Félix Augusto de Athayde (Olinda, 25 de maio de 1932Rio de Janeiro, 23 de julho de 1995) foi um jornalista, ensaísta e poeta brasileiro.

Félix de Athayde

Félix de Athayde, jornalista e poeta. (foto do arquivo pessoal da família Athayde
Nascimento 25 de setembro de 1932
Olinda, PE
Morte 23 de julho de 1995 (62 anos)
Rio de Janeiro, RJ
Nacionalidade brasileiro
Ocupação jornalista
poeta
ensaísta
Principais trabalhos Idéias Fixas de João Cabral de Melo Neto
A Viagem ou Itinerário Intelectual que fez João Cabral de Melo Neto do Racionalismo ao Materialismo Dialético.

Trabalhou como jornalista e articulista em diversos jornais, como Jornal do Commercio (Recife), Última Hora, Tribuna da Imprensa, Correio da Manhã, O País, O Estado de S. Paulo, O Pasquim, O Globo e Jornal do Brasil.

Participou do Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional de Estudantes (UNE). Colaborou nas publicações Revista Civilização Brasileira e Tempo Brasileiro, entre outras.[1]

O início e a obra sobre João Cabral de Melo Neto

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Na década de 1950 saiu do Recife para estudar literatura e linguística na Espanha, onde residiu por seis anos e tornou-se amigo do também pernambucano poeta João Cabral de Melo Neto (1920-1999), que trabalhava então em Madri como diplomata. Essa amizade, que se estendeu até o fim de sua vida, assim como a admiração e o estudo da poética de João Cabral, foi a base para a obra que Félix escreveu sobre Cabral. Publicada postumamente, no momento da edição foi dividida em duas partes: Idéias Fixas de João Cabral de Melo Neto (1998) [2], e A Viagem ou Itinerário Intelectual que Fez João Cabral de Melo Neto do Racionalismo ao Materialismo Dialético[3](2000).[4]

A obra poética

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Publicou poemas em diversos jornais, revistas e antologias, e dois livros de poesia em vida: O Bicho Amoroso, de 1980, com poemas eróticos, e Aloísio Magalhães Interlocução Félix de Athayde, de 1984, diálogo poético com o amigo — designer e diretor do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) — que acabara de falecer. Estes livros e parte de seus outros poemas foram editados postumamente no livro Poemas Reunidos (2002).

O membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) e ex-ministro da Educação Eduardo Portella escreveu : “Félix de Athayde soube ser, a vida toda, poeta e jornalista. A poesia nunca se deixou dobrar pela voracidade da grande imprensa por onde passou (...) O poeta, sobretudo social, que estreou no Violão de rua, e publicou também na Revista Tempo Brasileiro, deixou sem jamais recorrer a qualquer expediente publicitário, talvez até silenciosamente, a sua marca inconfundível.” [5]

Segundo as palavras do poeta e professor Cairo Trindade: “(...) Félix de Athayde é o irmão espiritual de João Cabral de Melo Neto. (...) mais jovem, porém, que João Cabral, Félix de Athayde diversifica seu estilo, adicionando elementos como o cordel, com uma linguagem elaborada e enxuta. Muitas vezes experimenta o poema concreto, não raro produz o poema práxis, assume dicção cabralina, mas não deixa de ser sobretudo, félixniano. (...) engajado, seus poemas políticos são contundentes e em sua poesia de crítica à realidade o poeta lança mão de um humor cáustico e corrosivo, e penetra pela poesia sensual. (....) evoca as mulheres, os amigos e Olinda, sua terra natal e tema recorrente.” [6]

Volta ao Brasil

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De volta ao Brasil, após seis anos de estudos literários na Espanha, entre Madri e Sevilha, e um ano em Marselha, na França, Félix de Athayde se estabeleceu no Rio de Janeiro, no início da tumultuada década de 1960. Devido à sua ligação política com o então governador de Pernambuco Miguel Arraes, com quem Félix colaborava, foi perseguido pela ditadura militar instaurada pelo golpe de abril 1964. Partiu para o exílio no México. Meses depois, seguiu para Havana. Passou temporadas na Alemanha (então R.D.A) e na Argélia. Após novo período em Cuba, voltou clandestino ao Brasil, morando inicialmente em São Paulo. Progressivamente, voltou à legalidade já no Rio de Janeiro, retomando sua função de jornalista. Sofreu a Inquérito Policial Militar (IPM) e fichamento no temível Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) da ditadura militar, onde chegou a passar uma noite detido.

Seu artigos políticos, caracterizados quase sempre por uma comunicação direta com o leitor, reuniam questionamento político e social, rigor literário e uma ironia crítica voltada contra a ditadura militar e a elite dirigente brasileira. Além disso, foi um dos responsáveis, durante anos da prestigiosa coluna Informe JB, no Jornal do Brasil. Entre as décadas de 1970 e 90, paralelamente a seu trabalho nos jornais O Globo e Jornal do Brasil, colaborava regularmente com o irreverente semanário O Pasquim.

Referências

  1. DE ATHAYDE, João (2002) Félix de Athayde, Vida e Obra Reunidas - in Poemas Reunidos de Félix de Athayde, Org. e apresentação João A. De Athayde, ed. FBN - Nova Fronteira, Rio de Janeiro.
  2. DE ATHAYDE, Félix (1998) Idéias Fixas de João Cabral de Melo Neto, ed. FBN - UMC - Nova Fronteira, Rio de Janeiro
  3. DE ATHAYDE, Félix (2000) A Viagem ou Itinerário Intelectual que Fez João Cabral de Melo Neto do Racionalismo ao Materialismo Dialético, ed. FBN - Nova Fronteira, Rio de Janeiro
  4. «Félix de Athayde». Palavrarte. Consultado em 20 de abril de 2013. Arquivado do original em 15 de abril de 2009 
  5. PORTELLA, Eduardo (1998), A Permanência do Diálogo, in DE ATHAYDE, Félix, Idéias Fixas de João Cabral de Melo Neto, ed. FBN - UMC-Nova Fronteira, Rio de Janeiro.
  6. TRINDADE, Cairo, (2002) Félix de Athayde : Uma Poesia Plural in Poemas Reunidos de Félix de Athayde, Org. e apresentação João A. De Athayde, ed. FBN - Nova Fronteira, Rio de Janeiro

Ligações externas

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