Faustino da Fonseca
Faustino da Fonseca (Angra do Heroísmo, 1 de Abril de 1871 — Lisboa, 22 de Outubro de 1918) foi um político, jornalista e escritor que colaborou em vários jornais de Angra do Heroísmo e de Lisboa. Como escritor editou vários livros e traduções. Foi deputado constituinte e senador na Primeira República Portuguesa, director da Biblioteca Nacional de Lisboa[1] (1911-1918) e sócio da Academia das Ciências de Lisboa.[2] Foi casado com a escritora, tradutora e pintora Maria Virgínia Teixeira de Sousa Adão da Fonseca.[3]
Faustino da Fonseca | |
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Faustino da Fonseca. | |
Nascimento | 1 de abril de 1871 Angra do Heroísmo |
Morte | 22 de outubro de 1918 (47 anos) Lisboa |
Cidadania | Portugal, Reino de Portugal |
Cônjuge | Virgínia da Fonseca |
Alma mater | |
Ocupação | jornalista, escritor |
Biografia
editarNasceu em Angra do Heroísmo, filho de um militar liberal que havia ficado nos Açores após a Guerra Civil. Concluiu o ensino secundário no Liceu Nacional de Angra do Heroísmo, preparando-se para seguir a vida militar. Na sua cidade natal iniciou-se no jornalismo, dirigindo o Noticiarista e revelando-se adepto das ideias republicanas. Partiu para Lisboa com o objectivo de frequentar o curso preparatório da Escola do Exército, onde se matriculou. As suas convicções republicanas, acirradas pela Revolta de 31 de Janeiro, levaram-no a não prosseguir a vida militar, dedicando-se ao jornalismo, colaborando com jornais como O Século, Correio da Manhã, Mundo e Luta. Em 1895 dirigiu o periódico Vanguarda.
Manteve intensa actividade política, especialmente a partir do ultimato britânico de 1890, distinguiu-se como agitador e membro do Batalhão de Voluntários que se ofereceu para ir defender Lourenço Marques, sendo em consequência preso em diversas ocasiões.
Com a implantação da República Portuguesa foi eleito deputado à Assembleia Constituinte pelo círculo eleitoral de Angra do Heroísmo. Com a aprovação da Constituição da República Portuguesa de 1911 passou a ocupar o cargo de senador, integrando o primeiro Senado da República. Em 1915 voltou a ser eleito senador pelo mesmo círculo.
Em Março de 1911 foi nomeado director da Biblioteca Nacional de Lisboa, substituindo no cargo Xavier da Cunha. Dirigiu aquela biblioteca até à sua morte, levando a cabo diversas iniciativas visando a democratização cultural.
Pertenceu à maçonaria, tendo sido iniciado em 1895. na Loja Renascença, em Lisboa, adoptando o nome simbólico de Vasco da Gama.
Para além de uma extensa obra jornalística, é autor de uma volumosa e diversificada obra literária, abrangendo áreas tão diferentes como a teoria política, a historiografia, o romance histórico e as peças para teatro.
Bibliografia
editar- 1892 — Lyra da Mocidade [primeiros versos] . Angra do Heroísmo, Tip. Artística;
- 1896 — Três meses no Limoeiro. Lisboa, Liv. Bordalo (duas edições);
- 1896 — Regresso ao Lar (romance com ilustrações de Roque Gameiro; folhetim em O Século);
- 1896 — O descobrimento do caminho marítimo para a Índia. 1 vol.;
- 1898 — O escândalo dos dramas do concurso do Centenário da Índia. Lisboa, Editora Agência Universal Publ.;
- 1898 — A descoberta da Índia. Lisboa Ed. Companhia Nacional Ed.;
- ---- — Alma Portuguesa;
- 1900 — Pedro Alvares Cabral. 1 vol.;
- 1900 — Descoberta do Brasil. Lisboa, Tip. da Companhia do Jornal «O Século»;
- 1900 — Inês de Castro, 2 volumes. Lisboa, Biblioteca Popular, Emp. Ed. Publ. (há duas edições);
- 1901 — ''Escravos (romance publicado como folhetim em A Folha do Povo);
- 1901 — Padeira de Aljubarrota, romance historico (com ilustrações de Bemvindo Ceia). 2 vol.;
- 1902 — As mulheres portuguêsas na Restauração de Portugal, romance historico (com ilustrações de Roque Gameiro), 3 vol.;
- 1905 — Os filhos de Ignez de Castro, romance historico (em colaboração com Joaquim Leitão), 1 vol. Lisboa, Viúva Tavares Cardoso;
- 1905 — Anedotas de Reis, Príncipes e Outras Personagens Portuguesas e Estrangeiras. Lisboa, Liv. Ed. Tavares Cardoso;
- 1905 — El-rei D. Miguel (chronica popular do absolutismo). Lisboa, Ed. Guimarães e Companhia;
- 1905 — Anedotas de reis, príncipes e outras personagens portuguesas e estrangeiras, extrahidas, traduzidas, compiladas e prefaciadas, 1 vol.;
- 1906 — Os Bravos do Mindello. Lisboa, Liv. Ed. Tavares Cardoso (eBook);
- 1906 — Beijos por lágrimas, romance histórico. Folhetim em A Lucta;
- 1906 — Bons ditos de reis, principes e outras personagens portuguêsas e estrangeiras, extrahidas, traduzidas, compiladas e prefaciadas;
- 1910 — História e Lenda de Inez de Castro. Lisboa, Ed. Guimarães e Companhia;
- 1911 — Os martyres da revolta. Lisboa, Ed. Nazaré Chagas;
- 1912 — Relatório do Director da Biblioteca Nacional de Lisboa (1911-1912) . Coimbra. Imprensa da Universidade.
Notas
- ↑ José Avelino Rocha Santos e Lúcia Santos, nota preambular à edição fac-simile da obra Os bravos do Mindelo, Angra do Heroísmo, 2005 (ISBN 9-789726-472179).
- ↑ Decreto de nomeação para director da BNL.
- ↑ Álbum Açoreano.
Referências
editar- Alfredo Luís Campos, Memória da Visita Régia à Ilha Terceira. Imprensa Municipal, Angra do Heroísmo, 1903;
- Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, vol. III, p. 107. Lisboa, Europa-América, 1994;
- Dicionário Portugal, volume III, p. 513. Lisboa, Romano Torres, 1907;
- A. H. Oliveira Marques, Parlamentares e ministros da Primeira República (1910-1926), p. 216. Assembleia da República e Edições Afrontamento, Lisboa, 2000.