Grumman F-11 Tiger
O Grumman F11F/F-11 Tiger foi um caça embarcado supersônico projetado e construído pela fabricante americana Grumman. Por um tempo, o Tiger teve o recorde mundial de altitude, com 23.451 m (76,939 ft), bem como sendo a primeira aeronave supersônica produzida pela Grumman.[1]
Grumman F11F/F-11 Tiger | |
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F11F do VF-21 voando em formação | |
Descrição | |
Tipo / Missão | Aeronave de caça embarcado |
País de origem | Estados Unidos |
Fabricante | Grumman |
Quantidade produzida | 199 |
Desenvolvido em | Grumman F11F-1F Super Tiger |
Primeiro voo em | 30 de junho de 1954 (70 anos) |
Introduzido em | 1956 |
Aposentado em | 1956 (Embarcado) 1967 (Treinamento) 1969 (Blue Angels) |
Os trabalhos do Tiger iniciaram em 1952, como um estudo de design, internamente designado como G-98, sendo baseado no F-9 Cougar. Porém, o desenho resultante não tinha quase nenhuma associação com o Cougar. O Bureau of Aeronautics (BuAer) encomendou dois protótipos, inicialmente designados como XF9F-9. Em 30 de julho de 1954, o primeiro protótipo fez seu primeiro voo, na qual chegou próximo de quebrar a barreira do som, com o segundo protótipo quebrando a barreira de fato. Em 21 de setembro de 1956, um Tiger se tornaria o primeiro avião que se abateu.[2] Originalmente designado como F11F Tiger sob o sistema de designação da Marinha pre-1962, foi renomeado como F-11 Tiger sob o sistema de designação de 1962. Um total de 199 Tigers foram construídos para a Marinha dos Estados Unidos (USN), com o último entregue em 23 de janeiro de 1959.
O Tiger entrou em serviço na USN em 1956, sendo voado nos navios-aeródromo Intrepid, Lexington, Hancock, Bon Homme Richard, Shangri-La, Forrestal, Saratoga e Ranger. O uso ativo do Tiger foi relativamente curto, muito devido a seu desempenho ser inferior ao do F-8 Crusader, como seu alcance mais curto e seu motor Wright J65, ser provado ser pouco confiável. Durante o final dos anos 60, a aeronave foi utilizada pelo Comando de Treinamento Aeronaval (NATS), nas Estações Aeronavais (NAS) de Chase Field e Kingsville, ambas no Texas, servindo para dar experiência de voo supersônico aos alunos. Entre 1957 a 1969, o Tiger foi usado pela equipe acrobática Blue Angels, até ser eventualmente substituído pelo F-4 Phantom II. As últimas unidades foram retiradas de serviço na USN em 1969, com um pequeno número de aeronaves se mantendo em serviço para provas até 1975.
Design e desenvolvimento
editarAntecedentes
editarAs origens do F11F (F-11) Tiger podem ser traçadas para um projeto privado da Grumman de 1952, como um conceito para modernizar o F-9 Cougar, um popular caça embarcado da época.[1][3] A equipe de projetistas optou por implementar a regra de área, além de vários outros avanços no projeto, que foi designado internamente como G-98. Os objetivos do projeto incluíam a minimização das dimensões da aeronave.[1][4] Na época em que o processo de desenho havia concluído, em 1953, o projeto havia se tornado completamente diferente do Cougar, tendo somente uma leve semelhança com seu predecessor.
O Tiger recebeu uma nova asa, equipada com slats no bordo de ataque e flapes no bordo de fuga, com o controle de giro feito com spoilers (ao invés dos tradicionais ailerons). Para facilitar a carga em navios aeródromos, as asas podem ser rebatidas manualmente para baixo. Antecipando desempenho supersônico, a empenagem se move integralmente. A aeronave foi projetada para ser propelida por um motor turbojato Wright J65 - uma variante produzida sob licença do reator britânico Armstrong Siddeley Sapphire.[1]
O potencial do design para desempenho supersônico e reduzido arrasto transônico chamou a atenção de vários militares, incluindo os da Marinha dos Estados Unidos (USN). Durante o início do ano de 1953, o Bureau of Aeronautics (BuAer) decidiu se comprometer com o desenvolvimento completo do projeto, encomendando dois protótipos, que foram designados XF9F-8 (apesar de ser um desenho completamente diferente do Cougar).[5] Aumentando a confusão, os protótipos foram redesignados como XF9F-9, enquanto a designação XF9F-8 foi dada a uma variante do Cougar.
Testes de Voo
editarComo a variante com pós-queimador do J65 não estava pronta, o primeiro protótipo fez seu primeiro voo em 30 de julho de 1954, com um motor sem pós-combustão. Apesar disso, a aeronave chegou próximo de quebrar a barreira do som em seu primeiro voo. O segundo protótipo, já equipado com pós-combustão, se tornou a segunda aeronave supersônica da USN (com a primeira sendo o Douglas F4D Skyray). Durante o mês de abril de 1955, a aeronave recebeu sua nova designação, o F11F-1 (F-11A, após a adoção do sistema unificado de designações, em 1962).[3] Em 4 de abril de 1956, começaram as provas embarcadas do F11F-1, com ele pousando e sendo catapultado do USS Forrestal.[6]
O Tiger ganhou a dúbia distinção de ser o primeiro caça a se abater.[2][7][8] Em 21 de setembro de 1956, durante um teste de tiro dos canhões de 20mm, o piloto de provas Tom Attridge disparou duas rajadas enquanto executava um mergulho raso. Com a trajetória dos projeteis decaíndo, eles vieram a cruzar com o aeronave, que continuava sua descida, atingindo a aeronave e forçando Attridge a fazer um pouso forçado. O piloto sobreviveu, mesmo sofrendo uma fratura na perna e em várias vértebras.[9][10]
A Grumman propôs inúmeras variantes do Tiger, incluindo modelos de reconhecimento tático e treinamento avançado. Uma versão mais avançada do tipo foi proposta pela companhia, sendo designado como F11F-1F Super Tiger.[3] Essa aeronave foi resultado de um estudo de 1955 para a instalação de um motor General Electric J79 em uma célula do F11F-1. Quando avaliado pela Suíça para uma potencial licitação, o Super Tiger demonstrou ter desempenho superior ao de seus competidores.[11][12] A Grumman também propôs uma variante propelida por um reator britânico Rolls-Royce Avon, ainda mais poderoso e provado que os motores anteriores.[13]
Variantes
editar- F9F-9: Designação original;[14]
- F11F-1: Variante de assento único para a Marinha dos Estados Unidos (USN), redesignado como F-11A em 1962. 199 unidades foram construídas, com as últimas tendo a seção de nariz mais longas. Uma unidade foi utilizada para testes estáticos e 231 unidades tiveram sua produção cancelada;
- F11F-1F Super Tiger (G-98J): Variante do F11F-1 equipada com um motor General Electric J79-GE-3A. Duas unidades construídas;[16]
Operadores
editarEspecificações (F11F-1/F-11A)
editarDados: United States Navy Aircraft since 1911[6]
Características Gerais
editar- Tripulação: 1;
- Comprimento: 13.98 m (45 ft 10.5 in);
- Envergadura: 9.64 m (31 ft 7.5 in);
- Largura: 8.33 m (27 ft 4 in), com as pontas das asas rebatidas;
- Altura: 4.03 m (13 ft 2.75 in);
- Área Alar: 23 m² (250 sq ft);
- Peso Vazio: 6,264 kg (13,810 lb);
- Peso Carregado: 9,541 kg (21,035 lb);
- Peso Máximo de Decolagem (MTOW): 10,641 kg (23,459 lb);
- Motor: 1x turbojato Wright J65-W-18, com 7,450 lbf (33.1 kN) de empuxo seco e 10,500 lbf (47 kN) com pós-queimador;
Desempenho
editar- Velocidade Máxima: 1.211 km/h (654 kn) a nível do mar; 1.169 km/h (631 kn/M 1.1) a 11.000 m (35.000 ft)
- Velocidade de Cruzeiro: 928 km/h (501 kn);
- Alcance: 2.060 km (1.110 nmi);
- Teto de serviço: 15.000 m (49,000 ft);
- Taxa de subida: 83 m/s (16,300 ft/min);
- Carga Alar: 410 kg/m2 (84 lb/sq ft);
- Taxa empuxo-peso: 0.5
Armamento
editar- Canhão: 4x Colt Mk.12 de 20mm. 125 disparos por canhão;
- Mísseis Ar-Ar: AIM-9 Sidewinder;
- Hardpoints: Quatro;
Aviônica
editar- Radar de Controle de Tiro: AN/APG-30A
- Rádio UHF: AN/ARC-27A
- Rádiogoniômetro: AN/ARA-25
- VOR: AN/ARN-14E
- IFF: AN/APX-6B
Ver também
editarDesenvolvimento relatado
Aeronaves de emprego, configuração ou eras comparáveis
Referências
- ↑ a b c d «Naval Aircraft: Tiger» (PDF). Marinha dos Estados Unidos. Naval Aviation News (em inglês): 20-21. Setembro de 1973. Consultado em 26 de janeiro de 2025. Arquivado do original (PDF) em 19 de março de 2004
- ↑ a b Valduga, Fernando (3 de janeiro de 2021). «O avião de combate que se abateu». Cavok. Consultado em 26 de janeiro de 2025
- ↑ a b c Thomason, Tommy M. (2008). U.S. Naval Air Superiority: Development of Shipborne Jet Fighters, 1943-1962 (em inglês). [S.l.]: Specialty Press. p. 211, 248, 267. ISBN 978-1-580-07110-9
- ↑ Harper, Jules (2016). Flying Warrior: My Life as a Naval Aviator During the Vietnam War (em inglês). [S.l.]: Morgan James Publishing. p. 15. ISBN 978-1-683-50067-4
- ↑ Lorell, Mark A.; Levaux, Hugh P.; Giddens, Elizabeth (1998). The Cutting Edge: A Half Century of U.S. Fighter Aircraft R&D. [S.l.]: RAND Corporation. p. 73. ISBN 0-833-04860-0
- ↑ a b Bowers, Peter M. (1990). United States Navy Aircraft since 1911 (em inglês). Annapolis, Maryland, Estados Unidos: Naval Institute Press. p. 257. ISBN 0-87021-792-5
- ↑ Mizokami, Kyle (21 de setembro de 2023). «Ever Hear the Tale of the F-11 Tiger? It's the Fighter Plane That Shot Itself Down». Popular Mechanics (em inglês). Consultado em 27 de janeiro de 2025
- ↑ Kocis, Desiree (4 de outubro de 2021). «Did A Grumman F11 Tiger Shoot Itself Down?». Plane & Pilot Magazine (em inglês). Consultado em 27 de janeiro de 2025
- ↑ «F11F-1 Shoots Itself Down». www.aerofiles.com. Consultado em 27 de janeiro de 2025
- ↑ «Self-Shootdown». www.check-six.com. Consultado em 27 de janeiro de 2025
- ↑ «Die Besten: Supertiger und Mirage III». Schweizer Luftwaffe (em alemão). Consultado em 26 de janeiro de 2025. Arquivado do original em 25 de junho de 2011
- ↑ «Le Supertiger et le Mirage lll surclassent leurs concurrents». Forces Aériennes Suisses (em francês). Consultado em 26 de janeiro de 2025. Arquivado do original em 30 de janeiro de 2011
- ↑ «P.1 German Demonstration». Flight (em inglês): 130. 31 de janeiro de 1958. Consultado em 26 de janeiro de 2025
- ↑ a b Baugher, Joe. «Grumman F11F-1/F-11A Tiger». www.joebaugher.com. Consultado em 27 de janeiro de 2025
- ↑ Bridgman, Leonard, ed. (1958). Jane's All the World's Aircraft 1958-59. Londres, Reino Unido: Jane's All the World's Aircraft Publishing Co. Ltd. pp. 307–308
- ↑ Buttler, Tony (2008). American Secret Projects: Fighters & Interceptors 1945–1978 (em inglês) 1ª ed. Hinckley, Leicestershire, Reino Unido: Midland Publishing. pp. 114–115. ISBN 978-1-85780-264-1