Félix Machado da Silva Castro e Vasconcelos

escritor português

Félix Machado da Silva Castro e Vasconcelos (Vale, Arcos de Valdevez, 1 de novembro de 1595 - 4 de junho de 1662[1]), moço fidalgo[2], 1.º marquês de Montebello, em Montebello della Battaglia no Ducado de Milão, 1.º conde de Amares e 6.º senhor de Entre Homem e Cávado[3].

Félix Machado da Silva Castro e Vasconcelos
Félix Machado da Silva Castro e Vasconcelos
Nascimento 1595
Morte 1662
Madrid
Cidadania Reino de Portugal
Ocupação escritor, pintor, genealogista
Distinções
  • Comendador da Ordem de Cristo

Foi embaixador em Roma, genealogista[3], romancista de pícaro e pintor.

Biografia

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Nasceu na Casa de Tora[4], solar com torre[5], de seu avô paterno[6], na freguesia do Vale, nos Arcos de Valdevez[5].

Herdou por sua mãe o senhorio de Entre Homem e Cávado, a comenda de Souzel na Ordem de Avis e a de São João de Coucieiro na Ordem de Cristo; as casas e os respectivos solares de Crasto, Vasconcelos, Barroso[7] e Arega[8].

Estudou em Braga e Lisboa, depois fixou-se em Madrid[9].

Por conveniência da família da sua mulher, após a Restauração da Independência de Portugal, deixou-se ficar pela côrte filipina de Madrid. Foi nessa altura que se dedicou a publicar a sua escrita genealógica e a pintar quadros para fora, pois, segundo o próprio, tivera de exercer por falta de outros recursos financeiros, dado lhe terem sequestrado os rendimentos em Portugal por razões políticas, conforme alegou em 1642 no Memorial genealógico que fez imprimir na capital espanhola[10].

Aí, em Espanha, dedicou-se ao ensino da pintura, sobretudo ao retrato e, cerca do ano de 1643, chegou a produzir um seu autorretrato, tornando-se o primeiro português a fazê-lo duma forma independente[11].

Por essa altura, em 1644-1646, Manuel de Faria e Sousa reedita «Fuente de Aganipe», cuja 1/ parte vem dedicada ao marquês de Montebelo, em casa de quem ele e a esposa viviam um pouco como de esmola do parente rico, desde 1643 — albergue que se cifra na colaboração na edição do «Nobiliário do conde D. Pedro» e d´ «Os Lusíadas»[12].

  • «Memorial del Marquez de Montebelo», Madrid, 1642.
  • «Tercera Parte de Gusman de Alfarache dividida em três livros»[13], que pretendia publicar com o suposto nome de "Félix Márquez, catredático [sic] de Prima en la Picardía, sin salario"[14], Madrid, 1651[15].
  • «Vida de Manoel Machado de Azevedo, señor de las Casas de Castro, Vasconcelos, y Barroso, y de los solares dellas, y de las Tierras de Entre Homem, y Cabado, Villa de Amares, Comendador de Sousel, en la Orden de Avis. Por el marques de Montebelo, Felix Machado de Silva, Castro, y Vasconcelos, Comendador de San Iuan de Coucieiro, en la Orden de Christo, su bisnieto, y sucessor de su Casa. Escriviase a don Francisco Machado de Silva, su hijo, para que la imitasse, como imito, hasta acaber la Filosophia, en edad de catorze años y médio, en la qual fue Dios servido de llevarle para si. Oy se da a la estampa para qve estas dos vidas sirvan de dos espejos a Don Antonio Machado de Silva y Castro, ultimo hermano de seis que tuvo», Madrid, 1660[16].
  • «Notas al Nobiliario de D. Pedro Conde de Barcelos hijo d’EIRey D. Dioniz de Portugal», Madrid e Lisboa, 1667.
  • «Conquista de Catalunha»[7].
  • «Ensaios de Princípios»[4]
  • «Teatro de Política Moral»[4]

Dados genealógicos

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Filho de Manuel de Araújo de Sousa e Castro e de D. Margarida Machado da Silva e Vasconcelos, filha herdeira de Francisco Machado da Silva, senhor de Entre Homem, e Cavado, e comendador de Sousel na Ordem de Aviz[7], que tinham se apaixonado e que fugiu da casa dos pais para se casar[8]. O pai "gastou grande parte da renda do seu morgadio com pleitos com o rei e com a sua própria madrasta. Foi envenenado, por engano."[17]

Casou com Violante de Orozco, dama da imperatriz Maria de Áustria[8], filha de Rodrigo de Orosco, 1º marquês de Mortara[18], e de Vitoria Hermes de Porcia (da antiquíssima família dos Porcias[8]. "Padeceu muitos anos de gota e morreu tolhida na cama"[17]. Era irmã de Francisco de Orozco, 2º marquês de Mortara e 1º marquês de Olias, vice-rei e capitão general da Catalunha e governador de Milão[7].

Tiveram:

Referências

  1. Montebelo, Félix Machado de Silva e Castro, marquês de, 1595-1662, Arquivo de Autoridade de Nome da Biblioteca do Congresso, Library of Congress, 20-08-2012
  2. Uma das principais dos domínios de Vossa Majestade: Poder e Administração na capitania de Pernambuco durante o reinado de D. João V, por Breno Almeida Vaz Lisboa, Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2017, pág. 110
  3. a b https://archive.org/details/resenhadasfamili02silvuoft/page/148/mode/2up "Resenha das Famílias Titulares e Grandes de Portugal", por Albano da Silveira Pinto e continuada por Augusto Romano Sanches de Baena e Farinha de Almeida Portugal Silva e Sousa, 1.º Visconde de Sanches de Baena, Fernando Santos e Rodrigo Faria de Castro, Lisboa, 1883, Volume II, p. 149
  4. a b c Félix Machado da Silva e Castro de Vasconcelos, marquês de Monte Belo, Arcuenses com História (consulta em 21.10.2022)
  5. a b Casa de Tora, Igogo
  6. Manuel José da Costa Felgueiras Gayo, Nobiliário das Famílias de Portugal, Carvalhos de Basto, 2ª Edição, Braga, 1989. vol. II-pg. 79 (Araújos § 120 N 22).
  7. a b c d Félix Machado da Silva Castro e Vasconcelos, Escritores Lusófonos, 28 de Nov de 2018, in Bibliotheca Lusitana, vol. II
  8. a b c d e f g Manuel José da Costa Felgueiras Gayo, Nobiliário das Famílias de Portugal, Carvalhos de Basto, 2ª Edição, Braga, 1989. vol. II-pg. 79 (Araújos § 120 N 24).
  9. De Como O Pícaro Chegou a Portugal e Aí Se Apresentou, Rita Bueno Maia, Doutoramento em Tradução, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2012, pág. 74, nota 19
  10. Repensar a Identidade, por David Martín Marcos, José María Iñurritegui & Pedro Cardim, Centro de História d’Aquém e d’Além Mar, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas / Universidade Nova de Lisboa, Universidade dos Açores, Lisboa, 2015, pág. 59
  11. a b A Pintura do Autorretrato Contemporâneo em Portugal: Breve Panorâmica, por Maria Emília Vaz Pacheco, , pág. 112
  12. Lusíadas comentadas por Manuel Faria e Sousa, Vol. I, Reprodução fac-similada pela edição de 1639, Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1972, pág. 37
  13. ... novela picaresca ... inédita até 1927 ... - Bases para um Dicionário Linguístico-Gramatica, por José Pereira da Silva, pág. 4949
  14. Penitencia y santificación de Guzmán de Alfarache en la Tercera parte (ca. 1650) de Machado da Silva - El viaje de peregrinación a Santiago, por David González Ramírez, La Escritura Inacabada, Casa de Velázquez, Madrid, 19 de junho de 2017
  15. De Como O Pícaro Chegou a Portugal e Aí Se Apresentou, Rita Bueno Maia, Doutoramento em Tradução, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2012, pág. 74
  16. Repensar a Identidade, por David Martín Marcos, José María Iñurritegui & Pedro Cardim, Centro de História d’Aquém e d’Além Mar, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas / Universidade Nova de Lisboa, Universidade dos Açores, Lisboa, 2015, pág. 59, nota 40
  17. a b Notícia Biobibliográfica sobre a Família Montebelo, Ebion de Lima, UC Biblioteca Geral 1, 1983, pág. 309
  18. Lusíadas comentadas por Manuel Faria e Sousa, Vol. I, Reprodução fac-similada pela edição de 1639, Imprensa Nacional - Casa da Moeda, Lisboa, 1972, pág. 26, nota 38
  19. Notícia Biobibliográfica sobre a Família Montebelo, Ebion de Lima, UC Biblioteca Geral 1, 1983, pág. 307
  20. a b c Notícia Biobibliográfica sobre a Família Montebelo, Ebion de Lima, UC Biblioteca Geral 1, 1983, pág. 308

Bibliografia

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