Grandes códices unciais
Grandes códices unciais ou quatro grandes unciais são os únicos códices unciais sobreviventes que contém (ou originalmente continham) o texto completo do Antigo e do Novo Testamento da Bíblia em grego koiné.
Descrição
editarApenas quatro grandes códices sobreviveram até os dias atuais: Codex Vaticanus, Codex Sinaiticus, Codex Alexandrinus e o Codex Ephraemi Rescriptus.[1] Embora descobertos em épocas e lugares diferentes, os quatro compartilham muitas similaridades entre si. Foram escritos em um estilo específico de caligrafia utilizando letras maiúsculas e em scriptio continua (sem espaços entre as palavras).[1][2] Embora não inteiramente ausentes, há poucas ocorrências destas separações nos manuscritos e as palavras não necessariamente terminam na mesma linha que começaram. Todos estes manuscritos foram produzidos com um alto custo material e em horas de trabalho por escribas profissionais escrevendo em papel velino.[3] Quatro folhas formavam um caderno[4] e o tamanho delas é muito maior do que as dos códices em papiro[5][6]:
- Vaticanus – 27 x 27 cm; c. 325–350
- Sinaiticus – 38,1 x 34,5 cm; c. 330–360
- Alexandrinus – 32 x 26 cm; c. 400–440
- Ephraemi – 33 x 27 cm; c. 450
O Codex Vaticanus utiliza o sistema mais antigo para divisão do texto dos evangelhos. Sinaiticus, Alexandrinus e Ephraemi utilizam as seções amonianas com referências aos cânones eusebianos. Alexandrinus e Ephraemi também utilizam uma divisão em grandes seções, conhecidas como "κεφάλαια" ("capítulos"). Alexandrinus é o mais antigo manuscrito a utilizá-los.[7] Vaticanus está escrito num estilo mais arcaico que os demais manuscritos. Não há ornamentação e nem letras capitulares nele e nem no Sinaiticus, mas sim no Alexandrinus. Vaticanus não tem nenhuma introdução ao Livro dos Salmos, o que se tornou um padrão depois de 325 a.C. e ela já aparece tanto no Sinaiticus quanto no Alexandrinus. Os quatro apresentam ordenações diferentes dos livros.[8]
No século XIX, o Codex Bezae também foi incluído no grupo dos grandes unciais(F. H. A. Scrivener, Burgon). Segundo Dean Burgon, os cinco grandes unciais, também conhecidos por sua notação técnica — Sinaiticus (א ou "Aleph"), Alexandrinus (A), Vaticanus (B), Ephraemi (C) e Bezae (D) — foram resultado de inovações, um ponto de vista não suportado pelo consenso acadêmico da moderna crítica textual do Novo Testamento.[9]
Alexandrinus foi o primeiro dos grandes manuscritos a se tornar disponível para os estudiosos.[10] Ephraemi Rescriptus, um palimpsesto, foi descrito por Tischendorf entre 1840 e 1841 e publicado por ele entre 1843 e 1845,[11] mas é considerado o mais negligenciado dos grandes unciais.[12]
Sinaiticus foi descoberto pelo mesmo Tischendorf em 1844 durante uma visita ao Mosteiro de Santa Catarina, na península do Sinai. Seu texto foi publicado em 1862.[13] Vaticanus está na Biblioteca do Vaticano desde pelo menos o século XV, mas só se tornou amplamente disponível depois que uma versão fotográfica facsimile do manuscrito todo foi publicada por Giuseppe Cozza-Luzi entre 1889 e 1890 em três volumes.[14]
Já se especulou que tanto o Sinaiticus quanto o Vaticanus seriam parte de uma uma encomenda do imperador romano Constantino de cinquenta cópias da Bíblia.[15]
Referências
- ↑ a b Edward Ardron Hutton and Francis Crawford Burkitt, An atlas of textual criticism: being an attempt to show the mutual relationship of the authorities for the text of the New Testament up to about 1000 A.D., University Press, 1911.
- ↑ Paleography Greek Writing
- ↑ B. L. Ullman, Ancient Writing and Its Influence (1932)
- ↑ Falconer Madan, Books in Manuscript: a Short Introduction to their Study and Use. With a Chapter on Records, London 1898, p. 73.
- ↑ C. H. Roberts, and T. C. Skeat, The Birth of the Codex, Oxford University Press, New York – Cambridge 1983.
- ↑ D. C. Parker, New Testament Manuscripts and Their Texts, Cambridge University Press 2008, p. 71.
- ↑ Greg Goswell, Early Readers of the Gospels: The Kephalaia and Titloi of Codex Alexandrinus, JGRChJ 66 (2009), p. 139.
- ↑ Barry Setterfield, The Alexandrian Septuagint History, March 2010.
- ↑ Daniel B. Wallace, ‘‘Greek Grammar Beyond the Basics: An Exegetical Syntax of the New Testament’’, p. 455.
- ↑ Kenyon, Frederick G. (1939). Our Bible and the Ancient Manuscripts 4th ed. London: British Museum. p. 132
- ↑ C. v. Tischendorf, Codex Ephraemi Syri rescriptus, sive Fragmenta Novi Testamenti, Lipsiae 1843–1845.
- ↑ Robert W. Lyon, New Testament Studies, V (1958–9), pp. 266–272.
- ↑ Constantin von Tischendorf: Bibliorum codex Sinaiticus Petropolitanus. Giesecke & Devrient, Leipzig 1862.
- ↑ Eberhard Nestle and William Edie, "Introduction to the Textual Criticism of the Greek New Testament", London, Edinburg, Oxford, New York, 1901, p. 60.
- ↑ Metzger, Bruce M.; Ehrman, Bart D. (2005). The Text of the New Testament: Its Transmission, Corruption, and Restoration 4th ed. New York – Oxford: Oxford University Press. pp. 15–16
Ligações externas
editar- «Great uncials» (em inglês)