Forte de Santa Catarina (Portimão)

fortaleza no Portimão, Algarve, Portugal
 Nota: Se procura outros fortes de mesmo nome, veja Forte de Santa Catarina (desambiguação).

O Forte de Santa Catarina, igualmente conhecido como Fortaleza de Santa Catarina de Ribamar ou Miradouro de Santa Catarina, é um monumento militar situado na Praia da Rocha, perto da cidade de Portimão, na região do Algarve, em Portugal. Foi construído em 1633,[1] durante o Domínio filipino.[2] Foi classsificado como Imóvel de Interesse Público em 1977.[3]

Forte de Santa Catarina (Portimão)
Forte de Santa Catarina (Portimão)
Fachada principal do Forte de Santa Catarina, em 2020.
Informações gerais
Estilo dominante Fortificação abaluartada
Construção 1633
Aberto ao público Sim
Estado de conservação Bom
Património de Portugal
Classificação  Imóvel de Interesse Público [♦]
DGPC 74638
SIPA 1286
Geografia
País Portugal
Localização Portimão
Coordenadas 37° 06′ 59″ N, 8° 31′ 47″ O
Mapa
Localização em mapa dinâmico
[♦] ^ DL 129/77 de 29 de Setembro
Vista da fachada principal do forte, em 2013.

Descrição

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A fortaleza está situada na ponta Este da Praia da Rocha,[4] junto à foz do Rio Arade,[5] no local considerado mais adequado para defender a barra daquele rio,[1] protegendo desta forma as povoações de Vila Nova de Portimão e Silves dos corsários e de outros inimigos.[6] Funcionava em conjunto com o Forte de São João do Arade, situado na outra margem do rio, em Ferragudo.[6] Devido à sua localização, permite observar um vasto panorama, incluindo a bacia do Rio Arade, e a cidade de Portimão e a sua marina.[1] Tem acesso pelo Largo da Fortaleza e pela Avenida Tomás Cabreira.[4]

É considerada como o principal ex-libris da Praia da Rocha, e um dos símbolos da cidade de Portimão e da sua ligação aos Descobrimentos,[5] sendo um dos monumentos mais visitados no concelho.[5] O forte foi classificado como Imóvel de Interesse Público pelo Decreto n.º 129/77, publicado no Diário da República n.º 226, Série I, de 29 de Setembro de 1977.[3]

O edifício foi quase totalmente modificado ao longo da sua história, principalmente no seu interior.[7] A fachada principal, que foi o único elemento que se conservou original desde o século XVII, é composta por três baluartes simétricos, sendo o do meio recuado em relação aos laterais.[1] A entrada, virada para terra,[4] contém pilastras de grande espessura e um lintel de pedras almofadadas, o que lhe dá uma aparência monumental em relação ao resto da fachada, de forma horizontal e de altura relativamente reduzida.[7] Os planos originais incluíam um fosso e uma ponte levadiça, dos quais não restam quaisquer vestígios.[7] Os compartimentos no interior são de planta rectangular e de um só piso, cujas portas e janelas têm molduras de formato rectilíneo.[4] São rematados por telhados de quatro águas, onde estão as chaminés das cozinhas.[4] O miradouro foi instalado no local onde originalmente se encontravam as baterias, no canto sudeste do edifício, viradas para o oceano,[7] tendo a cortina de muralhas sido furada para uma escadaria até à praia.[4] A área do miradouro está separada do pátio interior da fortaleza por um muro, aberto em sete arcos.[4]

 
interior do forte em 2020, vendo-se ao fundo o edifício da Ermida de Santa Catarina.

Ermida

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No interior do forte destaca-se a presença da ermida ou capela de Santa Catarina, de pequenas dimensões, e que é composta apenas por uma nave e uma capela-mor, decorada com azulejos em tons azuis.[8]

História

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Construção

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Entre 1617 e 1621, o engenheiro militar italiano Alexandre Massai viajou pelo Algarve, no sentido de estudar e planear a instalação de várias fortificações costeiras, tendo em 1621 estado na zona da foz do Rio Arade.[7] Apesar do Arade ser considerado, na altura, como o curso de água mais importante na região Sul de Portugal, estava mal protegido pelos castelos de Portimão e Castelo de São João do Arade, que não tinham capacidade para lidar de forma activa contra ataques de piratas, corsários e frotas de invasão.[7] Assim, nesse mesmo ano começou a ser planeada a construção de uma nova fortaleza,[1] por ordem do Governador do Algarve, D. João de Castro,[5] de forma a defender a barra do Rio Arade.[1] Deveria ser construída na Ponta da Praia da Rocha, igualmente conhecida como Ponta de Santa Catarina,[7] devido à presença de uma ermida dedicada a Santa Catarina de Alexandria.[1] A fortaleza é considerada um dos melhores exemplos da intervenção de Alexandre Massai, cujos estudos para esta e outras estruturas defensivas costeiras no Algarve foram recolhidos na sua obra Descripção do Reino do Algarve,[7] publicada em 1621.[6] Os trabalhos começaram em 1629 e terminaram em 1633, tendo a construção sido relativamente rápida.[7] O edifício foi finalizado sob a orientação do novo Governador, Luís de Sousa, que utilizou as rendas da fazenda pública e do donatário de Vila Nova de Portimão, Gregório Taumaturgo de Castelo Branco.[1] Foi uma das últimas estruturas militares a serem construídas na região do Algarve durante a Dinastia Filipina.[1] A ermida foi integrada no forte,[7] tendo sobrevivido alguns vestígios originais do antigo edifício, destacando-se o portal, no estilo gótico.[1] Alguns autores indicaram uma data diferente para a construção do forte, durante o século XVI, no reinado de D. Sebastião.[7]

Séculos XVIII e XIX

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O imóvel foi muito danificado pelo Sismo de 1755, mas não totalmente destruído, devido à sua situação, no alto das arribas.[9] Ainda assim, abriram-se grandes fendas nas muralhas, e foram parcialmente destruídos os muros lateriais, e os antigos edifícios da ermida e da Casa do Capitão.[6] Os trabalhos de restauro foram iniciados pelo governador e capitão-geral do Algarve, Conde de Vale de Reis, tendo nessa altura sido modificado o formato da fortaleza.[6] Da estrutura original do século XVII, sobreviveu apenas a fachada principal.[1] Desde o século XVIII até ao XIX o forte serviu apenas como um posto de vigia da costa, uma vez que a sua função tinha-se tornado obsoleta, devido aos avanços tecnológicos da marinha.[6]

 
Interior da fortaleza, visto a partir de um dos baluartes.

Séculos XX e XXI

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O forte continuou a ser alvo de obras de restauro e remodelação no século XX, principalmente no âmbito da expansão da indústria do turismo no Algarve.[7] Um Despacho de 23 de Julho de 1946 aprovou a transferência do forte para a Comissão Municipal de Turismo de Portimão, que era utilizado nessa altura como posto da Guarda Fiscal e como residência das famílias dos praças que aí serviam.[4] Durante o século XX, também foi ocupado pela Polícia Marítima[6] e pela capitania do Porto de Portimão.[5] Em 1960, foram feitas obras no sentido de o converter num local de interesse turístico, tendo sido criado um miradouro virado para a foz do Rio Arade,[6] na antiga localização das baterias,[7] e instalados um quiosque, um bar, um restaurante e um café.[6] Também nesta altura foram reforçados os rochedos onde se situa o forte, permitindo a expansão do miradouro.[1] Esta obra incluiu a instalação de placas de betão armado no interior do baluarte poente, e de rampas de e anexos construídos na escarpa, para facilitar os acessos à praia.[4] Esta intervenção veio melhorar a zona marginal da Praia da Rocha, que então já se tinha assumido como uma importante estância balnear.[6] Em 1969, o monumento foi danificado por um sismo, tendo sido reparado ainda nesse ano, com obras nos panos da muralha, reparações de fendas e reconstrução dos rebocos, arranjo dos telhados, e pintura das portas e caixilhos.[4] Também foram instalados blocos de betão armado em lintéis, cintas de travação e pilares, de forma a reforçar a estrutura da fortaleza.[4] O imóvel foi classificado em 1977,[3] tendo nessa década sido expandida a sua função como equipamento turístico, com a construção de instalações sanitárias e uma nova esplanada no piso inferior da fortaleza, enquanto que os antigos aposentos da capitania foram alvo de obras de restauro.[6] Durante este período, o areal da Praia da Rocha também conheceu um aumento progressivo devido ao assoreamento do Rio Arade, fazendo com que a estrutura pudesse ser utilizada como apoio à praia, com a instalação de um restaurante e esplanada.[7]

Em Dezembro de 2016, o Bloco de Esquerda apresentou um projecto de resolução no parlamento, onde aconselhava a realização urgente de obras de requalificação dda fortaleza, criticando o estado de conservação do imóvel como um perigo para a segurança pública, e o seu impacto negativo na imagem da Praia da Rocha.[10] Em Janeiro de 2017, a presidente da Câmara Municipal de Portimão, Isilda Gomes, declarou que estava interessada na gestão do Forte de Santa Catarina, de forma a executar obras de remodelação no monumento, e instalar no seu interior estabelecimentos de restauração e um espaço cultural, denominado de Museu do Mar.[5] Desta forma, não só seria recuperado um dos símbolos de Portimão, que estava já num avançado estado de abandono e degradação, como também seria valorizado, tanto do ponto de vista cultural como turístico.[5] Segundo um estudo Laboratório Nacional de Engenharia Civil sobre o estado de conservação do forte, seria necessária uma grande intervenção para a sua recuperação, cujo custo não poderia ser suportado apenas pela autarquia, pelo que entrou em discussão com o governo, no sentido de se encontrarem os fundos necessários para esta obra, que tanto poderiam ser estatais como comunitários.[5] Em Julho de 2017, foi organizado no Forte de Santa Catarina o Portimão Wine Tasting, um evento de degustação de vinhos regionais do Algarve.[11] A fortaleza também acolheu este evento em Julho de 2018[12] e 2019.[13]

 
Vista lateral do Forte de Santa Catarina, em 2020.

Em Abril de 2018, estavam a ser realizadas obras na fortaleza, para a estabilização da fachada.[2] Estes trabalhos foram feitos pela Administração dos Portos de Sines e do Algarve, que era responsável pelo imóvel, prevendo-se que durariam cerca de um mês e custariam 20 mil Euros.[2] Neste período, o monumento já tinha sido incluído no programa estatal Revive, para facilitar o investimento privado em imóveis públicos sem utilização, com fins turísticos.[2] Assim, previa-se que até ao final do ano fosse aberto o concurso público para a exploração turística do monumento,[14] e a empresa que vencesse o concurso seria responsável igualmente pela execução de obras de remodelação total.[2] O concurso só seria iniciado depois de serem feitos trabalhos arqueológicos e um estudo patrimonial, de forma a demarcar quais as obras a fazer no forte.[2] Este processo foi elogiado por Isilda Gomes, uma vez que permitiria a recuperação do forte, que apesar de ser o principal símbolo da Praia da Rocha, estava muito degradado, gerando problemas de segurança no local.[15] Segundo a autarca, já anteriormente várias entidades privadas tinham contactado a Câmara Municipal no sentido de se candidatarem à exploração do monumento.[15]

Em Julho de 2019, o Forte de Santa Catarina ainda fazia parte do programa Revive, embora sem ter um processo de recuperação em curso.[16] Em Novembro de 2019, estava prevista a instalação de uma sirene no Forte de Santa Catarina, como parte de um programa da Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil e da autarquia de Portimão para alertar a população, caso ocorra um sismo ou maremoto.[17]

 
Interior do forte, em 2013.

Ver também

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Referências

  1. a b c d e f g h i j k l «Forte de Santa Catarina». Revive. Turismo de Portugal. Consultado em 5 de Abril de 2020 
  2. a b c d e f EUSÉBIO, José Carlos (9 de Abril de 2018). «Fortaleza na Praia da Rocha está a ser alvo de obras». Correio da Manhã. Consultado em 4 de Abril de 2020 
  3. a b c PORTUGAL. Decreto n.º 129/77, de 29 de Setembro. Presidência do Conselho de Ministros e Ministério da Educação e Investigação Científica. Publicado no Diário do Governo n.º 226, Série I, de 29 de Setembro de 1977.
  4. a b c d e f g h i j k «Forte de Santa Catarina». Sistema de Informação para o Património Arquitectónico. Direcção Geral do Património Cultural. Consultado em 13 de Abril de 2020 
  5. a b c d e f g h «Autarquia de Portimão quer gerir a Fortaleza de Santa Catarina». Dinheiro Vivo. 17 de Janeiro de 2017. Consultado em 4 de Abril de 2020 
  6. a b c d e f g h i j k «Recomenda ao Governo a urgente requalificação da Fortaleza de Santa catarina, Praia da Rocha». Grupo Parlamentar. Bloco de Esquerda. 4 de Janeiro de 2017. Consultado em 5 de Abril de 2020. Arquivado do original em 5 de Dezembro de 2020 
  7. a b c d e f g h i j k l m n «Forte de Santa Catarina». Património Cultural. Direcção Geral do Património Cultural. Consultado em 6 de Abril de 2020 
  8. «Ermida de Santa Catarina». Património Arquitetura Religiosa. Câmara Municipal de Portimão. Consultado em 5 de Junho de 2024 
  9. PUTLEY, Julian (Abril de 2021). «The Algarve and the Earthquake of 1755». Tomorrow (em inglês) (113). Lagos. p. 12. Consultado em 29 de Abril de 2021 – via Issuu 
  10. «Portimão quer gerir Fortaleza de Santa Catarina, um dos ex-líbris do concelho». Público. 17 de Janeiro de 2017. Consultado em 5 de Abril de 2020 
  11. «Wine Tasting: muitos vinhos para provar com vista para a Praia da Rocha». Visão. 19 de Julho de 2017. Consultado em 4 de Abril de 2020 
  12. «Vinhos de Portimão dão-se a provar na Fortaleza de Santa Catarina». Sul Informação. 19 de Julho de 2018. Consultado em 4 de Abril de 2020 
  13. PAULO, Alexandre (20 de Julho de 2019). «5 coisas para fazer no Algarve – já neste fim de semana». Visão. Consultado em 4 de Abril de 2020 
  14. PEREIRA, Sónia Santos (16 de Junho de 2018). «Revive: Mais 12 imóveis históricos vão a concurso». Dinheiro Vivo. Consultado em 5 de Abril de 2020 
  15. a b EUSÉBIO, José Carlos (1 de Abril de 2018). «Fortaleza ao abandono vai ser concessionada». Correio da Manhã. Consultado em 4 de Abril de 2020 
  16. «Governo vai reabilitar mais 15 imóveis históricos. Não há novidades sobre o Mosteiro de Santa Clara-a-Nova». Notícias de Coimbra. 24 de Julho de 2019. Consultado em 5 de Abril de 2020 
  17. LOPES, Daniel (5 de Novembro de 2019). «Portimão assinala Dia Mundial de Sensibilização para o Risco de Tsunami». Diário Online / Região Sul. Consultado em 4 de Abril de 2020 

Leitura recomendada

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  • ALMEIDA, João de (1948). Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses. Lisboa: (Edição do autor) 
  • COUTINHO, Valdemar (1997). Castelos, Fortalezas e Torres da Região do Algarve. Vila Real de Santo António: Algarve em Foco Editora 
  • COUTINHO, Valdemar (2001). Dinâmica defensiva da costa do Algarve. Do período islâmico ao século XVIII. Portimão: Instituto de Cultura Ibero-Atlântica 
  • MAGALHÃES, Natércia (2008). Algarve - Castelos, Cercas e Fortalezas: As muralhas como património histórico. Faro: Letras várias, edições e arte 
  • VENTURA, Maria da Graça Mateus; MARQUES, Maria da Graça Maia (1993). Portimão. Lisboa: Editorial Presença. ISBN 972-23-1710-5 
 
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Ligações externas

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