Gabriela Manssur
Gabriela Manssur, é uma jurista e advogada brasileira.
Gabriela Manssur | |
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Nascimento | São Paulo |
Cidadania | Brasil |
Alma mater | |
Ocupação | promotora de eventos |
Distinções |
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Promotora de Justiça, Manssur é especialista e referência em violência contra a mulher, integrou o Conselho Nacional do Ministério Público a Comissão dos Promotores de Justiça e a Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do Poder Judiciário de São Paulo. Além disso, é fundadora de diversas iniciativas sociais que atuam na prevenção e combate à violência contra a mulher como o projeto Tem Saída, que capacita e insere no mercado mulheres vítimas de violência doméstica, e o Tempo de Despertar, que trabalha com a ressocialização de homens que cometeram agressão contra mulheres. Está à frente dos projetos Instituto Políticas de Saia, Projeto Justiceiras, Movimento pela Mulher e Movimento Nacional de Mulheres do Ministério Público. Também é membro do Comitê Nacional Impulsionador HeForShe da ONU Mulheres. Em 2019, Gabriela Manssur foi eleita entre as 20 mulheres mais poderosas do país, pela revista Forbes. [1][2][3][4]
Um dos casos mais famosos que Gabriela Manssur atuou foi no caso de João de Deus, líder espiritual que atuava em Goiás, condenado por assédio sexual depois que o Ministério Público recebeu mais de 500 denúncias de mulheres em diversos países.[5]
Biografia
editarGabriela vem de uma família que trabalha na área do direito e cresceu nos escritórios de advocacia: sua irmã é juíza e também luta pelo direito das mulheres no Brasil, e sua mãe é a advogada e seu pai também. Se formou em Direito pela universidade Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e ingressou em segundo lugar no Ministério Público do Estado de São Paulo, onde exerce suas funções como Promotora de Justiça desde 2003. Mais tarde, ela se especializou em Violência Contra a Mulher na Universitá de Roma.[3]
Ela começou a carreira como promotora em Embu-Guaçu, cidade com altos índices de violência contra a mulher. Depois, foi trabalhar em Taboão da Serra e com o tempo passou a observar certos padrões nas incidências desses crimes como a vergonha das vítimas de violência, a falta de acolhimento delas pelo sistema criminal e a masculinidade geradora de violência.[1] Quando ela entrou para o Ministério Público, antes da Lei Maria da Penha, os casos desse tipo de violência não eram nem processos porque não havia inquéritos policiais para eles. Ou seja, a mulher que fazia a denúncia não obtinha nenhum tipo de resposta. Com a implantação da lei, em 2006, Gabriela começou a participar de reuniões, de projetos, e acabou se identificando com o assunto.[6]
Em 2013, ela criou o Justiça de Saia, que inicialmente era apenas uma ação online em formato de blog onde ela relatava o dia a dia do seu trabalho e casos relevantes para sociedade. O projeto cresceu e se transformou em um instituto que engloba diversos projetos como auxílio jurídico, capacitação profissional e inserção no mercado de trabalho, recuperação da autoestima das vítimas e ressocialização de agressores.[7][8]
Durante o período de quarentena, em 2020, Gabriela Manssur criou o primeiro sistema de atendimento à vítima multidisciplinar no Brasil: o Projeto Justiceiras. Com o distanciamento social e o isolamento em casa por conta da COVID-19, o quadro de abusos e violência doméstica aumentou consideravelmente, em um contexto em que a cada 5 minutos, o Brasil tem uma denúncia de agressão contra a mulher, o que chamou atenção para a necessidade de ações nesse sentido. Gabriela idealizou o Justiceiras e o comanda em parceria com a advogada Anne Wilians, fundadora do Instituto Nelson Wilians; e João Santos, nome à frente do Bem Querer Mulher. O projeto conta com voluntárias das áreas do direito, psicologia, medicina e assistência social.[7][9]
Outro projeto de sucesso idealizado pela promotora é o Politicas de Saia, voltado especificamente para a violência contra mulher na política. A ideia de um trabalho focado em profissionais da política veio quando Gabriela passou a trabalhar em Brasília ao lado de parlamentares, candidatas e mulheres em cargos de liderança no geral e percebeu a necessidade de um levantamento de dados para diagnosticar qual o cenário politico atual para as mulheres brasileiras.[10]
Gabriela Mansur conduziu grandes casos conhecidos do público, sendo o maior deles o caso de João de Deus, um líder espiritual condenado por uma série de abusos sexuais. O caso veio á tona na virada de 2018 para 2019 e foi ela quem recebeu as denúncias das primeiras vítimas. O jornalista e apresentador Pedro Bial a convidou para falar no programa em que o caso seria apresentado ao público e o que se seguiu foi uma série de denúncias. Segundo a promotora, esse foi "sem dúvida, o maior caso que eu já vi de abuso sexual, não só no Brasil, mas no mundo", contando com mais de 500 mulheres ouvidas em uma operação de força-tarefa que contou com o Ministério Público e a Polícia Civil de Goiás.[11][7][12]
Projeto Justiceiras
editarDesenvolvido durante a pandemia, onde as denúncias de violência doméstica aumentaram consideravelmente e muitas mulheres e meninas estavam isoladas com seus agressores, o Projeto Justiceiras é a primeira iniciativa de apoio multidisciplinar online do mundo, com mais de 10 mil vítimas atendidas e mais de 10 mil voluntárias cadastradas.[13]
Casos midiáticos
editarGabriela Manssur é reconhecida por aproximar o poder público da população. É referência no combate à violência contra a mulher e especialista em Direitos das Mulheres. Já atuou em mais de 20 mil casos de violência contra a mulher e participou de casos famosos, como:
- Champinha
- João de Deus
- Jair Tércio
- Saul Klein
- Marcius Melhem
- Nabil Ghorayeb
E recebe diariamente denúncias sobre crimes cometidos contra mulheres no Brasil e no mundo.
Projetos e leis
editarCom mais de 20 anos dedicados à defesa dos direitos das mulheres e combate à criminalidade, Gabriela Manssur tenta facilitar o acesso das vítimas aos canais de denúncias com suas iniciativas, projetos e leis apresentadas ao poder público.
Lugar de mulher é onde ela quiser, mas para que essa frase cumpra seu papel social é preciso fornecer ferramentas justas que permitam a cada mulher da sociedade brasileira ser e estar onde sentir que deve.[2] - Gabriela Manssur
O Projeto "Tempo de Despertar" foi pioneiro na promoção da ressocialização do agressor, com resultado positivo na diminuição da reincidência dos agressores, colaborando na prevenção do feminicídio. É um dos fundamentos da Lei Federal 19.984/20, que torna obrigatória a ressocialização dos agressores. Também deu origem à Lei "Tempo de Despertar", no Estado de São Paulo, Lei nº 16.659, de 12/01/2018. E nos Municípios de:
- Taboão da Serra, Lei nº 2229, de 08/09/2015.
- São Paulo, Lei nº 16.732, de 01/11/2017.
- Jundiaí, Lei nº 9154, de 2019.
E ao Projeto de Lei nº 160/2021, em Limeira.
Participou de audiências públicas, debates e pareceres para a aprovação das seguintes leis:
- Feminicídio
- Importunação sexual
- Stalking
- Violência psicológica
- Violência política contra as mulheres
É idealizadora do pacote anticrime de Violência contra a Mulher, que deu origem ao Pacto Nacional de Políticas Públicas de Prevenção e Combate à Violência Contra as Mulheres.
Prêmios e reconhecimentos
editar- 2015: Vencedora da Medalha Laurita Ortega Mari, pela Câmara Municipal de Taboão da Serra. [14]
- 2015: Reconhecida como um das 24 Mulheres que Fazem a Diferença, pela revista Marie Claire.
- 2015: Reconhecida como umas das mulheres mais influentes no tema Empoderamento da Mulher, pelo Think Olga.
- 2015: Vencedora da Medalha Ruth Cardoso, pela Secretaria da Justiça e Cidadania de São Paulo.
- 2016: Título de Cidadã de Taboão da Serra – onde atuou como Promotora de Justiça de 2012 a 2016.
- 2017: Recebeu o Prêmio Mulher do Ano, em São Paulo.
- 2017: Vencedora do Diploma Mulher-Cidadã: Prêmio Carlota Pereira de Queirós, no Congresso Nacional.
- 2017: Medalha do Mérito Comunitário da Polícia Militar do Estado de São Paulo.
- 2018: Vencedora do Prêmio VIVA 2018, Pela Vida das Mulheres - Revista Marie Claire e Instituto Avon;
- 2018: Homenagem Mulheres de Destaque – pela Câmara Municipal de São Paulo.
- 2018: Vencedora do Prêmio Transformadores, pela Revista TRIP.
- 2018: Homenagem da ONG Bem Querer Mulher, pelo trabalho em prol de mulheres vítimas de violência.
- 2019: Eleita entre as 20 Mulheres Mais Poderosas do Brasil, pela revista Forbes.[4]
- 2019: Finalista do Prêmio Marta Santiago, indicado pela Deputada Federal Tabata Amaral.
- 2019: Medalha “Lauro Ribas Braga” pelo Rotary Club de São Paulo.
- 2019: Vencedora do Prêmio Bertha Lutz, pelo Senado Federal.
- 2019: Prêmio Dra. Maria Imaculada Xavier da Silveira - OAB/SP - Comissão da Mulher Advogada.
- 2019: Finalista do Prêmio Cláudia, na categoria Influenciadora Social.
- 2020: Convidada Especial do Governo Norte-Americano/ Consulado EUA para o Programa International Visitor Leadership Program - Washington sobre Violência contra a Mulher.
- 2021: Selo Comemorativo dos 130 anos do Ministério Público de Pernambuco.
- 2021: Medalha de Mérito Comemorativa 10 anos do Coordenação dos Juizados Especiais da Bahia.
- 2021: Vencedora do Prêmio Respeito e Diversidade com o Projeto Justiceiras, do Conselho Nacional do Ministério Público.
- 2021: 2º Lugar do Prêmio Mulheres Inspiradoras do UOL.
- 2022: Homenageada Brasil Premium - Profissionais Influentes do País - Belém do Pará.
- 2022: Vencedora do Prêmio Juíza Viviane do Amaral com o Projeto Justiceiras, do Conselho Nacional de Justiça.
Referências
editar- ↑ a b «Gabriela Manssur - Protegendo mulheres e ressocializando agressores - Trip Transformadores - Homenagem a quem faz a diferença no mundo». Trip. Consultado em 10 de abril de 2022
- ↑ a b «Gabriela Manssur: "Chega de pagar com a própria vida pra ser mulher"». LexLatin (em inglês). Consultado em 10 de abril de 2022
- ↑ a b «CNN Nosso Mundo entrevista Gabriela Manssur». CNN Brasil. Consultado em 10 de abril de 2022
- ↑ a b «Gabriela Manssur: "As mulheres olham mais para o todo"». Forbes Brasil. 28 de junho de 2019. Consultado em 26 de maio de 2022
- ↑ «Gabriela Manssur: "Minha luta não é para mim, é para todas mulheres brasileiras"». TV Cultura. Consultado em 10 de abril de 2022
- ↑ «Gabriela Manssur: "As mulheres olham mais para o todo"». Forbes Brasil. 28 de junho de 2019. Consultado em 11 de abril de 2022
- ↑ a b c «"Mulher de sucesso é aquela que exerce seus direitos e sua liberdade de escolha", diz Gabriela Manssur». Forbes Brasil. 2 de setembro de 2020. Consultado em 10 de abril de 2022
- ↑ «1 ano de Me Too Brasil: entenda como a organização surgiu». Glamour. Consultado em 11 de abril de 2022
- ↑ «Promotora Gabriela Manssur avalia 1º ano do Projeto Justiceiras». Metrópoles. 29 de março de 2021. Consultado em 10 de abril de 2022
- ↑ «Gabriela Manssur lança canal para proteger mulheres de violência política | Justiça de Saia». CLAUDIA. 23 de agosto de 2021. Consultado em 11 de abril de 2022
- ↑ «Como trabalha a força-tarefa que investiga denúncias de abuso sexual contra João de Deus». BBC News Brasil. Consultado em 11 de abril de 2022
- ↑ «MP-SP ouvirá 12 mulheres que acusam João de Deus de abuso sexual até sexta; há relatos de ameaças de morte». G1. Consultado em 11 de abril de 2022
- ↑ «Justiceiras - Força-tarefa pró-mulher | Seja uma voluntária». Justiceiras. Consultado em 25 de maio de 2022
- ↑ Jonas, Alessandro. «Conselho irá selecionar os homenageados de 2020 – Secretaria da Justiça e Cidadania». Consultado em 11 de abril de 2022