Estação Ferroviária de Tomar
A Estação Ferroviária de Tomar (nome anteriormente grafado como "Thomar")[4] é a gare terminal do Ramal de Tomar, que serve a cidade de Tomar, no Distrito de Santarém, em Portugal. Entrou ao serviço em 24 de Setembro de 1928.[5]
Tomar | ||||||||||||||||
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panorâmica da estação de Tomar em 2019, incluindo (à direita) a desativada área de mercadorias | ||||||||||||||||
Identificação: | 40154 TOM (Tomar)[1] | |||||||||||||||
Denominação: | Estação Satélite de Tomar | |||||||||||||||
Administração: | Infraestruturas de Portugal (até 2020: centro;[2] após 2020: sul)[3] | |||||||||||||||
Classificação: | ES (estação satélite)[1] | |||||||||||||||
Tipologia: | C [3] | |||||||||||||||
Linha(s): | Ramal de Tomar (PK 14+731) | |||||||||||||||
Altitude: | 55 m (a.n.m) | |||||||||||||||
Coordenadas: | 39°35′54.42″N × 8°24′45.47″W (=+39.59845;−8.41263) | |||||||||||||||
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Município: | Tomar | |||||||||||||||
Serviços: | ||||||||||||||||
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Conexões: | ||||||||||||||||
Equipamentos: | ||||||||||||||||
Inauguração: | 24 de setembro de 1928 (há 96 anos) | |||||||||||||||
Website: |
Descrição
editarLocalização e acessos
editarEsta gare situa-se junto à Avenida dos Combatentes da Grande Guerra, no quadrante sudoeste da cidade de Tomar, distando do seu centro (Praça da República) menos de um quilómetro.[6]
Infraestrutura
editarEsta interface apresenta quatro vias de circulação, numeradas de I a IV, com comprimentos entre 207 e 230 m e todas, exceto a via II, acessíveis por plataformas de 215 m de comprimento e 90 cm de altura; em dados de 2022, não são oficialmente indicadas quaisquer vias secundárias,[3] numa configuração assaz reduzida em comparação com a de décadas anteriores.[7] O edifício de passageiros, concebido por Cottinelli Telmo em 1928, apresenta uma volumetria austera e uma formalização clássica, que se integrava na arquitectura tradicionalista e nacionalista do Estado Novo.[8] Situa-se ao topo da via,[9][10] já que esta foi concebida como estação terminal.[11][8]
Serviços
editarA estação é utilizada pelos comboios Regionais e InterRegionais da C.P.[12]
História
editarAntecedentes, planeamento e inauguração
editarEm 1844, Benjamim de Oliveira, que foi um dos primeiros defensores da introdução do caminho de ferro em Portugal, propôs a construção de várias linhas, incluindo uma de Lisboa a Tomar; no entanto, estes projectos foram cancelados com a criação da Companhia das Obras Públicas de Portugal, que por seu turno, seria dissolvida após a Revolução da Maria da Fonte.[13]
Antes da chegada dos caminhos de ferro, as comunicações na região industrial compreendida entre Torres Novas, Tomar e Abrantes eram muito primitivas, sendo o principal meio de transporte as embarcações fluviais,[14] ao longo dos rios Nabão, Zêzere e Tejo.[15] Com efeito, durante a discussão do traçado da futura Linha do Norte, em Abril de 1857, a autarquia de Peniche defendeu que a linha férrea devia passar pela região litoral, uma vez que no interior já existiam os eixos fluviais.[15]
Em 1911, foi criada uma comissão regional para reivindicar a construção de uma linha de Tomar a Rio Maior, passando por Torres Novas.[16]
Em 18 de Julho de 1913, a autarquia de Tomar foi autorizada a construir um caminho de ferro a partir de Paialvo, na Linha do Norte,[17] tendo o projecto sido posteriormente alterado para Lamarosa.[11] Assim, este ramal entrou ao serviço em 24 de Setembro de 1928, originalmente com a denominação de Caminho de Ferro de Lamarosa a Tomar.[11] O edifício de passageiros foi construído em 1931.[8]
Ligação planeada à Nazaré
editarEm 1913, a câmara dos deputados autorizara igualmente a instalação de um caminho de ferro de Tomar à Nazaré, passando pelo Entroncamento; no entanto, as obras não chegaram a ser iniciadas, uma vez que entretanto já tinha sido dada a concessão do Ramal de Tomar à autarquia.[18] Em 15 de Novembro de 1926, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses apresentou ao estado uma proposta para construir um caminho de ferro de via estreita de Tomar à Nazaré, com um ramal para Leiria.[19]
Década de 1930
editarEm 7 de Maio de 1939, foi realizado um comboio especial de Lisboa a Tomar, para a festa anual de confraternização do antigo Batalhão de Sapadores de Caminhos de Ferro.[20][21]
Décadas de 1950 a 1990
editarNo âmbito do II Plano de Fomento, nas décadas de 1950 e 1960[22] a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses projectou a electrificação de vários troços, incluindo o Ramal de Tomar.[23]
Em Dezembro de 1992, a Associação Portuguesa dos Amigos dos Caminhos de Ferro realizou um serviço especial até Tomar, rebocado pela locomotiva a vapor 0187.[24]
Século XXI
editarEm 2009, a Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor realizou um estudo sobre o atendimento nos balcões de várias gares ferroviárias, tendo a estação de Tomar sido avaliada como medíocre.[25]
Em Janeiro de 2011, esta interface dispunha de quatro vias de circulação, todas com 210 m de comprimento, enquanto que as plataformas tinham todas 215 m de extensão, e 90 cm de altura[26] — valores mais tarde[quando?] alterados para os atuais.[3]
Ver também
editarReferências
- ↑ a b (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
- ↑ Diretório da Rede 2021. IP: 2019.12.09
- ↑ a b c Diretório da Rede 2024. I.P.: 2022.12.09
- ↑ GUIMARÃES, Vieira (2012) [1912]. A trilogia monumental de Alcobaça, Batalha, Thomar e o caminho de ferro. Tomar: Heart Books. 138 páginas. ISBN 978-989-98001-0-6
- ↑ MARTINS et al, 1996:257
- ↑ «Cálculo de distância pedonal (39,59895; −8,41319 → 39,60352; −8,41507)». OpenStreetMaps / GraphHopper. Consultado em 20 de novembro de 2023: 610 m: desnível acumulado de +9−5 m
- ↑ “Sinalização da estação de Tomar” (diagrama anexo à I.T. n.º 28), 1971
- ↑ a b c MARTINS et al, 1996:129
- ↑ (anónimo): Mapa 20 : Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1985), CP: Departamento de Transportes: Serviço de Estudos: Sala de Desenho / Fergráfica — Artes Gráficas L.da: Lisboa, 1985
- ↑ Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1988), C.P.: Direcção de Transportes: Serviço de Regulamentação e Segurança, 1988
- ↑ a b c TORRES, Carlos Manitto (16 de Fevereiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 70 (1684). p. 91-95. Consultado em 9 de Dezembro de 2014
- ↑ Comboios de Portugal (25 de setembro de 2016). «COMBOIOS REGIONAIS > Ramal de Tomar» (PDF). Consultado em 17 de novembro de 2016
- ↑ AGUILAR, Busquets de (1 de Junho de 1949). «A Evolução História dos Transportes Terrestres em Portugal» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 62 (1475). p. 383-393. Consultado em 17 de Novembro de 2015
- ↑ ROCHA, p. 36
- ↑ a b SILVA et al, p. 295
- ↑ ROCHA, p. 21
- ↑ MARTINS et al, 1996:252
- ↑ MARQUES, p. 111
- ↑ MARTINS et al, 1996:256
- ↑ «Batalhão de Sapadores de Caminhos de Ferro: A sua festa em Tomar» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 51 (1233). 1 de Maio de 1939. p. 238. Consultado em 17 de Novembro de 2015
- ↑ Ornellas, Carlos de (16 de Maio de 1939). «O Batalhão de Sapadores de Caminhos de Ferro e a recepção que proporcionou aos Combatentes a Cidade de Tomar» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 51 (1234). p. 249-252. Consultado em 17 de Novembro de 2015
- ↑ MARTINS et al, p. 267-269
- ↑ SARAIVA e GUERRA, p. 167
- ↑ «Concurso Fotografico». Maquetren (em espanhol). 4 (33). Madrid: A. G. B., s. l. 1995. p. I-V. ISSN 1132-2063
- ↑ «Estações de comboio de Vila Franca de Xira chumbadas pela DECO». O Mirante. 1 de Outubro de 2009. Consultado em 3 de Março de 2016
- ↑ «Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2012. Rede Ferroviária Nacional. 6 de Janeiro de 2011. p. 71-85
Bibliografia
editar- MARQUES, Ricardo (2014). 1914: Portugal no Ano da Grande Guerra 1ª ed. Alfragide: Oficina do Livro - Sociedade Editora, Lda. 302 páginas. ISBN 978-989-741-128-1
- MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. [S.l.]: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas
- ROCHA, Francisco Canais (2009). Para a História do Movimento Operário em Torres Novas. Durante a Monarquia e a I República (1862/1926). Torres Novas: Câmara Municipal. 221 páginas. ISBN 978-972-9151-72-9
- SARAIVA, José Hermano; GUERRA, Maria Luísa (1998). Diário da História de Portugal. 3. Lisboa: Difusão Cultural. 208 páginas
- SILVA, Carlos; ALARCÃO, Alberto; CARDOSO, António (1961). A Região a Oeste da Serra dos Candeeiros. Estudo económico-agrícola dos concelhos de Alcobaça, Nazaré, Caldas da Rainha, Óbidos e Peniche. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 767 páginas
Leitura recomendada
editar- GUIMARÃES, Vieira (2012) [1912]. A trilogia monumental de Alcobaça, Batalha, Thomar e o caminho de ferro. Tomar: Heart Books. 138 páginas. ISBN 978-989-98001-0-6
Ligações externas
editar- «Página com fotografias da Estação de Tomar, no sítio electrónico Railfaneurope» (em inglês)
- «Página com fotografias da Estação de Tomar, no sítio electrónico Railpictures» (em inglês)
- «Página sobre a Estação de Tomar, no sítio electrónico Wikimapia»
- Estação Ferroviária de Tomar na base de dados SIPA da Direção-Geral do Património Cultural