Ferro de passar
O ferro de passar (português brasileiro) ou ferro de engomar (português europeu)[carece de fontes] é usado pelas pessoas para passar tecidos do vestuário, ou as de cama, mesa e banho, em geral, alisando-os através do seu aquecimento.[1] Antigamente, esse aquecimento era conseguido graças à queima de óleo, carvão ou gasolina, atualmente esse aquecimento é gerado através da energia elétrica.
História
editarO ferro de passar é um instrumento que começou a ser utilizado há centenas de anos.
Seus primórdios remetem aos brunidores, peças encontradas em escavações indicando que alguns povos, dentre eles os escandinavos, já praticavam o alisamento a frio com ossos, pedras e madeiras. Os Vikings, entre o período de 800 e 1200, teriam sido os primeiros a utilizar alisadores de vidro. Nesse período usam-se também as calandras [2].
Desde o século IV já existiam meios de se passar as roupas principalmente as femininas. Os chineses foram os primeiros a utilizar uma forma rudimentar desse instrumento, consistia em uma panela cheia de carvão em brasa, e manuseada através de um cabo comprido (osso, marfim, madeira ou jade[3]), passavam por cima do linho, algodão ou seda para alisar o tecido. Já na Europa, em torno do século XII, também se utilizava o carvão em brasa, porém ele era colocado em uma caixa fechada, que tinha uma pega por cima para se poder pressionar a roupa. Esta peça tinha orifícios como uma espécie de chaminé para manter o carvão queimando, porém sempre saía algum pó destes orifícios, sujando a roupa. Outra técnica utilizada eram caixas com pedaços de metal aquecido. A vantagem desta técnica era que já não largava pó, entretanto requeria a substituição constante das peças que iam arrefecendo.
Outra alternativa, foi a utilização de uma peça de ferro aquecida externamente e depois aplicada sobre a roupa. Desta última técnica é que surgiu o termo "ferro de passar" [3].
Nos séculos seguintes, no ocidente passaram a usar a madeira, o vidro ou o mármore como matéria-prima desse instrumento. Eles eram utilizados a frio, uma vez que até o século XV as roupas eram engomadas, o que impossibilitava o trabalho a quente.
No entanto, o ferro de passar roupa propriamente dito na forma mais parecida com o que temos hoje, tem suas primeiras referências a partir do século XVII, quando o ferro a brasa passou a ser usado por uma escala maior de pessoas. No século XIX surgiram outras variedades desse instrumento, como o ferro de lavadeira, o de água quente, a gás e a álcool. Em 1882, o americano Henry W. Seely criou a patente do ferro de passar elétrico, algum tempo depois em 1926 mais precisamente, surgiu o ferro a vapor.
Apesar de o ferro elétrico ter sido uma ótima invenção, na época de seu lançamento ele não obteve o sucesso esperado, pois a maioria das residências daquela época não dispunha de energia elétrica, e as que contavam com esse recurso somente podiam usar o novo instrumento à noite, porque durante o dia as empresas de distribuição de energia suspendiam seu fornecimento à população. Para não alterar os hábitos da atividade doméstica, a população preferia continuar usando os mesmos recursos utilizados até então. Porém, com a melhoria no fornecimento de energia elétrica, o produto se tornou um produto elétrico indispensável em qualquer residência. No Brasil a nacionalização desse produto ocorreu somente durante a década de 1950; antes disso, o abastecimento do nosso mercado interno era feito através da importação.
Outra invenção semelhante, mas que não agradou, pelo certo perigo que oferecia a quem o manuseasse, foi um modelo de ferro de passar aquecido por uma lâmpada. Em 1892 surgiram os ferros de passar com resistência. Eles eram mais práticos, eficientes e seguros, pois aliavam limpeza ao controle de temperatura, e podiam ser usados em qualquer lugar que dispusesse de eletricidade, além disso eram oferecidos aos interessados a preços acessíveis.
Com a expansão da rede de distribuição elétrica, e por sua facilidade de produção e montagem, o ferro elétrico continuou despertando o interesse das donas de casa em tê-lo e usá-lo em seus afazeres domésticos. Em 1924 surgiu o termostato regulável, que permitia adequar a temperatura do ferro ao tipo de tecido e assim evitava a queima das roupas[3]. Em 1939, a popularidade do ferro elétrico levou-o ao segundo lugar como eletrodoméstico preferido, perdendo somente para os aparelhos de rádio[3]. Dois anos mais tarde surgiria o ferro a vapor. A partir da década de 1950 os fabricantes começaram a abastecer o mercado com uma grande variedade de ferros de passar, disponibilizando modelos capazes de atender o gosto e preferência dos consumidores.
Modelos de ferro de passar
editar- Ferros a seco: são ferros tradicionais, que embora tenham caído em desuso, ainda são muito utilizados.
- Ferros a vapor: Este modelo de ferro de passar tem um sistema reservatório de água. Quando ativado, faz com que essa água se transforme em vapor, que é expelido pelos pequenos buracos da chapa de metal. Quando em contato com as fibras do tecido, o o vapor deixa a roupa mais maleável e mais fácil de passar. Assim, o usuário pode passar mais rápido, usando menos força e ainda economizando energia.[4]
- Ferros com gerador de vapor: são equipados com uma caldeira e usados especialmente em lavanderias
Shaker Museum
editarShaker Museum localizado no estado de Nova Iorque, EUA, também possui um histórico de ferros de passar e outros equipamentos similares utilizados em sua lavanderia entre o século XVIII e XIX. A lavanderia era para atender as necessidades da comunidade religiosa Shaker (protestantes cristãos) que chegaram aos EUA fugindo da perseguição religiosa da Inglaterra. Chegaram a ter setenta famílias na comunidade e lavar, passar era uma atividade diária na comunidade[5].
No museu encontra-se prensas de linho, onde as peças eram colocadas entre tábuas de madeira e uma prensa acima delas, fotos das pessoas da comunidade Shaker trabalhando nas lavanderias (os homens na prensa e as mulheres com os ferros de passar) e forno/estufa utilizado para esquentar o ferro de passar[6].
Acervo Museu da Casa Brasileira
editarO MCB (Museu da Casa Brasileira) possui uma coleção pequena, de treze ferros de passar, cuja utilização presume-se entre os século XIX e XX. Cinco deles são elétricos, outros cinco alimentados por carvão, sendo um deles infantil, outros dois a cunha ou lingueta de ferro e um é aquecido por estufa. O ferro de estufa é de ferro fundido com dimensões de 8,9 x 13,3 x 9cm. Já os ferros de carvão são maiores (13,7 x 14,6 x 6,5) e feitos de ferro e madeira. O ferro de passar a cunha é de bronze e madeira. Os ferros elétricos são de metais, exemplares dos fabricantes Alfredo Villanova S/A e Tupy S/A, incluindo um modelo de ferro de viagem [7].
Ver também
editarReferências
- ↑ «Polônia: homem "atende" ferro de passar». Band.com.br. Consultado em 3 de fevereiro de 2021
- ↑ «Museu do Ferro de Passar». Joinvilleiros. 23 de abril de 2018. Consultado em 18 de março de 2021
- ↑ a b c d Infopédia. «ferro de engomar - Infopédia». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 18 de março de 2021
- ↑ «Cuidado com as roupas: quais as vantagens do ferro de passar a vapor?». Homepedia. Consultado em 26 de setembro de 2019
- ↑ «North Family, Mount Lebanon Shaker Village, 202 Shaker Road, New Lebanon, Columbia County, NY». Library of Congress, Washington, D.C. 20540 USA. Consultado em 18 de março de 2021
- ↑ «Ironing and Pressing». Shaker Museum (em inglês). Consultado em 18 de março de 2021
- ↑ MCB, Educativo (2019). «Casas do Sertão - vol. 04 - Ferro de Passar» (PDF). Museu da Casa Brasileira. Consultado em 18 de março de 2021