Gerson King Combo (álbum)
Gerson King Combo é o segundo álbum de estúdio do cantor brasileiro Gerson King Combo, lançado pela Polydor em 1977 - em LP - e relançado pela Universal Music Group em 2001 - em CD.
Gerson King Combo | |||||||
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Álbum de estúdio de Gerson King Combo | |||||||
Lançamento | 1977 | ||||||
Gravação | 1977 | ||||||
Estúdio(s) | Estúdio Phonogram, Rio de Janeiro | ||||||
Gênero(s) | Funk, soul | ||||||
Duração | 36:42 | ||||||
Formato(s) | LP e CD (relançamento em 2001) | ||||||
Gravadora(s) | Polydor | ||||||
Produção | Ronaldo Corrêa | ||||||
Cronologia de Gerson King Combo | |||||||
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Antecedentes
editarNo final da década de 1960 e início dos anos 70, apareceu um novo tipo de baile no Rio de Janeiro. Por influência de dois DJ's cariocas - Big Boy e Ademir Lemos - este novo tipo de baile - chamados de Bailes da pesada - tocava sucessos de funk e soul americano, ocorrendo, inicialmente, no Canecão e, depois, por toda a zona norte do Rio de Janeiro.[1] A partir destes primeiros, diversos bailes começaram a pipocar na periferia da cidade, tocando o mesmo estilo musical. Assim, começaram a surgir diversas equipes de som - como Furacão 2000 e Soul Grand Prix - e várias bandas para tocar aquela música.[2] Gerson tocou e dançou nesses bailes com sua banda, sendo aclamado como "rei dos bailes" e "James Brown brasileiro",[3] pelo seu estilo de dançar imitando James Brown.[4] Assim, ele grava diversos compactos no início dos anos 70, pelas gravadoras Tapecar e Odeon e participa de uma coletânea pela Polydor,[5] todos sem conseguir sucesso radiofônico, nem penetração nos bailes.
Tudo mudou no dia 17 de julho de 1976, quando a jornalista Lena Frias publicou matéria de 4 páginas no caderno cultural do Jornal do Brasil sobre o movimento Black Rio, enfocando nos bailes e na atitude das pessoas. A partir daquele momento, o movimento de periferia passaria a ganhar a atenção não só da mídia e da indústria cultural brasileira,[6] bem como do aparato repressivo do regime.[7] Logo, diversos artistas que tinham penetração naqueles bailes - que chegavam a concentrar de 500 mil a 1 milhão e meio de pessoas por fim de semana[8] - passaram a assinar contratos com grandes gravadoras, na tentativa destas de vender a este imenso mercado consumidor. Deste modo, Gérson assina contrato com a Polydor.[9]
Gravação
editarO álbum foi gravado juntamente com a banda União Black, no estúdio Phonogram, da Polygram (dona do selo Polydor), com a produção de Ronaldo Corrêa, direção artística de Pedrinho da Luz, e arranjos de Pedro da Luz, Marcelo, Ronaldo Corrêa, Augusto César e do maestro Miguel Cidras.[10][11]
Recepção
editarQuando do seu lançamento, o álbum foi recebido de modo frio pela crítica especializada, sendo considerado apenas uma imitação, uma cópia do som de James Brown, sem nenhuma originalidade. Também era comum a crítica à "americanização" da cultura brasileira, como era visto o movimento Black Rio como um todo.[12] Apesar disso, as vendagens do disco foram boas o suficiente para emplacar dois relativos sucessos - "Mandamentos Black" e "God Save the King" - e justificar um segundo álbum pela mesma gravadora, no ano seguinte.[13][14] Hoje em dia, o álbum é considerado um dos grandes lançamentos da música negra brasileira nos anos 70.[10] Em 2001, a Universal Music Group relançaria este disco e o seu sucessor em CD.[15]
Faixas
editarLado A | ||||||||||
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N.º | Título | Compositor(es) | Duração | |||||||
1. | "Mandamentos Black" | Augusto César, Pedrinho & Gerson King Combo | 4:02 | |||||||
2. | "Just for You" | R. Combo & Mário Correa | 3:26 | |||||||
3. | "Andando nos Trilhos" | Gerson King Combo & Augusto César | 3:42 | |||||||
4. | "Esse É o nosso Black Brother" | Gerson King Combo, Augusto César & Pedrinho | 3:52 | |||||||
5. | "Swing do Rei" | R. Combo | 3:08 | |||||||
Duração total: |
18:10 |
Lado B | ||||||||||
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N.º | Título | Compositor(es) | Duração | |||||||
1. | "Hereditariedade" | R. Combo | 3:40 | |||||||
2. | "Foi um Sonho Só" | R. Combo & Augusto César | 3:32 | |||||||
3. | "Uma Chance" | Gerson King Combo, R. Combo & Pedrinho | 5:25 | |||||||
4. | "God Save the King" | R. Combo | 3:42 | |||||||
5. | "Blows" | R. Combo | 2:13 | |||||||
Duração total: |
18:32 |
Ficha Técnica
editar- Direção artística: Pedro da Luz (Pedrinho)
- Produtor executivo: Ronaldo Corrêa
- Técnicos de Gravação: João Moreira, Luiz Cláudio e Jairo Gualberto
- Assistentes de estúdio: Mr. Anibal e Julinho
- Mixagem: João Moreira
- Montagem: Jairo Gualberto e Luiz Cláudio
- Corte: Luigi Hoffer
- Arranjos: Maestro Miguel Cidras
- Arranjos de base: Pedrinho, Marcelo, Ronaldo Corrêa e Augusto César
- Direção de arte: Aldo Luiz
- Lay out e Arte final: Nilo de Paula
- Fotos: José Maria
Referências
- ↑ Anderson Dezan, Valmir Moratelli (12 de maio de 2010). «Artistas comentam fechamento do Canecão no Rio». Último Segundo. Consultado em 25 de fevereiro de 2016
- ↑ Big Boy - Biografia. Publicado por Dicionário Cravo Albin de Música Popular Brasileira. Página visitada em 02 de março de 2016.
- ↑ Augusto, Heitor (9 de janeiro de 2010). «Documentário defende atualidade de Gerson King Combo, o James Brown brasileiro». Cineclick. Consultado em 1 de março de 2016
- ↑ Théo Araújo. «História do funk: do soul ao batidão». Portal Terra
- ↑ Gerson King Combo Discography. Publicado em Discogs.
- ↑ CONCEIÇÃO RIBEIRO, 2010, p. 166 e seguintes.
- ↑ PALOMBINI, 2008, p. 59, nota.
- ↑ PALOMBINI, 2008, p. 60.
- ↑ Luciano Marsiglia. «Rock Brasileiro 1976 - 1977 - O movimento Black Rio: Desarmado e perigoso». Super Interessante
- ↑ a b Pinheiro, Marcelo (21 de novembro de 2013). «União Black e o ano de ouro para o funk brasileiro». Revista Brasileiros. Consultado em 2 de março de 2016[ligação inativa]
- ↑ Gerson King Combo - Gerson King Combo. Publicado em Discogs.
- ↑ KNAPP, Érica. As duas campeãs dos enlatados. Folha de S. Paulo, Ilustrada, p. 8. Consultado em 02 de março de 1978.
- ↑ Essinger, Silvio (31 de julho de 2000). «Gerson King Combo volta ao disco». CliqueMusic. Consultado em 29 de fevereiro de 2016
- ↑ «Gerson King Combo comemora 70 anos no palco do Teatro Rival Petrobras». Sopa Cultural. 13 de novembro de 2013. Consultado em 29 de fevereiro de 2016. Arquivado do original em 7 de março de 2016
- ↑ Essinger, Silvio (7 de fevereiro de 2001). «Charles Gavin resgata as pérolas da Sony». CliqueMusic. Consultado em 2 de março de 2016
Bibliografia
editar- PALOMBINI, Carlos. Música dançante africana norte-americana, soul brasileiro e funk carioca: uma bibliografia. III Seminário Música, Ciência e Tecnologia, n. 3, São Paulo, 2008, pp. 59–68. ISSN: 1982-9604.
- CONCEIÇÃO RIBEIRO, Rita Aparecida da. Errância e Exílio na Soul Music: do movimento Black-Rio nos anos 70 ao Quarteirão do Soul em Belo Horizonte, 2010. Tempo e Argumento: Revista do programa de pós-graduação em História, v. 2, n. 2, Florianópolis, jul-dez de 2010, pp. 154–181.