramentos locaes» (PDF). Revista de Turismo. Ano VI (120). Lisboa. 5 de Junho de 1921. p. 181. Consultado em 24 de Junho de 2024 – via Hemeroteca Municipal de Lisboa
- ↑ DUARTE, 2003:182
- ↑ «Conselho Superior de Caminhos de Ferro» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 46 (1113). 1 de Maio de 1934. p. 248. Consultado em 24 de Abril de 2013
- ↑ Jerónimo Pizarro: “Sobre a primeira gazetilha de Álvaro de Campos” Pessoa Plural 1: 320-334. ISSN 2212-4179
- ↑ Alice Áurea Penteado Martha: “Fernando Pessoa e Cecília Meireles: o encontro entre poesia e criança” Espéculo: Revista de estudios literarios (Universidad Complutense de Madrid) 30
- ↑ a b DUARTE, 2003:177
- ↑ a b c VENTURA, 1993:93
- ↑ CAVACO, 1976:369
- ↑ PIRES, Edgar (25 de Março de 2008). «Festa do Basquetebol juvenil em Portimão». Região Sul. Consultado em 28 de Fevereiro de 2010. Arquivado do original em 21 de fevereiro de 2014
- ↑ «Relatório de Análise e Diagnóstico – Município de Portimão» (PDF). Lisboa: Laboratório Nacional de Engenharia Civil. Fevereiro de 2008. Consultado em 27 de Julho de 2016. Arquivado do original (PDF) em 4 de outubro de 2009
- ↑ «Esperadas 2500 pessoas na Mamamaratona 9 na Zona Ribeirinha de Portimão». Região Sul. 15 de Outubro de 2009. Consultado em 26 de Fevereiro de 2010. Arquivado do original em 25 de setembro de 2013
- ↑ «Classificação de Estações e Apeadeiros de acordo com a sua utilização». Directório da Rede Ferroviária Portuguesa 2005. Rede Ferroviária Nacional. 13 de Outubro de 2004. p. 81-83
- ↑ «Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2010. Rede Ferroviária Nacional. 22 de Janeiro de 2009. p. 67-90
- ↑ «Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2012. Rede Ferroviária Nacional. 6 de Janeiro de 2011. p. 71-85
Bibliografia
editar- CAVACO, Carminda (1976). O Algarve Oriental: As Vilas, O Campo e o Mar. II. Faro: Gabinete de Planeamento da Região do Algarve. 492 páginas
- DUARTE, Maria (2003). Portimão: Industriais Conserveiros na Primeira Metade do Século XX. Lisboa: Edições Colibri. 232 páginas
- SANTOS, Luís (1997). Faro: um Olhar sobre o Passado Recente (Segunda Metade do Século XIX). Faro: Câmara Municipal. 201 páginas
- VENTURA, Maria da Graça Mateus; MARQUES, Maria da Graça Maia (1993). Portimão. Lisboa: Editorial Presença. 130 páginas. ISBN 972-23-1710-5