Forno romano de Olhos de São Bartolomeu
O Forno romano de Olhos de São Bartolomeu é uma estrutura do período romano, situada perto da aldeia de São Bartolomeu, no concelho de Castro Marim, em Portugal
Forno romano de Olhos de São Bartolomeu | |
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Informações gerais | |
Tipo | forno |
Construção | Século II |
Geografia | |
País | Portugal |
Localização | Castro Marim |
Coordenadas | 37° 11′ 39,78″ N, 7° 28′ 50,33″ O |
Localização do sítio em mapa dinâmico |
Descrição
editarO forno fazia parte de uma olaria destinada ao fabrico de ânforas.[1] Está situado na zona de Olhos, perto da aldeia de São Bartolomeu.[2]
No local foram recolhidas várias peças de cerâmica, algumas delas com a assinatura L.F.T., relativa ao oleiro local que as fabricou, característica única na região e bastante rara em Portugal.[1] Outras quatro peças apresentavam decoração.[3] Os fragmentos de cerâmica encontrados foram fundos, asas, bojos e bordos de ânforas, e partes da estrutura do forno.[3] As ânforas faziam parte do grupo de fabrico lusitano tardio Dressel 14, normalmente utilizado no transporte de produtos piscícolas, e que na zona no Algarve só foi encontrado no forno de Olhos de São Bartolomeu.[3]
O forno é importante por ser o mais antigo no Algarve, e também devido à falta de estruturas deste tipo na zona da foz do Guadiana, uma vez que as restantes estão soterradas ou foram destruídas.[1]
História
editarO forno foi construído no século II, sendo considerado o forno romano mais antigo na região do Algarve.[1] Foi descoberto e investigado em 1896 por José Leite de Vasconcelos,[4] que registou a presença do forno e de um depósito para ânforas, e a existência de vários fragmentos de cerâmica na área em redor, tendo levado consigo doze ânforas que estavam quase inteiras.[3]
Na década de 2010, o terreno onde se insere o forno foi comprado por um empreiteiro de Castro Marim, que pretendia instalar no local um depósito para materiais de construção.[1] Assim, iniciou uma série de terraplanagens no local, obra que foi parada devido à denúncia de um cidadão britânico residente na zona, e que fazia parte da Associação de Arqueologia do Algarve.[1] Verificou-se igualmente que as obras eram ilegais, porque o terreno em causa fazia parte da Reserva Natural do Sapal de Castro Marim e Vila Real de Santo António, sendo por isso necessário um pedido de apreciação autárquica ou um parecer do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, passos que o proprietário não fez antes de iniciar as obras.[1]
Na sequência deste incidente, em Maio de 2019 iniciou-se um programa de resguardo do forno romano, que envolveu a Direcção Regional de Cultura do Algarve, a Câmara Municipal de Castro Marim e os Serviços Especiais de Protecção da Natureza e do Ambiente da Guarda Nacional Republicana.[5] Estes trabalhos serviram para reduzir os efeitos das obras e confirmar a localização da estrutura romana, tendo sido igualmente encontrado um grande número de fragmentos de cerâmica, que foram enviadas para a Universidade do Algarve para serem estudadas, de forma a saber a sua época de fabrico e que tipo de peças eram produzidas no forno, entre outras informações.[2] Esta intervenção, feita por uma companhia privada, contou com a presença de arqueólogos da Direcção Regional de Cultura do Algarve, e teve a colaboração do proprietário dos terrenos e de vários residentes locais.[2] Nas escavações foram encontrados vestígios da câmara de cozedura e o fundo da grelha, revelando-se que afinal não tinham sido danificados durante as terraplanagens ocorridas recentemente, como se tinha receado.[3]
Ver também
editarReferências
- ↑ a b c d e f g REVEZ, Idálio (14 de Junho de 2019). «Obra quase arrasou o mais antigo forno romano no Algarve». Público. Consultado em 26 de Agosto de 2019
- ↑ a b c «Forno Romano de São Bartolomeu de Castro Marim foi salvaguardado». Postal do Algarve. 28 de Maio de 2019. Consultado em 26 de Agosto de 2019
- ↑ a b c d e CORREIA, Eliana (23 de Maio de 2019). «Relocalização do Forno Romano de S. Bartolomeu (Sítio "Os Olhos", S. Bartolomeu do Sul, Castro Marim)». ArqueoZine. Consultado em 26 de Agosto de 2019
- ↑ «Olhos de São Bartolomeu». Portal do Arqueólogo. Consultado em 26 de Agosto de 2019 – via Direcção Geral do Património Cultural
- ↑ COUTO, Nuno (30 de Maio de 2019). «Forno romano vai ser preservado em Castro Marim». Jornal do Algarve. Consultado em 26 de Agosto de 2019