Fortim de São Tiago da Nova Lisboa

O Fortim de São Tiago da Nova Lisboa localizava-se na margem direita da foz do rio Ceará, no litoral do estado brasileiro do Ceará.

Fortim de São Tiago da Nova Lisboa
Fortim de São Tiago da Nova Lisboa
Detalhe da costa do Ceará e a barra do rio Ceará (João Teixeira Albernaz, o velho. Pequeno atlas do Maranhão e Grão-Pará. 1629).
Construção Filipe III de Espanha (1604)
Estilo Abaluartado
Conservação Desaparecido
Aberto ao público Não

História

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No contexto da Dinastia Filipina (1580-1640), após erradicar, em 1604, o núcleo colonial francês estabelecido em 1590 por Adolf Montbille (o corsário "Mambille" para os portugueses), e os seus aliados, os Tabajaras da Ibiapaba, a expedição do Capitão-mor Pero Coelho de Souza avançou até ao rio Punaré, de onde retornou para o rio Ceará. À margem direita deste último (hoje Barra do Ceará), junto à foz, fundou, nesse mesmo ano, a povoação de Nova Lisboa (Nova Coimbra, cf. GARRIDO, 1940:41), denominando a região de Nova Lusitânia. Para defesa da povoação fundada, iniciou um fortim de faxina e taipa, sob a invocação de São Tiago (Fortim de São Tiago) (BARRETTO, 1958:84).

Pero Coelho de Souza retornou à capitania da Paraíba em busca de reforços, deixando a povoação e o fortim sob o comando do capitão Simão Nunes Correia, com uma guarnição de quarenta e cinco homens. Ao retornar com sua famílias,[1] dezoito meses mais tarde, diante da seca que assolava o Ceará, da desmotivação dos seus homens,[2] da falta de recursos, dos constantes ataques dos indígenas, e das dificuldades de comunicações com a capitania da Paraíba, deliberou-se o abandono da povoação e do fortim (1605), tendo a guarnição se recolhido ao Forte dos Reis Magos, na capitania do Rio Grande do Norte (BARRETTO, 1958:84-85).

Nesse forte chegou a habitar a primeira portuguesa em terras cearenses de que se tem notícia, a Sra. Maria Tomásia, esposa de Pero Coelho.[3]

Este forte (ou o Fortim de São Sebastião), encontra-se cartografado por João Teixeira Albernaz, o velho junto à foz do "rio Siará", segundo três mapas portugueses:

  • um no Livro que dá Razão do Estado do Brasil, datado de 1627;[4]
  • outro no Livro em Q se mostra a descrição de toda a costa do estado do Brasil e seus portos barra escondidas dellas;[5] e
  • outro à folha 1 do mapa Pequeno atlas do Maranhão e Grão-Pará.[6]

Acerca deste episódio, o historiador Francisco Adolfo de Varnhagen faz a seguinte referência:

"Apesar do completo malogro dessa tentativa para se colonizar o Ceará, ela não foi de todo infrutuosa; o território por essa banda foi explorado, ficando em todo caso, no Brasil, alguns que se fizeram práticos deles entre os quais devemos contemplar em primeiro lugar a Martim Soares Moreno (um dos oficiais da expedição) que depois veio a ser o verdadeiro fundador da capitania do Ceará."[7]

Ver também

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Referências

  1. GIRÃO, R. Pequena História do Ceará. Fortaleza: Editora Instituto do Ceará, 1962. p 39-46
  2. KROMMEN, R. Matias Beck e a Companhia da Índias Ocidentais. Fortaleza: UFC/Casa de José de Alencar-Programa Editorial, 1997. p. 29-33.
  3. GIRÃO, R. Pequena História do Ceará. Fortaleza: Editora Instituto do Ceará, 1962. p. 39-46.
  4. Livro que dá Razão do Estado do Brasil (ed. fac-simile). Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro/Ministério da Cultura, 1968. p. 83.
  5. Livro em Q se mostra a descrição de toda a costa do estado do Brasil e seus portos barra escondidas dellas. Lisboa, 1627.
  6. Albernaz I, João Teixeira (1629). «Pequeno atlas do Maranhão e Grão-Pará». Consultado em 15 de setembro de 2011 
  7. VARNHAGEN, Francisco Adolfo. História Geral do Brasil.

Bibliografia

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  • BARRETO, Aníbal (Cel.). Fortificações no Brasil (Resumo Histórico). Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército Editora, 1958. 368 p.
  • GARRIDO, Carlos Miguez. Fortificações do Brasil. Separata do Vol. III dos Subsídios para a História Marítima do Brasil. Rio de Janeiro: Imprensa Naval, 1940.
  • SOUSA, Augusto Fausto de. Fortificações no Brazil. RIHGB. Rio de Janeiro: Tomo XLVIII, Parte II, 1885. p. 5-140.

Ligações externas

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