Formação Irati é uma formação geológica da Bacia do Paraná, no Brasil. A palavra Irati, provém do Tupi-Guarani e significa rio do mel, segundo o geólogo e professor Sérgio Estanislau do Amaral.[1]

Formação Irati
Distribuição estratigráfica: Permiano superior
Formação Irati
Restos fósseis do réptil Mesosaurus brasiliensis.
Tipo Formação geológica
Unidade do(a) Bacia do Paraná

Grupo Passa Dois Supersequência Gondwana I

Sub-unidades Membro Taquaral e Membro Assistência
Sucedida por Formação Serra Alta
Precedida por Formação Palermo
Litologia
Primária Folhelhos betuminosos
Outras Calcário, Siltito
Localização
Homenagem Irati
País

É formada por siltitos, argilitos e folhelhos sílticos de cor cinza clara a escura, folhelhos pirobetuminosos, localmente em alternância rítmica com calcários dolomíticos de coloração creme, silicificados e, restritos níveis conglomeráticos.

A Formação Irati foi considerada como depositada durante o Período Permiano Superior, segundo vários autores e com base em palinologia, no andar Kazaniano. Entretanto, num estudo mais recente, constatou-se, através de datação em zircão de camadas bentoníticas a idade de 278Ma ± 2,2Ma, Artinskiano (Cisuraliano), ou seja, Permiano Inferior.[2] Ocorre nas regiões Sul, Sudeste do Brasil São Paulo e triângulo mineiro e nos estados de Goiás e Mato Grosso do Sul.

A Formação Irati é muito famosa no mundo paleontológico pela presença de mesossauros.[3][4] Em 1908, o geólogo Israel Charles White, chefe da Comissão de Estudos das Minas de Carvão de Pedra do Brasil, encontrou restos fósseis de um pequeno réptil em rochas permianas no, por ele denominado, "Schisto preto de Iraty", próximo à estação ferroviária de Irati, no estado Paraná. Estes fósseis foram descritos e catalogados por Mac Gregor, que os denominou de Mesosaurus brasiliensis e, reconhecendo sua semelhança com um fóssil encontrado na África do Sul, propôs a equivalência geológica da Formação Irati com a Formação Whitehill, da Bacia do Karoo, naquele país. Esta descoberta tornou a Formação Irati e a Bacia do Paraná mundialmente famosas, por ser uma das fortes evidências da então nascente teoria da deriva continental.[5]

A Formação Irati faz parte do Grupo Passa Dois e é composta por dois membros: Membro Taquaral e Membro Assistência. White (1908) utilizou o termo "Iraty" para designar os "schistos, camadas areentas e calcários" que afloram no rio Passa Dois, na Serra do Rio do Rastro, em Santa Catarina. O Membro Assistência constitui-se por folhelhos cinza-escuros com intercalação de folhelhos pretos pirobetuminosos associados a horizontes de calcários dolomíticos creme e cinza-escuros. Seu conteúdo fossilífero compreende os répteis Mesosaurus Brasiliensis e Stereosternum Tumidum, restos de vegetais, de peixes e de crustáceos, além de palimorfos. O Membro Taquaral, em sua maior parte, é constituído de sedimentos síltico-argilosos, cinzentos, com laminações plano-paralelas. Delgados arenitos ocorrem na porção basal.

Os dolomitos do Membro Assistência são explorados para corretivo de solos, principalmente na região entre Rio Claro e Piracicaba.

Folhelhos betuminosos e pirobetuminosos

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Desde 1972 a Petrobras opera uma planta industrial para extrair hidrocarbonetos dos folhelhos betuminosos da Formação Irati, em São Mateus do Sul, Paraná. O Processo Petrosix, uma patente da Petrobras, foi inteiramente desenvolvido pela companhia e inclui procedimentos de mineração, trituração, processamento termoquímico do folhelho com obtenção dos produtos petróleo, gás e enxofre nativo. Na pedreira são abundantes fragmentos de crustáceos e da fauna típica de Mesosaurus brasiliensis. Ocorrem duas camadas de folhelho ricos em óleo. Os teores médios de óleo são de respectivamente 9,1% para a camada inferior e de 6,4% para a camada superior. As reservas são de cerca de 700 milhões de barris de óleo, nove milhões de toneladas de gás liquefeito (GLP), 25 bilhões de metros cúbicos de gás de xisto e 18 milhões de toneladas de enxofre.[6]

Potencial para geração de petróleo

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Os folhelhos negros da Formação Irati são potencialmente geradores de hidrocarbonetos, com concentrações de 1 e 13% e picos de 23% e potencial gerador superior a 100–200 kg HC/ton rocha.[7] Dados de análises geoquímicas indicam que a Formação Irati é a mais propícia a apresentar rochas geradoras de petróleo na Bacia do Paraná. O principal processo natural para a geração de hidrocarbonetos na Bacia foi o efeito térmico fornecido pelas rochas ígneas intrusivas na Formação Irati.[8]

Ver também

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Referências

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  1. AMARAL, S.E., 1971, Geologia e petrologia da Formação Irati (Permiano) no Estado de São Paulo. http://geologiausp.igc.usp.br//downloads/geoindex18.pdf[ligação inativa]
  2. Santos (2006) Shrimp U–Pb zircon dating and palynology of bentonitic layers from the Permian Irati Formation, Paraná Basin, Brazil
  3. «Cópia arquivada». Consultado em 22 de janeiro de 2009. Arquivado do original em 19 de março de 2004 
  4. [1][ligação inativa]
  5. Mac Gregor, J.H. 1908 – Mesosaurus brasiliensis nov. sp., Parte II. (português e inglês) IN: White, I.C. 1908. Relatório final da Comissão de Estudos das Minas de Carvão de Pedra do Brasil. DNPM , Rio de Janeiro, Parte II, p. 303-617. (Ed. Fac-similar de 1988).
  6. Petrobras: Processo Petrosix: http://www2.petrobras.com.br/minisite/refinarias/petrosix/portugues/index.asp Arquivado em 12 de janeiro de 2011, no Wayback Machine.
  7. Milani, E. J., França, A. B. E Medeiros, R. Á. (2007). «Roteiros Geológicos, Rochas geradoras e rochas-reservatório da Bacia do Paraná». Boletim de Geociências da Petrobras. 15–1: 135–162 
  8. Souza, I.V.A.; Mendonça Filho, J.G.; Menezes, T.R. (2008). «Avaliação do efeito térmico das intrusivas ígneas em um horizonte potencialmente gerador da Bacia do Paraná: Formação Irati». Revista Brasileira de Geociências. 38-2 (suplemento): 138–148