Francesco Barbaro (1398-1454) (* Veneza, 1398 - † Veneza, 1454), foi humanista, filólogo, político, literato, filósofo, tradutor e diplomata veneziano. Um dos mais célebres literatos do século XV, era membro dos Bárbaros, família de patrícios de Veneza. Foi aluno de Giovanni di Ravenna, Gasparino Barzizza, Vittorino da Feltre e de Guarino de Verona (1370-1460).

Francesco Barbaro
(1398-1454)
Francesco Barbaro
Francesco Barbaro
Nascimento 1398
Veneza, atual Itália
Morte janeiro de 1454
Veneza, atual Itália
Sepultamento Basílica de Santa Maria Gloriosa dei Frari
Cidadania República de Veneza
Alma mater Universidade de Pádua
Ocupação humanista do Renascimento, diplomata, político, tradutor, filósofo

Biografia

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Francesco Barbaro era filho de Candiano Barbaro, tio de Ermolao Barbaro, O Velho (1410-1474)[1] e avô do humanista e erudito italiano Ermolao Barbaro, O Jovem (1453-1493). O pai de Francesco morreu em 1391 e por isso ele foi educado pelo seu irmão Zaccaria Barbaro. Francesco Barbaro fez seus estudos acadêmicos na Universidade de Pádua, recebendo o diploma de doutorado da Faculdade de Artes em 1412. A Universidade de Pádua era um dos centros de estudos aristotélicos, de modo que Francesco foi influenciado pelos conceitos aristotélicos na Faculdade de Artes. Por volta de 1414-1419, quando Barbaro tinha por volta de 20 anos, Guarino de Verona lecionava na escola humanista de Veneza, e ele foi educado por Guarino no desenvolvimento do humanismo renascentista. E foi dentro deste contexto educacional que os dois leram e estudaram juntos a República de Platão. Quando Francesco Barbaro visitou Florença em 1414, ele convenceu Guarino a acompanhá-lo a Veneza. Barbaro levou Guarino para sua casa e estudou grego com ele.

Em 1419 Barbaro se casou com Maria Loredan, filha do almirante e procurador Pietro Loredan († 1439). Francesco e Maria tiveram cinco filhas e um filho, Zaccaria Barbaro (1423-1492). Entrou para a vida política de Veneza, tornando-se senador em 1449 e procurador de São Marcos em 1452, cargo esse que era apenas inferior ao de doge. Em 1423 foi governador de Vicenza, em 1430 de Bérgamo e em 1434 de Verona. Como governador de Bréscia entre 1437 e 1440, teve papel conciliatório ao pacificar as duas facções rivais dos Avogradi e os Martinenghi, defendendo também a cidade contra o ataque dos milaneses liderados por Niccolò Piccinino (1386-1444).[2] O sucesso de Barbaro foi eternizado por Giovanni Battista Tiepolo (1696-1770) em sua obra A Glorificação da Família Bárbaro.[3] Mais tarde, tornou-se prefeito de Verona em 1441, e em 1445 foi nomeado governador de Pádua e novamente entre 1450 e 1452, e em 1448 Governador-Geral de Friuli. Retornando a Veneza foi conselheiro de estado.

Como diplomata, em 1426, foi nomeado embaixador de Veneza na corte do Papa Martinho V, para convencê-lo a se aliar aos venezianos na luta contra Milão, e, dois anos depois, representou Veneza no Concílio de Basileia, mas em suas sedes de Ferrara e Florença. Observado por Eugênio IV, foi nomeado enviado papal junto ao imperador Sigismundo (1368-1437), que por sua vez, lhe pede para representá-lo na corte da Boêmia. A pedido do Imperador, Francesco Barbaro tentou amenizar as relações entre o Imperador e os hussitas. Eugênio IV também se utilizou dos préstimos de Barbaro em suas negociações junto ao Imperador. Em 1443 torna-se embaixador de Veneza em Mântua e depois em Ferrara, em 1444 embaixador de Veneza em Milão e em 1446 novamente em Ferrara. Seu filho Zacarias também foi procurador de São Marcos.

Em Florença foi acolhido por humanistas toscanos como Leonardo Bruni (1369-1444) e Niccolò Niccoli (1364-1437), e dedicou uma amizade especial com Lorenzo de' Medici (1449-1492) a quem dedicou o tratado De re uxoria.

Barbaro se dedicou à pesquisa, coleção e tradução de manuscritos antigos. Foi também patrono de Jorge de Trebizonda (1395-1486) e Flavio Biondo (1388-1463).

  • De re uxoria (O livro do Matrimônio), obra escrita em apenas 25 dias e que foi publicada pela primeira vez por Badius Ascencius (1462-1535)[4] em 1513 e traduzida para o francês primeiramente em 1537 por Martin du Pin († 1572) e em 1667, por Claude Joly (1607-1700).[5] Nesta obra Barbaro fala sobre os objetivos do casamento, que é ter filhos, e o dever da esposa é educá-los. Uma cópia dessa obra foi dedicada aos recém-casados Lorenzo de' Medici e Ginevra Cavalcanti. A obra também foi traduzida para o italiano em 1548 por Alberto Lollio (1508-1568).[6]
  • Autor de inúmeras Cartas.
  • Foi tradutor da vida de Aristides, (1415), do grego para o latim, escrita por Plutarco
  • Traduziu do grego para o latim da vida de Catão, O Velho de Plutarco, obra que dedicou a seu filho mais velho Zacarias, junto com a vida de Aristides.
  • História do Cerco de Bréscia.

Família Bárbaro

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Referências

  1. Veja Família Barbaro acima.
  2. Niccolò Piccinino (1386-1444) (* 1386 - † 15 de Outubro de 1444), foi um condottiero italiano.
  3. La vie d'un patricien de Venise au seizième siècle - Les doges--La charte ducale --Les femmes à Venise--L'Université de Padoue--Les préliminaires de Lépante, etc., etc., d'après les papiers d'état des Archives de Venise, Charles Yriarte, Paris, 1874, pag. 11.
  4. Jodocus Badius Ascencius (1462-1535) (* Asse, Bélgica, 1462 - † Paris,1535, livreiro e primeiro impressor flamengo.
  5. Claude Joly (1607-1700) (* Paris, 2 de Fevereiro de 1607 - † Paris, 15 de Janeiro de 1700), foi bibliotecário, literato, tradutor e livreiro francês.
  6. Flavio Alberto Lollio (1508-1569) (* Florença, 18 de Maio de 1508 - † Ferrara, 15 de Novembro 1569), poeta, orador, antiquariano, literato, tradutor e publicador italiano.

Ligações externas

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