Estação Ferroviária de Vila Viçosa

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A Estação Ferroviária de Vila Viçosa, originalmente denominada de Villa Viçosa, foi uma interface do Ramal de Vila Viçosa, que servia a localidade de Vila Viçosa, no Distrito de Évora, em Portugal. Entrou ao serviço em 1905,[1] e foi encerrada em 2 de Janeiro de 1990.[2] Foi posteriormente convertida num espaço cultural, o Museu Agrícola e Etnográfico de Vila Viçosa, inaugurado em 11 de Janeiro de 2015.[3]

Vila Viçosa
Edifício da estação de Vila Viçosa, em 2013
Edifício da estação de Vila Viçosa, em 2013
Linha(s): Ramal de Vila Viçosa (PK 191,567)
Coordenadas: 38° 46′ 42,48″ N, 7° 25′ 32,28″ O
Município: Borba
Inauguração: 2 de Agosto de 1905
Encerramento: 2 de Janeiro de 1990
Painel de azulejos na estação de Vila Viçosa

Descrição

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A estação contava com vários painéis de azulejos, oriundos da Fábrica Sant'Anna.[4] Foram criados por Gilberto Renda em 1940, e retratam temas tradicionais da região do Alentejo e cenas da Restauração da Independência.[5]

História

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Nestes horários de 1916, a estação aparece com o nome original, Villa Viçosa

Antecedentes, planeamento e inauguração

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Durante o planeamento da Linha do Leste, nos primeiros anos dos caminhos de ferro em Portugal, o engenheiro Thomaz Rumball sugeriu um traçado que atravessaria o Rio Tejo no Carregado e seguiria pelo vale do Rio Sorraia, passando por Estremoz, Borba, Vila Viçosa e Elvas.[6] No entanto, esta proposta não foi aproveitada devido à oposição das autoridades militares, que a consideraram uma ameaça à defesa nacional, tendo em vez disso sido aprovado um outro traçado que criava um caminho menos directo entre Lisboa e a fronteira.[6] Após a inauguração da Linha do Leste, foi novamente proposta a construção de um lanço de Estremoz a Elvas, pelo capitão de engenharia Manuel Raymundo Valadas, num artigo na Revista das Obras Públicas e Minas.[7] Um dos principais motivos apontados para a instalação da linha era a sua passagem pelo fértil concelho de Vila Viçosa, que, em conjunto com o de Borba, formava uma das principais regiões vinícolas no Alentejo.[7]

Em 1900, o empresário John Clark foi autorizado pelo Ministério das Obras Públicas a apresentar o projecto para um caminho de ferro de tracção eléctrica entre Estremoz, Borba e Vila Viçosa.[8] No Plano da Rede ao Sul do Tejo, decretado em Novembro de 1902, que listava todas as linhas férreas que deveriam ser construídas, foi incluído o prolongamento da Linha de Évora até Elvas, na Linha do Leste, passando por Estremoz, Borba e Vila Viçosa.[9] Esta última deveria ser instalada a Sul daquela localidade, e devia dispor desde logo de todas as infra-estruturas necessárias a uma estação terminal, uma vez que se previa que seria o final provisório da linha até à sua continuação para Elvas.[9] Em 16 de Fevereiro de 1903, a Gazeta dos Caminhos de Ferro informou que estava prevista para breve a construção do Ramal de Vila Viçosa.[9]

O Ramal de Vila Viçosa entrou ao serviço em 1 de Agosto de 1905,[10] tendo a estação sido construída junto ao Campo do Carrascal.[11] Logo desde a sua abertura, esta estação foi inserida numa zona especial de tarifas de transportes de cortiça, com destino ao Barreiro.[12]

A família real fez várias viagens até Vila Viçosa, utilizando um comboio especial rebocado pela locomotiva D. Luiz.[13]

Em 1913, da estação de Vila Viçosa partia uma carreira de diligência até ao Alandroal.[14]

 
Antigas vias na estação de Vila Viçosa, em 2011

Continuação planeada até Elvas

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Em Dezembro de 1926, durante o processo para a contratação do arrendamento das linhas férreas do estado, a autarquia de Vila Viçosa propôs ao governo que uma das obrigações que deveriam ser incumbidos aos concessionários era a continuação da linha até de Vila Viçosa até Elvas.[7] Caso tivesse sido construída, a linha teria sido de grande utilidade nas comunicações entre as duas regiões do Alentejo, numa área que então sofria de problemas em termos de transportes rodoviários.[7] No ano seguinte, procedeu-se à realização dos estudos para a revisão dos planos ferroviários, tendo sido retomada a ideia de continuar a linha de Vila Viçosa até Elvas, mas esta proposta voltou a ser criticada pelas autoridades militares por motivos de defesa nacional, não tendo sido incluído no plano definitivo, publicado pelo Decreto 18:190, de 28 de Março de 1930.[15][16]

Em 1948, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses colocou ao serviço várias automotoras de origem sueca entre Casa Branca e Vila Viçosa, que tiveram bons resultados.[17] Na Década de 1950, a Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses organizou os Expressos Populares, uma série de comboios para fazer excursões a diversas partes do país, incluindo Vila Viçosa.[18]

Encerramento e conversão num museu

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Em 2 de Janeiro de 1990, foram encerrados os serviços de passageiros no Ramal de Vila Viçosa, como parte de um programa de reestruturação da empresa Caminhos de Ferro Portugueses.[2]

Em 11 de Janeiro de 2015 foi inaugurado o Museu Agrícola e Etnográfico de Vila Viçosa nas antigas instalações da estação ferroviária, que tinha como finalidade exibir vários instrumentos agrícolas e informar o público sobre diversas facetas do ambiente rural.[3] A Câmara Municipal procurou valorizar o espaço como uma porta de entrada para os visitantes da vila, tendo neste sentido realizado trabalhos de conservação dos azulejos na estação, através de uma parceria com a operadora Infraestruturas de Portugal, que foram concluídos em 2024.[5]

Ver também

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Referências

  1. SERRÃO, 1985:450
  2. a b «CP encerra nove troços ferroviários». Diário de Lisboa. Ano 69 (23150). Lisboa: Renascença Gráfica. 3 de Janeiro de 1990. p. 17. Consultado em 5 de Março de 2021 – via Casa Comum / Fundação Mário Soares 
  3. a b «Museu Agrícola e Etnográfico». Câmara Municipal de Vila Viçosa. 30 de Agosto de 2023. Consultado em 28 de Setembro de 2024 
  4. PEREIRA, 1995:419
  5. a b «Município quer ter na antiga estação de comboios "porta de entrada" para Vila Viçosa». Rádio Elvas. 28 de Setembro de 2024. Consultado em 28 de Setembro de 2024 
  6. a b ABRAGÃO, Frederico (16 de Junho de 1956). «No Centenário dos Caminhos de Ferro em Portugal: Algumas notas sobre a sua história» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 69 (1644). p. 249-255. Consultado em 6 de Maio de 2016 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  7. a b c d GAMA, Eurico (16 de Março de 1956). «Achegas para a História do Caminho de Ferro do Leste» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 69 (1638). p. 144-146. Consultado em 20 de Setembro de 2016 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  8. «Há 50 anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 63 (1507). 1 de Outubro de 1950. p. 355. Consultado em 8 de Fevereiro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  9. a b c «De Estremoz a Villa Viçosa» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 16 (364). 16 de Fevereiro de 1903. p. 53. Consultado em 8 de Fevereiro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  10. MARTINS et al, 1996:251
  11. «Linhas Portuguezas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 18 (423). 1 de Agosto de 1905. p. 234-235. Consultado em 8 de Fevereiro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  12. «Tarifas de Transporte» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 18 (423). 1 de Agosto de 1905. p. 230. Consultado em 8 de Fevereiro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  13. MARTINS et al, 1996:86
  14. «Serviço de Diligencias». Guia official dos caminhos de ferro de Portugal. Ano 39 (168). Outubro de 1913. p. 152-155. Consultado em 9 de Fevereiro de 2018 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  15. SOUSA, José Fernando de (1 de Março de 1935). «"O Problema da Defesa Nacional" pelo Coronel Raúl Esteves» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 47 (1133). p. 101-103. Consultado em 8 de Fevereiro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  16. PORTUGAL. Decreto n.º 18:190, de 28 de Março de 1930. Ministério do Comércio e Comunicações - Direcção Geral de Caminhos de Ferro - Divisão Central e de Estudos - Secção de Expediente. Publicado no Diário do Governo n.º 83, Série I, de 10 de Abril de 1930
  17. «Linhas Portuguesas» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 60 (1463). 1 de Dezembro de 1948. p. 644. Consultado em 8 de Fevereiro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  18. «Os Expressos Populares e o prazer de conhecer o País» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 65 (1553). 1 de Setembro de 1952. p. 235. Consultado em 8 de Fevereiro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 

Bibliografia

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  • MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas *PEREIRA, Paulo (1995). História da Arte Portuguesa. Volume 3. Barcelona: Círculo de Leitores. 695 páginas. ISBN 972-42-1225-4 
  • SERRÃO, Joel (1985). Dicionário de História de Portugal. Volume 1. Porto: Livraria Figueirinhas. 520 páginas 

Ligações externas

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