Estêvão da Guarda

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Estêvão da Guarda (1280 - 1364) foi um trovador nobre português, escrivão régio ao serviço do rei D. Dinis, de quem recebeu doações e benesses, como recompensa pelos bons serviços prestados.

Estêvão da Guarda
Nascimento 1280
Guarda
Morte década de 1360
Cidadania Espanha, Reino de Portugal
Ocupação trovador

Trovador português ativo no período final da poesia galego-portuguesa, Estêvão da Guarda deverá ter nascido por volta de 1280, muito provavelmente na cidade da Guarda, como o seu apelido indica. Em 1299 encontramo-lo já na corte de D. Dinis, desempenhando as funções de escrivão régio. Nos anos seguintes, e sobretudo a partir de sua gradual proximidade com o rei, de quem se diz "vassalo" e "criado", é-nos comprovada quer pelos numerosos documentos que assina em seu nome, quer pelos cargos que acumula de eichão e escanção-mor, quer ainda pelas doações e benesses régias que lhe são conferidas em penhor da sua fidelidade e dos seus bons serviços, e que contribuíram para a importante fortuna que conseguiu acumular. Manteve-se ao lado de D. Dinis nos conturbados anos finais do seu reinado, nomeadamente aquando dos conflitos sucessórios com o infante Afonso, sendo uma das testemunhas do documento de 1321, no qual o monarca expõe o rol de acusações contra o infante e os seus partidários. Após a morte de D. Dinis, no entanto, e embora o seu nome apareça de forma mais esporádica, continua a ser mencionado como conselheiro régio e procurador para os assuntos ibéricos de Afonso IV. Com a subida ao trono de D. Afonso IV, é protegido por D. Pedro Afonso, conde de Barcelos. O afastamento da corte parece corresponder a um maior desenvolvimento da actividade poética, nomeadamente, a uma maior produção de composições satíricas, que têm como alvo privilegiado os privados régios, nobres e juristas, promovidos na sequência da política de centralização e burocratização do novo monarca. Presente nos cancioneiros da Biblioteca Nacional e da Vaticana com seis cantigas de amor, uma cantiga de amigo e vinte e oito cantigas de escárnio e maldizer. Como uma parte das suas composições satíricas pode ser datada deste período, a sua atividade trovadoresca, certamente iniciada ainda no reinado de D. Dinis, deve ter-se prolongado até meados do século XIV. Ainda vivo em 1362, terá morrido um pouco antes de Abril de 1364 (já no reinado de D. Pedro I), estando sepultado no Mosteiro de São Vicente de Fora.

Após a sua morte em 1364, o Conde D. Lourenço Martins de Avelar (morto a ca. 1403), escudeiro, co-senhor da honra e Quintã de Macieira (ou um parente com o mesmo nome) reivindicou os bens pertencentes a D. Estêvão da Guarda.

Cantigas de Estêvão da Guarda (por ordem alfabética):

A molher d'Alvar Rodriguiz tomou Cantiga de Escárnio e maldizer

A um corretor que vi Cantiga de Escárnio e maldizer

- A voss'amig', amiga, que prol tem Cantiga de Amigo

Alvar [Rodriguiz] vej'eu agravar Cantiga de Escárnio e maldizer

Alvar Rodriguiz dá preço d'esforço Escárnio e Maldizer

Bispo, senhor, eu dou a Deus bom grado Cantiga de Escárnio e maldizer

Com'aveo a Merlim de morrer Cantiga de Escárnio e maldizer

D'ũa gram vinha que tem em Valada Cantiga de Escárnio e maldizer

Diss'hoj'el-rei: - Pois Dom Foão mais val Cantiga de Escárnio e maldizer

Disse-m'hoj'assi um home Cantiga de Escárnio e maldizer

Dizem, senhor, que um vosso parente Cantiga de Escárnio e maldizer

Do que bem serve sempr'oí dizer Cantiga de Amor

Do que eu quigi, per sabedoria Cantiga de Escárnio e maldizer

Donzela, quem quer que poser femença Cantiga de Escárnio e maldizer

Em preito que Dom Foam há Cantiga de Escárnio e maldizer

Em tal perfia qual eu nunca vi Cantiga de Escárnio e maldizer

Estraĩa vida viv'hoj'eu, senhor Cantiga de Amor

Já Martim Vaásquez da estrologia Cantiga de Escárnio e maldizer

Martim Gil, um homem vil Cantiga de Escárnio e maldizer

Meu dano fiz por tal juiz pedir Cantiga de Escárnio e maldizer

O caparom de marvi Cantiga de Escárnio e maldizer

Ora é já Martim Vaásquez certo Cantiga de Escárnio e maldizer

Ora, senhor, tenho muit'aguisado Cantiga de Amor

Ouç'eu muitos d'Amor que[i]xar Cantiga de Amor

Pero el-rei há defeso Cantiga de Escárnio e maldizer

Pois a todos avorrece Cantiga de Escárnio e maldizer

Pois cata per u m'espeite Cantiga de Escárnio e maldizer

Pois que te preças d'haver sem comprido Escárnio e Maldizer

Pois teu preit'anda juntando Cantiga de Escárnio e maldizer

Por partir pesar que [eu] sempre vi Cantiga de Amor

Rui Gonçálviz, pero vos agravece Cantiga de Escárnio e maldizer

Se vós, Dom Foão, dizedes Cantiga de Escárnio e maldizer

Sempr'eu, senhor, mia morte receei Cantiga de Amor

Um cavaleiro me diss'em baldom Cantiga de Escárnio e maldizer

- Vós, Dom Josep, venho eu preguntar Tenção

Referências

Ligações externas

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