Francisco José de Sousa Soares de Andrea
Francisco José de Sousa Soares de Andrea,[1] Barão de Caçapava,[2] (Lisboa, 29 de janeiro de 1781 — São José do Norte, 3 de outubro de 1858) foi um militar e político luso-brasileiro.[3]
Francisco José de Sousa Soares de Andrea | |
---|---|
Presidente da Província do Pará - Brigadeiro Francisco José de Sousa Soares de Andréa (Barão de Caçapava). | |
Nascimento | 29 de janeiro de 1781 Lisboa |
Morte | 3 de outubro de 1858 (77 anos) São José do Norte |
Nacionalidade | Português, brasileiro |
Progenitores | Mãe: Isabel Narcisa de Sant'Ana e Sousa Pai: José Joaquim Soares de Andrea |
Ocupação | Militar, político |
Vida
editarFilho de José Joaquim Soares de Andrea (Lisboa, Olivais, bap. 24 de setembro de 1744 - 14 de julho de 1800), fidalgo português e neto materno de um italiano descendente de uma das principais famílias de Gênova, Cavaleiro da Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo e Fidalgo da Casa Real, e de sua mulher Isabel Narcisa de Sant'Ana e Sousa. Era irmão mais novo de Tomás José de Sousa Soares de Andrea e irmão mais velho de José Maria de Sousa Soares de Andrea e Bernardo José de Sousa Soares de Andrea.
Carreira
editarAssentou Praça na Arma de Infantaria, como Voluntário no Regimento de Infantaria N.º 2 do Exército Português, a 14 de dezembro de 1796, e foi nomeado Cadete em 1797.[4][3] Fez o Curso de Engenharia e Navegação, passou para a Arma de Artilharia e foi como Artilheiro que participou da Campanha de 1801 em Portugal.[4][3] Contava alguns anos de serviço no Exército quando, em 1801, D. Carlos IV de Espanha, por sugestão da França, declarou guerra a Portugal, guerra que terminou pelo Tratado de Paz de Badajoz, a 6 de Junho do mesmo ano. Fez essa campanha na companhia de seu irmão mais velho Tomás José de Sousa Soares de Andrea.[5]
Em 1807, passou para a Marinha, e acompanhou D. João VI de Portugal, então Regente, indo instalado na nau Príncipe Real, e instalou-se no Brasil com a Família Real em 1808. Promovido a Tenente nesse ano, foi transferido para o Corpo de Engenheiros, onde atingiu elevada reputação. Foi encarregado da Direcção de trabalhos importantes, tais como o nivelamento do Rio de Janeiro, construção de estradas, etc. Em 1817, já Major, fez parte da Expedição destinada a pacificar a Província de Pernambuco, como Chefe de Engenheiros. Chegado ali,foi nomeado, pelo General Luís do Rego Barreto, Secretário do Governo da Província, sendo, ao mesmo tempo, encarregado de organizar a Divisão Militar da Capitania, para o que lhe fora dadas amplas atribuições.[3] Comandou a Brigada de Engenheiros no Pará no mesmo ano.[4] Promovido a Tenente-Coronel a 4 de Novembro de 1818, passou para o posto imediato de Coronel a 15 dos mesmos mês e ano.[3]
Aquando do Julgamento dos indivíduos implicados na Rebelião de 1817, contribuiu para que as penas não chegassem a extremos irremediáveis e, graças à sua generosa intervenção, alguns revoltosos não expiaram com a morte os delitos de que eram acusados. A isto se deveu que sobre ele recaíssem certas suspeitas de cumplicidade com os sediciosos, logrando, porém, justificar-se plenamente quando, em 1821, foi chamado ao Rio de Janeiro para responder às acusações caluniosas que lhe eram feitas.[6]
Permaneceu no Brasil depois da independência pela qual se declarou em 1822, foi uma das figuras mais relevantes nos primeiros anos da constituição do Império, tendo tomado parte da Guerra Cisplatina, incluindo a batalha de Ituzaingó em 1827, e chegando a Marechal do Exército, Conselheiro de Estado e da Guerra. Foi agraciado com o título de Barão de Caçapava por D. Pedro II do Brasil a 14 de março de 1855.[4][7]
Após a abdicação de D. Pedro I, tornou-se um importante membro da Sociedade Militar (que pregava a restauração de D. Pedro I ao poder), foi por isso perseguido, preso na Presiganga de Santos em 1833[8] e teve que responder ao conselho militar.[4]
Foi presidente das províncias do Pará, de 9 de abril de 1836 a 7 de abril de 1839, onde combateu a cabanagem; de Santa Catarina, de 17 de agosto de 1839 a 26 de junho de 1840; do Rio Grande do Sul, de 27 de julho a 30 de novembro de 1840, tendo derrotado nos combates de Laguna os farroupilhas liderados por Giuseppe Garibaldi; de Minas Gerais, nomeado em 1843, permanecendo no cargo até 1844; da Bahia, de 22 de novembro de 1844 a 1846, e em 10 de abril de 1848 voltou a ser presidente da província do Rio Grande do Sul, permanecendo no cargo até 6 de março de 1850. Marechal-de-campo, foi também responsável pela comissão de demarcação dos limites fronteiriços entre o Império do Brasil e a República Oriental do Uruguai em 1854. Nesta época, ajudou a fundar a cidade de Santa Vitória do Palmar, no sul do Rio Grande do Sul, que, a princípio, foi denominada "Povoação de Andrea" em sua homenagem.[4]
O seu sobrinho-neto Álvaro de Oliveira Soares de Andrea, na dedicatória do seu livro O Systema decimal mundial e o Relogio decimal, Typografia e Papelaria Corrêa & Raposo, Lisboa, 1909, diz ter sido Marechal e emigrado para o Brasil.
Referências
- ↑ Pela grafia arcaica, Francisco Jozé de Souza Soares d'Andrea.
- ↑ Pela grafia arcaica, Barão de Cassapava.
- ↑ a b c d e Vários. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. [S.l.]: Editorial Enciclopédia, L.da. pp. Volume 2. 551
- ↑ a b c d e f SILVA, Alfredo P.M. Os Generais do Exército Brasileiro, 1822 a 1889. M. Orosco & Co., Rio de Janeiro, 1906, vol. 1, 949 pp.
- ↑ Vários. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. [S.l.]: Editorial Enciclopédia, L.da. pp. Volume 2. 552
- ↑ Vários. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. [S.l.]: Editorial Enciclopédia, L.da. pp. Volume 2. 551-2
- ↑ Vários. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. [S.l.]: Editorial Enciclopédia, L.da. pp. Volume 2. 552
- ↑ TRINDADE, Cláudia Moraes. A reforma prisional na Bahia oitocentista. Rev. hist. online. 2008, n.158, pp. 157-198. ISSN 0034-8309.
- Eugénio Eduardo de Andrea da Cunha e Freitas, Apontamentos para a Genealogia da Família Soares de Andrea, Edição do Autor, Lisboa, 1934
Ligações externas
editar- Discurso pronunciado pelo presidente da provincia de Santa Catarina o marechal de campo Francisco José de Sousa Soares de Andrea na sessão ordinária do ano de 1840 aberta no primeiro dia do mês de março.Disponibilizado pelo Center for Research Libraries.
- Exposição feita pelo marechal de campo Francisco José de Sousa Soares de Andrea no ato de entregar a presidência da província de Santa Catarina ao seu sucessor o exmo. sr. dr. brigadeiro Antero José Ferreira de Brito, em 26 de junho de 1840.Disponibilizado pelo Center for Research Libraries.
- Fala dirigida à Assembléia Legislativa Provincial da Bahia na abertura da sessão ordinária do ano de 1845 pelo presidente da província Francisco José de Sousa Soares de Andrea.Disponibilizado pelo Center for Research Libraries.
- Additamento feito ao relatorio, que perante a Assembléa Provincial do Rio-Grande de São Pedro do Sul, dirigio o exm.o vice-presidente da provincia em sessão de 4 de março de 1848, pelo illm.o e exm.o sr. presidente da provincia e commandante do exercito em guarnição, Francisco José de Souza Soares de Andréa, para ser presente á mesma Assembléa. Porto Alegre, Typ. do Commercio, 1848.Disponibilizado pelo Center for Research Libraries.
- Relatorio do presidente da provincia de São Pedro do Rio Grande do Sul, o tenente general Francisco Joze de Souza Soares de Andrea, na abertura da Assembléa Legislativa Provincial no 1.o de junho de 1849, acompanhado do orçamento da receita e despeza para o anno de 1849-1850. Porto Alegre, Typog. do Porto-Alegrense, 1849.Disponibilizado pelo Center for Research Libraries.
- Relatório do Estado da Provincia do Rio Grande de S. Pedro apresentado ao ex.mo sr. conselheiro José Antonio Pimenta Bueno pelo tenente general Francisco José de Sousa Soares de Andrea tendo entregado a presidencia no dia 6 de março de 1850.Disponibilizado pelo Center for Research Libraries.
Precedido por Eduardo Nogueira |
Presidente da província do Pará 1836 — 1839 |
Sucedido por Bernardo de Sousa Franco |
Precedido por João Carlos Pardal |
Presidente da província de Santa Catarina 1839 — 1840 |
Sucedido por Antero José Ferreira de Brito |
Precedido por Saturnino de Sousa e Oliveira Coutinho |
Presidente da província do Rio Grande do Sul 1840 |
Sucedido por Francisco Alves Machado |
Precedido por Bernardo Jacinto da Veiga |
Presidente da província de Minas Gerais 1843 — 1844 |
Sucedido por Quintiliano José da Silva |
Precedido por Joaquim José Pinheiro de Vasconcelos |
Presidente da província da Bahia 1844 — 1846 |
Sucedido por Antônio Inácio de Azevedo |
Precedido por João Capistrano de Miranda e Castro |
Presidente da província do Rio Grande do Sul 1848 — 1850 |
Sucedido por José Antônio Pimenta Bueno |