Eva Justin
Eva Justin (23 de agosto de 1909 – 11 de setembro de 1966) foi uma antropóloga alemã que atuou durante o período nazista. Ela se especializou no racismo científico. Seu trabalho contribuiu para os crimes nazistas cometidos contra os povos Sinti e Roma.[1]
Eva Justin | |
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Eva Justin mesurant els trets facials d'una dona romaní. | |
Nascimento | 23 de agosto de 1909 Dresden |
Morte | 11 de setembro de 1966 Offenbach am Main |
Cidadania | Alemanha |
Alma mater | |
Ocupação | antropóloga, psicóloga |
Causa da morte | câncer |
Início da vida e família
editarNascida em 1909, na cidade de Dresden, filha de um funcionário ferroviário, Eva Justin trabalhou como uma assistente do psicólogo nazista Robert Ritter.[2][3]
Justin originalmente estudou enfermagem, e concluiu seu doutorado em antropologia pela Universidade de Berlim em 1943, apesar de não ter seguido o procedimento normal da universidade par se formar.[3]
Holocausto
editarAs crianças que Justin estudou haviam sido destinadas à deportação, mas esse processo foi adiado até que ela completasse sua pesquisa e recebesse seu PhD. As crianças foram então enviadas para o "campo da família cigana " em Auschwitz em 6 de maio de 1944.[2] Logo após a chegada das crianças ao campo de concentração, Josef Mengele chegou a Auschwitz. Algumas das crianças foram submetidas a seus experimentos e a maioria acabou sendo morta nas câmara de gás. Aproximadamente 39 ou 40 crianças que Justin estudou foram enviadas para Auschwitz em 1944, e todas, exceto quatro, morreram antes do fim da guerra, muitas antes de sua tese ser publicada.[4][5] Trinta e nove crianças de um orfanato em Mulfing, que foram o tema da tese de doutorado de Justin, foram registradas em Auschwitz em 12 de maio de 1944. Ela procurou por objetos de estudos antropológicos em campos de concentração .[6][7]
Justin era um membro sênior do Centro de Pesquisas em Higiene Racial (Rassenhygienische Forschungsstelle).[8] Ela escreveu no prefácio de um trabalho de pesquisa que buscava fornecer as bases para novas leis de higiene racial para impedir o fluxo de "elementos primitivos indignos" para a população alemã.[9] Justin defendia a posição de que os ciganos não podiam ser assimilados porque "eles geralmente se tornavam antisociais como resultado de seu pensamento primitivo, e as tentativas de educá-los deveriam ser interrompidas".[9] Justin propôs a esterilização para o povo cigano, exceto para aqueles com "puro sangue cigano".[10] Ela estava presente quando as deportações de Sinti e Roma para campos de concentração foram organizadas.[2]
Em 1958, o promotor público de Frankfurt iniciou uma investigação sobre as atividades de Justin durante a guerra, mas a investigação foi encerrada em 1960,[10] depois que o promotor público concluiu que suas ações estavam sujeitas à prescrição. Os magistrados de Frankfurt encontraram evidências insuficientes parincriminarar Justin em 1964, legando do que Justin não sabia que suas ideias levariam as crianças a serem enviadas para campos de concentração e que os sobreviventes não conseguiam se lembrar especificamente dela atacando-os. Justin baseou seu trabalho nas ideias de Robert Ritter e não acreditava mais nelas.[9]
Na Alemanha Ocidental do pós-guerra, Justin trabalhou como psicóloga para a polícia de Frankfurt, atuando até mesmo como consultora do sistema legal para casos de indenização para sobreviventes do Holocausto.[2] Ela morreu de câncer em 1966 em Offenbach am Main, uma cidade nos arredores de Frankfurt.[11]
Ver também
editarReferências
- ↑ Barth, Fredrik (2005). One Discipline, Four Ways: British, German, French, and American Anthropology 1st ed. [S.l.]: University of Chicago Press. pp. 106, 122. ISBN 978-0226038292
- ↑ a b c d (Barth 2005)
- ↑ a b Friedlander, Henry (1997). The Origins of Nazi Genocide: From Euthanasia to the Final Solution. [S.l.]: University of North Carolina Press. ISBN 978-0807846759
- ↑ Kenrick, Donald; Puxon, Grattan (2009). Gypsies Under the Swastika. [S.l.]: University of Hertfordshire Press. ISBN 978-1902806808
- ↑ «Medical biography; Studies from Medical University of South Carolina yield new information about medical biography (A nurse working for the Third Reich: Eva Justin, RN, PhD», Health & Medicine Week: 7415, 24 de fevereiro de 2017
- ↑ (Friedlander 1997)
- ↑ «Otto Rosenberg». The Times. London. 2 de agosto de 2001. p. 19 – via ProQuest Central
- ↑ Kenrick, Donald (2006). The Gypsies During the Second World War: The Final Chapter. [S.l.]: University Of Hertfordshire Press. ISBN 978-1-902806-49-5
- ↑ a b c (Kenrick & Puxon 2009)
- ↑ a b (Kenrick 2006)
- ↑ Heberer, Patricai (2011). Children During the Holocaust. [S.l.]: Rowman Altamira. ISBN 978-0759119864
Leitura adicional
editar- Um século de genocídio: ensaios críticos e relatos de testemunhas oculares Por Samuel Totten, William S. Parsons Editora: Routledge; 2ª edição (2004) Idioma: InglêsISBN 978-0415944304
- Sinti e Roma: Ciganos na sociedade e literatura de língua alemã Por Susan Tebbutt Idioma: InglêsISBN 978-1571819215
- Auf Wiedersehen im Himmel: Die Geschichte der Angela Reinhardt (Vejo você no céu: A história de Angela Reinhardt ). Editora: Arena (2005) Idioma: AlemãoISBN 3-401-02721-2 Uma das crianças em St. Josephs que escapou da deportação e sobreviveu à guerra.