Eudicotyledoneae

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Eudicotyledoneae (Doyle & Hotton 1991), frequentemente eudicots ou Eudicotidae (aportuguesado para eudicotiledóneas ou eudicotiledôneas), é um extenso grupo monofilético de angiospermas que previamente eram designadas por "tricolpadas"[1] ou por "dicotiledóneas não-Magnoliidae" por outros autores. O clado foi inicialmente reconhecido por análise filogenética baseada na morfologia,[1] tendo desde então a filogenia do grupo sido extensivamente estudada. Em consequência, a monofilia do grupo foi solidamente sustentada por análise molecular, sendo os subclados principais bem delimitados, sendo-lhes atribuída categoria de ordens e famílias. O Grupo de Filogenia das Angiospérmicas (APG) adoptou este clado com o nome eudicots incorporando-o no sistema de classificação APG de 1998 e no sistema APG II de 2003. O Sistema APG III (e APWeb), actualmente em uso, utiliza esta circunscrição como um dos seus agrupamentos básicos, embora a não considere formalmente como um áaxon, dando-lhe uma abrangência similar à da anterior classe Rosopsida.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaEudicotyledoneae
Ocorrência: Cretáceo Inferior - presente
Dois cotilédones durante a germinação (Brassica sp.)
Dois cotilédones durante a germinação (Brassica sp.)
Classificação científica
Reino: Plantae
Clado: Tracheophyta
Clado: Euphyllophyta
Clado: Spermatophytina
Clado: Angiospermae
Clado: Mesangiospermae
Clados
Sinónimos
  • Tricolpatae (Donoghue & Doyle 1989)
  • Rosopsida (Batsch 1788, emend Reveal 1997)
Primaveras (Primula hortensis), uma eudicot.
Anagallis arvensis, uma eudicot.

Descrição

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Eudicotyledoneae é uma das duas principais classes de angiospermas, tendo inicialmente sido integrada no grupo das Dicotyledoneae (dicotiledóneas), que foi desmembrado por não ser monofilético. O prefixo eu- significa verdadeiro, portanto este termo designa as plantas cujo embrião realmente apresenta dois cotilédones. Na actual acepção, o grupo Eudicotyledoneae é um dos maiores clados das Angiospermae (a par do clado das Monocotyledoneae), estimando-se que contenha mais de 145 000 espécies, repartidas por mais de 350 famílias (quase 64% de diversidade de angiospérmicas), apresentando uma enorme variabilidade nas características morfológicas, anatómicas e bioquímicas.

O seguinte cladograma mostra a situação do clado das Eudicotyledoneae no esquema classificativo geral das angiospérmicas,[2] vendo-se que o agrupamento Eudicotyledoneae representa o grupo de plantas mais evoluídas, constituindo com as Ceratophyllales um grupo-irmão das Monocotyledoneae.

Angiospermae 

 grado ANITA (A.B; agrupamento parafilético)

 Mesangiospermae (A.N.)
 

 Chloranthales

 Magnoliidae

 
 

 Ceratophyllales

 Eudicotyledoneae

 Monocotyledoneae

Legenda
A.B.: Angiospermas basais, os "grados ANITA", incluem as cinco famílias mais antigas: Amborellaceae (Amborellales), Nymphaeaceae (Nymphaeales), e as três famílias Schisandraceae, Trimeniaceae e Austrobaileyaceae (em Austrobaileyales) (Qiu et al., 1999). Determinou-se que um a um estes três clados se foram separando do ramo principal das Angiospermae.
A.N.: Angiospermas nucleares ("core angiosperms"), o clade mais recente separado a partir do último integrante dos grados ANITA (Judd et al., 2002). As relações entre os integrantes do grupo das angiospérmicas nucleares não estão totalmente esclarecidas.

A característica eudicotiledónea mais notável é provavelmente o pólen trilobado (tricolpado), aspecto transversal a todos os taxa incluídos no grupo. Em consequência, o grupo diferencia-se do antigo agrupamento das dicotiledóneas (Magnoliopsida) por incluir somente plantas que apresentem grão de pólen triaperturado, característica derivada de um ancestral comum, o que torna o grupo monofilético. Os demais grupos que anteriormente faziam parte com as eudicots do grupo Magnoliopsida são as magnoliídeas lenhosas e as paleoervas (angiospérmicas basais), que apesar de apresentarem características comuns às eudicots, apresentam grão de pólen uniaperturado, característica que as exclui do agrupamento.

Como características complementares, as espécies incluídos no clado apresentam embrião com dois cotilédones, raiz primária geralmente aprumada e folhas que na maioria dos taxa são peninérveas ou palminérveas, raramente com bainha. O caule apresenta engrossamento secundário devido à actividade do câmbio vascular situado entre o floema e o xilema. As flores são na maioria do tipo 4 e 5, com o perianto geralmente diferenciado em cálice e corola.

Taxonomia

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As Eudicotyledoneae (eudicots) podem ser subdivididas em dois grupos: (1) as «eudicots basais»; e (2) as «eudicots nucleares».[3] As «eudicots basais» são um agrupamento informal cuja designação serve para identificar um grupo parafilético. As «eudicots nuclerares», pelo contrário, são um grupo monofilético.[4]

Um estudo filogenético de 2010 sugere que as «eudicots nucleares» podem ser divididas em dois clados: (1) as Gunnerales; e (2) um clado designado por "Pentapetalae", agrupando todas as restantes «eudicots nucleares».[5] Por sua vez, as Pentapetalae podem ser subdivididas em três clados:

No contexto das «eudicots nucleares», o grupo com maior biodiversidade corresponde aos agrupamentos "rosídeas" (grupo nuclear com o prefixo "eu−") e "asterídeas" (grupo nuclear com o prefixo "eu−").

A divisão das Eudicotyledoneae é mostrada no seguinte cladograma:[6]

 Eudicotyledoneae 

 Eudicots basais (grupo parafilético: Ranunculales, Sabiaceae, Proteales, Trochodendrales, Buxales) 

 eudicots nucleares (Gunneridae

Gunnerales

 Pentapetalae 

Dilleniaceae

superrosídeas

Saxifragales

Vitales

rosídeas

superasterídeas

Santalales

Berberidopsidales

Caryophyllales

asterídeas

Listagem detalhada dos táxons incluídos, mostrando em cada clado as famílias e ordens ainda sem localização determinada (os géneros com localização indeterminada foram ignorados):

Nota : “ + ....” = opcional, como um táxon segregado da família.

Notas

  1. a b Donoghue, M.J. & J.A. Doyle. 1989. "Phylogenetic studies of seed plants and angiosperms based on morphological characters". In The Hierarchy of Life, pp. 181-193; B. Fernholm, K. Bremer & H. Jornvall (eds.). Nobel Symposium 70. Amsterdam: Elsevier Publ.
  2. Theodor C. H. Cole & Hartmut H. Hilger 2015 Angiosperm Phylogeny, Flowering Plant Systematics. Freie Universität Berlin
  3. Worberg A, Quandt D, Barniske A-M, Löhne C, Hilu KW, Borsch T (2007) Phylogeny of basal eudicots: insights from non-coding and rapidly evolving DNA. Organisms, Diversity and Evolution 7 (1), 55-77.
  4. Douglas E. Soltis, Pamela S. Soltis, Peter K. Endress, and Mark W. Chase. Phylogeny and Evolution of Angiosperms. Sinauer Associates: Sunderland, MA, USA. (2005).
  5. Moore, Michael J.; Soltis, Pamela S.; Bell, Charles D.; Burleigh, J. Gordon & Soltis, Douglas E. (2010). «Phylogenetic analysis of 83 plastid genes further resolves the early diversification of eudicots». Proceedings of the National Academy of Sciences. 107 (10): 4623–4628. PMC 2842043 . PMID 20176954. doi:10.1073/pnas.0907801107 
  6. Baseado em:
    Stevens, P.F. (2001–2014). «Trees». Angiosperm Phylogeny Website. Consultado em 17 de novembro de 2014 
    Stevens, P.F. (2001–2014). «Eudicots». Angiosperm Phylogeny Website. Consultado em 17 de novembro de 2014 

Referências

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  • Doyle, J. A. & Hotton, C. L. Diversification of early angiosperm pollen in a cladistic context. pp. 169–195 in Pollen and Spores. Patterns of Diversification (eds Blackmore, S. & Barnes, S. H.) (Clarendon, Oxford, 1991).
  • Walter S. Judd and Richard G. Olmstead (2004). «A survey of tricolpate (eudicot) phylogenetic relationships». American Journal of Botany. 91 (10): 1627–1644. PMID 21652313. doi:10.3732/ajb.91.10.1627  (full text )
  • Eudicots in Stevens, P. F. (2001 onwards). Angiosperm Phylogeny Website. Version 7, May 2006.

Ligações externas

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