Farasmanes II (em georgiano: ფარსმან; romaniz.: P'arsman; em grego: Φαρασμάνης; romaniz.: Pharasmánes; m. 132), apelidado o Bom (em georgiano: ქველი; romaniz.: Kveli),[1] foi um rei (mepe) do Reino da Ibéria da dinastia farnabázida, contemporâneo do imperador romano Adriano (r. 117–138). O professor Cyril Toumanoff sugere que governou de 116 a 132,[2] enquanto William E. D. Allen propôs que reinou de 116 a 140.[3] Aparece em vários relatos clássicos, bem como nas crônicas georgianas da Idade Média.

Farasmanes II
Farasmanes II
Relevo moderno retratando Farasmanes II
Mepe do Reino da Ibéria
Reinado 116-132
Antecessor(a) Amazaspo I
Sucessor(a) Radamisto
Morte 132
Cônjuge Gadana
Dinastia farnabázida
Pai Amazaspo I
Religião Paganismo ibérico

Farasmanes (Pharasmanes) ou Faresmanes (Pharesmanes) são as formas latinas do georgiano Farsmane (ფარსმან, P'arsman). Foi registrado em armênio como Farsmane (Փարսման, Pʼarsman) e em grego como Farasrianes (Φαρασριάνης, Pharasriánēs), Faresrianes (Φαρεσριάνης, Pharesriánēs)[4] e Farasmanes (Φαρασμάνης, Pharasmánēs).[5]

As crônicas georgianas da Idade Média relatam o governo conjunto de Farasmanes com Farasmanes Avaz, diarcas (uma fonte tem o par extra: Roque e Mitrídates), mas vários estudiosos modernos consideram a diarquia ibérica improvável, pois não é corroborada pelas evidências contemporâneas. Diz-se que Farasmanes era filho de seu antecessor, o rei Amazaspo I. Diz-se que se casou com Gadana, filha do rei Vologases I.[1] De acordo com a medieval Vida dos Reis, a amizade tradicional dos dois diarcas foi arruinada por instigação da esposa iraniana de Mitrídates. Toumanoff considera esta informação uma retroprojeção da inimizade historicamente registrada de Farasmanes I e seu irmão Mitrídates da Armênia.[6] A crónica continua então a história de uma aliança armeno-romana e da sua invasão da Ibéria, na qual Farasmanes encontrou sua morte.[7]

Reinado

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Os anais reais georgianos descrevem Farasmanes da seguinte maneira:

Farasmanes, o Valente, era um homem de bondade, abundância e compaixão, belo para sua idade, de corpo grande e forte, cavaleiro corajoso e guerreiro inspirador, destemido como incorpóreo e ainda maior do que todos os reis da Ibéria, que morreram antes dele.
 
Anais reais georgianos, e. 51, l. e. 2-3-4-5-6.

Os autores clássicos contemporâneos, com um embasamento histórico mais sólido, focam nas relações desconfortáveis ​​de Farasmanes com o Império Romano. Sabe-se que ele se recusou em 129 a ir e prestar homenagem ao imperador Adriano em Roma. De acordo com Élio Esparciano, um dos autores da História Augusta:

E quando alguns dos reis vieram até ele, os tratou de tal maneira que aqueles que se recusaram a vir se arrependeram. Tomou esse curso especialmente por causa de Farasmanes, que havia desprezado arrogantemente seu convite.
 
Vida de Adriano, XIII.

Farasmanes então viajou pelo Oriente e incitou os alanos a atacar as províncias romanas vizinhas, dando-lhes uma passagem através de seu reino,[8] embora o imperador tivesse lhe enviado presentes maiores, incluindo um elefante de guerra, do que a qualquer outro rei do Oriente. Em seu pique, Adriano vestiu cerca de 300 criminosos com mantos bordados a ouro que faziam parte do presente de retorno de Farasmanes, e os enviou à arena. Segundo Esparciano:

Mostrou uma multidão de favores a muitos reis, mas de vários até comprou a paz, e por alguns foi tratado com desprezo; a muitos deu grandes presentes, mas nenhum maior do que ao rei dos ibéricos, pois a ele deu um elefante e uma banda de cinquenta homens, além de presentes magníficos. E tendo recebido grandes presentes de Farasmanes, incluindo alguns mantos bordados com ouro, enviou à arena trezentos criminosos condenados vestidos com mantos bordados com ouro como um insulto ao rei.
 
Vida de Adriano, XVII.
 
Fragmento dos Fastos Ostienses que menciona a visita de Farasmanes a Roma

Eventualmente, as fontes antigas relatam uma visita altamente honrada feita por Farasmanes ao sucessor de Adriano, Antonino Pio. De acordo com Dião Cássio, foi a Roma como convidado de Antonino Pio, junto com sua esposa, filho e nobre comitiva, onde foi especialmente honrado, sendo autorizado a sacrificar no Capitólio e ter sua estátua equestre no Templo de Belona, ​​e também o imperador aumentou o território de seu reino.[9] Este Farasmanes, no entanto, pode ter sido Farasmanes III, possível neto de Farasmanes II.[6] Esta visita foi registrada num fragmento dos Fastos Ostienses.[10]

De acordo com os Crônicas georgianas, Farasmanes foi envenenado pelo cozinheiro enviado pelos partos.

E então os persas tentaram ter alguma destreza, e trouxeram um cozinheiro, e prometeram-lhe uma grande dádiva, e disseram-lhe: 'Vá e sirva Farasmanes, o Valente, e leve consigo um remédio de morte, e misture-o com sua refeição e faça-o comê-lo'. E um cozinheiro foi e fez isso, como os persas lhe disseram para fazer. E foi assim que matou Farasmanes, o rei valente.
 
Crônicas georgianas, e. 53, l.e. 3-4-5-6-7.

Referências

  1. a b Toumanoff 1969, p. 16.
  2. Toumanoff 1990, p. 523.
  3. Allen 1971, p. 376.
  4. Ačaṙyan 1942–1962, p. 196.
  5. Martindale, Jones & Morris 1980, p. 872.
  6. a b Toumanoff 1969, p. 17.
  7. Rapp 2003, p. 289-290.
  8. Lortkipanidze & Metreveli 2007, p. 26.
  9. Kavtaradze 2000, p. 218.
  10. Vidman 1982, p. 124.

Bibliografia

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  • Ačaṙyan, Hračʻya (1942–1962). «Փարսման». Hayocʻ anjnanunneri baṙaran [Dictionary of Personal Names of Armenians]. Erevã: Imprensa da Universidade de Erevã 
  • Allen, William E. D. (1971) [1932]. A History of the Georgian People. Londres: Routledge & Kegan Paul Ltd. 
  • Kavtaradze, Giorgi Leon (2000). «Caucasica II: The Georgian Chronicles and the Raison d'Ètre of the Iberian Kingdom». Orbis Terrarum 
  • Lortkipanidze, Mariam; Metreveli, Roin (2007). Kings of Georgia. Tiblíssi: [s.n.] ISBN 99928-58-36-2 
  • Martindale, J. R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1980). The prosopography of the later Roman Empire - Volume 2. A. D. 395 - 527. Cambrígia e Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Cambrígia 
  • Rapp, Stephen H. (2003). Studies In Medieval Georgian Historiography: Early Texts And Eurasian Contexts. Lovaina: Peeters Bvba. ISBN 90-429-1318-5 
  • Toumanoff, Cyril (1969). Chronology of the Early Kings of Iberia. Nova Iorque: Fordham University 
  • Toumanoff, Cyril (1990). Les dynasties de la Caucasie chrétienne de l'Antiquité jusqu'au xixe siècle : Tables généalogiques et chronologiques. Roma: Edizioni Aquila 
  • Vidman, Ladislav (1982). Fasti Ostienses: edendos, illustrandos, restituendos, curavit Ladislavs Vidman. Praga: Academia